terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Despir...2008...2009...


...despedir-me de uma etapa de vida. Dentro em breve acaba mais um ano civil, apesar de não acreditar que há meia noite há um "clic" mágico que dissolve agruras e amargos ganhos ao longo de 12 meses, acredito que é uma época nostálgica que mesmo sem querermos nos deixa pensativos, nos faz olhar para trás e fazer o somatório de sucessos e fracassos, de sonhos realizados e projectos adiados e por tudo isso acho que o "clic da meia noite" deverá antes ser um agradecimento por tudo o que está passado e por tudo o que está a chegar. Não agradeço por se tratar de o começo de um novo ano, porque a vida é um continuo submetido às vontades do Universo e ao nosso livre arbítrio nas escolhas que fazemos, agradeço sim porque passei mais 12 meses de intensa e profunda aprendizagem, 12 meses em que sarei feridas anímicas, em que "li", escutei, revi e arrumei "despojos de guerra", adquiridos no doloroso ano de 2008. Este ano que finda, foi o ano da aprendizagem prática da paciência, do aprender a escutar-me e a sentir-me, mas ainda não a dar-me. O ano de 2009 foi um ano em que batalhei cega e furiosamente nos seus primeiros 10 meses e em cheguei ao fim com a terrível sensação de estar a nadar no seco: nada realizei, nada do que me propus consegui que se materializa-se e gastei-me. Senti-me inundada por um cansaço horroroso, chorei apenas porque sim ou porque já não sabia que mais fazer, por me sentir enjaulada. Baixei os braços e deixei que o desanimo e a desventura me invadissem, os outros sentiram-me zangada com eles, quando era apenas zangada comigo e a minha incapacidade de sair do fundo do buraco. Parei. Parei-me. Olhei à volta e desisti. Quando deixei de marrar contra a parede, fui inundada pela paz. Percebi e percebi-me: não é preciso deixar de sonhar e de Acreditar mas por vezes é preciso parar, sermos parados para "escutarmos" o que nos rodeia, ou tão somente para sentirmos. A queda das folhas no Outono, as tempestades deste Inverno, cada vez me fazem perceber melhor o sentido do imutável e da nossa renovação. O mundo parece permanecer estático mas naquele jardim as árvores despojam-se do velho, da sua "roupagem desse ano" e aguardam serenamente até se cobrirem com um novo manto verde, e seguidamente vem as flores e por fim os frutos. De ano para ano tudo é novo, excepto o tronco que suporta essa nova aventura. O conhecido segura-nos, são as nossas raízes e todos precisamos delas, são a nossa identidade e a nossa pertença e é fulcral sentirmos que pertencemos a algo, a alguém ou a algum sítio. O voltar a casa, mas até lá os meios, os processos que lhe são adjacentes, esses representam a viagem, são o "novo". A renovação, a transformação, a mudança, esse "novo" temos de o arriscar, não quando pensamos que queremos mas sim quando sentimos que estamos prontos para o receber e aí ele virá, lentamente, mas cresce até atingir a frondosidade que nos dá sombra. A natureza é dona do segredo: paciência. As coisas acontecem quando tem de acontecer, sê grato e paciente para as receber, ou melhor, saber receber.
Excelente ano este de 2009, é na dor que se cresce, é no sofrimento que se aprende e é na paciência que se conquista. Há alguns anos deixei de ter expectativas para o novo ano, mantinha os meus objectivos pessoais e a persecução dos mesmos. Este ano não mantenho nada, apenas mostro a minha gratidão por tudo o que tenho recebido na vida e esforço-me por ser "tábua rasa" e receber da melhor maneira que puder e souber, tudo o que está para vir. Dispo-me de conceitos, preconceitos, de estereótipos e estigmas mas não dos sonhos. Dispo-me de pensamentos obsessivos e recorrentes de realizações egoístas mas não do desejo de partilha e união. Dispo-me da obstinação mas não da persistência. Dispo-me da tristeza mas não das lágrimas. Dispo-me de hábitos antigos e vícios ultrapassados mas não de valores e ideais.
Dispo-me para me despedir de tudo o que já não me faz falta. Dispo-me para abraçar o novo. Tenho quatro meses para me despedir de tudo o que já não faz falta, para deitar fora, para me despir do que está em desuso e a prejudicar-me, porque aí sim, dá-se o inicio do Meu ano novo. Por agora, dispo-me para continuar uma despedida iniciada já algum tempo e isso implica receber o inicio do ano civil, receber 2010 já com algumas mudanças. Agradeço-as.
A todos Bom Ano Novo!!!

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Inverno

Olho pela janela e tento imaginar o tempo que faz lá fora. As arvores executam uma dança acelerada e descontrolada, chove numa cadência ritmada. O frio é gélido e com certeza exige um bom agasalho. Saio para a rua e o vento é cortante, um misto de dor e prazer, os olhos lacrimejam tentando adaptar-se, a chuva é mais intensa do que parecia e está fria. Custa tanto levantar neste tempo, sair, conduzir ou andar na rua. O regresso a casa é um pensamento premente e recorrente.
Às vezes perco-me a olhar para quem passa, para quem conheço e pergunto-me como existem pessoas capazes de viver com um coração gélido, de ter vidas invernosas e o porquê de se deixarem ficar na chuva. Será que também desejam o regresso a casa. Será que as suas lareiras mostram labaredas de laranja vivo capazes de aquecer o ar mais cavernoso. O fogo aquece não só o ambiente fisico mas também o anímico, por vezes, o calor que vem de dentro chega para sentir aconchego. Sempre se disse que no Outono e Inverno as pessoas deprimem, porque o tempo é propenso a isso, porque os horários mudam e a pituitária leva tempo a reajustar-se e porque...e porque...é aquela altura do ano que apetece ficar aninhado, apetece trocar carinhos, beijos e "aqueles" abraços de chama laranja viva. Talvez mais que uma questão de temperaturas e ciclo de sol, seja uma altura do ano em que a solidão tem um peso maior, em que os sentimentos e as emoções se encontram mais activas e mais sensíveis. Diz-se que no verão o calor liberta as pessoas e existe uma maior vontade de sair e ter namoros, amigos coloridos e por aí fora. Sinto que verão e inverno são antagónicos, o reverso da mesma moeda: no verão apetece o contacto sexual, a entrega na liberdade do descomprometimento, o verão relaciona-se com o sexual, o imediato, enquanto que o inverno apela a sentimentos intensos e reconfortantes, apela ao amor, à junção de quereres, ao sensual. São complementares e tem de ser geridos de modo a não se tornarem bichos dominadores e destrutivos. Gosto do Inverno.

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Querido Pai Natal...


...antes de começar já a pedinchar, quero agradecer-te todos os presentes do corrente ano. Os bons e os menos bons. Agradeço igualmente as doses de paciência e tolerância, com as quais me dotas-te este ano, porque sinceramente, pareceu-me que em vez dos usuais 12 meses optas-te pelo mesmo modelo mas de conteúdo alargado (leia-se semanas, dias e horas), agradeço também a desorientação, falta de escrúpulos e egoísmo com que presente-as-te alguns seres (leia-se bestas), claro que a crise financeira mundial também ajudou servindo como a justificação ideal para tudo: está frio. É a crise! O srº está a ser incorrecto. Olhe o que é que quer, anda tudo louco - é a crise!
O que me remete para o próximo ponto: este natal se mais algum estúpido te pedir um saco azul, enfia-lho na cabeça e nas pontas faz um nó cego e nas próximas eleições peçam-te o que pedirem diz que está esgotado, por favor! Às crianças em vez das Winx e Gormitis peço-te que lhes dês pais mas assim daqueles modelos que falam e ouvem e dão para levar para todo o lado, tipo caixa de primeiros socorros. Aos pais, acho que seria boa ideia dar-lhes uns pares de óculos, gotas para os ouvidos e um pacemaker, para que possam olhar os filhos e realmente vê-los, para que não os ouçam mas sim que os escutem, com a máxima atenção e para que comecem a amá-los com um coração e não com o cartão de crédito. Para todos os que estão a viver em solidão concede-lhes o divórcio, para que reconstruam as suas vidas e aqueles que vivem sozinhos oferece-lhes a pessoa certa e o espaço certo, para se encontrarem e se partilharem. Aos enamorados e apaixonados dá-lhes o dom da tolerância, do compromisso e da amizade e lembra-lhes que os bens materiais são um complemento e não a pedra basilar da sua união. Aos que andam perdidos dá-lhes um cruzamento para que escolham um caminho e os que se dizem encontrados, mostra-lhes que o mundo está em constante transformação e eles precisam de olhar para o lado e avançar nas suas vidas.
Querido Pai Natal, talvez esteja a pedir muito mas isto é o que desejo para este Natal e a mim...a mim dá-me Saúde, Amor, Paz e Tranquilidade. Sei que parece que estou num concurso de misses mas...Não quero o perfeito, quero apenas o belo, e o resto virá por acréscimo.

