sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Despir ... 2010 ...


Eis que passaram mais 365 dias: para acertar e para errar, para aprender e para ensinar, para chorar e para rir. Foram 365 dias para amar e ser amado, para estar feliz e para estar triste. Para partilhar e para ser egoísta, para ser e para não ser e ainda aqueles para estar assim-assim.
Tal como referido Aqui... este foi um ano iniciado sem expectativas, vivido sem esperas e terminado como se iniciou: sem desilusões porque não haviam ilusões. Se foi fácil? Claro que não ... mas também não foi impossível. Foi e está a ser, uma grande viagem interior, onde as mudanças operadas, nem sempre foram fáceis de gerir e operar.
Este foi o ano em que aprendi que cada dia vivido é como uma qualquer peça de roupa: as que gostamos mais, as que gostamos menos, as nossas preferidas, as que nem sabemos porque temos e ainda aquelas para os dias que amanhecem de nevoeiro e arrebatam a nossa alma. Curiosamente todas nos são precisas, até as que sabemos não nos ficarem assim tão bem: são quem somos naquele dia especifico. A determinada altura, cansamo-nos e fazemos uma limpeza geral no armário: vai tudo para o lixo ... tudo não, a nossa camisola favorita (que não usamos desde os 16 anos) fica ... não vá ser precisa! Somos humanos e racionais, como tal apegados ao velho, usado mas conhecido e reconhecido. É-nos dificil deixar espaço para o novo, é-nos difícil largar o que conhecemos e até quando viramos costas a tudo, apenas de mochila às costas (e multibanco no bolso) carregamos connosco um qualquer objecto transitivo: a segurança. Projecto. Eu sou assim: racional prática, às vezes racional complicada e outras racional - emocional. Ando toda trocada, o certo seria: emocional prática, emocional complicada e às vezes emocional - racional. O certo. A lição.
Foram inúmeros os momentos em que me senti "rapariga piquena", em que me apeteceu enfiar a cabeça na areia e desistir, momentos de eremita onde as dúvidas eram a única companhia. Momentos de vulnerabilidade em que fui capaz de me questionar desde as unhas dos pés aos cabelos e aí aprendi a chorar, comecei a aprender a ter ou dar pequenos saltos de fé (os quais necessitam de aperfeiçoamento em 2011 e 2012 e ... provavelmente por aí fora?!?).
No plano físico, 2010, não tem nada a assinalar de maior: não troquei de casa, nem de carro ou sequer de trabalho, também não fui aumentada e mantenho a precaridade dos recibos verdes, não me casei e não tive filhos, no entanto, houve assim um sem número de pequenos pormenores que me trouxeram paz de espírito, afinal, são muitos grãos de areia que constroem um deserto: aprendo que com a vida também é assim. A meio do ano tive uma recaída, daquelas em que me dou ao trabalho de fazer projectos a médio prazo e acabo (invariavelmente) por não cumprir nada, logo: não emagreci, não fui para o ginásio, não aprendi a meditar, não fui para o Yoga e não voltei à Universidade, não poupei, não deixei de comprar sapatos, não passei a cumprir horários e (felizmente) não me propus a deixar de fumar. Fiz tudo o resto que me apeteceu e algumas coisas que não me apeteciam, também.
Termino este 2010 tranquila, tive duas excelentes semanas, que me lembraram a grandeza de estar vivo e viver: o simples e fácil às vezes é plenitude e magnitude. Resta-me Agradecer todas as bênçãos com que fui brindada ao longo do ano.
Faltam algumas horas para o inicio de um novo ano civil que pretendo receber despojada dos enviesamentos mundanos, onde espero ser Agraciada pelas bênçãos do Universo: que este, em 2011, me ensine a "ouvir" o Silêncio, permitindo-me ponderar a grandeza da minha existência e o verdadeiro Poder e Amor sem fim que eu tenho dentro de mim.
Acredito. Este é o ano das concretizações: Feliz 2011!!!!

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um Natal Diferente

Quando era criança lembro-me da ansiedade que me perseguia até à tão desejada noite de Natal. Cá em casa não se esperava um Pai Natal, pançudo e bonacheirão mas sim um Menino Jesus atento a todas as tropelias praticadas durante o ano.
Recordo alguns Natais de ficar boquiaberta com a generosidade desse Menino Jesus atento aos desejos mais secretos de uma criança, mas também lembro um Natal triste e preocupado, cuja resolução não estava ao alcance de uma criança. Talvez tenha sido essa fase que me distanciou da magia Natalícia.
Uns anos mais tarde, esta quadra passou a ter um sabor agridoce, que sinto, manter-se até aos dias de hoje: curiosamente as crianças da minha família sempre tiveram mais 20 anos que eu. Hoje mantêm a postura de eternas crianças insatisfeitas e mal educadas. Já me importei ... deixei de me importar ... voltei a dar importância e agora concluo que a minha paciência esgotou: Estou cansada de ser a adulta, face a essas pessoas, desde que eu era ... pequena. No entanto: Aceito-as. Percebo que não muda, não irá mudar: perderam essa capacidade. Esta compreensão faz com que aprecie outras particularidades da quadra Natalícia. Este foi um ano diferente: magia.
Não está nas coisas, nos presentes, numa mesa farta ou nas pessoas: está em mim. Percebi, assimilei e aceitei. Num periodo em que sou um ponto de interrogação, também cheguei a algumas conclusões, talvez óbvias ou nem tanto, mas são as minhas.
Começo a Acreditar que cresci: o que quero agora é diferente do que alguma vez pensei querer. O que peço é simples, sem ser simplório, é prático, sem ser banal, no entanto, olho para a minha lista e assusto-me, por ser assolada pela incapacidade de resolução ... pela incapacidade de decisão. No entanto, sei que chego lá. Vou arriscar.

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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dúvida razoável.

Sinto tantas dúvidas nesta fase da minha vida, que concluo, ser Eu a própria dúvida.
Todas as perguntas me parecem sem resposta e todas as respostas me conduzem a novas questões. O centro deste oxímoro sou eu e sei que também sou a resposta, no entanto, a lógica revela-se ilógica e o racional céptico.
Questiono-me vezes sem conta ao longo do dia, desde sempre o fiz. Essa capacidade de me por no limbo, é a mesma que me faz avançar no caminho, no conhecimento e no ser, mas ... as dúvidas agora são outras: o que antes era bom, agora parece-me mau, onde antes estava confortável, agora causa-me desconforto, o que antes tolerava, agora aceito e sigo. É uma espécie de desconforto confortável, uma viagem de paragens, cujo o destino se revela um amigo desconhecido ... ou que não quero reconhecer.

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

(Des)conversa 28

Numa festa de Bandas Rock que tocam covers, passa por mim e pela minha colega, um fulano que tresandava a perfume:
Eu - Epá caiu no frasco ... parece uma daquelas cenas tipo Axe ou Old Spice.
Ela - Pois, eu não sei porque nunca gostei muito deste tipo de música.

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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

(Des)conversa 27

(Uma visita não convidada em minha casa)


Ela - Olá posso entrar?
Eu - Podes. Está tudo bem?
Ela - Sim. E tu? Tens uma carpete nova?
Eu - Sim.
Ela - Tem uma cor gira mas gostava mais se fosse de arraiolos.
Eu - Pois ...
Ela - Não estou a dizer que não gosto ... mas que preferia de arraiolos.
Eu - Pois ...
Ela - O que é que estás a ver?
Eu - O filme da Sic.
Ela - Ahh ... eu estava a ver a novela da Tvi ...
Eu - Pois ...
(...)
Ela - Não queres mudar? Queria ver o fim da novela ...
Eu - Não. Estou a ver o filme e nem sei que novela é. Amanhã vês o resto que não deves ter perdido muito.
Ela - Estás mal disposta?
Eu - Não ... estou apenas a ver o filme. Queres um chá? Fiz agora.
Ela - Pode ser.
(gritando para a cozinha)
Olha espero que não seja chá verde.
Eu - Não, é de manga.
Ela - Também não gosto desse ... não tens lúcia - lima ou camomila?
Eu - Não, além disso acabei de fazer 2l de chá. Queres ou não?
Ela - Pode ser, se não há outro. Estava agora a reparar na tua televisão e a ver que não é Panasonic.
Eu - Não, não é. Porquê?
Ela - Por nada ... mas são as melhores ...
Eu - A tua é Panasonic?
Ela - Não, não tinha dinheiro para comprar uma ... mas é a melhor marca, devias ter comprado antes dessa.
Eu - Pois.
Ela - Não é que esta não tenha uma imagem porreira, mas não é tão boa.
Eu - Pois.
Ela - Bem vou-me embora que já vi que hoje não se pode falar contigo. Até logo.
Eu - Até logo.

