quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Pessoas Precisam-se!!!

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!

Não mudam nada. Apenas se tornam generalistas e formatadas, o que lhes subscreve o epíteto de "normais". São modernos, pensam-se modernos, adeptos da multi e inter-culturalidade. Uma perfeita capa construída de slogans altruístas e de apelos à liberdade de expressão. Dizem-se bloquistas, mas não sabem quem é Louçã. Nos bonés pins de Guevara, que pensam como um alguém que foi muito importante - a explicação que mais vezes me foi dada - "foi um grande cantor dos hippies que morreu novo"...Oh meu Deus tende piedade de uma geração formatada em Windows, Messenger, Facebook e HI5, que vai demarcando o estatuto "cool" com o melhor Ipod,Mp3 ou 4, telemóvel e playstation. Cultura é Morangos com Açúcar.

A minha geração é a última fornada daquela que em 1994 Vicente Jorge Silva, no Público, designou por "Geração Rasca" é a dos extremos. Vingou-se. Para contrariar a nomenclatura, temos uma geração de workaholics, materialistas. Fornadas de Universitários rebelados contra o sistema - matou-se a PGA e mantem-se o aumento das propinas - não se pode ter tudo! Dessa fornada saiu também uma geração de idealistas, sonhadores ligados às artes: em full-time, em part-time ou somente como hobby terapêutico de quem não investiu no palco mas também não perdeu o amor ao mesmo. Encontro-me no último grupo.

Adoro o cheiro da sala, dos camarins, o som dos aplausos e as longas noites de ensaios. A adrenalina da estreia e de todas as outras estreias que se seguem: cada espetaculo, mesmo tendo ido a cena 1000 vezes para aquele público é sempre a primeira. E porque cada público é um público, que reage de maneira diferente ao que assiste. Vive connosco cada personagem, incorpora e torce como se alguma daquelas personagens fosse um amigo...ou o próprio. Preciso do palco para me manter no lado da sanidade - ali é tudo real...seja isso o que for.

Quando comecei éramos muitos, entre homens e mulheres estava equilibrado. Alturas houve em que éramos tantos que para todos poderem ter papeis de texto fazíamos revistas à portuguesa: uma por ano e chegaram a ser duas. Com o passar dos anos muitas das pessoas seguiram o seu caminho e esse, já não passava pelo teatro. Outros houve que paralelo ao seu caminho, alimentaram o "bicho" do teatro. Hoje sobramos cinco do elenco original. Vem adolescentes "fazer caminho" para o sonho de ser um "Morango com Açúcar", mas não ficam. Ambicionam a projecção, a fama e o estrelato da Rita Pereira ou do Isaac Alfaiate. Cinco minutos de fama, cinco minutos em que sentem que são alguém. Ali, naquele palco não o conseguem. Ali a fama está em cada um e na vontade e carinho que dedica ao seu vilão, mendigo ou morgado. Ali somos quem quisermos longe de uma câmara de televisão, de um exaustivo tratamento de imagem e edição da mesma...apenas com pessoas bonitas.

Temos pessoas que pisam o palco, não investem, mas estão lá. No entanto as mulheres continuam a ser a maioria. Temos falta de homens para fazerem de homens. O estigma, os estereótipo continua vivo nestas gerações e mesmo a estudarem em Lisboa e outras cidades a mente é a da Santa Terrinha. Modernos se dizem, nas vestes as cores da emancipação, nas palavras a ausência de respeito pela ignorância do que ainda têm a aprender, no fim são vazios, seres ocos que sonham viver na sombra de um qualquer estrelato fastfood e não lembram: "que os sonhos têm de ser esforçados para se poder ter o mérito da conquista"*

*Augusto Cury

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