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domingo, 6 de dezembro de 2009

Um Ano de Vida: Feliz Aniversário à minha "Rocha"!

Nascestes da minha vontade, igualmente da minha necessidade. Nasceste de um acto de egoísmo. O meu egoísmo. Dediquei-te inúmeras horas quando eras recém- nascido, precisei de ti e invoquei-te de todas as vezes que não via o caminho, que não o percebia ou me recusava a compreender. Ouviste-me sempre, recebeste-me imperturbável em todas as ocasiões, estives-te sempre atento, quer o assunto fosse negro, rosa choque ou neutro, como ultimamente. Como todos os grandes amigos, parece que só te recorro quando as coisas estão menos bem em mim. Por favor, compreende, não sou de falar do meu interior, não sou expansiva nas dores ou nos sentimentos e tu, serves-me nessa lacuna pessoal. A vida é feita de escolhas, e a determinada altura, tive de te escolher a ti. Foste, és e serás o meu melhor ouvinte. Não por seres livre de críticas mas sim porque não fazes juízos de valor e qualquer disparate é bem-vindo. Estás a fazer um ano de vida, um ano em que aguentas-te muito disparate, muita falta de assunto, muita confusão e desanimo mas também muitas alturas em que nada havia a apontar: feridas anímicas saradas e feridas físicas cicatrizadas.
Este teu ano de vida foi marcado por um período deveras doloroso, confrontei-me com inúmeras situações que até aí me eram desconhecidas, passei por tudo aquilo a que tinha direito: abandonos, traições, cinismos, falsidade e mentiras, mas também surgiram do nada, coisas e pessoas, (principalmente pessoas) que apesar de nada saberem do que se passava na minha vida e comigo, desempenharam um papel muito grande, foram forcados de ajuda sem nunca o saberem e eu talvez ainda não seja cabo mas transformei-me num excelente forcado da cara, daí que afinal o meu ano menos bom, tenha sido apenas um ano de profunda aprendizagem, dolorosa, mas necessária a um crescimento interno. Fez de mim uma melhor pessoa, sem dúvida. Nesta viagem conjunta, recebemos algumas visitas que entraram nesta rocha e a elas um grande bem-haja, porque existem passatempos, que mesmo refugiados num nick nos deixam a pensar, nos fazem olhar para as coisas por outro prisma. Às vezes fazem até sentir, são opiniões desformatadas de um conhecimento pessoal, são opiniões ditas na ausência de estereótipos e preconceitos. São valiosas. Obrigado a todos e a ti, minha rocha, por todos os segundos dedicados.


“Um segundo vale ouro mas todo o ouro do mundo não compra um segundo.” (Proverbio Chinês)

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Coisas que não percebo II

Ainda há um sem número de coisas que não percebo. O que obviamente me deixa contente, pois é sinal que ainda me falta conhecer e aprender muito e que talvez essas aprendizagens sejam a chave para a compreensão das mesmas. No entanto, também há coisas que acho que nunca vou perceber ou me recuso até a querer percebe-las, sinto-as muito à frente para mim e uma dessas coisas são as coisas "fast" e "self", como em: fastfood, fastdrink, fastservice, selfservice e o raio que os parta a todos! Todas essas coisas do "faça você mesmo" cada vez me parecem menos rápidas e consequentemente, menos vantajosas, porque nunca são mais baratas, apenas me dão mais trabalho a mim e desemprego aos outros. Criam-se modas estúpidas que o Português adere no imediato, como sinal de modernidade e nem sequer perde um segundo a considerar todas as consequências das mesmas, nomeadamente as justificações para despedimentos por "extinção de postos de trabalho".
Ora, afinal, de que me queixo eu?
Coisa absurda e básica, como ter de levantar a minha própria mesa , onde o inicio da coisa se deu comigo a ir ao balcão buscar o almoço e lá ficaram 6€50, não...não foi mais barato ou mais rápido, porque no restaurantezinho onde almoço, o almoço com café incluído e alguém a por e a levantar mesas são 5h50 e uma hora chega-me perfeitamente para almoçar e ainda vejo montras...o que não me acontece quando vou à fastfood.
Outra coisa parva que me aborrece logo de manhã é querer beber um café e ainda ter de estar diariamente a explicar que a água dos jarros self-service está parada, logo acumula todo o pó e bactérias que andam no ar e os 0,65 são sempre os mesmos quer me sirva ou me sirvam da porra do copo de água.
Todas estas coisinhas que danam mas o meu cúmulo são mesmo as bombas de gasolina selfservice, moderníssimas e onde todos vão mostrar os seus dotes de gasolineiros, gajos e gajas, fazendo daquele acto de encher o depósito uma demonstração de conhecimento e da mais pura destreza e no final ainda se dirigem ao caixa para pagar o gasóleo e o serviço prestado aos mesmos e se pensarem beber café lá voltam à bomba usada, tiram o carrito, arrumam-no mais adiante e lá voltam repimpados para beber o cafezito de inicio de dia. Porra, só de pensar nisto até fico irritada, porque se há sítios que valem o trabalho apenas pelos cêntimos que se poupam nos combustíveis, outros há que o preço é o mesmo ou mais ainda, como as estações de serviço e o cliente tem todo o trabalho e ainda exibe o orgulho de um acto que era o emprego de outrem que foi dispensado para poupar um ordenado, mas os preços não foram ajustados à realização do mesmo pelo cliente e muito sinceramente, eu, que tou a borrifar-me para se me chamam comodista ou não, discordo em absoluto com isso, e não tenho qualquer interesse em ir para as bombas mostrar que sei encher um depósito, ver o ar dos pneus e pagar na portinhola, porque não gosto de ficar a cheirar a gasóleo e não gosto do trabalho que seria muito mais bem executado por quem de direito, a modos que evito até ao limite o conceito de selfservice, se o preço é o mesmo poupa-me tempo deixar o depósito a encher e ir tranquilamente beber o café da manhã e pagar e voltar e seguir o meu caminho com o mesmo cheiro com que saí de casa.
Bolas, qualquer dia inventam um franchising, em que o cliente vai ao frigorífico escolhe o que quer, cozinha mediante receita exposta no ecrã, chamam-lhe cozinha do autor, (que neste caso é o próprio) e paga um balúrdio na máquina tipo parquímetro à saída e fica tudo muito contente porque pagou para fazer o que não faz em casa!!!!
São coisas que não percebo, por agora, não quero perceber e que por hoje me chatearam!

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A banda sonora de Novembro de 2009

(...)
I wish I was a sailor with someone who waited for me.
I wish I was as fortunate, as fortunate as me.
I wish I was a messenger, and all the news was good.
I wish I was the full moon shining off a camaro's hood.



I wish I was AN ALIEN, at home behind the sun,

I wish I was the souvenir you kept your house key on.

I wish I was the pedal break that you depended on.

I wish I was the verb "to trust", and never let you down.

(...)

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Mudança???

