quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A imperfeição da perfeição

As constantes mensagens subliminares de perfeição, a necessidade constante de ser mais e melhor, e a insatisfação que advêm de expectativas goradas. Queremos ser magros e ter um corpo perfeito nem que para isso seja necessário passar fome ou tornar-mo-nos adictos do ginásio, e quando não resulta tentam-se as várias dietas milagrosas, os cosméticos e em ultimo recurso as operações plásticas. tudo justificado, tudo em prole de uma suposta perfeição que nos trará a admiração do outro, o bem estar desejado e a felicidade sonhada. Ser feliz, é o que buscamos, ainda há pouco tempo a felicidade era ter as melhores férias, de preferência num qualquer país de mar e sol, ter o melhor emprego, o melhor ordenado, o melhor carro, a melhor casa, o marido mais bonito, bem sucedido, uma mistura entre a beleza metrossexual e a pseudosegurança do homem latino, todos queremos ter os filhos mais bonitos, mais espertos, mais hiperactivos, mais sobredotados, os amigos mais destacados socialmente, no fundo a busca insaciável de sermos perfeitos. 
Quanta disfuncionalidade existe na busca da perfeição, e de cada vez que pensamos estar mais perto, algo surge que nos atrasa ou lembra que ainda temos de ser um pouco mais, tentar um pouco mais, fazer um pouco mais, e assim se alimenta esse monstro da eterna insatisfação.

Longe de nós sermos racistas, xenófobos, invejosos  ou ter sentimentos mais mesquinhos mas condenem-se os fumadores, os gordos, os feios, os heroinomanos, os mentalmente diminuídos, e todos aqueles que nos lembrem como não somos perfeitos. Arranjam-se desculpas perfeitas que nos distinguem dos demais, da sua pequenez, contribuindo, assim para a nossa perfeição: gostamos de comer mas passamos a sofrer de bulimia, odiamos ginásio mas tomamos uns quaisquer esteróides e/ou anfetaminas, naturais  claro está, que tem um efeito milagroso a esculpir o nosso corpo perfeito, e assim nasce a vigorexia. Não suportamos os adictos, fumadores, alcoólicos, jogadores - a imperfeição, a tacanhez - por isso bebemos whisky envelhecido em cascas de carvalho e metemos linhas de coca ou fumamos cohibas, o que nos distingue e dá um lugarzinho entre os distintos, entre aqueles que tem vidas perfeitas, são ricos, com mulheres lindas, filhos fantásticos, quadros superiores de uma qualquer multinacional mas que na sua perfeição necessitam  de um escape, seja alcançar uma sensação de suposta normalidade nos braços de uma ou um alguém, menos perfeito, seja abandonarem-se num copo do melhor e mais caro nectar de baco, seja através de antidepressivos, benzodiazepinas ou estabilizadores do humor. 
Curiosamente "a perfeição" assemelha-se muito a um qualquer artigo de uma qualquer revista cor de rosa ... a formatação do ser e do ter?

Consciente ou inconsciente, sentimos ou somos impelidos a sentir que a perfeição é a felicidade, quanto mais a procuramos mais insatisfeitos nos sentimos, mais desfasados e disfuncionais, até que surge uma nova moda que "vende" a ideia de perfeição, e ai vamos nós - é aquele carro, aquele cão, aquele emprego, aquela mulher ou homem, aquela viagem, uma abdominoplastia ou um lifting, um Richebourg Grand Cru acompanhado de 5J,  finalizado com Dalmore Trinitas 64 e Cohiba Behike, isto sim é a perfeição mas porque será que no fim do dia falta qualquer coisa, assim uma qualquer coisa que não sei bem o que será ... qualquer coisa perfeita, que me proporcione uma sensação de êxtase e plena felicidade.

O problema da perfeição, é que lhe falta sempre qualquer coisa para ser perfeita, e enquanto corremos atrás da nossa perfeição, seja ela aquilo que for e na forma que for, vamo-nos sentindo insatisfeitos, incompletos, arrisco: imperfeitos. 
Talvez a perfeição seja como a felicidade: momentos significativos que nos proporcionam bem estar, e quando se tornam diários, tornam-se rotineiros e garantidos, deixando de libertar, na mesma quantidade, as hormonas da felicidade ... talvez.

e amanhã recomeça a procura.