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sábado, 4 de dezembro de 2010

Keep It Simple...

... Keep it plain!

Às vezes as coisas mais simples da vida, as mais praizeirosas e as menos inesperadas...surgem de repente, quando menos as esperamos, quando menos estamos preparados ... são assim: simples, prazeirosas e verdadeiras.

Às vezes não é preciso muito, nem pouco, nem assim- assim: basta abrir a alma e receber. Falamos muito em Karma e pouco em Dharma: vou usar o último. Hoje é um bom dia: um excelente dia. Abri os braços, abri o espírito ... e recebi. Apenas isso.

Convido-te a vires, convido-te a arriscar, convido-te a viver ... convido-te a ser ... apenas isso ... a ser. Arriscas????

Keep it simple ... Keep it Plain ... Be Free ... Be You ...

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sábado, 27 de novembro de 2010

Acordo Ortográfico (?!?)

Sou tacanha e mentecapta no que concerne ao novo acordo ortográfico. Talvez também se trate de preguiça - não me apetece reaprender a escrever. Não fico contente com a ideia que a partir de agora, se não presto atenção, o que escrevo está errado - que sou um erro ortográfico. Talvez também esteja a ser mesquinha, uma vez que este não é o primeiro Acordo, provavelmente, não será o último e verdade seja dita, há muito que a língua de Camões está adulterada no original. Seja como for: este é o meu Português. Foi aquele que aprendi no sistema escolar, é com ele que trabalho e é com ele que me identifico - logo - para mim um pacto é "um ajuste, convenção ou um tratado" e um pato é uma "ave palmípede".
De acordo com a Professora Catedrática Jubilada Maria Helena da Rocha Pereira, (ver aqui), entre um sem número de outras coisas, este novo Acordo Ortográfico faz todo o sentido porque, "No Acordo encontra vantagens práticas e até políticas, ao permitir, por exemplo, que nas reuniões internacionais se faça uma única versão e não duas, como acontece actualmente: uma na grafia usada em Portugal e outra na utilizada no Brasil."


Esta noticia, deixou-me chateada: Foda-se! importa-se tudo neste país, até a língua que falamos... passei a compreensiva: não é problema para nós, falamos qualquer língua em qualquer ponto do Mundo ... para depois ficar contente com a mesma: muda-se a "língua da Coroa" para evitar fazer duas versões da mesma coisa, parece-me bem, só mostra que o português (cidadão) de Portugal é um verdadeiro poliglota, desenrascado e homem do Mundo - lê qualquer merda, percebe qualquer merda em Português ou mandarim. Concluindo: para nós não é problema, aliás nada é problema, desde que estejamos ao nível dos parceiros internacionais. A única coisa que é mesmo um problema e dos grandes é mantermos as nossas tradições, valores e culturas intactas: isso dá trabalho.
Dissertando reflexivamente sobre o assunto, pensei: mas para isto ser mesmo justo não devia ter ido a votos e os PALOP também estarem em pé de igualdade com o Brasil?
Afinal Angola e Moçambique estão em expansão e lá também se fala Português: o José Eduardo dos Santos e o Armando Emílio Guebuza, com certeza iam apreciar o gesto e facilitava as relações internacionais, ou não???? E que tal para sermos ainda mais justos e termos um documento único para cada língua, o Hugo Chavez, propor que o Espanhol oficial seja o da Venezuela, ou do Chile - justo é ir a América Latina a votos e passarem-se a redigir os documentos internacionais, não no Espanhol da Coroa mas num mais fácil de escrever e sem tanta "letra e palavra morta" ... melhor e mais justo ainda é o Inglês ser Universal, neste caso é que conseguimos mesmo uma espécie de Documento Único de Relações Internacionais. Vamos a votos e descobrir qual é o novo Acordo Ortográfico: os Britânicos largam o inglês da Coroa e vai a votos o inglês da América do Norte, da África do Sul, da Austrália, da Jamaica, Canadá ou Filipinas.
Isto é que era facilitar - e para nós, sinceramente, é-nos igual: tanto percebemos Português da Guiné, como Espanhol do Paraguai ou Inglês da Libéria - Descendemos de Conquistadores, estudamos nas Novas Oportunidades, somos desenrascados, facilmente adaptáveis e ... adaptados(?!?)

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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Divagando ...

...
acho que preciso de aprender novos skills e reciclar os que tenho. Respiro. Acho que está na altura de limar velhos defeitos e investir em novas qualidades. Respiro. Sinto que o caminho, apesar de escorregadio e incerto, é o correcto. Respiro. Sinto que a caminhada é grande, o terreno acidentado mas serve para aumentar a resistência. Respiro. As mudanças chegaram e não as senti, abracei-as. Olho para trás e não me reconheço. Respiro. Falta outro tanto para a frente. Respiro. As transformações não chegaram num clic mágico mas sim embrulhadas em arame farpado. Sobrevivi. Respiro. Gostei. Gosto. Aguardo e ... Respiro!
não pertenço a esta cena: desça o pano e passemos ao segundo acto!

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Foda-se!!

"O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela diz.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Liberta-me.
"Não quer sair comigo?! - então, foda-se!"
"Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! - então, foda-se!"
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
"Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade que "comó caralho"?
"Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressão matemática.
A Via Láctea tem estrelas comó caralho!
O Sol está quente comó caralho!
O universo é antigo comó caralho!
Eu gosto do meu clube comó caralho!
O gajo é parvo comó caralho!
Entendes?
No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!".
Nem o "Não, não e não!" e tão pouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, nem pensar!" o substituem.
O "nem que te fodas!" é irretorquível e liquida o assunto. Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades de maior interesse na tua vida. Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência. Solta logo um definitivo:
"Huguinho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!".
O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema, e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (...)
Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou o seu correlativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", dito assim, põe-te outra vez nos eixos.
Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um merecido troco ou livrares-te de maiores dores de cabeça.
E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"?
Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta:
"Chega! Vai levar no olho do cu!"?

Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima. Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado
amor-íntimo nos lábios. E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de
maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E a sua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!".
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?
Expressão, inclusivé, que uma vez proferida insere o seu autor num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando estás a sem documentos do carro, sem
carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a mandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!" Ou quando te apercebes que és de um país em que quase nada funciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, a saúde, a educação e … a justiça são de baixa qualidade, os empresários são de pouca qualidade e procuram o lucro fácil e em pouco tempo, as reformas têm que baixar, o tempo para a desejada reforma tem que aumentar … tu pensas “Já me fodi!”


Então:
Liberdade,
Igualdade,
Fraternidade
e
foda-se!!!
Mas não desespere:
Este país … ainda vai ser “um país do caralho!”
Atente no que lhe digo!"
By: Millôr Fernandes

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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Aceitação

Aceitarmos quem somos não é tarefa fácil. Aceitarmo-nos com qualidades e defeitos, em igual proporção, é mais difícil ainda. Assumirmos a nossa essência e sabermo-nos vulneráveis, inseguros e com dúvidas, será, provavelmente, o maior acto de coragem do ser humano.
Estamos formatados, não só ao contexto e à cultura berço, mas também àquilo que defendemos como sendo o nosso EU. A mudança é um processo exigente e de rigor, moroso e doloroso. As recaídas no fácil superam os avanços e cada passo leva-nos mais perto da vontade de recuar.
Quando algo não acontece de acordo com o que esperávamos, quando nos desiludimos, quando não concretizamos o que nos propusemos, tendencialmente, entramos num locus de culpa externa. Porque é bastante mais fácil que o processo que nos remete para dentro de nós. Conseguimos racionalizar, conseguimos até perdoar, no entanto, temos tanta dificuldade na aceitação do outro e da sua realidade.


