quarta-feira, 25 de março de 2009

Cansaço da alma ?!?

Assim não dá. Começa-se a tornar difícil manter a brilhar a minha excelente cor. Bolas...bolas...bolas!!!!

Sou só uma e nesta altura estou reduzida a 1/4 de pessoa com disponibilidade mental para mais que trabalho. Não estou a conseguir perceber o que se passa com as pessoas que me rodeiam. Já estive na merda inúmeras vezes, o ano que passou então, bati mesmo no fundo e foi complicado emergir do caos. Gastei-me. Usei as forças que tinha, as que não tinha, as que inventei e as que apareceram quando julgava não existir mais nenhumas. Ainda arranjei altruísmo (ou estupidez) para partilhar uma força que mal me chegava para estar à superfície, num poço que não tinha compaixão e se enchia cada vez mais. Houveram alguns períodos em que o desgaste emocional era de tal ordem que tinha um cansaço crónico: deitava-me cansada, acordava ainda mais cansada e a jornada era uma travessia no deserto sem oásis à vista. Dei o melhor. Tentei resguardar todos os que me circundavam. Algumas (bastantes) pessoas nem se chegaram a aperceber que não vivia, sobrevivia a mim própria. Continuo cansada, em exaustão de excesso de trabalho, de desgaste psíquico mas são as consequências de 10 anos sem férias e três empregos. Tinha de chegar ao limite e (felizmente) ter um organismo mais esperto que eu que a determinada altura se tornou autónomo: minha amiga, não estás a querer perceber, já te avisei ou páras a bem ou paro-te a mal. Ganhou e parou-me a mal.
Abrandei o ritmo, mas só abrandei. Passei a aproveitar (tentar) mais e melhor os momentos de ócio. Aliás aprendi a fazê-lo em Dezembro de 2008 e estou a aplicar com mais convicção em 2009. Não estou menos exausta porque infelizmente o Síndrome Burnout não é tão facilmente controlavél e contornavel como parece. O objectivo que persigo é não chegar à bipolaridade, mantenho-me a trabalhar naquele nível mínimo que assegura a qualidade do trabalho e mais não me exijo...Aprendi, da pior maneira mas aprendi que a única coisa que ganhei foi este estado de exaustão e...mais trabalho em Pro Bono...dinheiro????? Não... nem em projecto, quanto mais ao vivo e a cores. Está para vir, não tenho dúvidas!!!!

Ora bem, o que se passa é que só ouço há minha volta as pessoa a queixarem-se que estão cansadas. Não um cansaço de quem trabalhou muitas horas seguidas mas de quem está cansado de si, do mundo e da vida. Não em ideação suicida mas num baixar de braços de quem está desiludido, de quem desistiu de Acreditar, de quem se rendeu. Nem as grandes coisas, os grandes acontecimentos que ocorrem as tiram do seu cansaço, do seu marasmo e cinzento. Uma amiga, tentava explicar-me esta ausência de capacidade de reacção, de força anímica como "um cansaço da alma" que o sono, os fins de semana e as férias já não atenuam. Que as coisas boas só influenciam por breves momentos e já nem dura 24 horas o sorriso por algo de positivo. O pior é que não é só ela, sinto as pessoa cada vez mais a entregarem-se a um cinzento, que se está a tornar um nevoeiro denso nas suas vidas.
Não sou exemplo para ninguém mas começo a sentir-me encurralada por ficar contente por coisas básicas, por não me render ao meu cansaço e ao ambiente, em geral. Todo este negativismo está a empurrar-me cada vez mais para a minha redoma e isso quer dizer isolar-me. Já lá estive. Talvez os anos transactos tenham tido a capacidade de me fazer retirar o sol apenas de não ter um dia muito karmico, talvez me tenham feito aprender que no meio da tempestade se não for eu a procurar o arco-íris afundo-me nas águas. Talvez seja o meu espírito de guerreiro...talvez...talvez...seja eu que tenha adquirido a capacidade de ser autista ou que esteja a viver num permanente estado maníaco e esteja como todos os que me rodeiam mas não me apercebo. Bem...mas se for esse o caso, alguma alminha caridosa irá confrontar-me...porque há sempre uma alminha caridosa muito benemérita nestas situações...mais que não seja porque pensa que me tira o sorriso...ehehehhehehheehheheh

6 comentários:

Anónimo,  26 de março de 2009 às 09:47  

Lagarta, cansaço da alma... conheço, sei bem o que é... e do fundo da minha ignorância e capacidade de falar só porque me apetece, própria dos bardos da zona geográfica da Gália, digo-te que aconselharia uma de duas coisas: liberta a alma e deixa-a a alma e deixa-a respirar mais e melhor, dá-lhe liberdade, está a sentir-se sufocada. Ou, pelo contrário, talvez lhe tenhas dado liberdade a mais, e se sinta demasiado solta, desprendida e precise de se sentir própria e estimada.

Isso e, claro, meu réptil lindo e estimado, tira férias, vai passear, divertir-te e sentir-te bem!! Pelo amor do Grandioso Deus dos Komodos!!

Me 26 de março de 2009 às 17:19  

Hmmm...
Eu, pessoalmente, não me acho numa situação assim tão cinzenta... nada disso.
É mais é sentir-me manca por causa da cena dos pilares... (tal como te escrevi lá no meu estaminé).