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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A minha "grandiosa" turma de 10º ano

Quando entrei no 10º ano, tive uma turma espectacular éramos 40, e no início era brutal termos aulas: alunos a achar o máximo, professores a passarem-se da cabeça. Já não ouvia tanta gritaria em sala de aula desde a primária. Que dizer: adolescente, nova, inconsciente, impulsiva e a mudar-me para uma escola nova, numa terra nova. Nada melhor que uma turma gigante  para nos integrarmos.A minha era fantástica, com aluno chegados do 9º ano e muitos repetentes. Tive colegas que foram cumprir o serviço militar e ainda chegaram a tempo de completar o ano. Talvez seja pertinente referir que a minha turma era da área de saúde, o que como toda a gente sabe é composta por disciplinas como matemática, química, biologia ... coisas fáceis de apanhar com uma sala apinhada de gente, o que o meus setôres de matemática e biologia resolviam mandando-nos ir "apanhar ar" durante 2h. Aliviavam a sala, mantinham os bons, e os médios e medíocres passaram a ser maus e deploráveis nas respectivas disciplinas. Como adolescente, foi um ano incrível, pelo menos o inicio, em que havia três pessoas por carteira e alguns sentados no chão, como calculam o ambiente era de festa permanente e os "nerds" estavam abafados, por mais que se queixassem, quem os ouvia no meio de tanta algazarra. Alguns "setôres" entraram de baixa, como a prof. Lídia, de Português, que eu até curtia, outros passaram de bestiais a bestas pois para conseguirem trabalhar tiveram de se transformar.
Algures durante o 1º período, alguém decidiu que era incomportável dar aulas assim, e passamos a ter 2 turnos às disciplinas de base, nas outras mantínhamo-nos juntos, tirou alguma diversão mas não toda ... ainda éramos muitos na maioria das disciplinas. Não imaginam a selvajaria que pode existir neste contexto, e como acabamos "protegidos" pelo "quem é que foi? Não foi ninguém"
Apesar das amizades que fiz, da loucura que era, hoje, a esta distância, percebo o que correu mal, pois no fim do ano lectivo passaram 5 alunos, os outros ou chumbaram ou ficaram a "fazer disciplinas" - fiquei a fazer disciplinas, e até chegar à faculdade nunca mais percebi um "boi" de matemática.

Hoje ouvi na rádio que existem turmas de secundário com 35 alunos, automaticamente, lembrei-me do meu 10º ano, de como as coisas decorreram, da rabaldaria, e hoje, a esta distância, do ano em que não aprendi nada mas convivi muito. 

Gostava que os génios que tem estas ideias as testassem eles próprios no terreno, que dessem o seu exemplo de como se gere e trabalha durante um ano lectivo com 35 adolescentes numa sala de aula, e o dar aulas na faculdade não conta como exemplo, pois tive a experiência de ambos, enquanto aluna, e não se compara um auditório com 200 pessoas na faculdade a uma sala com 35 no básico ou secundário.
Senhores dirigentes experimentem vir ao terreno, a determinadas escolas deste país e depois dêem-nos o VOSSO testemunho de como é ter 35 alunos em sala de aula, este vosso trabalho seria de suma importância, dado que não estão no secundário apenas aqueles que escolheram fazê-lo mas sim todos: é obrigatório, lembram-se?

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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Cliché ... às vezes não resta mais nada

Não falas porque sabes que não querem ouvir. Estar torna-se doloroso quando o olhar está vazio e nada há a partilhar. Acordas, lavas-te, comes, vestes- te e sais, apenas porque sim, porque um dia te ensinaram que era assim que se fazia ou pelo menos que deveria ser assim. Todos os dias são um bocadinho mais difíceis que o anterior, apesar de os dias estarem mais fáceis. Contra-senso.  Sinto que agora percebes porque desistem, como se chega ao limite e como se sabe que se está lá. Sinto a tua tristeza e não te posso ajudar mais. Dou-te uns clichés e "sabes que amanhã será melhor, nem sempre em baixo, nem sempre em ... baixo".
Sei que parece derrotista, sei que o sentimento é de finitude e impotência, sei que não sabes como ai chegaste, nem como sair, e dou-te outro cliché "porque tens de ter paciência, tens de ter calma porque Roma e Pavia não se fizeram num dia".
Também sei o quanto estas frases feitas te massacram mas que queres? Por ora, nada nem ninguém te pode dizer ou fazer diferente. És de Fé e guias-te pela mesma, parecendo cliché, sei, também, que é motor para continuares e sei também que ninguém está a descer para sempre, é uma fase, apenas isso: uma fase. Por mais interminável que pareça. Seja.
Será que sei?
Não sei mas quero Acreditar. Acredito.

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