Ainda há dias pensava que ia ser assim para sempre. Hoje sei e sinto que as mudanças, as verdadeiras transformações são internas e lentas. Possuem ritmo próprio e quando nos apercebemos, verificamos que o processo, apesar de nosso, foi tão gradual que é intrínseco. Longe vão os tempos em que os dias eram de 24h, por vezes 48h ou 72h...a energia era inesgotável. A vontade e o viver eram impulsionadores de uma adrenalina que não lembrava a que dia pertencia aquele orvalho, ou que noite era iluminada por tão fantástica lua. Em 11 meses estou tão diferente e no entanto tão igual. Acredito que após tamanhas mudanças internas, tudo o resto se transforme. Este tem sido um ano estranho, um ano catártico, de descobertas e resoluções que sinto estáticas. Contraditório? Provavelmente. No entanto é o que sinto: um Eu numa transformação de 180º, mais tranquila, mais paciente, no entanto, menos social, menos extrovertida. Apesar de ter consciência de toda a mudança que se operacionalizou em mim, há algo que ainda não compreendo, ou seja, este tem sido um ano em que me sinto parada, absolutamente estática e no entanto tão cansada de lutar. Inúmeras vezes penso que talvez seja esta a resposta: larga tudo, abranda o ritmo. Talvez os meus esforços sejam um remar contra a maré e talvez esteja na altura de aprender a viver somente das e com as emoções. Talvez esteja na altura de me deixar à deriva para que as marés e os ventos me encaminhem para um porto seguro. Nada aconteceu nestes 11 meses, nem de bom, nem de mau, nem de mais ou menos, nada, simplesmente nada. O que não é mau, porque se não há nada de bom para acontecer, é preferível que não aconteça nada mesmo, o que me faz agradecer-Lhe por este período de ganhar energias, porque Acredito que verei a resposta em breve, sinto-o.

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Coisas Parvas...

Por mais anos que passem, continuo a achar que "pés partidos" só ficam bem, apenas e exclusivamente, ao Michael Jackson.
Meias de vidro nas senhoras, só com roupa formal ou chique, com roupa casual...torna-se demasiado casual (?!?).

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Que todos os males sejam estes...II

- Bom dia, Srº Drº.
- Bom dia, então o que a traz por cá?
- Está marcada para hoje a intervenção.
- Ahhh...pois, tem razão. Trouxe consigo os exames?
- Estão aqui.
- Humm...sim...pois...já tem 3 meses.
- Sim, não consegui marcação de cirurgia para mais cedo.
- Pois...compreendo. Então fazemos assim: como estamos perto de Dezembro e é complicado para os serviços acompanharem o pós cirúrgico, vou passar-lhe novos exames e no dia 04 de Janeiro, vimos os resultados e marcamos a intervenção. Parece-lhe bem?
- Bem, bem não parece, uma vez que desmarquei a semana e adiei tudo o que tinha programado.
- Então reprograma tudo e em Janeiro iniciamos o ano em força. Prazer em vê-la e até Janeiro.
- (...) até Janeiro (...)

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domingo, 22 de novembro de 2009

Que todos os males sejam estes...

...um cliché actualizado e que me serve na perfeição para a conjuntura actual. Não sou medrosa mas sim, descuidada com a minha saúde. Sou apologista que as coisas têm exactamente a importância que lhe damos, logo não dou. Não tenho feitio para hipocondríaca, dava demasiado trabalho e ocupava-me um tempo que não tenho, ou melhor, que me recuso disponibilizar. Tal como também não dava para anoréctica ou bulimica, exige uma estrutura mental obsessiva / compulsiva e nesse aspecto, também não tenho. Pensei que este ano tinha terminado a minha dose de maleitas, mas afinal parece que ainda não, consequentemente, amanhã vou cortar "uma posta" infelizmente não é nenhuma daquelas que considero supérfluas, mas será o que tem de ser. No fim de contas, nem posso reclamar pois fui eu que "deixei andar", não dei atenção suficiente, no entanto tenho a certeza, que amanhã encerro o ciclo saúde da melhor forma possível e porque ACREDITO que todos os males sejam estes.

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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Tic Tac

Pausa..tic tac..inspira..expira...tic tac...o tempo marcado a compasso...tic tac..respira...sente...tic tac..sentes-me. Sentes.te...o ponteiro, autónomo, exige vida própria...tic tac...as ondas cadenciadas enrolam-se suavemente nos meus pés...tic tac...não me apercebo, caminho, não sinto...caminho. Molho os lábios. Salgado o gesto e no entanto tão doce. Sensação de voar...ausência de peso...Paz e... o som, aquele som...tic tac...desfasamento. Alheamento do real, uma espécie de atordoamento impulsionador do ser...tic tac...na areia um rasto, pegadas desencontradas. Uma outra pessoa, um outro tempo, uma outra vida...tic tac...sensação de poros abertos. Receptivos. Ávidos. O sangue corre nas veias, numa viagem similar a um formigueiro agridoce...tic tac...dói...tic tac...não dói...o deserto amado, a terra...o cheiro a molhado cola-se na pele, sobressaindo os instintos...tica tac...palco de vida...tic tac...palco de morte. Um querer mais de apenas querer. Sangue, ar, desejo e pele, confundem-se misturando-se numa vontade que se ergue dos recônditos da alma...tic tac...quente este dia. Lento. Acelerado o consciente. O inconsciente. Lentificado o relógio...tic tac...uma ansiedade de quem se sabe pronto. Receber. tic tac...Dar...tic tac...acelero o passo...tic tac...ouço o meu coração...tic tac... próxima...tic tac...

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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Still Alive

(...)
"Is something wrong, she said
Well of course there is
You're still alive, she said"
(...)

Espelho. Vermo-nos em espelho. Lembrar que todos temos coisas em nós que gostamos menos. Telhados de vidro. As pessoas perdem demasiado tempo a dissertar sobre a vida dos outros, fazem conjecturas, aliando ao que sabem o que pensam que sabem. Falam de mais, falam sobre os outros e fazem-no em cadeia. São pessoas desinteressantes, pequenas e mesquinhas. Este é o continuar das revelações, algo que iniciei o ano transacto. Começo a achar que o mito de Freud é mais vulgar do que aparenta, e também começo a mudar a minha opinião acerca do "ser intrinsecamente mau", ser má pessoa, o ter má índole em algumas pessoas é aprendido, noutras é um ensinamento decorrente das adversidades e em outras ainda é algo inato. É mesquinho, poucochinho e baixo, limitam-se aos seus umbigos, roubam porque nas suas opiniões, quem tem mais merece-o, mentem porque já não sabem falar verdade e deste modo, vão fazendo mal aos outros de forma voluntária, castigam-nos e adoptam a postura do ofendido: se não era para te roubar não tivesses deixado a mala junto a mim. São pessoas manipuladoras e intriguistas, cada sorriso é um golpe e cada palavra uma jogada para adquirir a confiança do outro, não tem e não conseguem ter uma gota de empatia em si. Quando confrontados usam o nome de Deus em vão e juram sobre o que lhes é "querido", e que se Ele não fosse justo, as suas famílias não sobreviviam.

Já não me surpreendo, mas continuo a não me dignar sequer a confrontar esses seres patéticos, prefiro dar-lhes o que de melhor sei dar: o meu desprezo, não existem...pura e simplesmente Não Existem.

Falem, enredem-se em encruzilhadas sem dignidade...lembrem-se que tudo na vida tem o seu retorno e por maior que sejam as mentiras, a verdade é reposta, leve o tempo que levar...eu tenho tempo e porque no fim ...

"I, oh, I'm still alive

Hey I, oh, I'm still alive

Hey I, but, I'm still alive

Yeah I, ooh, I'm still alive

Yeah yeah yeah yeah yeah yeah"

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domingo, 15 de novembro de 2009

Feliz Aniversário!!!




Hoje não lembrei. Não recordei. Mentira, apenas quis esquecer. Fingir que já não me habitas. Tentei encontrar inúmeras palavras para te dizer, algumas de saudade, outras de dor, algumas de culpa e outras tantas apenas de amor. Percebi. As palavras estão gastas, estão ditas e sei que foram ouvidas. Nem sempre são precisas palavras, já não preciso de palavras. Foi lento e suave o movimento de paz que me invadiu, transbordou-me e fez-me sorrir: não existem palavras, não precisamos delas. Não precisas delas ou melhor, eu já não preciso delas. Senti. Sinto, apenas de maneira diferente. Outro espaço, outro lugar, outro significado. À direita D' Ele, sorris-me. Retribuo. Hoje lembro. Hoje recordo. É verdade, não consigo esquecer. Amadureci, é-me suave e doce o dia. Larguei. Libertei-me. Libertei-te.

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domingo, 8 de novembro de 2009

Meditação...

... e introspecção deviam ter livro de instruções. É isto que é suposto sentir?

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domingo, 1 de novembro de 2009

Perguntas:

  • Nascemos "programados" com uma maior quantidade de emoções negativas, do que positivas?

