Verão, Sardinhas, Pão e Vinho...Toiros e Toureiros...Minis e Festas...
Lembro-me da adolescência e do que os Verões significavam. Altura das festas populares, o tempo era para e com os amigos, comemorava-se um mês inteiro: com o culminar da festa o verão entristecia, como se nada mais houvesse a esperar. O fim da festa lembrava que a escola estava para breve. Os dias tornavam-se mais curtos e os entardeceres findavam mergulhados em calmaria. O contraste entre o pré e pós festa. Os 4 dias de festa colavam-se e inexplicavelmente pareciam um só, não havia tempo para destrinçar manhãs, tardes e noites: apenas "A" festa. O nascer e por do sol mais bonitos que se podem ver - sensação de alma cheia, peito preenchido por algo maior que aquela bola incandescente que acena de cada vez que nos atravessa - sublimes eram os dias e as noites. Senti-os assim, talvez fossem apenas banais e a exacerbação estivesse em mim.
A minha terra nunca viveu de imigrantes, emigrantes ou migrantes: da terra para a terra. Com tradições culturais muito vincadas, é preciso ser-se apaixonado ou aficcionado para perceber/sentir o prazer das largadas de toiros, das esperas, da noite de sardinha assada e tardes dedicadas ao religioso: somos uma mistura de pagão e religioso, bem ao jeito de Nuestros Hermanos...afinal somos o Ribatejo.
Todos os anos "sinto" a festa menos um bocadinho e todos os anos ela me sente a mim menos um bocadinho também. Faz parte do processo natural de crescer e amadurecer, talvez. Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, talvez. Posso pensar em inúmeras (tentativas) explicações para justificar algo, quando bem no meu intimo, sei que nada tem a ver com a idade, maturidade e outras coisas que tais: tem sim a ver, com o meu intimo, com o meu olhar que deixou de captar as emoções associadas às festas. Os amigos partiram, fizeram o seu caminho e as festas perderam com as suas partidas, talvez de algum modo, eu também tenha partido sem sair daqui. Talvez me recuse a ver, a aceitar que o meu contexto já não é este, talvez não queira largar reminescências de um passado, talvez....
As festas estão à porta, não as antecipo ou sequer desejo. Não tivesse o Universo conspirado e partiria antes do seu começo: ter a experiência de passar um ano longe das mesmas e avaliar o que sentia. Não foi possível. Ficarei e vamos ver!
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