sábado, 24 de julho de 2010

Passagem ?



Um fim de tarde que se iniciara quente. Os gestos, os sorrisos e as conversas, libertavam uma aura de alegria, respeito e admiração. Numa sala neutra, cruzavam-se seis espaços, seis direcções, seis maneiras de estar, seis pessoas tão diferentes, que no limite existe uma espécie de igualdade. Seis papéis muito definidos, balizados por fronteiras invisíveis de empatia. Projectado não seria tão perfeito ... ou tão certo. Há aproximações naturais e pontos de contacto, no entanto, estranhamente, algures no passado existem elos, que constroem uma rede rodoviária, num Universo paralelo e nos trouxeram até aqui. Ao hoje. As máscaras caiem e soam lamentos, partilhas de vivências, numa reminiscência de passados e viveres. Empatia e o abrir de alma. Confia-se histórias, momentos de vida, estados de alma, ilusões, desejos, sonhos e desilusões. Espelham-se aprendizagens e crescimentos paralelos num marco de tempo infinito e tão finito. Brindou-se à vida, às transições, mudanças, quereres e sonhos vindouros. Riu-se e chorou-se, um reflexo interno de quem está tão livre e tão preso.

Uma lua poderosa, redonda, mística e cúmplice exerceu a sua vigília, abafando um vento ordinário que teimava em se fazer sentir, gelando-nos a pele. As lembranças surgiam e enalteciam-se novas estradas, novos percursos, novas escolhas e qual o papel, maior ou menor, havia sido exercido por cada uma daquelas pessoas. O vento não me incomodou, não o senti, à lua agradeço a sua energia e olhar protector, no entanto, algo aconteceu. Me aconteceu. Um frio oriundo de mim cresceu na minha barriga e espalhou-se pelo corpo. Interno. Um frio de alma que me deu uma tristeza, uma nostalgia do que fui, sou e do que tento ser. Sentada àquela mesa percebi o quanto evoluí e o quanto estou parada: uma prisão sem grades, um estar sem ser, um crescer parada mas amparada. Estranhamente senti todo o processo como uma mudança, uma passagem que não sei vinda de onde e a ir para onde. Estranhamente, esse frio de alma, a sensação nostálgica de vazio, o som dos risos, a ternura da partilha, o carinho dividido, foi sentido como uma despedida.

Será este sentimento, tão somente, um desejo arcaico, será o mesmo influência das mudanças que giram naquele núcleo ... ou é apenas uma despedida de mim para mim?

Naquela noite senti que dizia adeus. Ao quê ou a quem não sei. Talvez não seja nada ... ou talvez seja tudo. Um desejo, um sonho, um devaneio ou apenas um querer que necessita de um empurrão. Não sei. Existe um vazio que tem de ser preenchido: Preciso de um Sinal!

6 comentários:

Jorge 29 de julho de 2010 às 14:28  

Muito profundo...
Adorei!

NG,  29 de julho de 2010 às 16:05  

Eu vou dar-te esse sinal miga...hehehehe espera só um pouco lol!
Não demora mt!

L. K. 30 de julho de 2010 às 14:52  

N.G.,

ahhhh mulher que estás a chegar :)

NG,  30 de julho de 2010 às 15:02  

Não miga nada disso, tu depois vais perceber! lol

L. K. 30 de julho de 2010 às 19:48  

Oh "melher" tu vê lá que me arranjas pa te perceber, pois sabes que detesto surpresas ...

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