  • Será responsabilidade da herança judaico-cristã esta apetência, humana, para exacerbar o sofrimento?

  • A paixão, o amor e o enamoramento retiram negatividade aos indivíduos?

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(Des)conversa 19

No jardim junto a minha casa. Um idoso de 78 anos (Ele 1) e outro de 60 (Ele 2):

Ele 2 - Bom dia, J.M.. Pode dizer-me as horas?
Ele 1 - (olhando para o relógio) Olha são horas de me pagares o que me deves!!

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(Des)conversa 18

Duas crianças na casa de banho das senhoras. A miúda aí com uns 10 anos e o rapaz com 7.

Ela - Eu vou a esta. Queres entrar comigo?
Ele (amuado) - Não, quero ir sozinho.
Ela - Então vai à da ponta que está livre.
Ele - Não quero.
Ela - Não queres porquê? Está livre. Vai aquela. Não espero por ti.
Ele (a ficar irritado) - Não! Aquela não quero.
Ela - Ópa mas porquê...'tá livre.
Ele (aos gritos) - Não quero...não vou a casa de banho dos insuficientes.

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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sensações...

Por mais que tenta-se sair do marasmo em que se encontrava, a saída não se apresentava nítida. Ou talvez estivesse mas a sua perturbação não lho permitisse ver. Às vezes as soluções são as coisas simples, as que olhamos no dia a dia mas não valorizamos. Ignoramos o óbvio. Sentado naquele chão os pensamentos eram invasores: controlavam os sentimentos que de repente pareciam ter ganho vida própria. Devia permitir-lhes essa expontaneadade? Saberia vivê-los ou aguentar as sensações que provocam? Nunca se tinha permitido viver nas e das emoções: era racional. Pára!! Era? Inconscientemente começava a questionar-se. Algo mudava. Chegara a mudança. Olhou para o seu lado esquerdo e apenas vislumbrava um túnel escuro, sombrio e triste, no fundo era possivel avistar um vulto. O desenho lembrava a figura humana, mais exactamente, a figura de um homem. Olhando para esse buraco que se erguia dentro de si, conseguia perceber agora, que o vulto só e escondido no fundo era ele próprio. Estava a viver com os sentimentos em espiral, terminando num gigantesco circulo. Dados viciados. Comportamentos viciados. Fácil. Defesa. Chega, porra!
Racionalizar, operacionalizar e sistematizar os factos, os acontecimentos, os sentimentos e pior: as emoções. Tinha de acabar. Acabou. Virando-se lentamente, decidiu que não olharia para a sua esquerda. Não gostava do que sentia. Aquela figura- fundo ia transformá-la numa névoa que com o tempo desvaneceria completamente. Embrenhado nestes pensamentos nem se apercebeu que se encontrava junto a um novo túnel. Portões nobres, firmes. Colossos. Olhou para o interior à medida que esses colossos se escancaravam de par em par, num movimento tão sereno, tão suave que parecia fácil. Percebeu. É fácil. Apurou o olhar, activou a audição e mais importante soltou a pele. Táctil o sentir. Não tinha medo, nada receava, sabia-se guardado e protegido. Seres de luz. No fundo deste túnel, cujas paredes são raiadas de uma luz incandescente, brota uma energia pura e vigorosa que lhe entra pelas narinas alimentando-o. Caminha seguro. Sabe. No fundo uma multidão está reunida, sentem-se os sorrisos, as palavras são carinho, os gestos ternura. Há amor. Dá-se e recebe. Tinha entrado, estava junto da multidão, com ela partilhava emoções, intuições. Ouvia-se rir, sentia-se em paz e tranquilo. Entregava-se e recebia. Soberba a sensação. Entrou no lado direito. Desbloqueada. Estava vivo.

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Perguntas:

  • Será possível ter/ viver o melhor de dois mundos?

  • Será que "trair apenas uma vez" é menos traição que um acto continuado?

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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

(Des)conversa 17

T - Lizard, és uma mulher excepcional, és bonita, inteligente, só fazes o que queres e eu já percebi.
Eu - Já percebes-te o quê?
T - Que és apaixonada por mim.
Eu - (?!?) EHEHAHAHA...IHIHIHIHI...
T - Não te rias, sei que há mais de 10 anos que me desejas mas sempre foste timida e eu percebo.
Eu - Eu é que não percebo.
T - O quê?
Eu - Se estás bêbado ou se és só parvo.
T - Não disfarces. Olha-me nos olhos e diz sem pensar porque é que é mentira.
Eu - Falta-te peso, altura, largura e principalmente QI.
T - Estás a dizer isso só para disfarçar. Sei que me desejas e queres há mais de 10 anos.
Eu - AHAHAHAHAHAHHAHAH...Ok, então a que se deve a minha timidez?
T - Porque sabes que a maioria das mulheres quer estar comigo, inclusivé mulheres casadas e as namoradas de amigos e eu sempre te respeitei, por isso é que só agora resolvi dizer-te que sei que me queres.
Eu - És autista, só pode.
T - Pronto, eu respeito a tua timidez.

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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

**Suspiro**

Um coração partido pressupõem uma dor que apenas é refreada pela necessidade incontida de repisar o assunto, um mundo de "ses", em que a mente precisa de ser treinada para se focar no real e no concreto. Nestas fases as palavras ditas são dolorosas e raramente as ouvidas fornecem o alivio necessitado. Os amigos fazem o melhor mas a dor, o desalento e a tristeza inerente superam os esforços e boa vontade dos mesmos para nos tirarem do "buraco". Nesta fase de tristeza, de luto emocional, a chuva não chega para descrever as lágrimas choradas, o sol do deserto é rudimentar face a um coração árido. Descrevemos, ao minuto, o nosso estado de espírito deprimente com imensas métaforas e hipérboles nascidas no Hades. Não existem palavras ou acções que nos façam acreditar que "aquele" estado de espírito não é o fim do mundo. A tristeza provocada e sentida, por um desgosto de amor é diferente de todas as outras, é sentida como mais profunda, quase como que mortal: perde-se peso, não se dorme, o rosto denuncia cansaço e mau estar interno, a boca ri mas os olhos - esses espelhos da alma - denunciam uma quase ausência de vida, desmotivamos e isolamo-nos. O mundo acabou. Pelo menos o nosso mundo - aquele mundo.

Quando o coração se preenche de um outro ser, que o invade e faz render numa dança de suspiros, risinhos e saudades ao segundo, o nosso humor é quase maníaco. Vivemos a flutuar, acima dos problemas terrenos. As borboletas - essas teimosas - invadem o estômago ao toque do telemóvel - "aquele toque" - ao sinal de mensagem. Facilmente ruborizamos ao pronunciarem o seu nome, até quando o mesmo, não pertence ao ser que nos faz viver sem os pés no chão. Nesta fase da paixão, do enamoramento a disposição é contagiante de eufórica, sorrimos sem razão aparente e rimos sozinhos, o rosto rejuvenesce e mesmo sem dormir - porque o amor tira o sono - o nosso semblante é de leveza, de paz e felicidade. Os outros sentem-se confortáveis ao nosso redor, são contagiados pela nossa alegria transbordante. A felicidade é tanta que um dia de tempestade, aos nossos olhos, nada mais é que um excelente dia em que o sol brilha intensamente. Nem nos apercebemos de nada menos bom ao redor. São estados de alma ambicionados e - erradamente- procurados. O mundo é sentido como belo, incansável e um sitio esplendoroso para viver. Ficamos felizes só de ver algo que o outro gosta, de ouvir a sua música na rádio ou apenas de lembrar como é o seu sorriso, o seu olhar, os seus gestos e como seria tão perfeito se estivesse ali, connosco. Como havia de gostar de dividir o momento, este, aquele, o outro...o resto da vida.

