segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ser Crescido

À medida que o tempo avança e crescemos as coisas vão tornando-se mais intensas ou mais complexas, vivemos tudo a correr ou corremos para viver tudo. Perdemos a capacidade de retirar prazer das coisas simples e das complicadas, também. Não rimos tanto, nem tão bem como antes, quando tudo era motivo de galhofa. Tornamo-nos adultos soturnos, aborrecidos e "caretas", tal e qual como aquilo que crticavamos: "a nossa vida não anda para cantigas" ou fomos nós que perdemos a capacidade de "a cantar"?
Há imenso tempo que pondero a "chatice" que é ser crescido, em que a única coisa que se espera é a conta da luz, água e gás ao fim do mês e de um ordenado que as suporte. A proporção de dinheiro gasto nas contas e nos bens materiais "hipermega necessários" supera a que gastamos em prazer pessoal, contra producente: se gastamos esse dinheiro é para nosso conforto, supostamente ... então porque é que no fim de pagarmos tudo, olharmos para o nosso LCD, para o WII, para a PS 3, PSP, PC e outros gadgets continuamos a sentir que nos falta algo? Eu sinto.
O tempo que me dedico, o prazer que retiro das coisas e os momentos de puro hedonismo são uma gota de água num oceano de responsabilidades e obrigações. Acho que perdi a graça, como outro milhão de seres, estou formatada a uma merda que não me agrada: o mundo moderno, corro desde que me levanto até que me deito mas não sei para onde, estou sempre atrasada nem sei para quê, salto refeições, abdico do lazer para cumprir deadlines, trabalho 11 meses por 22 dias úteis de férias e se me portar bem tenho 25 gloriosos dias para ser dona e senhora do meu precioso tempo (?!?) mas até os ter, no fim do dia ... no fim do dia apenas cansaço, preguiça e vazio ... combinação de merda!
Cada vez mais compreendo e empatizo com aquelas pessoas que abandonam tudo para irem para as zonas despovoadas do país e que ai constroem vidas ao ritmo da natureza. Aguentaria a minha sanidade uma aventura dessas? Claro, existem auto-estradas: a um "pulo" da civilização! Então o porquê de ir para estar sempre a voltar? E poderia, realmente, ir de mim própria?
Talvez seja esse o problema: estou cansada de mim. Precisava de um momento dissociativo psíquica e fisicamente, em que me deixava "ali" a dormir durante um par de horas e ia arejar-me numa espécie de "tábua rasa". Como não é possível faço o melhor que posso e sei.
Não será assim para sempre: é uma fase, apenas isso, no geral estar vivo e viver é a rosa, porque apesar dos espinhos, a vida de cada um é de uma beleza admirável, às vezes precisamos é de limpar as "lentes".

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