São cinco as etapas de qualquer processo de luto (Modelo de Kübler-Ross): afectivo relacional, familiar, social, laboral e de morte efectiva. As fases são sempre as mesmas e apesar de não haver nenhum clic na passagem de um para o outro, temos de os passar a todos na íntegra, ou corremos o risco de nos danificar irreversivelmente.

1. Negação - este é o primeiro estádio, é aquele em que achamos impossível "aquilo" estar a acontecer-nos a nós. Tendencialmente remete-nos para o isolamento, devido à "injustiça" sentida por sermos "o alvo".


2. Raiva - Esta fase inicia-se quando a primeira ainda decorre, é a do "porquê eu", "devia ter acontecido a A ou B, porque merecem mais"; "A culpa disto tudo é de Beltrano ou/ Sicrano". Não é possível racionalizar nesta fase, tudo o que possa ser dito será usado contra o interlocutor.


3. Negociação - nesta fase já percebemos que não vale a pena negar o evidente ou culpar os outros, por isso tenta-se suportar a dor através da "troca justa": "Se me curar deixo de fumar; se ele voltar para mim deixo de ser ciumenta/o; se não for despedido passo a trabalhar mais horas".


4. Depressão - quando já percebemos que a negociação não é viável, ou não funcionou, entramos numa fase de humor deprimido que se não for controlada atempadamente, descamba num processo depressivo de acomodação e desistência: "nada vale a pena; não há esforço que justifique ...";


5. Aceitação - Chegar a esta fase, em tempo normativo, pode demorar até um ano. Há pessoas que levam mais tempo, entrando num registo patológico e outras ainda que nunca lá chegam. É difícil aceitar coisas que nos magoam, que fugiram do nosso controlo, que não esperávamos ou tão simplesmente são diferentes de nós, do nosso estádio de vida, da nossa personalidade.


A Aceitação, nossa, do outro, das coisas e situações que não controlamos e não podemos dominar esse é que é o grande desafio. Arrisco!

Desafio Aceite!!!

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

(Des)conversa 26

(com o meu afilhado de 2 anos referindo-me ao meu irmão)
Eu - Chama ali aquele gajo para a mesa.
(com uma cara muito zangada)
Ele - Não Gaildjó ... é aquele Padaladrinho meu!

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domingo, 17 de outubro de 2010

Voar... com as asas dos outros.

Às vezes as decisões tomadas co-substanciam-se em argumentos erróneos. Não temos determinada atitude para não magoar alguém que amamos, ainda que, isso nos desfaça por dentro. Calamos o que sentimos razão ou opinião ou apenas o que sabemos por estarmos convictos que tal acção será benéfica para nós. Quantas vezes o nosso "bem estar" são migalhas de um qualquer desejo adiado, de um qualquer projecto arquivado. Para estarmos bem, temos mesmo de estar bem. Existem cedências harmoniosas que a médio - longo prazo são prazeirosas para todos os intervenientes mas... existem outras que são e serão sempre relações de perda-ganho. É impossível de tão insuportável e doloroso viver nestes moldes "para sempre". Às vezes as pessoas sabem-no e tornam-se peritas em desculpas e desresponsabilizações para conseguirem atravessar cada dia da melhor forma possível. A que deixar menos marcas. No fundo pensam-se sortudas por terem alguém ao lado, mesmo que o preço dessa companhia seja uma solidão profunda. Medo. Um dia tudo muda. Encantam-se por quem traz alegria nos lábios, doçura nos gestos e assimilam a situação como a porta de saída. Fuga para a frente. Nesse dia de amor e enamoramento os defeitos do outro, outrora grãos de areia, reflectem-se no espelho do tamanho de uma montanha, o novo objecto de desejo é o antípodas do dia-a-dia. Bote salva vidas. Partem sem olhar para trás. Absorveram a força, a segurança do novo e estilhaçam o velho. Sem olhar para trás. Sem remorsos ou arrependimentos. Apostam tudo nesta nova viagem, sem reservas ... mas, inúmeras vezes, também, sem verificar o estado dos travões, o depósito ou o mapa de estradas. Nem sempre a viagem é mal sucedida no destino mas às vezes ficam apeados na primeira estação de serviço. Quando isto sucede a raiva, a dor, o ódio, a angústia, o desespero e o medo surgem. Companheiros de almofada. Reconsideram a fuga para trás: re- conquistar o antigo. Esquecem que à sua volta vivem pessoas e não autómatos, enfurecem-se por os seus sentimentos não serem valorizados o suficiente e levam-se à beira do precipício por auto comiseração. São os únicos no mundo a sofrer desta ou daquela maneira. Tornam-se milícias paranóides tentando medir em cada gesto, cada rosto e cada olhar a pena que suscitam e exigem que todos os outros partilhem a sua mágoa e desespero.
Estas pessoas tem muita dificuldade em erguerem-se. Dependentes. Sentem que os outros não se esforçam o suficiente, não os acarinham o suficiente, não são amigos o suficiente ... Não os levam ao colo o suficiente. Os outros, esses que continuam a viver as suas vidas deixam de ser considerados amigos, os outros, esses que não lambem sofridamente as feridas com eles, deixam de ser amigos e os outros, aqueles que lhes dão asas mas que não lhes emprestam as suas, passam de bestiais a bestas, num piscar de olhos.

Às vezes as mudanças são necessárias, e precisamos da força de outros para alimentarem a nossa coragem. Quando decidimos somos responsáveis pela decisão tomada e temos de estar preparados para assumir, de cabeça erguida, as consequências. Os outros são apoio e necessitamos deles, para ouvir o que gostamos e às vezes, o que não gostamos. Os outros, aqueles que, verdadeiramente nos rodeiam, não dependem de nós, nem permitem que nós dependamos deles. Os outros, esses que valem a pena, não nos emprestam as suas asas, ensinam-nos a voar, deixam-nos usar o ninho as vezes que precisarmos mas na certeza de que encontramos ao longo da nossa viagem, um ninho e um estilo próprio de voar.

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sábado, 16 de outubro de 2010

Quem por aqui passa ...

... já se apercebeu que o tempo é matéria de aprendizagem para mim: o tempo do meu querer e o tempo real. Tento sincronizá-los por ter a "certeza" de que me poupo a imensas crises existenciais e outras.
Esta semana voltei a ter "problemas de tempo": um tempo que me é curto para realizar tudo a que me propus. Um tempo ao qual acabei, ainda que involuntariamente, por me escravizar. E não estou a gostar, a minha saúde fisíca mas principalmente a mental não estão confortáveis com isso. Fui eu que me "afoguei" nesse tempo, não sei como, quando ou porquê mas estou a ter dificuldades em recuar ou talvez avançar, para onde quero estar.

Resumindo: HOJE sinto-me escrava de mim própria, impotente para me libertar e sou o Minotauro preso no labirinto. Preciso de soluções. Preciso de tempo para adequar o tempo a um tempo que preciso, apenas para ser EU: encontrar-me, conversar-me e pensar-me. FDX!!! Estou sufocada e exausta. Preciso-me!!!!

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Era uma vez ...

... um alguém que se procurava intensamente. Esse alguém correu mundo na vã esperança de encontrar o seu Cálice Sagrado. Os anos foram passando e a busca continuava tão intensa como no dia da partida. Conheceu imensas pessoas mas não recorda os seus nomes, conheceu sítios que não lembra e lugares dos quais não guarda memória. Amou apaixonadamente até perceber que nem era paixão e nunca chegaria a amor, pois não lhe davam a paz interior que sonhava alcançar. Percorreu cada centímetro de pele das mulheres mais fantásticas, inebriou-se nos cheiros das mais exóticas, entregou-se ao prazer que a mais comum lhe oferecia e até as desajeitadas serviram para o frustrar na procura do seu bem mais precioso: a sua paz. Jejuou, enfartou-se, teve tempos de abstémio e alturas de ébrio e nada ... sempre um nada negro a servir de manto à sua alma. Não lembra os países por onde passou, as camas que dividiu, as refeições partilhadas, as conversas sussurradas e os olhares oferecidos. Não sabe porque casou, com quem, como e onde - não era aquilo.
O tempo foi passando e nunca o avisou que a sua passagem deixava marcas irreversiveis: nunca o lembrou que o momento vivido jamais será recriado, que as pessoas amadas são mutáveis no seu querer e viver, que os lugares se transformam e os sítios perdem mística. Estava cansado, esgotado e convicto da sua impotência para continuar a procura do ambicionado. Desistia, rendendo-se nem sabia bem ao quê mas com a certeza que não tinha encontrado.