E agora? Raios ma partam, e agora? O que é que é suposto sentir agora?
Quando os acontecimentos não são de luto da perda de amor do objecto ou de luto pelo objecto, quando não estou apaixonada ou enamorada ou atraída ou qualquer outra coisa daquelas que dão borboletas na barriga, seja objectivo alcançado, viagem ou carro novo, que seja até uma mudança de vida, de trabalho ou de personalidade. Quando a situação não é traição de "amigos", conhecidos ou colegas de trabalho e não se pode sentir raiva, ódio ou desprezo. O que é que se sente?
Sinto aborrecimento mas não estou aborrecida, sinto-me chateada e as coisas chateiam-me, sinto-me instável mas já sou instável. A agressividade aumenta e a impaciência não a ajuda. Quero sentir alguma coisa. Alguma coisa que saiba e consiga identificar na paleta de sentimentos, com as quais nascemos equipados. Quero usar uma dessas coisas. Dar-lhe um nome. Dizer palavrões ou chorar ou rir ou ...ou...qualquer coisa.
Nada disso. Não sinto nada porque sinto tudo. Um nó no peito apertado que me corta o ar - suspiro - uma sensação de peso na cabeça e um cansaço permanente - suspiro - hipersómnias que se agravam no tempo, desmotivação face ao trabalho (pudera) - suspiro - um discurso arrogante e uma necessidade bélica premente - suspiro...e no fim de contas a verdade é só uma: sinto tanta coisa, nenhuma definida, que não sinto nada a não ser um vazio negro - não há sentimentos e inconscientemente suspiro, o ar que respiro não chega. As palavras, as acções, o que digo e o que ouço não chegam, não ajudam. Não sei o que sinto, o que deveria sentir. Suspiro.

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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Pormenores

Suspiro*****


Diz-se por aí que quem tem amigos "grandes" ou convive com muitas pessoas "grandes", tendencialmente, torna-se "grande" também.

*******suspiro

I'm so fucked!!!

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domingo, 4 de outubro de 2009

Opiniões

Palhaçada a uma escala menor, uma vez que a grande palhaçada foram as legislativas do passado fim de semana. Assim foi na minha terra.

Por aqui o cenário das listas às autárquicas demonstra bem o que se passa no resto do país. De 4 em 4 anos as pessoas reaparecem como candidatos em listas diferentes, deste modo, temos duas listas (PS e PSD) compostas de "independentes", uma lista assumidamente independente (?!?), sendo que a terceira, CDS-PP, ninguém sabe quem a integra e até ontem nem se sabia que estava na corrida, resta-nos a CDU que junta nas suas fileiras jurássicos e a nova elite cá do burgo. Resumindo, por aqui, o PSD é assumidamente multi cultural e feito de "jobs for the boys", enquanto o PS tem umas caras daquelas que ninguém sabe de onde apareceram e claramente estão para fazer número. A CDU continua cheia de boa vontade mas está na altura de deixar o pessoal novo contribuir activamente para a construção do programa eleitoral, os antigos fazem falta enquanto mentores mas não podem manter o autoritarismo e as ideias que os fizeram vingar no pós 25 de Abril, até porque em Portugal não se fala o suficiente do pré 25 de Abril para que as camadas jovens entendam os objectivos dos seus actos politicos. O mais grave é que a maioria destas personagens que compõem as listas nem sabem do que consta o seu programa eleitoral mas depois dão-me um folheto para eu ver (?!?).

Nesta rocha a politica não é algo que mereça destaque e pelo andar da carruagem vai continuar sem um lugarzinho para apregoar as suas demagogias "independentes" até porque este Lagarto é convicto de que só deveriam pertencer às listas militantes filiados durante um determinado número de anos e com provas dadas de trabalho em prol do mesmo. Quem entretanto mudá-se de convicções politicas poderia sair e refiliar-se num novo partido mas passaria por um período probatório que o inibia de se candidatar fosse ao que fosse e de integrar as listas. Os "independentes" deixavam de existir, não transmitem confiança ao eleitor (pelo menos a mim), porque já integraram um sem numero de listas de partidos diferentes e deixam-me sempre a pensar que são voláteis nas opiniões e crenças, logo não servem para me governar.

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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Stress Pós Traumático

Stress Pós- traumático: é uma forma de ansiedade, que se segue à experiência de um acontecimento particularmente traumático sobre o plano psicológico. A experiência “stressante” é exterior ao indivíduo, fora dos acontecimentos comuns da vida humana, como sejam as situações de guerra, tortura, abuso sexual, catástrofes naturais, desastres provocados pelo homem (explosões, quedas de aviões, acidentes de tráfego,…), situações onde a maioria das pessoas não tem capacidade de desenvolver as reacções mais adequadas. Esta situação pode tornar-se numa doença psiquiátrica crónica, marcada por surtos e remissões. As investigações clínicas apontam para a ocorrência de alterações neurobiológicas do sistema nervoso central e periférico nestes casos.
Quem está exposto a este disturbio:
As domésticas são as que apresentam mais casos (15,5%), seguidas dos desempregados (14%) e trabalhadores não profissionalizados (12%). Cerca de 10,9% dos militares apresentavam este distúrbio, ou seja 66 465 casos se extrapolados para a população geral portuguesa com mais de 18 anos. Os acontecimentos “stressantes” mais frequentemente encontrados foram: morte violenta de familiar ou amigo, ataque físico, acidente grave de viação, violação, abuso sexual antes dos 18 anos e combate.
Estou em stress pós traumático. Esta semana esmagadora, e é a crise, e as pessoas e as coisas e o mundo e o cão e o gato e o periquito e o trânsito e a parvoice e o raio que o parta e mais umas quantas merdas que me deixam num estado autista para defesa minha. Sinto que estou a atravessar um periodo de catastrofe em que tudo está desorganizado, é desorganizante e consequentemente reflecte-se na organização interna. No entanto é positivo, vivo-o em resiliência, como se interiormente aguarda-se um periodo de Closure. Oh valha-me a Santa, isto relido é incoerente. É a minha cabeça: ideias confusas, recorrentes, verborreica e pensamento acelerado que origina um discurso prolixico e descontextualizado. Foda-se, que merda de semana, que merda de dia.
Hoje é dia de GT, está decidido!!!!

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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Dias de 24h que parecem 48h.

Estou de volta ao activo no terreno. Apesar de ainda não ter sido superado o percalço do regime pro bono, resolvi que não dava para adiar mais, não em consideração aos superiores mas sim aos inferiores, sendo este termo aqui utilizado não como pejorativo.
Acordei cedissimo, mentalizada que iria recomeçar a senda e me exigia trabalho na ordem dos 100%. Planifiquei e organizei o dia antecipadamente para que não houvessem falhas em nada do que de mim depende-se. Assim foi, eram 8h da manhã e ai vou eu motivada e carregada de energias positivas. Às 9h estaria a recolher material junto dos parceiros, marcaria as reuniões que necessita-se e às 10h sentaria o cu na cadeira dando inicio ao programado para hoje. Horas meticulosamente estipuladas de modo a realizar um trabalho sério e rentável, física e emocionalmente, para mim e para os outros.
Chegada ao local de trabalho às 8h45, ainda dava tempo para a cafezada matutina e sem a qual tenho dificuldades em pensar, falar ou reagir seja ao que for. Abarbatada logo no café. A primeira parte desapareceu e às 9h já estava sentada no trono (?!?). Sem saber como ou porquê a noticia de eu estar presente espalhou-se como se de um rastilho de pólvora se trata-se. Eram 14h ainda não me tinha mexido daquele sitio nem para mijar, as senhoras simpáticas do bar apercebendo-se que eu não conseguia sair dali levaram-me o almoço que comi em garfadas sôfregas porque o tempo estava a passar e aguardava outra pessoa. Eram 14h50 e pensei "-tenho 10minutos para café, cigarrada e reset no cérebro" - corri para o café mais próximo, mais que o café e o cigarro, desejava ardentemente aqueles 5 minutos de sossego: nada pensar, nada fazer. Não foi o que aconteceu. Chegada ao café, vindas não sei de onde, fui cercada por três pessoas que necessitavam urgentemente de falar comigo (?!?) e me tinham visto sair. Dei comigo em solilóquio e a pensar que sendo a pessoa mais procurada daquele local, já nem conseguia perceber se era bom ou mau. Uma parte de mim fica enaltecida - o reconhecimento. O resto da tarde foi igual à manhã: enlouquecido e enlouquecedor, levando a questionar-me enquanto profissional - capacidades humanas e técnicas, prometi 100% e arrancaram-me 200%. O que mais desejo é o som do silêncio, a agitação do sofá e babar-me, enquanto recarrego as energias positivas - amanhã volto a precisar delas. Sinto-me esmagada.

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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Oh Querida (?!?)

