quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

História da Sexualidade I

As cuspidelas do Assurancetourix e da Me, deixaram-me a pensar. As ideias surgiam e a associação livre deu origem ao devaneio que se segue.
A expressão de sensualidade, a energia que é transmitida e recebida, pode levar até à expressão de sexualidade e de contacto físico. No entanto, apesar de em ambas haver intercâmbio de energia, sensualidade não é sinónimo de sexualidade. Tal como sexualidade não tem de ser relações sexuais. Pode existir a expressão de sexualidade sem estar assente na genitália. A sexualidade descobre-se e constrói-se ao longo de toda a vida, tendo, no entanto, períodos chamados críticos na infância e na adolescência (mais precoce ou mais tardiamente).

Deste modo, posso dizer que de acordo com a O.M.S., a definição de sexualidade é:

"É uma energia que motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade; integra-se no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ser-se sexual. A sexualidade influencia pensamentos e, por isso, influencia também a saúde física e mental."

A forma mais comum de se pensar em sexualidade é a que se relaciona directamente com o contacto físico, as ditas relações sexuais. No entanto, mesmo a sexualidade expressa em relações sexuais tem três vertentes: a reprodutiva, a de luxuria e a de amor.
Durante vários séculos a moral instituía que a única finalidade do contacto sexual era a reprodução da espécie, o assegurar a continuidade, tudo o que extrapola-se a reprodução inseria-se no campo da luxuria, do pecado e era condenado. O prazer pelo prazer de ter e proporcionar prazer não podia existir sem a culpabilização...por fim existe a sexualidade com amor, ou seja, se por sexualidade se entende tudo o que se insere no âmbito do físico e instintivo, por amor entende-se as relações pessoais, a preocupação, no fundo expressão de emoções, troca de sentimentos que expressa a sua sexualidade num simples beijo.

A igreja católica é a responsável pela criminalização e culpabilização dos indivíduos face ao prazer sexual e à busca do mesmo. Se durante anos a busca de satisfação sexual foi tolerada e aceite nos homens, nas mulheres ainda existem resquícios de culpabilização e sentido pecaminoso relativamente à satisfação sexual e busca de prazer sexual. No entanto e numa época pré- catolicismo, a sexualidade era vivida por orientais, gregos e romanos, como uma celebração e exaltação às divindades e partilhada por homens e mulheres. O Yin e Yang, a comunhão dos contrários, a junção de energias opostas como meio de atingir o Nirvana.

10 comentários:

Anónimo,  30 de janeiro de 2009 às 00:34  

Assim que li a primeira frase, comecei logo a pôr a harpa no saco e a cantar em Dó menor, mas afinal ainda bem que cuspimos, post fantástico, Lagarta!

A sexualidade não pode ser simplificada, como acho que na prática muitas vezes é, nem só para reproduzir, nem tão pouco só para o mero prazer carnal e satisfação das necessidades naturais. A magia e o verdadeiro prazer está mesmo no entendimento que é um acto extrema partilha, demonstração de afecto e carinho, um intercâmbio de energias e sensualidade. Concordo quando dizes que se descobre e constrói ao longo de toda a vida.

"É uma energia que motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade; integra-se no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ser-se sexual. A sexualidade influencia pensamentos e, por isso, influencia também a saúde física e mental."

Nem mais, é isso tudo!

S. G. 30 de janeiro de 2009 às 12:52  

muito obrigado pelas tuas palestras de enorme importância de ensinamentos :)

beijinhos

Me 30 de janeiro de 2009 às 18:49  

Após o acontecimento de hoje, vou-me abster de comentar sobre estes assuntos de Sensualidade e Sexualidade e afins.
Não posso. Pelo menos não num tom "decente". Acho que me tiraram esse direito... mas só hoje...

Ainda não sabes pq?
Mas vais saber... visita lá o meu blog e depois diz-me, por favor, se achas que eu posso (devo) comentar isto.
Mesmo que te dê toda a razão... hoje não há como
:)

(digamos que é a outra faceta do que aqui dizes...;) )
Beijos pra ti.

L. K. 30 de janeiro de 2009 às 19:32  

Gaulês, concordo contigo, porque sou old fashion, neste assunto. Não concebo, nem consigo conceber a entrega apenas pela luxuria, preciso de algo mais, nem que seja apenas a sensualidade e a cumplicidade. Não concebo entregar a minha intimidade como se trata-se de dar um cigarro a um trauseunte...e não, não sou puritana, feminista ou conservadora da moral e bons costumes...mas sempre achei que as mulheres que dizem que foi apenas fisico, de manhã sentem um vazio ainda maior, e os 2 dias seguintes passam-nos na angustia de receber um telefonema que nunca chega...não é ser púdica mas respeitar-me a mim própria.

