segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Oh Querida (?!?)

Crescer não é fácil. E ser crescido também não. Lidar com os crescidos pode ser uma aventura em que são as capacidades infantis que possuimos que nos fazem ser bem sucedidos, ou não. O mais difícil é sabermos se estamos a ser demasiado crescidos ou se pelo contrário, somos uns bebés. É preciso manter a infantilidade para lidarmos com os nossos filhos, sobrinhos e crianças com as quais nos cruzamos. Numa relação a dois o inicio é marcado por crises adolescentis e atitudes acriançadas. Quantos casais não conhecemos que falam um para o outro abebezado. Nunca percebi se é sinal de meiguice, se é sensual (?!?) ou se está instituído como forma carinhosa de dar a perceber ao outro que se gosta. Seja aquilo que for, sinceramente, acho ridículo, acho que diminui o outro e roça a hipocrisia, porque leva a que se aceite coisas da parte de outrem que ditas com a verbalização adequada a um adulto seriam quase ofensivas - Ohh, poque é que a minha bebézinha tá a ser uma pa'vinha (?!?) - inferiorizantes são de certeza. Mas tudo bem, é intrinseco à relação de casal, DAQUELE casal, claro está, agora quando quem nos fala assim são colegas de trabalho, amigos ou mais grave - profissionais a quem temos de recorrer por uma qualquer razão, aí...bem aí...oh valha-me a Santa e que me dê paciência.
Não gosto deste babytalk aplicado ou usado entre adultos, quer na vida privada, quer na social cheira-me sempre a substimação e a atestados de estupidez dissimulados como aquela celebre frase de - Oh minha querida, a querida não está a perceber - é traduzida na minha cabeça como: "FDX que é burra não me digas que é preciso um desenho para perceberes".
Há pouco tempo fui a um osteopata devido a duas vértebras que há uns anos foram mal tratadas e agora resolveram fazer-se ouvir. Senhor simpático mas nada empático no entanto com duas certezas absolutas: que é irresistível e que tem graça (?!?). Não empatizamos, porque desde o primeiro minuto resolveu tratar-me por "minha querida", "a querida se não relaxar não posso tratá-la" (?!?) e fazer-me sentir uma atrasada mental: "Vá lá querida eu sei que dói mas não é preciso estar com essa cara, olhe me aqui tão perto e tão sorridente não dói nada" (blhacccc ?!?). Óbvio que a postura do srº começou a irritar-me mais que a dor sentida e a ripostar com algumas observações sarcásticas e de humor negro, em relação a ele, claro. Moral da história: estive duas horas em tortura psicológica, porque com tanta estupidez abstraí-me das dores, andei uma semana descadeirada, nunca lhe mostrei os dentes porque só me apetecia dizer-lhe palavras que uma Srª não profere e até hoje ainda não percebi se a postura de engatatão/ bonzão/ garanhão cheio de graçolas de merda é uma técnica para o paciente se abstrair da dor inflingida e que ainda vai pagar ou se ele realmente vê aquela imagem no espelho quando se levanta de manhã. O que me leva a ter muita curiosidade e a desejar ser mosquito, em primeiro para lhe ferroar e depois para ver a parte do atendimento de um paciente masculino: "- Ohhh meu querido não seja bebé, eu sei que dói mas não é razão para o querido estar com essa cara. Oh querido olhe-me aqui tão perto a mexer-lhe nos gémeos e não me dói nada."

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