Crescer não é fácil. E ser crescido também não. Lidar com os crescidos pode ser uma aventura em que são as capacidades infantis que possuimos que nos fazem ser bem sucedidos, ou não. O mais difícil é sabermos se estamos a ser demasiado crescidos ou se pelo contrário, somos uns bebés. É preciso manter a infantilidade para lidarmos com os nossos filhos, sobrinhos e crianças com as quais nos cruzamos. Numa relação a dois o inicio é marcado por crises adolescentis e atitudes acriançadas. Quantos casais não conhecemos que falam um para o outro abebezado. Nunca percebi se é sinal de meiguice, se é sensual (?!?) ou se está instituído como forma carinhosa de dar a perceber ao outro que se gosta. Seja aquilo que for, sinceramente, acho ridículo, acho que diminui o outro e roça a hipocrisia, porque leva a que se aceite coisas da parte de outrem que ditas com a verbalização adequada a um adulto seriam quase ofensivas - Ohh, poque é que a minha bebézinha tá a ser uma pa'vinha (?!?) - inferiorizantes são de certeza. Mas tudo bem, é intrinseco à relação de casal, DAQUELE casal, claro está, agora quando quem nos fala assim são colegas de trabalho, amigos ou mais grave - profissionais a quem temos de recorrer por uma qualquer razão, aí...bem aí...oh valha-me a Santa e que me dê paciência.
Não gosto deste babytalk aplicado ou usado entre adultos, quer na vida privada, quer na social cheira-me sempre a substimação e a atestados de estupidez dissimulados como aquela celebre frase de - Oh minha querida, a querida não está a perceber - é traduzida na minha cabeça como: "FDX que é burra não me digas que é preciso um desenho para perceberes".
Há pouco tempo fui a um osteopata devido a duas vértebras que há uns anos foram mal tratadas e agora resolveram fazer-se ouvir. Senhor simpático mas nada empático no entanto com duas certezas absolutas: que é irresistível e que tem graça (?!?). Não empatizamos, porque desde o primeiro minuto resolveu tratar-me por "minha querida", "a querida se não relaxar não posso tratá-la" (?!?) e fazer-me sentir uma atrasada mental: "Vá lá querida eu sei que dói mas não é preciso estar com essa cara, olhe me aqui tão perto e tão sorridente não dói nada" (blhacccc ?!?). Óbvio que a postura do srº começou a irritar-me mais que a dor sentida e a ripostar com algumas observações sarcásticas e de humor negro, em relação a ele, claro. Moral da história: estive duas horas em tortura psicológica, porque com tanta estupidez abstraí-me das dores, andei uma semana descadeirada, nunca lhe mostrei os dentes porque só me apetecia dizer-lhe palavras que uma Srª não profere e até hoje ainda não percebi se a postura de engatatão/ bonzão/ garanhão cheio de graçolas de merda é uma técnica para o paciente se abstrair da dor inflingida e que ainda vai pagar ou se ele realmente vê aquela imagem no espelho quando se levanta de manhã. O que me leva a ter muita curiosidade e a desejar ser mosquito, em primeiro para lhe ferroar e depois para ver a parte do atendimento de um paciente masculino: "- Ohhh meu querido não seja bebé, eu sei que dói mas não é razão para o querido estar com essa cara. Oh querido olhe-me aqui tão perto a mexer-lhe nos gémeos e não me dói nada."

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sábado, 26 de setembro de 2009

Coisas pelas quais vale a pena esperar.



Existem coisas que não se esquecem. Simplesmente não se conseguem esquecer. Capítulos da nossa vida marcados por lágrimas e outros marcados pelo seu oposto. Facilmente os consigo associar a grandes momentos pessoais, mas também facilmente recuo a tempos de escuridão e me rasgo nos seus acordes. Aproxima-se o dia. Por mais que corra, esta fuga é para trás. Exalta-se o lançamento de "Backspacer" - brutal, by the way!- exalta-se a nova filosofia de Eddie Vedder e novamente os meus sentimentos são psicóticos - a alucinação de Last Kiss e o delirio de Alive. Já não choro.

Excelente retorno.

(...)

When somethings broke, I wanna put a bit of fixin on it

When somethings bored, I wanna put a little exciting on it

If somethings low, I wanna put a little high on it

When somethings lost, I wanna fight to get it back again

(...)


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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Devaneios

São inúmeros os dias que me sinto qual viajante deslocado, num país que não conhece, com uma língua que não domina. As coisas, os lugares e as pessoas cada vez me são mais estranhos, como se vivesse fora de época. Olho em redor e não me identifico, salvo raras excepções. Aquiesço a situações que me não são confortáveis na esperança de me integrar, de perceber o porquê disto ou daquilo ser assim. Ajuda-me fazê-lo, proporciona-me o conhecimento necessário para tomar decisões assentes em conhecimento real. Respeito-me. Quero. Não quero. Aceito-me.Todos estão confortáveis nos seus papeis. Não. Alguns parecem confortáveis nos seus papeis, outros demonstram a sua instabilidade através de comportamentos auto ou hetero destrutivos. Se não estamos satisfeitos porque não mudamos. Mudar é um processo solitário. Afirmo.

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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Divagando (4)

Pode amar-se mais de uma pessoa em simultâneo. Talvez os dois objectos de amor sejam complementares entre si e completem uma terceira pessoa. Não serão amores iguais mas simétricos, talvez a intensidade seja a mesma. Acredito que se vivam relações duais sem as conceber como traições. Acredito que a escolha não seja fácil e muito sinceramente nem sei se deva haver escolha. Deve sim haver verdade e libertar-se aquele que não quiser compactuar com a divisão de seres e sentimentos. Não acredito que em caso de concordância, numa tríade, haja qualquer necessidade de partilhas porque também acredito que se partilhassem entre si os corpos, as vivências e os desejos perderia o essencial que é nada mais que uma pessoa amar outras duas com equidade. Acredito que a verdade após revelada deva ser uma mentira transparente. Respeito.
Respeito que duas pessoas se amem o suficiente para não abdicarem uma da outra mas terem consciência que não conseguiriam viver uma com a outra. Não respeito que se casem com terceiros, construam vidas paralelas a um romance que longe de estar no fim, teve inicio antes de qualquer outro compromisso.
Não saberia amar duas pessoas em simultâneo ou alternadas. Não viveria numa dessas situações de partilha, de dualidade, nem da minha parte, nem da parte de outrem, caso o soubesse claro está. Não por ser traição, não considero que esta palavra tenha uma definição assim tão linear e comum a todos. Penso sim, que é traição tudo o que faz a pessoa alvo da mesma sentir-se desrespeitada em primeiro lugar e consequentemente desvalorizada, humilhada e pior culpabilizada: o que fiz?, onde errei? Não lhe chego? Cada individuo terá a sua própria definição quer de amar, do acto de amar, quer dos limites que tem de ser passados para ser sentido como traição.
A vida que levamos, os processos que atravessamos, as diferentes pessoas que num ou outro momento se cruzam connosco levam-nos a amar, a identificarmo-nos com pessoas diferentes, de personalidades diferentes. O que é justo porque se evoluimos em todas as areas da nossa vida é normal que a determinada altura sejamos atraidos por outras caracteristicas mais similares ou conhecedoras das nossas experiencias de vida. Evolução. Talvez o amar duas pessoas a determinada altura também seja derivado de quem fomos e de quem somos: o melhor de dois mundos, quem caminhou na estrada Y e quem precisamos, no hoje, para caminhar nesta nova auto-estrada.
Quando nos dividimos entre dois amores de que lado está a nossa vida? Quando amamos dois seres em simultâneo, a quem nos damos verdadeiramente. Para quem não há segredos? Quando vivemos na dualidade em quem confiamos? Quando precisamos de dois para se complementarem e nos preencherem qual o nosso papel na gestão da autonomia de processos internos? E quando um ou os dois desaparecem serão precisos outros dois amores para preencher esse vazio?
No fim...no fim o vazio é a unica constante num amor dividido que não sabe existir quando se entrega por inteiro.