Sou sonhadora, gosto da entrega com sentimentos e com luxuria e com tudo o que dá direito...como dizes( e tão bem): "A magia e o verdadeiro prazer está mesmo no entendimento que é um acto extrema partilha, demonstração de afecto e carinho, um intercâmbio de energias e sensualidade."

e sinto que hoje em dia está banalizada a sexualidade e muitas vezes reduzida à satisfação da carne...mas será que dá assim tanta satisfação?????
Se desse as pessoas não sofriam na busca, na esperança de amar e ser amado :)

L. K. 30 de janeiro de 2009 às 19:35  

Oi S.G.

Não o faço com a intenção de serem palestras, mas sim partilha de informação sobre assuntos que me interessam. Devido ao trabalho não tenho grande oportunidade de ter conversas inteligentes e reflexivas, de conhecimentos historicos e opiniões pessoais...se ´dão conhecimento melhor ainda...virá a historia da sexualidade II...ehehehhe

beijinhos e excelente fim de semana ;)

L. K. 30 de janeiro de 2009 às 19:39  

Minha querida Me, comentarás noutra altura mais apropriada se te apetecer :)

Já cusquei o Blog do mal e respondi-te lá, não sabia bem em qual fazê-lo :/

Percebi o conteudo do teu post...este é apenas uma aliança entre factos hiatóricos e a minha cabeça insana :)

Mas para dizer a verdade, o que lá dizes, segundo a minha percepção e uma enorme dádiva de sexualidade amorosa...só sente aquilo quando se ama ;)

Anónimo,  31 de janeiro de 2009 às 04:04  

Sem dúvida, está banalizada, desvalorizada e descaracterizada! Na onda da "fast food" :P

Sou sonhador também! ;)

Me 2 de fevereiro de 2009 às 00:52  

Ok. Tendo eu voltado ao meu "estado normal", tenho de deixar aqui uma absoluta concordância com toda a questão que têm vindo a discutir.
Tens razão LK, há coisas, mesmo carnais, que só (e assumo e ateimo este SÓ) se sentem quando há amor, quando há mais do que paixão pela carne.
Não querendo poetizar a coisa, mas é tal como disseste no teu comentário no senhor do mal (sítio certo para o comentário :)), dar e receber é coisa dificil. Receber sem dar... dar sem receber. Há momentos que são assim. Se não se amar... tudo se torna no acto egoista.
O texto que escrevi, e nem todos entenderam (pelos comentários...), tem a ver com isso. Tem a ver com um nível de entrega que ultrapassa o sentimento. Chega ao ponto de ser tão completo que se consegue dizer "aqui tens o meu corpo. é teu. sou, por inteiro, tua".
O sexo, bem vistas as coisas, é a única coisa que distingue uma amizade de uma relação das "outras". Essa entrega faz-nos amar mais. Faz-nos querer dar e receber mais.
O tal vazio que falas, aquela sensação que advém da percepção de que apenas se é mais um corpo, existe exactamente porque a sexualidade anda deturpada. Porque vê-se sensualidade num chupar de uma palhinha... Porque se procuram tantos enchimentos para os vazios que se acaba ainda mais vazio e cansado devido à busca.

Voltamos ao mesmo de sempre, ao "antiquado", por assim dizer: sexualidade sem "amor", sem se sentir algo mais do que apenas atracção física, pode ser bom, mas nunca se atingem aqueles níveis de entrega que só mesmo quem partilha tudo de si e deixa que partilhem consigo consegue atingir.

Toda a razão.

L. K. 2 de fevereiro de 2009 às 01:29  

ufff...obrigado Me.
pelos comments do teu post, achei que mais uma vez era eu que nao estava a perceber a lógica e estava a tentar romantizar a coisa...onde todos só viam carne...lololol

Sabes qual a minha opinião acerca disto tudo e que acredito piamente no que escrevi. Talvez um dia mude de opinião e descubra o prazer do fast-food...mas isso deve ser quando me tornar adepta do fast-food ;)

beijos e bigado :)

Me 2 de fevereiro de 2009 às 11:02  

Oh... nada a agradecer... nada mesmo.
Assunto já por demais discutido entre nós... E continuo a acreditar que é o único caminho.
O fast-food, por muito apetecível que pareça, apenas tem um destino: arrumar o tabuleiro no caixote do lixo e seguir viagem que não se fica muito tempo nesses sítios...

Refeições completas, com 10 talheres de cada lado do prato e 5 copos. Aí sim.
:)

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