terça-feira, 22 de setembro de 2009

Divagando (4)

Pode amar-se mais de uma pessoa em simultâneo. Talvez os dois objectos de amor sejam complementares entre si e completem uma terceira pessoa. Não serão amores iguais mas simétricos, talvez a intensidade seja a mesma. Acredito que se vivam relações duais sem as conceber como traições. Acredito que a escolha não seja fácil e muito sinceramente nem sei se deva haver escolha. Deve sim haver verdade e libertar-se aquele que não quiser compactuar com a divisão de seres e sentimentos. Não acredito que em caso de concordância, numa tríade, haja qualquer necessidade de partilhas porque também acredito que se partilhassem entre si os corpos, as vivências e os desejos perderia o essencial que é nada mais que uma pessoa amar outras duas com equidade. Acredito que a verdade após revelada deva ser uma mentira transparente. Respeito.
Respeito que duas pessoas se amem o suficiente para não abdicarem uma da outra mas terem consciência que não conseguiriam viver uma com a outra. Não respeito que se casem com terceiros, construam vidas paralelas a um romance que longe de estar no fim, teve inicio antes de qualquer outro compromisso.
Não saberia amar duas pessoas em simultâneo ou alternadas. Não viveria numa dessas situações de partilha, de dualidade, nem da minha parte, nem da parte de outrem, caso o soubesse claro está. Não por ser traição, não considero que esta palavra tenha uma definição assim tão linear e comum a todos. Penso sim, que é traição tudo o que faz a pessoa alvo da mesma sentir-se desrespeitada em primeiro lugar e consequentemente desvalorizada, humilhada e pior culpabilizada: o que fiz?, onde errei? Não lhe chego? Cada individuo terá a sua própria definição quer de amar, do acto de amar, quer dos limites que tem de ser passados para ser sentido como traição.
A vida que levamos, os processos que atravessamos, as diferentes pessoas que num ou outro momento se cruzam connosco levam-nos a amar, a identificarmo-nos com pessoas diferentes, de personalidades diferentes. O que é justo porque se evoluimos em todas as areas da nossa vida é normal que a determinada altura sejamos atraidos por outras caracteristicas mais similares ou conhecedoras das nossas experiencias de vida. Evolução. Talvez o amar duas pessoas a determinada altura também seja derivado de quem fomos e de quem somos: o melhor de dois mundos, quem caminhou na estrada Y e quem precisamos, no hoje, para caminhar nesta nova auto-estrada.
Quando nos dividimos entre dois amores de que lado está a nossa vida? Quando amamos dois seres em simultâneo, a quem nos damos verdadeiramente. Para quem não há segredos? Quando vivemos na dualidade em quem confiamos? Quando precisamos de dois para se complementarem e nos preencherem qual o nosso papel na gestão da autonomia de processos internos? E quando um ou os dois desaparecem serão precisos outros dois amores para preencher esse vazio?
No fim...no fim o vazio é a unica constante num amor dividido que não sabe existir quando se entrega por inteiro.

3 comentários:

Me 26 de setembro de 2009 às 11:32  

Logística... Tudo se resume a logística.
Há quem confie nas suas capacidades de organização e assuma tal desafio e depois há quem saiba que uma vez escolhidoo caminho, não pode haver desvios que o tornem mais suave ou amargo ou doce ou seja o que for.
De certa forma, admiro quem possua capacidade de dividir o cérebro (e não só) ao meio e consiga essa duplicidade.
Trabalhos me dessem...

Bom fim-de-semana.

L. K. 26 de setembro de 2009 às 15:46  

Oi Me,

concordo em absoluto que este tipo de dualidades exige demasiada logistica e uma cabeça paranóide em capacidade de memória...mas e porque há sempre um mas também acredito que é essa mesma logistica que faça movimentar o elo do triângulo, ou seja, a mentira, o engano, a astucia entre outras coisas necessárias ao sucesso de tais situações são elementos que provocam grande carga adrenérgica, os picos de serotonina e lecitina atingem o auge, logo, fico a pensar: Não será essa mesma logistica a causadora de se afirmar "eu tenho dois amores?"

bom fim de semana

Me 27 de setembro de 2009 às 13:03  

Hmmm...
Do tipo "se eu tiver capacidade para, então butes?"...

Admito a utiidade desse ponto. Sei que não consigo correr os 100metros em menos de 10 segundos... logo...

É justo.
:)

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