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GAP

Trinta dias de férias. Oito quilos maior. Não fosse a roupa ter encolhido e diria que a pausa tinha sido utópica. também pode ser humidade...Nahhh...Baterias recarregadas. Regresso ao ponto de partida: terei chegado a partir???
Sinto um gap temporal. Terei ido? Terei vindo?
Novidades: equipa desmembrada. Não será fácil. Duas partidas, duas estáveis e duas a chegar. Cada acordar é um pouco mais difícil que ontem. Cada regresso sustentado em elogios de parceiros no terreno. Regressei bem. Fui bem recebida. Estranhamente estou bem disposta, agora. Acredito.

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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Restaurante Porto Santana (ex. Tasca do Gino)

Após a epopeia descrita no post anterior e aproveitando a frase relativa ao "fenómeno de acção-reacção" cedida fabulásticamente por LORENZO MONSANTO , continuo a saga de "Em busca de um jantar, cada vez mais fora de horas, no meio do Alentejo".

Saindo do Carvalhal, de espírito alterado mas objectivos delineados, podia dizer-se que agora os ânimos eram bélicos e sarcásticos. Íamos dar o nosso melhor fosse onde fosse, mas nesta fase iria haver "fenómenos de acção-reacção": más palavras, levam a más palavras. Acho que ainda não trabalhámos o suficiente a parte de "dar a outra face"...pelo menos dá-la duas vezes no mesmo dia.

Chegadinhos a Alcácer do Sal e eis que um dos elementos, aliás uma "elementa" propõe uma ida a um restaurante que se situa imediatamente antes da ponte de Alcácer (para quem vem do lado da praia). As alegações valiam a pena a confirmação, as expectativas elevadas e o sitio com um tremendo de um bom aspecto: ali tudo era convidativo, desde os empregados, ao espaço e ao próprio patrão que fez questão de se justificar pessoalmente, de modo educado e humilde. Não havia lugares. Estavam esgotados. O próprio se comprometia a fazer reserva para outro dia e apresentava as mais sinceras desculpas porque "o cliente quando vêm é porque está interessado em passar momentos agradáveis e sinto-me frustrado por ter de recusar. Mas hoje podia dizer-vos para ficarem sabendo de antemão que iam ser mal servidos e exasperar na espera. Prefiro que voltem e ai avaliem se somos merecedores de retorno da vossa parte" .

Não comemos, não ficámos mas é indiscutivel que a massagem ao ego, levou a que indubitavelmente queiramos retornar e ser cobaias de tão prazeiroso espaço. Moral da história: os ânimos relaxaram e a postura voltou-se novamente para o estado zen, que só as férias proporcionam.
Éramos os mesmos, por dentro e por fora, então o que se passou antes não se tratou de fenómenos de acção-reacção mas sim de falta de educação e saber estar das pessoas em questão (post anterior).

Recomendo vivamente (até porque as sondagens que realizei são unânimes com os sentimentos despoletados na visita): Tasca do Gino ou "Porto Santana", em Senhora Santana, 7580 Alcácer do Sal. O telefone é o 265613454; encerra à 2ª ao jantar e à 3ª feira.

Para terminar esta saga, posso dizer que acabámos no Café Cervejaria A Papinha sita no Largo Joaquim dos Santos Coelho em Alcácer do Sal . Um espaço tipo tasca, do mais agradavel que se possa imaginar. Uns petiscos fantasticos e de chorar mais. Um serviço exemplar e a convidar ao retorno, o que diga-se de passagem acabou por acontecer. Os preços rondam os 12€/px (com muito alcool).

Acabamos por ter uma noite estupenda e surpreendente, daquelas que se recordam em pormenor: desde o espaço, aos sabores, ao serviço, as conversas e os risos. Gostei e voltarei, sem dúvida.

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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Restaurante Marisqueira O Granhão (?!?)

Férias. Pessoas descontraídas. Aquele tipo de pessoas que vai para a praia às 4 da tarde e pensa em ficar até poder. Pessoas que vão para a praia sem geleira mas vestidas informalmente, tipo com ar de praia. Pessoas que bebem e petiscam enquanto suspiram com um fantástico pôr do sol. Pessoas que colam o lanche ao jantar e tornam as horas férteis em conversas, risos, sorrisos, disparates e amizade. Pessoas que quando estão, desfrutam, não olham à tabela apenas sentem o prazer proporcionado pelo espaço e tempo.

Um grupo dessas pessoas reuniu-se num destes fins de semana e resolveu ir aproveitar o que de melhor o país oferece: Alentejo e praia. Praia do Carvalhal.
Após um excelente dia de praia, que outra coisa se pode ambicionar senão umas frescas bem acompanhadas de petiscada? Lá fomos nós em direcção a um restaurante marisqueira que fica bem na saída da dita praia. Com um aspecto clean, rede mosquiteira a proteger uma explanada convidativa. Entrámos e eis que...o aspecto simpático do espaço fica mesmo só pelo espaço físico. Somos atendidos por uma "senhora" muito agradável à vista, vulgo, de feições apelativas e exóticas mas de comportamento/ atendimento, soberbo, arrogante, a roçar a falta de educação devido ao desprezo com que fomos premiados.
Concordo, que nenhum dos elementos aparentava ser parente do Bill Gates ou à portuguesa do Belmiro de Azevedo, mas posso afirmar que qualquer pessoa naquela mesa possui um léxico abrangente, um raciocínio lógico-matemático apurado e um Q.I. verbal médio alto, bem como um sistema de educação e valores acima do normativo: tipo ainda somos do tempo em que se respeitam as pessoas como queremos ser respeitados, usamos palavras em desuso como "Se Faz Favor"; "Obrigado"; "Com Licença" e "Desculpe". Ahhhh...e não tratamos por tu quem não conhecemos, inclusive os empregados de mesa. A descrição anterior apenas serve para co-substanciar que ainda hoje não percebo o porquê de termos sido desprezados e ignorados quando o que queríamos era apenas imperiais e camarão de moçambique cozido. Para além de ninguém nos servir ou dizer sequer do que constava a lista de mariscos (o que também posso realçar que é a única marisqueira que conheço que se resume a: camarão cozido, sapateira, ameijoas à bulhão pato ou à casa....resumindo: já vi tascas com mais variedade que a dita marisqueira!), chegámos ao cúmulo de quando fomos atendidos de má vontade um dos elementos do grupo perguntar ao "serviço" se por acaso cheirava mal (?!?) e se não, porque é que éramos as únicas pessoas que não tinham direito a toalha na mesa.

Restaurante Marisqueira "O Granhão": senti-me humilhada, desprezada e estereotipada (e ainda nem percebi em que estereótipo me/ nos incluíram) e ainda pagámos um disparate de dinheiro por um serviço feito de má vontade. Se há sítios onde volto pela empatia, outros há que volto pela qualidade do serviço ou ainda dos produtos apresentados. Ali não há qualquer razão para voltar, a menos que seja como cliente mistério da qualidade de serviço prestado.

Nota: Não sendo de radicalismos, ressalvo que esta é meramente a minha opinião enquanto cliente. Coloco a hipotese de ter sido um dia mau na casa. Mas eu não tenho culpa disso.

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sábado, 15 de agosto de 2009

Férias!!!!!!

Este espaço encontra-se encerrado para férias de 15 de Agosto de 2009 a 15 de Setembro de 2009.
Quaisquer incursões ao mesmo serão meramente pontuais e estão sujeitas às eventuais crises de tédio que (de vez em quando) possam assolar devido à inércia total inerente a quem está de férias.
Após meio ano algo atribulado, nunca as férias me foram sentidas como tão imprescindiveis como no presente ano. Mais que o corpo, que anda folgado, a mente precisa de um momento catártico e de exorcismo de excessos racionais e preocupações estapafurdias.
Este ano, estas férias desejo passa-las apenas com as emoções, a estupidificar-me em prolongados banhos de sol, nevoeiro, lua ou aguaceiros desde que qualquer um dos estados temporais não me faça ter de usar qualquer faculdade cognitiva prestável.
Auguro um regresso tranquilo e reabastecido de energias positivas e guerreiras para desfrutar o que se segue. Vamos ver....até lá...Um volto já.

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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Nada

Nada, simplesmente nada. Poderá o "Nada", ser o tudo ambicionado? Poderá o "Nada" ser o alimento de uma mente perturbada?