Haviam passado os anos, o seu corpo definhado e com ele a autonomia do viajante, os dias eram agora um longo continuum e passava-os a recordar: quantas viagens, quantos sitios e lugares havia conhecido. Quantos corpos havia amado, quantos havia desejado e outros tantos ignorado. Comidas exóticas, vestes caracteristicas e culturas tão diferentes que se complementavam. O quanto aprendera e o quanto ensinara com gentes e em lugares tão diferentes que apenas a estada lhes fará juz.

Inerte na sua cadeira de baloiço, dependente da boa vontade de terceiros, os dias eram carinhosamente alimentados pelas recordações das suas viagens e eis que num pôr do sol soalheiro, de cores quentes reflectidas num alpendre só e desengonçado, deu consigo a suspirar acompanhado de um longo sorriso: tinha vivido. Tinha encontrado a sua paz interna em cada momento vivido, cada gesto dividido, apenas nunca tinha ficado o suficiente para o perceber.
A paz interna e a consequente felicidade proporcionada não são estados perpetuados no tempo, não se adquirem à força da experimentação, são sim e tão somente, a viagem, as experiências e a entrega. Ambos se constroiem quando o momento é vivido como causa que não espera qualquer efeito.

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domingo, 10 de outubro de 2010

My All Time Favourites !

Não sei porquê, provavelmente, nem existe um porquê mas ultimamente os sonhos trazem imagens e bandas sonoras de tempos e pessoas que já não lembrava ter cruzado. Não sei porquê mas ao invés de me perturbarem tais recordações, as mesmas suscitam ternura, carinho e o prazer de um dia as ter vivido e mais importante: partilhado. Não sei porquê mas há medida que se torna recorrente na vida onírica a mesma recordação surge em acto falhado no discurso mais desenxabido. Não sei porquê mas nada disto é sentido como saudoso ou vontade de reviver. Não sei porquê mas até no plano onírico esta é a banda sonora e quantas vezes a ouvimos e quantas vezes a negámos e a rebuscámos em nós. Não sei porquê mas questiono se as recordações são reais ou com o tempo se tornaram recordações-ecrã ...

... quer parecer-me que sim.

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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Masters of the Universe...

... Our Universe.


Há dias assim, sem ontem, hoje ou amanhã ... aliás todos os dias deveriam ser assim: Únicos. Cada momento, todos os momentos, numa perspectiva holista ou de singularidade, desenham os dias. Os nossos dias. Exigimos de mais dos mesmos, atribuímos-lhes uma responsabilidade que não têm e às vezes culpa-mo-los de um sem número de coisas: tempo a menos, tempo a mais, não serem "o nosso dia" ou serem "o" dia. Expectativas, expectativas, expectativas ... bordadas a desejos e a quereres, mais ou menos, pertinentes. Queremos de mais, pedimos de mais, e no entanto vivemo-los de menos.
Não andaremos confundidos? Material Vs espiritual. Valores reais Vs valores publicitados. Passamos pelos dias sem os vermos porque estamos demasiado ocupados a ser magros, a ser ricos, a ser perfeitos, a ser profissionais, a ser pais, a ser filhos, a ser ... outra merda qualquer, que às vezes nem sabemos bem o que é ... ou o que somos ... ou o que nos tornámos.
Inspira ... Expira ... Hoje ... minutos ... segundos ... sente ... Inspira ... Expira ... Hoje é o dia: Vive-O!

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

01 de Outubro de 2010 ...

... hoje fiz mais um daqueles jantares de tudo e nada: tudo o que desejamos, esperamos, idealizamos e ansiamos da vida ... da nossa vida e de nada ... sem expectativas, o que for nosso à nossa mão virá.
Perguntaram-me o que fazer acerca da insatisfação: um estado de alma permanente e doloroso de quem sabe para onde vai mas a cada passo deseja voltar atrás: um passo para a frente e 100 metros barreiras atrás, como se a salvação fosse o ontem e não o hoje. Que fazer quando sabemos que o caminho é em frente mas a cabeça nos puxa para um outro tempo, uma outra dimensão onde realidade e sonho se fundem num paralelo até se tocarem no infinito dando uma combinação perfeita. Sabemos que "ficar aqui agora já não dá", apostamos tudo numa mudança que se adivinha dolorosa, transformadora e reconfortante ... viagem iniciada ... roleta russa ... e rodámos 360º ... e agora? ... agora ... gira a roleta novamente: aposta-se o tudo na esperança de ganhar 180º, o que faz falta, o que faz sentido. Ou não.
Podiamo-nos permitir viver o real com quem escolhemos como parceiro de jogo e cada cartada fosse em prole de uma certeza que até agora se adivinha incerta. Cada mão, cada rodada, apontasse, sem dúvidas a direcção ... no mínimo que adivinhasse se a estrada percorrida nos leva onde queremos e desejamos estar. No entanto, a dúvida é caustica e assombra o dia: se é perfeito o idealizado o porquê da fuga para a frente?
Será a vida tão simples com apregoam? Será o racional, conhecimento e informação ou mero entrave à realização?
Choramos um tempo que se adivinhou perfeito e se cristalizou no vácuo com o dito epíteto, de tão perfeito, tornou-se tóxico e envenenou a alma daqueles que o dividiram ... caminhamos por novos caminhos, foram transpostas encruzilhadas, ganhas batalhas, choradas lágrimas e houve sangue derramado, numa mistura de "quero, não quero" no fim ... no fim o príncipe transformou-se em sapo e do nevoeiro surgiu o "certo" ...

... mas se ele é o certo, se isto é o certo ... por que é que o sinto tão errado????
Em co - parceria Wingman ... Bela Colheita
... 2005 Douro tinto ;)

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terça-feira, 28 de setembro de 2010

My All Time Favourites !

Um dia caso-me ao som desta música!!

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Brincando Com o Fogo



Desde o início da humanidade que o fogo fascina. A piromania está classificada como transtorno de personalidade ou Perturbação do Controlo dos Impulsos sem Outra Especificação e caracteriza-se "pelo sujeito experimentar um grau crescente de tensão ou excitação antes de começar o acto, seguindo-se uma sensação de prazer ou alívio". O que traduzido dá: os pirómanos ateiam fogos para retirarem prazer orgásmico daquela visualização, está directamente relacionado com cenas de poder e controlo - pancada da grande.

A maioria de nós gosta de olhar o fogo, sente-se atraído pela imagem da labareda, roça quase um amor - terror, tanto assim é que o senso- comum profetiza: "o lume é uma companhia". Então e quando as pessoas gostam de brincar com o fogo, numa alusão metafórica a situações em que consciente e racionalmente, (até por uma questão de maturidade) sabem que deviam correr para bem longe, pôr-se a salvo? Porque "brincamos com o fogo" quando tudo nos diz que, se tivermos sorte de não sair queimados, chamuscados ficamos de certeza?

Começo a achar que esta necessidade que temos de "brincar com o fogo", é similar ao "bater com a cabeça na parede" - tenho de lá ir porque pode até ser que desta vez seja diferente. Sempre que brincamos com o fogo acabamos magoados, no entanto é uma força de atracção - repulsão, que deixa sempre o Anjo mau levar a sua avante.

O extintor está preparado, just in case ... vamos ver o que isto dá (?!?)




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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

My All Time Favourites !

Ainda hoje isto mexe com as minhas células e neurónios ... assim estrondosamente ... Leva-me de volta ao 2001.

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My All Time Favourites !


