segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Aceitação

Aceitarmos quem somos não é tarefa fácil. Aceitarmo-nos com qualidades e defeitos, em igual proporção, é mais difícil ainda. Assumirmos a nossa essência e sabermo-nos vulneráveis, inseguros e com dúvidas, será, provavelmente, o maior acto de coragem do ser humano.
Estamos formatados, não só ao contexto e à cultura berço, mas também àquilo que defendemos como sendo o nosso EU. A mudança é um processo exigente e de rigor, moroso e doloroso. As recaídas no fácil superam os avanços e cada passo leva-nos mais perto da vontade de recuar.
Quando algo não acontece de acordo com o que esperávamos, quando nos desiludimos, quando não concretizamos o que nos propusemos, tendencialmente, entramos num locus de culpa externa. Porque é bastante mais fácil que o processo que nos remete para dentro de nós. Conseguimos racionalizar, conseguimos até perdoar, no entanto, temos tanta dificuldade na aceitação do outro e da sua realidade.


São cinco as etapas de qualquer processo de luto (Modelo de Kübler-Ross): afectivo relacional, familiar, social, laboral e de morte efectiva. As fases são sempre as mesmas e apesar de não haver nenhum clic na passagem de um para o outro, temos de os passar a todos na íntegra, ou corremos o risco de nos danificar irreversivelmente.

1. Negação - este é o primeiro estádio, é aquele em que achamos impossível "aquilo" estar a acontecer-nos a nós. Tendencialmente remete-nos para o isolamento, devido à "injustiça" sentida por sermos "o alvo".


2. Raiva - Esta fase inicia-se quando a primeira ainda decorre, é a do "porquê eu", "devia ter acontecido a A ou B, porque merecem mais"; "A culpa disto tudo é de Beltrano ou/ Sicrano". Não é possível racionalizar nesta fase, tudo o que possa ser dito será usado contra o interlocutor.


3. Negociação - nesta fase já percebemos que não vale a pena negar o evidente ou culpar os outros, por isso tenta-se suportar a dor através da "troca justa": "Se me curar deixo de fumar; se ele voltar para mim deixo de ser ciumenta/o; se não for despedido passo a trabalhar mais horas".


4. Depressão - quando já percebemos que a negociação não é viável, ou não funcionou, entramos numa fase de humor deprimido que se não for controlada atempadamente, descamba num processo depressivo de acomodação e desistência: "nada vale a pena; não há esforço que justifique ...";


5. Aceitação - Chegar a esta fase, em tempo normativo, pode demorar até um ano. Há pessoas que levam mais tempo, entrando num registo patológico e outras ainda que nunca lá chegam. É difícil aceitar coisas que nos magoam, que fugiram do nosso controlo, que não esperávamos ou tão simplesmente são diferentes de nós, do nosso estádio de vida, da nossa personalidade.


A Aceitação, nossa, do outro, das coisas e situações que não controlamos e não podemos dominar esse é que é o grande desafio. Arrisco!

Desafio Aceite!!!

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