Sentado naquela rocha tecia considerações sobre o que significava realmente o ter, ser, ver nada. Seria somente o vazio, o vácuo e a ausência de um qualquer materialismo desejado na ânsia de preencher a área lacunar das emoções? Não acreditava nisso, não podia. Quantas vezes o nada, era preferível a umas quaisquer palavras moribundas e desprovidas de significado real; quantas vezes o não fazer ou não nos fazerem nada, era o elo dourado de uma corrente que tolhe movimentos e sentimentos. Agora, ali sentado, observava o sol que iniciava a sua descida. Já tinha sido feliz ali. Um marco geodésico para Portugal e um marco na sua vida “Onde a terra se acaba e o mar começa” (in Os Lusíadas, Canto III). Ali, naquele sitio, o fazer nada, o decidir nada tinha marcado o rumo da sua vida. Não lamentava. Com o sol a bater-lhe na cara, as recordações eram calorosas e surgiam como um nada, suave e tranquilo. Gostava de ali ir, de imaginar como tinham sido as partidas nos Descobrimentos, como teria sido dobrar aquele mar que apenas permitia avistar um nada: o fim do mar e o inicio de um céu. Que mistérios estariam do lado de lá. Como se venceria o medo? Seriam suficientes a coragem e a audácia? A alma de aventureiros e o desejo de novas conquistas, permitia que o nada fosse um tudo que alimentava a esperança e a audácia.

Há muitos anos que não ia aquele sitio, estava como o recordava. Ou estaria como o queria recordar? Não interessava nada tais ruminações sobre um real alternativo que a existir partiria de um pressuposto de pensamento contrafactual. Preferia não pensar em nada. Quaisquer teses ou premonições assentavam em inconsistências de factos palpáveis, apenas no nada. Sabia agora que nada pode ser muito, pode ser tudo: pode ser o silêncio que se precisa quando as lágrimas teimam em sair; pode ser a tão necessitada ausência de acção da parte do outro que nos dá o calor e aconchego necessitado; pode ser o tempo que se têm em harmonia perfeita com o nosso intimo. Afinal, o nada podia ser aquilo que ele senti-se como tal, a paz de espírito, o sorriso que surge sem motivo aparente ou o bem estar interior de quem se sabe consigo e para si.

O sol já tinha entrado na sua casa, o céu era agora iluminado por uma lua, brilhante e redonda que em nada, fica atrás do seu companheiro diurno. Estava na altura de partir. Afinal não estava ali a fazer nada.

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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Verão, Sardinhas, Pão e Vinho...Toiros e Toureiros...Minis e Festas...

Lembro-me da adolescência e do que os Verões significavam. Altura das festas populares, o tempo era para e com os amigos, comemorava-se um mês inteiro: com o culminar da festa o verão entristecia, como se nada mais houvesse a esperar. O fim da festa lembrava que a escola estava para breve. Os dias tornavam-se mais curtos e os entardeceres findavam mergulhados em calmaria. O contraste entre o pré e pós festa. Os 4 dias de festa colavam-se e inexplicavelmente pareciam um só, não havia tempo para destrinçar manhãs, tardes e noites: apenas "A" festa. O nascer e por do sol mais bonitos que se podem ver - sensação de alma cheia, peito preenchido por algo maior que aquela bola incandescente que acena de cada vez que nos atravessa - sublimes eram os dias e as noites. Senti-os assim, talvez fossem apenas banais e a exacerbação estivesse em mim.
A minha terra nunca viveu de imigrantes, emigrantes ou migrantes: da terra para a terra. Com tradições culturais muito vincadas, é preciso ser-se apaixonado ou aficcionado para perceber/sentir o prazer das largadas de toiros, das esperas, da noite de sardinha assada e tardes dedicadas ao religioso: somos uma mistura de pagão e religioso, bem ao jeito de Nuestros Hermanos...afinal somos o Ribatejo.
Todos os anos "sinto" a festa menos um bocadinho e todos os anos ela me sente a mim menos um bocadinho também. Faz parte do processo natural de crescer e amadurecer, talvez. Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, talvez. Posso pensar em inúmeras (tentativas) explicações para justificar algo, quando bem no meu intimo, sei que nada tem a ver com a idade, maturidade e outras coisas que tais: tem sim a ver, com o meu intimo, com o meu olhar que deixou de captar as emoções associadas às festas. Os amigos partiram, fizeram o seu caminho e as festas perderam com as suas partidas, talvez de algum modo, eu também tenha partido sem sair daqui. Talvez me recuse a ver, a aceitar que o meu contexto já não é este, talvez não queira largar reminescências de um passado, talvez....
As festas estão à porta, não as antecipo ou sequer desejo. Não tivesse o Universo conspirado e partiria antes do seu começo: ter a experiência de passar um ano longe das mesmas e avaliar o que sentia. Não foi possível. Ficarei e vamos ver!

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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Pessoas Precisam-se!!!

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!

Não mudam nada. Apenas se tornam generalistas e formatadas, o que lhes subscreve o epíteto de "normais". São modernos, pensam-se modernos, adeptos da multi e inter-culturalidade. Uma perfeita capa construída de slogans altruístas e de apelos à liberdade de expressão. Dizem-se bloquistas, mas não sabem quem é Louçã. Nos bonés pins de Guevara, que pensam como um alguém que foi muito importante - a explicação que mais vezes me foi dada - "foi um grande cantor dos hippies que morreu novo"...Oh meu Deus tende piedade de uma geração formatada em Windows, Messenger, Facebook e HI5, que vai demarcando o estatuto "cool" com o melhor Ipod,Mp3 ou 4, telemóvel e playstation. Cultura é Morangos com Açúcar.

A minha geração é a última fornada daquela que em 1994 Vicente Jorge Silva, no Público, designou por "Geração Rasca" é a dos extremos. Vingou-se. Para contrariar a nomenclatura, temos uma geração de workaholics, materialistas. Fornadas de Universitários rebelados contra o sistema - matou-se a PGA e mantem-se o aumento das propinas - não se pode ter tudo! Dessa fornada saiu também uma geração de idealistas, sonhadores ligados às artes: em full-time, em part-time ou somente como hobby terapêutico de quem não investiu no palco mas também não perdeu o amor ao mesmo. Encontro-me no último grupo.

Adoro o cheiro da sala, dos camarins, o som dos aplausos e as longas noites de ensaios. A adrenalina da estreia e de todas as outras estreias que se seguem: cada espetaculo, mesmo tendo ido a cena 1000 vezes para aquele público é sempre a primeira. E porque cada público é um público, que reage de maneira diferente ao que assiste. Vive connosco cada personagem, incorpora e torce como se alguma daquelas personagens fosse um amigo...ou o próprio. Preciso do palco para me manter no lado da sanidade - ali é tudo real...seja isso o que for.

Quando comecei éramos muitos, entre homens e mulheres estava equilibrado. Alturas houve em que éramos tantos que para todos poderem ter papeis de texto fazíamos revistas à portuguesa: uma por ano e chegaram a ser duas. Com o passar dos anos muitas das pessoas seguiram o seu caminho e esse, já não passava pelo teatro. Outros houve que paralelo ao seu caminho, alimentaram o "bicho" do teatro. Hoje sobramos cinco do elenco original. Vem adolescentes "fazer caminho" para o sonho de ser um "Morango com Açúcar", mas não ficam. Ambicionam a projecção, a fama e o estrelato da Rita Pereira ou do Isaac Alfaiate. Cinco minutos de fama, cinco minutos em que sentem que são alguém. Ali, naquele palco não o conseguem. Ali a fama está em cada um e na vontade e carinho que dedica ao seu vilão, mendigo ou morgado. Ali somos quem quisermos longe de uma câmara de televisão, de um exaustivo tratamento de imagem e edição da mesma...apenas com pessoas bonitas.

Temos pessoas que pisam o palco, não investem, mas estão lá. No entanto as mulheres continuam a ser a maioria. Temos falta de homens para fazerem de homens. O estigma, os estereótipo continua vivo nestas gerações e mesmo a estudarem em Lisboa e outras cidades a mente é a da Santa Terrinha. Modernos se dizem, nas vestes as cores da emancipação, nas palavras a ausência de respeito pela ignorância do que ainda têm a aprender, no fim são vazios, seres ocos que sonham viver na sombra de um qualquer estrelato fastfood e não lembram: "que os sonhos têm de ser esforçados para se poder ter o mérito da conquista"*

*Augusto Cury

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