"Oh let the sun beat down upon my face, stars to fill my dream

I am a traveler of both time and space, to be where I have been

To sit with elders of the gentle race, this world has seldom seen

They talk of days for which they sit and wait and all will be revealed"

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domingo, 26 de setembro de 2010

Coisas que não percebo III

Existe um sem número de coisas que não percebo e número igual ou superior de coisas que não sei. Relativamente às segundas, todos os dias me esforço por saber mais qualquer coisa ou até mesmo para modificar/ alterar o meu sistema de crenças e valores, pois se eu não sou estática, estes também não podem ser. No que concerne às primeiras, as coisas que não percebo, logo dificilmente as chegarei a compreender, o caso é bem diferente: se algumas dessas coisas têm, unicamente, a ver com questões internas e bases educacionais e culturais, outras há, que me parecem estupidamente ridículas, uma espécie de "atirar areia para os olhos" e que à posteriori, demonstram o velhinho conceito de "País à beira mar plantado de brandos costumes", e que me parece que enquanto Portugueses já devíamos ter ultrapassado. Importamos tanta merda do "estrangeiro", ele é Leis Educativas e não só, é hábitos, é gadjets, é orçamentos, arquitecturas de Parques escolares e outros. No entanto para a implementação em território nacional da maioria destas merdas nem estudos se realizaram para aferição dos mesmos à população portuguesa. Ao fim de 10 anos lá há um génio que descobre que está tudo mal que não se pode aplicar, por exemplo, a mesma Lei Orçamental a Portugal que funcionou espetacularmente bem na Finlândia. Até à "descoberta da pólvora" já alombamos e nos enterrámos mais 1/2 metro.
Agora o que pergunto é porque é que com tanta "importação", nunca importámos hábitos como: surge um qualquer escândalo no Governo, o alvo no dia a seguir demite-se. Nós por cá não. Partimos do pressuposto que é uma cabala, uma tentativa de denegrir a imagem. Então se assim é não devia a "mesma perspectiva de justiça" ser aplicada a todo o cidadão??? Provavelmente o Srº Gervásio também não estava a fugir ao fisco apenas se esqueceu de pagar aquele ano às finanças e a Dona Idalina não aceitou qualquer suborno para passar "à frente" a matricula do Luisinho, "eram uns dinheiros" que os papás do Luisinho lhe deviam e que por um acaso infortuno, lá coincidiu com a entrada do processo de matricula do menino no 1º Maio. O que não teria sucedido se a Dona Idalina não fosse profissional empenhada, trabalhando domingos e feriados.
Se todas estas situações que a comunicação social traz a público tem justificações, perfeitamente, plausíveis (?!?) e os seus protagonistas mantêm os seus trabalhos e vencimentos incólumes, alguém me pode explicar porque é que todos os casos mediáticos que envolveram investigações da Policia Judiciária, levaram ao afastamento (despedimento e reformas compulsivas) dos inspectores que lideravam as investigações? Alguém me explica, como se eu fosse realmente muito burra, porque é que os alvos das ditas investigações se transformaram em mártires e os ditos inspectores acabam com o papel de inquisidores e carrascos?

Provavelmente ainda não "cresci" o suficiente. Provavelmente não me interesso o suficiente pelas "politicas" do País para "perceber" não sei quantos porquês que "à vista desarmada" me parecem insuficientes, apedeutas e tentativas de enviesar uma opinião pública, que infelizmente, na realidade, se está a cagar ... ou não fossemos nós, "aquele País à beira mar plantado, de brandos costumes e pessoas singelas"... (?!?)

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sábado, 25 de setembro de 2010

Equinócio de Outono

Este foi um verão de grandes e profundas mudanças. Não daquelas mudanças que surgem da noite para o dia e transformam as nossas vidas em 180º mas algo mais profundo. Daquelas viragens que chegam de mansinho e se instalam. Mudanças subtis como a passagem das estações: ontem era verão e o calor que se fazia sentir dava a ideia de ser "de sempre e para sempre", gradualmente as temperaturas foram amainando, os dias encurtando e passamos a chegar a casa à luz de um lusco- fusco que apesar de fascinante torna a condução um desafio. Chegou o Equinócio de Outono, sem lugar para dúvidas: esta semana já sai de casa com um nevoeiro cerrado e aquele cheiro a terra molhada que me faz sentir renascida e "fresca". estranho como adoro esse cheiro e como o mesmo activa nas minhas células um doce bem-estar e uma vontade de euforia.
As minhas mudanças ainda não consigo identificar claramente e aprofundar o novo que me trouxeram, ou talvez até consiga se a isso me propuser ... mas não quero. Sinto que pela primeira vez estou a deixar-me ir nas mesmas, a absorver e a degustar a sensação de tranquilidade que me invade, uma espécie de paz de espírito que ainda nem sei bem lidar com a mesma. Tem sido um novo despertar, com lentes multicolores que vão transformando o castanho do Outono num vermelho acobreado pleno de sensações. Ainda não estou no ponto. Como quero e acho que preciso. Seria falácia dizer que não tenho nada a chatear-me ou preocupações de maior, apenas não me apetece entregar-me às mesmas e atribuir-lhes uma importância que mine e intoxique a minha vida, o meu ser e o meu estar.
No trabalho as coisas estão relativamente tranquilas, à excepção de uma nova colega que se revelou uma ditadorazeca dissimulada, daquelas pessoas que não sabem ter chefes liberais e resolvem assumir o seu lugar no imediato, demonstrando (tentando) como a sua autocracia é mais eficaz ... nada preocupante. Não lhe vou dar a atenção que deseja, ter a preocupação que me seria caracteristica porque isso seria dar-lhe uma importância que não tem. Situação em aberto que tenho a certeza se resolverá. Tudo se resolve.
Às vezes as situações e as relações que se revelam potenciais conflitos e de efeito destabilizador num determinado sítio, tornam-se tempestades avassaladoras de enormes danos colaterais pelo excesso de preocupação ou necessidade de acções resolutivas - ganham exactamente o que queriam: destabilizar, invadir, minar e destruir. Uma das grandes vantagens é essas pessoas tomarem sempre os outros por burros e "poucachinhos". Vivem numa especie de orgulho mesquinho e cego que lhes nasce no umbigo, pela sua esperteza saloia de que ninguém percebe o seu veneno e as suas más acções para minar as pessoas e os campos onde estão. Aborrece-me que me tomem por parva e a cega que nada vê. Talvez se enforquem na própria corda. Vamos ver ... até lá ... o trabalho está bem, adorei o regresso. Estou tranquila e entusiasmada, cheguei assim de mansinho e trouxe comigo aquele cheiro de terra molhada, aquela sensação de fresco e euforia. Vou tentar mantê-la até ao próximo equinócio.

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Regresso

O após férias nem sempre é fácil quando a matéria prima são pessoas.
Nada tem a ver com as ditas "depressões pós férias" porque na maioria das vezes quando as pessoas chegam a ir de férias já passaram por um longo período de "depressão entre férias" e terminaram num cansaço extremo que deve ser a "depressão pré férias" e a maioria na ausência de possibilidades de "fazer férias cá dentro ou lá fora" e de ter os miúdos 15 dias em casa, mais 15 dias sem saber o que lhes fazer e ainda o ter de conviver "ininterruptamente" com a esposa ou o esposo, ainda consegue ter a "depressão do durante as férias". Até hoje ainda não senti nenhuma das ditas "depressões sazonais", felizmente, sinto sim, é um extremo cansaço a meio dos períodos entre férias, que há medida que o tempo passa chego ao dito período de descanso em burnout - leia-se - com os fusíveis em curto circuito, o que se traduz em actos falhados consecutivos, amnésias de curto prazo, disortografia e dislexia. Como tal os primeiros dias de férias são o fecho total de qualquer actividade mental e não tenho vergonha de dizer que na primeira metade de férias só consumo "leitura light", tipo Marias, TV Guias, Lux's e Caras ... no fim das férias já vai então um Diário de Noticias, uma Focus ou Visão para começar a exercitar a mente. Porque sei que o regresso se avizinha e cada regresso é sempre um começar de novo: ver quem está, o que lhe aconteceu, o que mudou e os que já não estão perceber onde se enfiaram, como e a fazer porquê.
Não tenho "depressão pós férias" mas sofro da ansiedade do 1º encontro. Iniciei os encontros. A primeira missão foi cumprida, nada de mais a assinalar, o costume com algumas nuances telenovelescas que penso serem menos graves. A segunda missão foi mais complicada: perdas, muitas perdas. Vi-me rodeada de lutos e a sentir-me pouco para tanto ou apenas a sentir-me insuficiente para tão pouco. No fim do dia a minha consciência está tranquila: fiz o melhor que podia e sabia, dei e dei-me até onde podia.
Às vezes sinto-me consumida, ou talvez a melhor palavra seja drenada. Chego ao fim da semana e parece que não sobrou nada de mim para usar em mim e em quem amo ... ou poderia vir a amar. Todos os dias aprendo um pouco mais sobre mim e a minha resistência, todos os dias luto um pouco mais para ultrapassar a sensação árida de nadar no seco. Já aprendi muito mas também ainda falta muito e é esse muito que faz com que amanhã seja um novo dia. Um bem melhor que o de hoje e o de ontem - aprendi um pouco mais.

