segunda-feira, 23 de março de 2009

I'm gonna be like you, dad...






Estudos recentes, feitos por investigadores do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), concluem que "a presença do pai na vida da criança tem um papel fundamental para o seu desenvolvimento sócio-emocional a vários níveis".

Inês Rito, na sua tese de mestrado intitulada "Pai, conta-me uma história - A importância do Pai no Desenvolvimento da Auto-estima na Criança", apresentada em Março, a psicóloga Inês Rito concluiu que "as crianças que têm um pai presente, com o qual coabitam na mesma casa, têm um nível de auto-estima superior àquelas que têm um pai ausente, com o qual não vivem".

Para este estudo, a investigadora inquiriu 81 crianças, com idades entre os oito e os doze anos, das quais 51 têm um pai presente e 30 têm um pai ausente.

Para medir o desenvolvimento da sua auto-estima, utilizou o método de Susan Harter, um instrumento científico utilizado para este fim nas crianças, através de perguntas que têm uma escala de auto-avaliação.

O método diz respeito a vários domínios, nomeadamente a competência escolar, que mede o quão competente a criança se sente, a aceitação escolar, que mede o quão popular ou socialmente aceite a criança se auto-avalia, entre outros aspectos.

"Depois de analisar todas as respostas nos dois grupos de crianças, concluí que as crianças com pai presente têm os seus níveis de auto-estima bastante superiores àquelas que não vivem com o pai", disse à Agência Lusa Inês Rito.

A psicóloga defende que "o pai é um pilar muito importante no desenvolvimento de qualquer criança", mas assume que "nem sempre os pais presentes são uma mais-valia", referindo-se àqueles que, embora presentes, não convivem directamente com os filhos.

Um outro estudo feito na Unidade de Psicologia Cognitiva do Desenvolvimento e da Educação do ISPA e também divulgado neste mês de Março concluiu, de forma semelhante, que "quanto maior é a participação e o envolvimento do pai no crescimento e educação da criança melhor é a qualidade da relação que se estabelece entre ambos".

Segundo a psicóloga Manuela Veríssimo, uma das responsáveis pela investigação e docente do ISPA, "a figura do pai tem uma grande importância na vinculação com o progenitor e a sua imagem na família, enquanto um ser um pouco esquecido, começa a ser encarada de outra forma".
Foram feitas análises à participação do pai nas actividades e à qualidade da vinculação pai/filho, que permitiram chegar a estas conclusões.

"Apesar de, hoje em dia, ser quase sempre a mãe a realizar as tarefas domésticas, a ir às reuniões da escola ou a ficar em casa quando os filhos estão doentes, o pai participa de forma igualitária nas actividades lúdicas da criança", pode ler-se nas conclusões da investigação.

Ainda na área das actividades lúdicas, estes investigadores concluíram que "quanto mais elevadas as habilitações literárias do pai maior a sua participação nas actividades de brincadeira/lazer".



(A amostra deste estudo consistiu em entrevistas a 44 díades mãe/criança e pai/criança, tendo as crianças, em média, 31,91 meses, sendo 23 do sexo feminino e 21do sexo masculino, com mães e pais a trabalhar a tempo inteiro.)


Nota: Entrevista concedida por Inês Rito, à Agência Lusa, no dia 18 de Março de 2009 e a ser publicada na imprensa escrita a 19 de Março de 2009.



9 comentários:

Anónimo,  23 de março de 2009 às 17:07  

Hmmm isso é uma forma documentada com base em estudos e entendidos, de dizer que daqui a uns anos estarei a torturar os Ironman? :P

L. K. 23 de março de 2009 às 22:00  

LOOOOLOLOLOOOOOOLL

Nem me tinha ocorrido essa parte...mas vistas bem as coisas: filho de peixe sabe nadar :P

ecila 23 de março de 2009 às 23:59  

Importa entender, tal como a psicologa diz num aparte (mais importante do que aparenta), o que é um pai "ausente", porque muitos pais que se mantém casados sao muito "ausentes" no seu papel de pai (e aqui falo do papel de cuidador e nao do tradicional papel do antigamente). Por isso, tenho algumas reservas quanto ao primeiro estudo...gostaria de saber os detalhes estatisticos e ler a discussao. Por exemplo, seria importante identificar covariaveis tais como o periodo de tempo que passou desde o divorcio, porque a faixa etária mencionada parece-me ser aquela que provavelmente estará a passar por periodos de adaptacao à nova situacao familiar e isso funcionar como uma "confound" relativamente aos resultados...

Sorry, sou um pouco desconfiada em relacao aos resultados de estudos nao publicados em jornais cientificos. Resultados destes podem ter mais por trás da estória do que aquilo que nos querem vender...

Tirando isso, o segundo estudo mostra uma coisa que acho interessante, que é as habilitacoes literárias do pai estarem relacionadas com a participacao na vida dos filhos. Talvez contribuindo para um maior esclarecimento quanto à educacao em geral. Muito interessante!

