sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Inverno

Olho pela janela e tento imaginar o tempo que faz lá fora. As arvores executam uma dança acelerada e descontrolada, chove numa cadência ritmada. O frio é gélido e com certeza exige um bom agasalho. Saio para a rua e o vento é cortante, um misto de dor e prazer, os olhos lacrimejam tentando adaptar-se, a chuva é mais intensa do que parecia e está fria. Custa tanto levantar neste tempo, sair, conduzir ou andar na rua. O regresso a casa é um pensamento premente e recorrente.
Às vezes perco-me a olhar para quem passa, para quem conheço e pergunto-me como existem pessoas capazes de viver com um coração gélido, de ter vidas invernosas e o porquê de se deixarem ficar na chuva. Será que também desejam o regresso a casa. Será que as suas lareiras mostram labaredas de laranja vivo capazes de aquecer o ar mais cavernoso. O fogo aquece não só o ambiente fisico mas também o anímico, por vezes, o calor que vem de dentro chega para sentir aconchego. Sempre se disse que no Outono e Inverno as pessoas deprimem, porque o tempo é propenso a isso, porque os horários mudam e a pituitária leva tempo a reajustar-se e porque...e porque...é aquela altura do ano que apetece ficar aninhado, apetece trocar carinhos, beijos e "aqueles" abraços de chama laranja viva. Talvez mais que uma questão de temperaturas e ciclo de sol, seja uma altura do ano em que a solidão tem um peso maior, em que os sentimentos e as emoções se encontram mais activas e mais sensíveis. Diz-se que no verão o calor liberta as pessoas e existe uma maior vontade de sair e ter namoros, amigos coloridos e por aí fora. Sinto que verão e inverno são antagónicos, o reverso da mesma moeda: no verão apetece o contacto sexual, a entrega na liberdade do descomprometimento, o verão relaciona-se com o sexual, o imediato, enquanto que o inverno apela a sentimentos intensos e reconfortantes, apela ao amor, à junção de quereres, ao sensual. São complementares e tem de ser geridos de modo a não se tornarem bichos dominadores e destrutivos. Gosto do Inverno.

8 comentários:

Razek Seravhat 24 de dezembro de 2009 às 21:11  

A metáfora com o coração gélida não poderia ser mais intensa.

Ternura sempre!

Se quiser me reencontrar é só seguir o voo da esperança

L. K. 29 de dezembro de 2009 às 16:04  

Anderson, :)

Bem vindo e Boas Festas.

L. K. 29 de dezembro de 2009 às 16:06  

Razek Seravhat, é a ternura que nos faz ver os arco-iris da vida, é ela que impede a existência de Corações gélidos :)

Boas Festas!

L. K. 31 de dezembro de 2009 às 14:53  

Douglas Alison,

Obrigado pela visita e um Feliz 2010!

Byrne 31 de dezembro de 2009 às 17:38  

INVERNOS assim, até parecem verões...
Voltarei...

L. K. 3 de janeiro de 2010 às 21:32  

Byrne,

o sol brilha sempre que quisermos e há invernos escaldantes e verões gélidos...nós escolhemos :)

Bem vindo e bom 2010!

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