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domingo, 19 de setembro de 2010

Se a estupidez fosse um posto...

Eramos Reis ... ou Primeiros ministros ... ou Whatever ... até lá ...
Queria parecer inteligente: gaja com conversa ... mas existem determinadas alturas que não consigo, sou do mais básico que existe.

Às vezes as pessoas surpreendem-nos pela positiva, de tal maneira que resta-nos ficar boqui -abertos: aconteceu-me.
Fui madrinha e o meu mano do coração padrinho. O que não seria nada de extra-ordinário se não tivessemos chegado 15m depois da cerimónia ter começado: claro que a avó da criança nos queria decapitar, o avô lapidar e os pais transformaram este "pequeno" atraso na situação a "recordar"... mas que fazer? Somos dois descompensados que venha o que vier, o despertador não é um aliado (?!?)


Correu tudo bem. Chegamos, limpamos cabeça, acendemos vela e tiramos foto como manda a tradição. Éramos as únicas pessoas que tinham os carros atravessados e tivemos de "correr" para o trânsito fluir ... mas se assim se não fosse ... qual seria a piada do "Roque e a amiga" serem protagonistas ... perfeito ? Nada mais perfeito que a imperfeição: aceitam-se inscrições ;)


Tens que marcar lugar e avisar com pelo menos 15 dias de antecedência ... Até lá ... bem, até lá logo se vê!

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terça-feira, 14 de setembro de 2010

(Des)conversa 29

(Numa Loja a experimentar roupa)

Eu - Boa tarde. Eu queria experimentar aquele Jumpsuit saruel, se faz favor.
A senhora da Loja com ar de espanto - O quê este? Em que cor é que quer experimentar?
Eu - Pode ser o castanho.


A senhora da loja pega no que lhe pedi e entrega-mo para experimentar mantendo o seu ar de incrédula ... visto e saio do provador, para quem comigo estava opinar.

Senhora da loja atónita - Olhe só quem diria que isso lhe fica bem (?!?) Você é, é uma falsa gorda. (?!?) Têm vindo cá muitas rapariguitas experimentar isso e parecem sacos de batatas ... (com ar pensativo) ... Bem, se calhar elas é que são umas falsas magras.

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(Des)conversa 28

(Numa Loja a experimentar sapatos)
Ela - Vais comprar umas Grendha?
Eu - Estou a pensar nisso, desde o inicio do verão que quero umas.
Ela - Mas vais gastar dinheiro para quê? Não precisas disso.
Eu - Eu não disse que precisava, disse que queria.
Ela - Isso é consumismo, se não precisas, não compras.
Eu - Tens razão mas preciso tanto delas como tu das Havaianas que compraste ontem.
Ela - Ahh ... isso é diferente.
Eu - Porquê diferente? O grau de "precisar" é o mesmo e não alegues que não tinhas umas brancas porque eu também não tenho nenhumas destas.
Ela - Épa está bem ... mas é que assim eu vou andar duas semanas com ar de praia e tu elegante.

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sábado, 11 de setembro de 2010

Férias...

... aquele período de tempo que se caracteriza por 22 dias úteis e se formos uns gajos à maneira se eleva a 25 ... imaginem só: 25 dias inteirinhos em que somos donos e senhores do nosso reino como se o amanhã fosse hoje. Haja dinheiro e a imaginação logo corresponderá.


Foram seis semanas de férias do melhor que pode existir: nada mudava, nada alterava. Se as duas primeiras foram o descanso do guerreiro, as duas intermédias preparativos, as duas finais superaram expectativas. Por alguma razão, que a própria razão se recusa a conhecer e a reconhecer, os primeiros tempos foram pautados por um suave e saboroso "dolce faire niente", a humidade era tanta que atacou os roupeiros sem dó nem piedade resultando em roupa apertada, curta ou até mesmo sem servir ... No Problem ... de acordo com o meu querido amigo H.P.: "amiga, mais crescida mas com um ar muito saudável!" - a bem da minha sanidade, resolvi interiorizar e Acreditar.
As outras duas semanas que se seguiram foram, assim a modos, de que uma preparação do que ainda está para vir: se na primeira o stresse quase me consumia, na segunda "transpirava savoir faire" ... loucura bem regada, bem comida e bem acompanhada - Quero mais e prometo ser mais comedida na loucura.
Quanto às últimas duas semanas, foram do melhor que podia haver: pedido não seria tão certo. Diverti-me à grande, exerci o meu papel de "Comandante" de maneira fluída, divertida, prazeirosa e responsável para todos ... amei-os, senti-me vazia quando partiram e apetece-me repetir, no fundo são o meu "gang" e adoro-os a todos tal como são ... apesar de me gastarem o nome e a paciência: grande escola!

Resumindo este excelente verão: tenho uns quilinhos (coisa pouca ?!?) a mais, tenho uns sapatos PDL e uns trapitos brutais. Gastei mais do que o previsto e prevê-se um Outono a sopitas mas tirando isso: é rosa choque a alma, verde alface o espírito e branco o fisíco.

Este foi "Um Verão Azul"

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ser Crescido

À medida que o tempo avança e crescemos as coisas vão tornando-se mais intensas ou mais complexas, vivemos tudo a correr ou corremos para viver tudo. Perdemos a capacidade de retirar prazer das coisas simples e das complicadas, também. Não rimos tanto, nem tão bem como antes, quando tudo era motivo de galhofa. Tornamo-nos adultos soturnos, aborrecidos e "caretas", tal e qual como aquilo que crticavamos: "a nossa vida não anda para cantigas" ou fomos nós que perdemos a capacidade de "a cantar"?
Há imenso tempo que pondero a "chatice" que é ser crescido, em que a única coisa que se espera é a conta da luz, água e gás ao fim do mês e de um ordenado que as suporte. A proporção de dinheiro gasto nas contas e nos bens materiais "hipermega necessários" supera a que gastamos em prazer pessoal, contra producente: se gastamos esse dinheiro é para nosso conforto, supostamente ... então porque é que no fim de pagarmos tudo, olharmos para o nosso LCD, para o WII, para a PS 3, PSP, PC e outros gadgets continuamos a sentir que nos falta algo? Eu sinto.
O tempo que me dedico, o prazer que retiro das coisas e os momentos de puro hedonismo são uma gota de água num oceano de responsabilidades e obrigações. Acho que perdi a graça, como outro milhão de seres, estou formatada a uma merda que não me agrada: o mundo moderno, corro desde que me levanto até que me deito mas não sei para onde, estou sempre atrasada nem sei para quê, salto refeições, abdico do lazer para cumprir deadlines, trabalho 11 meses por 22 dias úteis de férias e se me portar bem tenho 25 gloriosos dias para ser dona e senhora do meu precioso tempo (?!?) mas até os ter, no fim do dia ... no fim do dia apenas cansaço, preguiça e vazio ... combinação de merda!
Cada vez mais compreendo e empatizo com aquelas pessoas que abandonam tudo para irem para as zonas despovoadas do país e que ai constroem vidas ao ritmo da natureza. Aguentaria a minha sanidade uma aventura dessas? Claro, existem auto-estradas: a um "pulo" da civilização! Então o porquê de ir para estar sempre a voltar? E poderia, realmente, ir de mim própria?
Talvez seja esse o problema: estou cansada de mim. Precisava de um momento dissociativo psíquica e fisicamente, em que me deixava "ali" a dormir durante um par de horas e ia arejar-me numa espécie de "tábua rasa". Como não é possível faço o melhor que posso e sei.
Não será assim para sempre: é uma fase, apenas isso, no geral estar vivo e viver é a rosa, porque apesar dos espinhos, a vida de cada um é de uma beleza admirável, às vezes precisamos é de limpar as "lentes".

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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Quando o passado ...

... nos bate à porta duas vezes no mesmo dia e não o reconhecemos, é sinal de que: "FOSTES"!!!!!

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sábado, 24 de julho de 2010

Passagem ?