Bem sei que só de nós depende esta coisa de acertar a coisa, mas a inércia, o tal cansaço que dá mais valor a um sofá confortável que permita dar descanso às costas por vezes fala mais alto.
As pessoas, no geral, não gostam de mudança. dá trabalho. custa. o pessoal, no geral, prefere queixar-se do que mexer-se. é mais fácil. custa menos. gera simpatia e empatia.
os revolucionários normalmente acabam sem cabeça... mas alguem tem de abrir caminho. e quando o caminho é nosso, só nós o podemos abrir, mais ninguém.

o meu cansaço tem a ver com uma rotina diária que deixou de valer a pena ser feita. tem a ver com uma série de valores que começam a falar mais alto. que começam a levantar a cabeça e a dizer que tb querem vida. tendo por base que não sou um "viveiro" para dar vida a tudo, há coisas que vão ter que ficar para trás para estas novas poderem viver. revolução? talvez. possivelmente só um "arrumar a casa, limpar o pó e meter o lixo no lixo".
já estou como o outro: i'm sick and tired of being sick and tired".

mais ou menos isso.

tu percebes.

L. K. 26 de março de 2009 às 23:48  

Gaulês, eu não tenho "cansaço da alma" antes pelo contrário, ando bem serena e descontraida: nada como um sol brilhante e esplendoroso para me pôr na minha rocha a fazer a fotossintese de alto :P

Mas noto que é um sentimento geral que anda a afectar as pessoas, sem respeito pela idade, estatuto social, cor, raça ou religião. São os efeitos contraproducentes do estado febril do país. Só me preocupa que as pessoas tratem esse cansaço como uma simples constipação e quando se apercebam já seja uma gripe mal curada a avançar para pneumonia :)

L. K. 26 de março de 2009 às 23:58  

Cara Me, apesar da coincidência este post foi escrito antes de deixar comment no teu blog, aliás aquele comentário nasceu um pouco daqui mas com nuances adequadas a lá ;)

Não senti que te incluisses na onda do nevoeiro que afecta muita gente (pelo menos à minha volta), como referi no post, já estive na merda muito tempo e sem ter culpas directas, mas sei o que é ter um "cansaço da alma" e ter de viver com ele. O objectivo do post é dar cor às pessoas e ás coisas, é erradicar o espirito derrotista do tuga que nesta altura já se rendeu e se revê no fado.

O teu cansaço também reconheço e vivo diariamente, com uma rotina diferente (mais agitada e cheia de surpresas amargas), sem qualquer reconhecimento de apreço...ahhhhhhh...mentira, sempre que a minha chefe reconhece que fiz um bom trabalho, aproveita logo para me dar mais quando ainda nem me tirei do anterior....diferentes formas de agradecimento e porque quanto mais empenhados e interessados somos mais vamos de encontro ao ditado: quem muito se abaixa o cu lhe aparece....presumo que já tenhas as calças na cintura, as minhas já estão :P eehhehehhehehhehheeh

Estás farta de nadar no seco, também conheço esse sitio e as mudanças fazem falta para sentirmos novamente que estamos vivos e ainda conseguimos agarrar desafios. No entanto, voltamos ao mesmo: nem sempre surgem quando nós queremos, como queremos e à velocidade que queremos. O que quer dizer que ainda temos mais qualquer coisa para aprender onde estamos ;)

Vai mudar, não duvido ;)

Me 27 de março de 2009 às 11:34  

Lizard,
A coincidência dos temas... de facto... deve ser dos ares que por aí andam... mas a resposta que te dei ao teu comentário no meu estaminé é que me pôs a "pensar", por assim dizer...
Penso que terás sido tu um dia a dizer que os pilares, quando estão todos bem e há um que não está, esse toma uma importância e um peso enormes no resto. Quase que tomamos por garantido todos os outros estarem bem, passamos a focar tudo no que está mal e pimba... lá vel o cinzento que acaba por se infiltrar nos outros todos.
Mas também pode ter um efeito contrário: agarrarmo-nos ao bom (ainda mais) e fazermos decorarmos esses pilares até ao absurdo... ofuscando o outro... Eu tenho ido mais por aí... Penso eu.

De chefes nem te vou falar...
De trabalho também não.
Esse pilar não merece que me dedique a explanações... já que eu não sou alvo do mesmo, retribuo (amor com amor se paga, certo?)

Enfim. Algo há-de acontecer. Apesar de tudo, sou uma gaja de fé... no quê, quando e como... tem dias..
:)

L. K. 27 de março de 2009 às 22:17  

Oi Me,

sim, essa teoria dos pilares é minha. Continuo a Acreditar nela (pelo menos até provas em contrário), no entanto também te recordas que acredito que os pilares mais relacionados com o campo emocional tem mais capacidade de afectar os outros três que o inverso.
Se o emocional amoroso e emocional familiar estão equilibrados o trabalho por pior que esteja acaba abafado pelo colo protector e contentor que se tem no exterior.

Por isso não me parece que o que sentes seja diferente disto. Porque mal ou bem é o emocional que controla a atenção/concentração e tudo o que lhes está associado, logo equilibremos estes que os outros são suportáveis...e desta relação causa-efeito que nasce a expressão: "o amor e uma cabana"...lolololololololol

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