L. K. 24 de março de 2009 às 00:38  

Olá Ecila,

a Manuela Verissimo tem vários artigos publicados relacionados com esta temática. Pelo que pude perceber nas pesquisas que fiz, esta tese de mestrado deriva de um dos seus estudos e não tendo a certeza, tenho em crer que está publicado algo relacionado.

Relativamente a este estudo em concreto, o pai "ausente" que aqui se refer co-habita com o menor mantendo um papel de cuidador distanciado emocionalmente, ou seja, mantendo a figura de cuidador material do agregado familiar.

Pelo que percebi as idades escolhidas têm como factor de escolha, a idade da pós vinculação com a existência, apesar de inicial, de raciocinio lógico-matemático e capacidade de elaboração, (até porque de acordo com o que me foi dado a perceber a Susan Harter é uma escala a ser aplicada apartir dos 8/9 anos até aos 12/14 anos, dependendo do desenvolvimento de auto-conceito dos menores.)

Penso que se procurar a Análise Psicologica referente às publicações/ defesas deste mês encontrará os detalhes estátisticos, proveniência da amostra, dados estatisticos e respectiva discussão do estudo.

Obrigado pelo seu comment e seja bem vinda a esta rocha :)

ecila 24 de março de 2009 às 00:52  

Ahh, Lizard, agora percebi melhor. Ou seja, isto é um estudo sobre pais que vivem na mesma casa dos filhos (e nao pais divorciados). Sendo assim, tudo faz mais sentido e já nao me deixa tao apreensiva com os resultados. Claro que a presenca (emocional) do pai na educacao e desenvolvimento da crianca leva a uma maior auto-estima na crianca. Sim, faz todo o sentido! Obrigada pelo esclarecimento!

Já leio o teu blog há um tempo, se calhar só agora é que comentei :-)

Me 24 de março de 2009 às 13:18  

Por muito que o meu Pai possa ter estado durante determinada fase da minha vida (por motivos profissionais, chegava a passar meses fora do país), havia sempre algo que me tocava no mais profundo do meu ser, a minha mãe atrever-se a dizer as seguintes palavras: olha que digo ao teu pai...
E valia para o bem e para o mal. Se fizesse algo bem, dizia-me para não me esquecer de contar ao meu pai...

O pai é importante, claro e obviamente. Uma mãe que o saiba também é. E hoje em dia, as mulheres concentram-se demasiado em si mesmas (até mesmo aquela coisa da partilha é colocada nos termos de "ajuda-ME a..."...).

E acho que não vou dizer mais nada porque de científico pouco ou nada tem o que poderia dizer...
Vivam os estudos. Que sejam válidos e úteis para as aprendizagens e não apenas para promover quem os faz.

:)

L. K. 24 de março de 2009 às 21:37  

Os trechos tirados para publicaçao muitas vezes induzem os leitores em erro, daí que a tua dúvida fosse pertinente e relevante.

Penso que o objectivo do estudo é diferenciar a presença efectiva na relação, da presença de supressão de necessidades. Uma das coisas avaliadas é a consistência das dìades pai/criança, só esta relação já antecipa o funcionamento da familia nuclear e a gestão de relações que existe na mesma.

E sim, acho que foi a primeira vez que comentas-te, seja como for: bem vinda :)

L. K. 24 de março de 2009 às 21:45  

Olá Me,

As ausências da figura paterna por motivos laborais ou outros, apesar de terem influência, não são determinantes na qualidade da relação. Existem pais ausentes fisicamente mais presentes que os que estão diariamente no contexto familiar.

Aqui o conceito de pai ausente é em termos emocionais e vinculatórios, ou seja, um pai não saber qual a cor preferida do filho e que notas teve no 2º periodo. É a avaliação de uma ausência em presença. O conceito de pai presente também não é o de pai amigo mas sim o de pai, coerente e continente de necessidades que extrapolam o bem estar socio-economico, daí que os resultados demonstrem que os pais com maiores habilitações literárias sejam mais presentes emocionalmente que os outros. É a eterna questão entre o "passar tempo" e "passar tempo de qualidade".

Estes estudos servem como linhas directivas de mudanças de mentalidade, mas como sabemos, estes hábitos estão enraizados há várias gerações e são necessárias outras mais para que mudem e sejam parte dos valores morais das sociedades modernas ;)

E mesmo não sendo cientifico, a conversa nesta rocha não é, nem pretende ser elitista, por isso mulher cospe à vontade o que te vai na alma, nem que seja outra merda qualquer :P

Me 25 de março de 2009 às 13:14  

"nem que seja outra merda qualquer"...
:)

fizeste-me sorrir.

hei-de voltar para mandar mais umas cuspidelas...
beijos!!!

  © Blogger templates Psi by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP