domingo, 11 de janeiro de 2009

Luto

Vazia…sufocada, cheia de um tudo que é nada, mas um nada insuportável de doloroso.
O luto acarreta sempre uma perda, seja ela física, emocional, social ou profissional, é um processo moroso de reparação do Eu. Invariavelmente, quem perdeu, não percebe porque perdeu, martiriza-se pelo que podia ter feito mais, lamenta as ultimas palavras proferidas (ou não) e na maioria das vezes culpabiliza-se, desejando trocar de lugar com o objecto de amor perdido. Não existe um tempo exacto para a elaboração do luto, os entendidos dizem que o “normal” é de seis meses a um ano (o que para quem sofre parece uma vida inteira e muito mais). Hoje choro a minha perda que me deixa a alma a sangrar e com o “síndrome da avestruz”…não me apetece ver, ouvir ou falar, o mundo que antes conhecia desmoronou e da forma mais ingrata que existe: quebra de confiança. Apesar de todos os processos de luto afectivo serem miseravelmente dolorosos (e já tendo passado pelos dois), neste momento avalio a situação como “mortos não falam”. Nesse período post mortem, andar em frente foi uma batalha diária... perdi a alma e a “vida” naquele dia.
Nesse momento senti-me perdida, vazia e só…terrivelmente só. Para diminuir a dor convencia-me: Amanhã estarei aliviada, daqui a um mês, sarada e daqui a um ano (bolas, espero que não tanto: a rir-me de tudo isto) …no entanto agora choro, por mim e pela credulidade. Lentamente t subi as laterais do poço, ainda não cheguei lá a acima, mas vou chegar e será em grande, ninguém está sempre a descer - “não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe”. Foste um bem precioso, ensinaste-me a partilhar-me, ensinaste-me a gostar...a amar.
O luto pela morte do objecto de amor é mais fácil (se é que fácil é o termo para aplicar, menos doloroso, talvez) apesar de maior cicatriz que o luto pela perda do objecto de amor: ver, falar, ouvir sobre e desejar voltar a ter, aniquila a alma e rasga-a, demora muito ate haver cicatriz, o que fica é uma ferida infectada, continuamente a deitar pus, que exige esforço, coragem para drenar e não podemos permitir que chegue á septicemia…afinal sou Guerreiro…travo as minhas batalhas e venço as minhas guerras. Hei-de ter o meu “NÓS”.
Já me despedi do meu luto. Já não doí, as recordações ficaram como algo doce e memoravél. Se a um a vida mo levou sem avisar, o outro foi porque quis...e eu sarei, tenho uma linda cicatriz, bem desenhada, bem tratada e sem dor. Cheguei ao fim.

13 comentários:

Anónimo,  12 de janeiro de 2009 às 02:32  

Notável! Como o consegues escrever de forma simples, mas directa, sentida e principalmente, notável a força que se consegue sentir que tens! E como isso passa tanta força!

Mais uma vez, como me revejo em tantas linhas do teu texto...

"Afinal sou Guerreiro… travo as minhas batalhas e venço as minhas guerras." - Esta ficou!

L. K. 12 de janeiro de 2009 às 02:41  

A minha força nasce em mim, sou forcado da cara e vou à cara do touro as vezes que forem precisas até chegar à cernelha se a luta assim o exigir..."Afinal sou Guerreiro… travo as minhas batalhas e venço as minhas guerras."
é desta forma que penso em mim e todos os dias faço o meu trabalho de "olhar para dentro"...não é fácil mas também não é impossivel...até porque se não formos nós a travarmos as batalhas os outros nada podem fazer de real e eficaz, para além de nos apoiarem...ainda bem que passo a minha força é sinal de que realmente i'm back on track...parece-me bem ;)

Anónimo,  12 de janeiro de 2009 às 02:47  

Parece-me que sim, back on track ;)

Me 12 de janeiro de 2009 às 14:11  

Parece-me mais que bem.
Vi-te fazer o caminho. De passos hesitantes e mãos trémulas, vejo-te agora de cabeça levantada, a dar passos seguros em direcção ao que queres e precisas.
Acompanhei-te. Devo admitir-te que houve momentos em que sofri por ti porque sabia que não havia nada que eu pudesse fazer para te assegurar de algo que, ainda que o soubesses, não te lembravas (que a dor acabar por terminar, que o luto chega sempre ao fim quando não mais precisamos dele).
Vi-te tremer da cabeça aos pés devido ao que os teus olhos viam, vite ficar sem pinga de sangue. Vi-te lutar e crescer. Vi-te morder o lábio e seguir em frente até mesmo quando tudo o que querias era ficar sossegada, quietinha, parada.
Vi-te e vejo-te.
Já te disse antes, orgulho-me de ti. Forcado da cara ou não, tens uma força dificil de explicar. Inexplicável não é. Apenas dificil de explicar porque ela vem de todos os lados... Todos.
Aos fins. Que sejam apenas os inícios de outros começos.

