segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sensações...

Por mais que tenta-se sair do marasmo em que se encontrava, a saída não se apresentava nítida. Ou talvez estivesse mas a sua perturbação não lho permitisse ver. Às vezes as soluções são as coisas simples, as que olhamos no dia a dia mas não valorizamos. Ignoramos o óbvio. Sentado naquele chão os pensamentos eram invasores: controlavam os sentimentos que de repente pareciam ter ganho vida própria. Devia permitir-lhes essa expontaneadade? Saberia vivê-los ou aguentar as sensações que provocam? Nunca se tinha permitido viver nas e das emoções: era racional. Pára!! Era? Inconscientemente começava a questionar-se. Algo mudava. Chegara a mudança. Olhou para o seu lado esquerdo e apenas vislumbrava um túnel escuro, sombrio e triste, no fundo era possivel avistar um vulto. O desenho lembrava a figura humana, mais exactamente, a figura de um homem. Olhando para esse buraco que se erguia dentro de si, conseguia perceber agora, que o vulto só e escondido no fundo era ele próprio. Estava a viver com os sentimentos em espiral, terminando num gigantesco circulo. Dados viciados. Comportamentos viciados. Fácil. Defesa. Chega, porra!
Racionalizar, operacionalizar e sistematizar os factos, os acontecimentos, os sentimentos e pior: as emoções. Tinha de acabar. Acabou. Virando-se lentamente, decidiu que não olharia para a sua esquerda. Não gostava do que sentia. Aquela figura- fundo ia transformá-la numa névoa que com o tempo desvaneceria completamente. Embrenhado nestes pensamentos nem se apercebeu que se encontrava junto a um novo túnel. Portões nobres, firmes. Colossos. Olhou para o interior à medida que esses colossos se escancaravam de par em par, num movimento tão sereno, tão suave que parecia fácil. Percebeu. É fácil. Apurou o olhar, activou a audição e mais importante soltou a pele. Táctil o sentir. Não tinha medo, nada receava, sabia-se guardado e protegido. Seres de luz. No fundo deste túnel, cujas paredes são raiadas de uma luz incandescente, brota uma energia pura e vigorosa que lhe entra pelas narinas alimentando-o. Caminha seguro. Sabe. No fundo uma multidão está reunida, sentem-se os sorrisos, as palavras são carinho, os gestos ternura. Há amor. Dá-se e recebe. Tinha entrado, estava junto da multidão, com ela partilhava emoções, intuições. Ouvia-se rir, sentia-se em paz e tranquilo. Entregava-se e recebia. Soberba a sensação. Entrou no lado direito. Desbloqueada. Estava vivo.

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