Um fim de tarde que se iniciara quente. Os gestos, os sorrisos e as conversas, libertavam uma aura de alegria, respeito e admiração. Numa sala neutra, cruzavam-se seis espaços, seis direcções, seis maneiras de estar, seis pessoas tão diferentes, que no limite existe uma espécie de igualdade. Seis papéis muito definidos, balizados por fronteiras invisíveis de empatia. Projectado não seria tão perfeito ... ou tão certo. Há aproximações naturais e pontos de contacto, no entanto, estranhamente, algures no passado existem elos, que constroem uma rede rodoviária, num Universo paralelo e nos trouxeram até aqui. Ao hoje. As máscaras caiem e soam lamentos, partilhas de vivências, numa reminiscência de passados e viveres. Empatia e o abrir de alma. Confia-se histórias, momentos de vida, estados de alma, ilusões, desejos, sonhos e desilusões. Espelham-se aprendizagens e crescimentos paralelos num marco de tempo infinito e tão finito. Brindou-se à vida, às transições, mudanças, quereres e sonhos vindouros. Riu-se e chorou-se, um reflexo interno de quem está tão livre e tão preso.

Uma lua poderosa, redonda, mística e cúmplice exerceu a sua vigília, abafando um vento ordinário que teimava em se fazer sentir, gelando-nos a pele. As lembranças surgiam e enalteciam-se novas estradas, novos percursos, novas escolhas e qual o papel, maior ou menor, havia sido exercido por cada uma daquelas pessoas. O vento não me incomodou, não o senti, à lua agradeço a sua energia e olhar protector, no entanto, algo aconteceu. Me aconteceu. Um frio oriundo de mim cresceu na minha barriga e espalhou-se pelo corpo. Interno. Um frio de alma que me deu uma tristeza, uma nostalgia do que fui, sou e do que tento ser. Sentada àquela mesa percebi o quanto evoluí e o quanto estou parada: uma prisão sem grades, um estar sem ser, um crescer parada mas amparada. Estranhamente senti todo o processo como uma mudança, uma passagem que não sei vinda de onde e a ir para onde. Estranhamente, esse frio de alma, a sensação nostálgica de vazio, o som dos risos, a ternura da partilha, o carinho dividido, foi sentido como uma despedida.

Será este sentimento, tão somente, um desejo arcaico, será o mesmo influência das mudanças que giram naquele núcleo ... ou é apenas uma despedida de mim para mim?

Naquela noite senti que dizia adeus. Ao quê ou a quem não sei. Talvez não seja nada ... ou talvez seja tudo. Um desejo, um sonho, um devaneio ou apenas um querer que necessita de um empurrão. Não sei. Existe um vazio que tem de ser preenchido: Preciso de um Sinal!

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terça-feira, 20 de julho de 2010

(Des)conversa 27

Ele - Precisas de ser dominada.
Eu - Porquê?
Ele - És como aqueles países que ainda não perceberam que seria melhor renderem-se.
Eu - (?!?)
Ele - És assim como o Tibete, ou seja, diz-se que o Dalai Lama é o Governo Tibetano mas na realidade quem manda é a China.
Eu - (?!?)
Ele - Ópa ... Tu és o Tibete e precisas de alguém que te deixe pensar que és o Dalai Lama mas na realidade ele é a China.
Eu - (?!?)

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domingo, 18 de julho de 2010

Viagens Místicas







Insistimos sempre em percorrer aquela estrada, apesar de já termos constatado, que a mesma é habitada por uma mística que nos puxa para onde não queremos ir. Acordamos sempre, que a partida será antecipada e desta vez aquele céu laranja fogo não exercerá qualquer tipo de poder sobre nós. Falácia. Naquele caminho a alma solta-se, as vivências exacerbam-se e a necessidade de partilha torna-se autónoma, reproduzindo-se um discurso nascido das entranhas, aquele céu poderoso, que lembra a mágica de um qualquer Concílio dos Deuses, absorve-nos e embala-nos. Os discursos são suaves ronronares de quem partilha história e os silêncios rematam as sentenças que não precisam de palavras. Às vezes penso que somos masoquistas, decido que é desta que cumprimos: esplanada, mar, conversas de merda e tónico sob o olhar de um sol que se despede por ter sido vencido. Erro. Esplanada, café, mar e alma verborreica com um sol que teima em espiar. Naquele sítio as portas do sotão abrem de par em par, os esqueletos soltam-se e rodopiam à nossa volta, numa dança tribal de guerra e prenúncio de paz, as miragens perseguem-nos numa indistinção de passado, presente e futuro.
Um dia vamos crescer, deixar de ser as "Femme enfants", falta pouco. ACREDITO!

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sábado, 17 de julho de 2010

Obrigada ...

... minha querida ...







Estou e estarei sempre ... para ti nunca tenho falta de tempo, nunca estou demasiado ocupada ... estou apenas e unicamente aqui.

Noites hardcore, noites softcore ... ou apenas noites de loucura não calculada ... lembras-te??? Há 4 anos atrás estávamos no hospital levei 4 pontos num olho por "culpa" do Tony ... esta noite éramos os mesmos .... mas sentiste a nossa falta ... também senti a tua ;)


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sexta-feira, 16 de julho de 2010

A minha cabeça ...

... psicadélica é fodida! Uma espécie de máquina de lavar roupa em centrifugação permanente. As coisas invadem-me e dominam-me até lhes prestar atenção. Se algum dia tivesse tido a brilhante ideia de meter ácido, havia de ser lindo ... havia ... havia...

Acordei há uma semana com uma vontade enorme de ouvir isto:






e a vontade não parou ... passava na minha cabeça vezes sem conta e com toda a merda que tenho de música ... achei ... aqui fica:

"Yesterday, there was so many things I was never told Now that I'm startin' to learn I feel I'm growing old"

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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Estranhamente ...

... ando estranha, de uma estranheza indefinida. Não ando ansiosa, ou pelo menos assim o acho, mas fumo desalmadamente e o facto de à minha volta uns não fumarem e outros estarem a desistir, não me inibe de ser uma chaminé de fábrica de cimento. Deito-me e durmo, no entanto não descanso, os sonhos são perturbadores (de certeza!) porque acordo como se não dormisse há dias. Ando esquecida e distraída, mais esotérica que nunca, se me perguntassem como me sinto diria, que a flutuar, como se vivesse num filme. Tranquila e leve, assertiva e despreocupada. Quem me rodeia confirma-o: o mundo a desabar na linha de horizonte e eu, tranquilamente, a fumar um cigarro, a beber café, porque nada vai acontecer mais depressa por me enervar.
Se esta tranquilidade é falaciosa, talvez, as noites mal dormidas assim o confirmam. Mas não estou a conseguir chegar lá. Nada se passa que não resolva e a maioria das cenas são merdas sem assunto. Estou bem, sinto-me bem, até a hemoglobina está bem ... então:
What the Fuck is Happening???????

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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sentia-se impotente contra o mundo. Havia perdido algures, o que mais estimava, o que o caracterizava: a sua Fé. Duvidava-se e duvidava, pior, entre as dúvidas e a descrença que o assolavam, todos os dias, pedia a Deus que o iluminasse, que lhe desse um sinal. Contra tempestades, mares e tormentas nunca se tinha sentido tão perdido e desamparado até como aquela altura. Não se havia passado nada na sua vida que activasse tamanho desolamento. A sua vida não tinha sofrido alterações de qualquer tipo, pelo contrário: tinha casa de campo, praia e cidade, o emprego que adorava, onde via o sucesso ser-lhe reconhecido, estava casado com uma mulher que o amava à exaustão e que ele sempre vira como a mãe dos seus filhos. Não percebia de onde surgiam todas estas dúvidas. A sua mulher paciente, como sempre, amparava-o e dava-lhe espaço. Ele mentia-lhe: "problemas no trabalho..." Ela sabia-o mas ignorava e caminhava a seu lado. Filhos. Talvez fosse o que estava em falta. Ela ia adorar a ideia de terem um filho. Há muito que indirectamente lho sugeria.


Sempre se tinha sentido egoísta para ter um filho. Precisava-a apenas para si ... mas agora ... talvez lhe desse o espaço que precisava para se resolver. Se tivessem amigos ... ou ela uma amiga ... não sabia. Precisava descobrir e depressa.



