Convalescênça
Finalmente pude meter o nariz fora de casa. Dias difíceis estes últimos, no entanto fiz nova descoberta: se há coisa que não vou ser é hipocôndriaca, se odiei uma doença real, muito menos teria paciência para uma fictícia - gosto muito de apanhar ar. Galinha do campo não quer capoeira e é bem verdade.
Estes dias reclusa serviram igualmente para dedicar (mais) algum tempo a ouvir-me, sentir-me e entender-me. Estou tranquila de uma tranquilidade verdadeiramente serena. Sinto-me confortável na minha pele e gosto cada vez mais da imagem do espelho. Estou numa solidão confortável e preenchida, estou egoísta dos meus desejos, projectos e vivências. Estou egoísta de mim. Atrevo-me a pensar que esta sensação de tão imperfeito equilíbrio deveria ser longitudinal e duradoura. Não me apetece dividir-me, partilhar-me de forma emocional. Não me apetece mexer, mudar ou adaptar um micromilimetro que seja da forma como me sinto. Estou confortável e a gostar...pelo menos por agora.
Hoje algo em que coloco imensas expectativas não sucedeu e não me chateei ou aborreci, estranhamente até fiquei agradecida pois as condições presenciais não seriam as melhores. Não iria fazer um trabalho a 100%, era somente o desejo de cumprir, de apresentar trabalho e a sensação de tarefa cumprida. Esta semana também verifiquei que realmente estou mudada, consegui estar sem ir trabalhar e sem me massacrar por isso. Nem sequer me esforcei para o fazer e soube-me bem. Foi um estado enfermo descontraído e sem culpabilizações de qualquer espécie. Afinal a mudança está a acontecer em mim.
2 comentários:
Muito bom! Então a comum mortalidade levou-te a descobrir e confirmar que os teus passos até ao Olimpo, perante os olhares atentos dos Deuses, estão a ser dados na direcção certa, interessante ;)
Um sublime dia, e imagino o que esse nariz deve gostar hoje de estar fora de casa! :P
Este nariz adorou e assimilou o sol que se fez sentir, sem duvida nenhuma estava a precisar de fotossintese ;)
Neste momento sinto os passos como seguros e certos, estou confortavel nestas escamas e a adorar o verde que me caracteriza...espero conseguir manter a direcção mesmo que não seja uma recta...estou a gostar de me "deixar ir", de adequar os sinais e não de os racionalizar...processo complicado, nem sempre fácil, com espinhos mas a valer cada gota de sangue pelas sensações e emoções que me povoam :)
Gaulês adoro o meu umbigo...ehehhehehehhehe
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