Equinócio de Outono
Este foi um verão de grandes e profundas mudanças. Não daquelas mudanças que surgem da noite para o dia e transformam as nossas vidas em 180º mas algo mais profundo. Daquelas viragens que chegam de mansinho e se instalam. Mudanças subtis como a passagem das estações: ontem era verão e o calor que se fazia sentir dava a ideia de ser "de sempre e para sempre", gradualmente as temperaturas foram amainando, os dias encurtando e passamos a chegar a casa à luz de um lusco- fusco que apesar de fascinante torna a condução um desafio. Chegou o Equinócio de Outono, sem lugar para dúvidas: esta semana já sai de casa com um nevoeiro cerrado e aquele cheiro a terra molhada que me faz sentir renascida e "fresca". estranho como adoro esse cheiro e como o mesmo activa nas minhas células um doce bem-estar e uma vontade de euforia.
As minhas mudanças ainda não consigo identificar claramente e aprofundar o novo que me trouxeram, ou talvez até consiga se a isso me propuser ... mas não quero. Sinto que pela primeira vez estou a deixar-me ir nas mesmas, a absorver e a degustar a sensação de tranquilidade que me invade, uma espécie de paz de espírito que ainda nem sei bem lidar com a mesma. Tem sido um novo despertar, com lentes multicolores que vão transformando o castanho do Outono num vermelho acobreado pleno de sensações. Ainda não estou no ponto. Como quero e acho que preciso. Seria falácia dizer que não tenho nada a chatear-me ou preocupações de maior, apenas não me apetece entregar-me às mesmas e atribuir-lhes uma importância que mine e intoxique a minha vida, o meu ser e o meu estar.
No trabalho as coisas estão relativamente tranquilas, à excepção de uma nova colega que se revelou uma ditadorazeca dissimulada, daquelas pessoas que não sabem ter chefes liberais e resolvem assumir o seu lugar no imediato, demonstrando (tentando) como a sua autocracia é mais eficaz ... nada preocupante. Não lhe vou dar a atenção que deseja, ter a preocupação que me seria caracteristica porque isso seria dar-lhe uma importância que não tem. Situação em aberto que tenho a certeza se resolverá. Tudo se resolve. Às vezes as situações e as relações que se revelam potenciais conflitos e de efeito destabilizador num determinado sítio, tornam-se tempestades avassaladoras de enormes danos colaterais pelo excesso de preocupação ou necessidade de acções resolutivas - ganham exactamente o que queriam: destabilizar, invadir, minar e destruir. Uma das grandes vantagens é essas pessoas tomarem sempre os outros por burros e "poucachinhos". Vivem numa especie de orgulho mesquinho e cego que lhes nasce no umbigo, pela sua esperteza saloia de que ninguém percebe o seu veneno e as suas más acções para minar as pessoas e os campos onde estão. Aborrece-me que me tomem por parva e a cega que nada vê. Talvez se enforquem na própria corda. Vamos ver ... até lá ... o trabalho está bem, adorei o regresso. Estou tranquila e entusiasmada, cheguei assim de mansinho e trouxe comigo aquele cheiro de terra molhada, aquela sensação de fresco e euforia. Vou tentar mantê-la até ao próximo equinócio.
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