L. K. 12 de janeiro de 2009 às 14:29  

Tens razão Me, mas também já te disse que não quero mais esta força a ser aplicada desta forma...tou exausta, quero sossego, tranquilidade...quero sorrisos verdadeiros, quero silêncios que digam tudo, quero olhares que são conversas interminaveis, quero aquela paz que vem de dentro. No fundo quero recuperar o que de melhor sempre tive, a capacidade de ver o sol na tempestade, o sorriso fácil e o desprendimento, se calhar é pedir muito, se calhar é utópico ou se calhar a minha mãe tem razão quando me diz que sou demasiado exigente :/

Me 12 de janeiro de 2009 às 16:17  

Entendo-te.
Não te acho demasiado exigente. Penso que já to disse antes... andas é a procurar nos sítios errados... Muda de local para sítio onde as tais expectativas sejam mais fáceis de realizar. Onde haja mais matéria prima... Onde a haja em maior abundância. Não és tu quem diz que há sítios para tudo? Uns para tomar um café... outros para deixar correr o gin... etc? Não és tu?
Nunca mudes as expectativas. Seria roubares-te a ti própria.
Never settle for second best. Never.

L. K. 12 de janeiro de 2009 às 18:23  

Então apenas vens dar força ao que já disse inumeras vezes no ultimo ano: tenho de me ir embora daqui, mudar de sitio, de terra ou país...já hoje o voltei a dizer a uma amiga...pelos vistos só ando a lutar contra mim propria e a encurralar-me cada vês mais :/
O S.G. disse-me: "exige ao mundo o que te deve, sê egoista"...e ele tem razão. Já não há espaço aqui para mim.

Me 12 de janeiro de 2009 às 18:42  

Quase que parece que estás a dizer que já viste tudo quanto tinhas a ver... Já viveste aqui tudo quanto tinhas a viver... Que estás de partida para pastos mais verdes.
Não faças isso...
Good things come to those who wait. They COME. THEY come. às vezes nem precisamos sair do sítio. Basta abrir um cadito os olhos para o que temos à nossa volta e pimba. I should know...
Não vás. Ou então espera só mais um pouco. Deixa que te encontrem... Deixa.

L. K. 12 de janeiro de 2009 às 19:05  

desculpa, my mistake...nada tem a ver com coisas de coração (apesar de estar neste post), o luto é de tudo...continuo enjaulada, numa jaula sem espaço para me mexer...e há muito tempo que penso nisto, ir-me embora...não preciso de ser encontrada, já me encontrei e não quero nada disto. é uma decisão consciente e com a reflexão a amdurece-la :)

Me, o meu tudo só eu posso achar e sentada não vou a lado nenhum, aqui não está, nem quero que esteja...não vou partir ao desconhecido ou desaparecer, vou apenas fazer uma pausa deste lugar quando a oportunidade for achada e se calhar nem é nada disto e fico...vamos ver...mas esta avenida está a tornar-se curta ;)

L. K. 12 de janeiro de 2009 às 19:13  

Me,
esqueci-me de dizer que não estou triste, nem deprimida, nem assim-assim...estou bem, acho que ainda estou afectada pela fase Zen, e se tu soubesses o ultimo mês tem sido fantastico, espetacular e só coisas boas, boas noticias, sorrisos e algodão doce. Estou muito contente com tudo isso, mas não me chega e cada vez me chega menos, sou capaz de mais e melhor e não tenho duvidas :)

Me 13 de janeiro de 2009 às 11:10  

Assim sendo, digo-te que fico mais descansada. A impaciência provocada pelo querer mais, pelo querer ser melhor... essa, tudo bem.
Sabes como às vezes te vejo? E desculpa a metáfora estúpida... Mas às vezes vejo-te como se estivesses sempre de braços abertos, a olhar o ceu, olhos postos num qualquer ponto far, far away, à espera, à coca, atenta ao máximo. Pronta a receber tudo. Pode parecer tótó, mas é assim que te vejo.
E, ainda por cima, sei que há uns tempos atrás só o esforço de levantar a cabeça era demasiado doloroso... Fantástica evolução.
Vivam os momentos Zen... :) Mesmo que sirvam para ficarmos impacientes com aquilo que mais queremos.

L. K. 13 de janeiro de 2009 às 20:00  

Isso até seria cómico se eu propria não me senti-se assim sempre: de braços abertos, pronta a abraçar o mundo...é esta mania de querer sempre mais e mais, sentir-me viva por quem sou e pelo que sou.
Quanto ao resto sem stress, deixa-me lá curtir a minha cicatriz bonitinha e bem fechadinha...quando não temos problemas para quê arranjá-los ;)

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