Pediu a Deus um sinal e capacidade para reconhecer esse sinal.

Pensava que tinha tudo o que sempre desejara e agora a única coisa que lhe era garantida, havia perdido, sem se dar conta.



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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Definitivamente...

... cenas definitivas, não são para mim. Ou melhor, eu gostava que fossem (?!?) mas há qualquer coisa que activa uma especie de gatilho interno e me leva "dali" para fora a correr sem olhar para trás.
A minha cabeça é como um armazém atafulhado de informação desnecessária e que apenas me consome: memória paranóide (fodido!). No entanto, tanto desperdicio de actividade neuronal, de quando em vez, traz os seus beneficios, poderia era ter estas epifanias mais frequentemente e menos espaçadas ... poupava-me a uma serie de maçadas ... mas é o que há e enquanto não me mentalizar que tenho de arranjar tempo para meditar, apenas ouço a minha intuição quando ela grita que nem louca ensurdecendo-me. Aconteceu-me esta semana.
Não sei bem como, a meio de uma conversa, a minha colega ouvia e falava, eu idem aspas, até que ... PLIM!!!!! ... fez-se luz, mais uma epifânia, deixei de ouvir o que ela dizia e na minha cabeça começaram a surgir de geração espontânea um sem número de imagens representativas de coisas da minha vida que nunca liguei até esse momento: sempre que se me apresentaram coisas que senti como decisões ou situações, que fossem permanentes ou definitivas, mudei o meu rumo numa fuga estúpida e infantil, porque nem sei se realmente eram permanentes ou definitivas ... aliás não existem coisas definitivas: existem coisas que são definitivas enquanto duram. Enquanto queremos que elas durem, nada mais que isso. Agora vejo resultados, sinto que finalmente passei a linha.

E porque as conversas são como as cerejas, comecei a conversar sobre contratos de trabalho e acabei a perceber (escandalizada) que tenho uma atitude defensiva/ repulsiva com tudo o que me soe a "definitivo" ... eis que foi um pequeno passo para o Homem, um salto gigante para mim: Foda-se! Estou mesmo a crescer!

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quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Aquário.

Trabalho dentro de um aquário, o que até não seria mau, se fossemos peixes mas o mais parecido que conseguimos a isso, é chegar ao fim do dia qual bacalhau seco em sal moura. O aquário está vazio, mas supostamente (?!?) faz parte destes novos edifícios auto-sustentáveis e o estafermo que o projectou está maravilhado por já ter ganho inúmeros prémios com ele...a auto sustentação do mesmo é: de inverno ter 3 aquecedores e não se conseguir despir o casaquito e de verão andar a arfar com falta de ar e a suar que nem porcos em saunas ... presumo que não esteja muito bem feito...mas quase que aposto que a "culpa" é do construtor, mas seja o que for, está visto, que como tudo em Portugal, (é óbvio!!) que o dito "génio" nunca pensou em estar cá dentro muito tempo, para testar a dita "auto-sustentabilidade".
Se for, unicamente, para apreciar até nem é mau de se ver (para quem gosta do género), para estar, apenas estadias curtíssimas, para trabalhar 12h/ dia É UMA MERDA!!!!!!

De manhã chegamos a cheirar a Princesas e à noite saimos a cheirar a cavalo !!! (Cortesia A.P.)

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terça-feira, 6 de julho de 2010

"Felicidade...

... é a proporção exacta entre
prazer e significado"

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domingo, 4 de julho de 2010

Ainda temos 6 meses...

para validar 2010 num mundo infinito de possibilidades.
Entrámos oficialmente na 2ª metade do ano. Se a primeira senti voar, a segunda espero vivê-la intensamente, seja lá isso, aquilo que for. Agradeço.
Os anos não são estáticos, eu nasci influenciada e rodeada pelo número 7, que significa: O Tempo.
Segundo Pitágoras, o número 7 é o símbolo gráfico sagrado e perfeito de qualquer manifestação do Divino na Terra como no Cosmos.
Tudo se processa no Universo dentro dum ritmo Septenário.
Aproximo-me do fim de um desses ciclos de 7 anos, estes seis meses marcam essa derradeira entrada. Vamos ver.

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sábado, 3 de julho de 2010

Wake up call...

O Universo às vezes prega-nos partidas.
Há 25 anos os seus desígnios levaram-me a secar as lágrimas que tinha em mim. Desde esse tempo, senti que tinha de crescer e ser cuidadora e guardadora. Foi a altura em que aprendi, às minhas custas, que nada é garantido. Perdi cedo o conceito de imortalidade. Guardo um medo fininho e manhoso na alma, que de quando em vez, ameaça acordar ... acordou. Mais forte que nunca e as lágrimas voltaram tão de repente como no dia em que partiram: dolorosas, imparáveis e gélidas. Senti-me impotente e cobarde: o primeiro por não haver nada que possa fazer e o segundo porque fui fraca.

Deus não nos dá mais do que aquilo que conseguimos carregar.

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terça-feira, 29 de junho de 2010

FlashBack

Eu estou aqui...mas sem estar. Na realidade sempre estive aqui mas não para mim. A verdade é que nem estive para mim, nem para os outros. Sejam esses outros quem forem. Um dia amei mas amava-me mais a mim, ou quem eu pensava que poderia amar. Um dia casei-me com quem decidi que devia casar. Coloquei o amor num saco, juntei-lhe uma pedra, palavras amargas e um adeus para sempre. Joguei no mar e pedi que a sua vida fosse novelo de lã sem ponta. Pedi que o emaranhado o trouxesse até mim. Eu estava feliz mas precisava sabe-lo doído. Precisava que pensasse em mim.

Um dia acordei e descobri que quem comigo co-pilotava a vida tinha ido embora. Não perdoei a troca. Comparei-me vezes sem conta, bati-me, zanguei-me, manipulei e até implorei. Não funcionou. Não cedeu. Nesse dia lembrei-me do outro, aquele da vida em farrapos. Casualmente encontrei-o num encontro que forcei. Corri para a praia, mergulhei e pedi às ondas que me devolvessem o saco da sua vida. Pedido concedido. Idílico este nosso reencontro casual, que planeei. O outro, aquele que me trocou sem eu ter autorizado, sentir-se-ia magoado e perdido quando visse como segui sem ele. Voltaria. Nunca olhou para trás. Estou feliz.

Acordei esta manhã, na janela o céu mostrava-se cinzento e choramingas, assim como eu. A minha imagem reflectida no espelho lembrou-me que tinham passado 50 anos desde o dia em que nasci. Cumpri tudo...tudo o que não queria. Quando não suporte a dor da separação, casei-me. Quando te soube bem e ele afastado, tive filhos. Quando fui trocada, forcei o teu regresso. Sabendo no agora, o que já sabia no então: nunca amei mais ninguém, excepto, a mim. Os meus filhos são um acto de amor, mas até perante os mesmos, faço distinções e tenho preferências. Já não me obedecem, já não os manipulo. Perdi o controlo. Acusam-me de ser fria e dengosa, qual gata traiçoeira, na mira para chegar à presa. São uns interesseiros. Amo-os. Tenho de os amar. Preciso-os. Estou feliz.

Os meus amigos, nunca foram amigos. Se não me imiscuísse nas suas vidas estava sempre só. Uns tomaram o partido do que foi e outros do que regressou. Invejosos. As mulheres temem pelos seus homens e homens temem a minha inteligência. Todos me temem, todos me veneram, todos...Estou bem. Sou feliz. Profissionalmente estou estável. Nunca precisei. Não preciso. Mas ambicionava tanta coisa para mim, para a minha vida. Já não tenho 30 anos. Vivi toda uma vida com os homens errados, aliás, com as pessoas erradas. Nunca me souberam aproveitar. Eu era o que tinham de melhor. Todos.

Estou só, terrivelmente, só. Acordei esta manhã com a alma enublada e por breves momentos a imagem que vi no espelho disse-me: és uma frustrada, viveste toda uma vida, sem nunca a teres vivido. Assustei-me...um flasback da minha vida passou naquele reflexo. Tremi e paralisei... olhei melhor e afinal não era para mim que o espelho falava. Era para os outros. Os que partiram, os ausentes e os que nunca estiveram. Estou Feliz.

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