terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Ser Criança

Cada segundo constroi um minuto...cada minuto, uma hora...cada hora, dias e cada dia meses...tudo somado são anos, pormenores desvalorizados de suma importância. Lembro-me de alguns desses minutos, dias, horas e meses, outros nem tanto. Se em algum desses dias chorei segundos, na alma senti-o como dias. A tristeza é sempre exacerbada no tempo e quando posto na balança reparamos que foram mais os dias que sorrimos ou que simplesmente nada aconteceu...nada digno de marcar a alma e com direito a ser recordado. Os adultos teimam em deixar morrer a criança que existe dentro de si, não compreendem que há certas coisas que apenas podem ser vividas ou vistas com o olhar da criança. Ao crescermos devíamos lembrar de alimentar permanentemente a criança que vive em nós...e que aparece quando estamos estupidamente apaixonados ou eufóricos por uma qualquer alegria. A perda da criança interior torna-nos soturnos e desprovidos de espontaneidade, torna os dias menos risonhos e as cores menos brilhantes. Libertar essa criança nem sempre é fácil, o medo da exposição ao ridículo, o medo de gostar e ser feliz com ela, quando o que se pede é que libertemos a curiosidade típica das crianças, a sua impulsividade e a liberdade para dizer "amo-te", "gosto de ti" apenas porque sim, porque é verdade e porque apetece...dar um abraço, chorar, rir ou amuar...as crianças não se coíbem de expressar o que sentem, não temem o ridículo. A minha criança às vezes é mais sábia que eu, e o seu olhar...como é bom ver o mundo através dela...ainda hoje permito que exista e apareça.É bem recebida sempre que se quiser manifestar, sou eu, faz parte de mim e não a vou deixar morrer....os dias ficariam muito mais cinzentos.

36 comentários:

S. G. 30 de dezembro de 2008 às 18:09  

é nessa fase que nascem os recalcamentos :) embora a minha mãe diga que se eu não me lembro de quase nada na infância é porque não tive grandes problemas :) adoro ver a criança que há em mim a espreitar, mas não deixo de a educar.

L. K. 30 de dezembro de 2008 às 20:05  

Como todas as crianças a nossa tambem tem de ser educada, mas é preciso cuidado porque educações demasiado autoritarias ou repressivas acabam por levar aos tais recalcamentos que falas e que condicionaram para sempre a vida dos infelizes que a eles foram sujeitos...e alegra-me que não sejas um recalcado...as acções projectivas iriam condicionar-te miseravelmente :)

S. G. 31 de dezembro de 2008 às 10:01  

explica lá esse conceito de acções projectivas :)

L. K. 31 de dezembro de 2008 às 11:46  

olá S.G.

Quando existem recalcamentos, significa que a informação está lá mas que está armazenada no inconsciente e não temos acesso directo à mesma. No entanto, quando estamos perante estimulos adequados acabamos por ter acções projectivas, ou seja, há o espelhamento de algo que está no inconsciente através do agir...por isso te dizia (noutro post e acho que no teu blog???) que às vezes é mesmo preciso o psicologo :)

S. G. 31 de dezembro de 2008 às 14:18  

cientificamente não está provado que exista sub-consciente. e depois seremos sempre o resultado da nossa experiência, boa ou má, são todas importantes. é como o medo. ele existe para nos ajudar. é como a febre. as pessoas pensam que é mau ter febre, mas não é, é o sinal a avisar que algo está mal. e por aí fora...

L. K. 31 de dezembro de 2008 às 14:35  

Sub-consciente não existe, são três os eixos: consciente, incosciente e id. Nós só temos acesso ao consciente como sabes. E sim, é muito bom ter febre, é expressão de sintoma de que algo está mal no organismo e o medo é uma reacção adaptativa de sobrevivência. Se não existisse o medo (principalmente as crianças) corriamos o risco de nos matarmos ou de ser mortos por sermos incautos. Em relação a sermos resultado da nossa experência (boa/má), penso que vai para além disso, tem a ver igualmente com os contextos (macro e microsistemas)e as pessoas que nos rodeiam e por aí fora :)

S. G. 31 de dezembro de 2008 às 14:43  

próxima explicação, macro e microsistemas.

seja com quem for que se tenha tido a experiencia ela vai-se repetir. é qie mais tarde, mesmo sendo com outras pessoas, as causas e os efeitos serão os mesmos. seja bom ou mau, o importante é perceber que elas irão acontecer de novo. (se esquecermos aqui momentaneamente a lei de murphy)

L. K. 31 de dezembro de 2008 às 15:47  

Muito importante e sempre na hora certa ?!? a grande Lei de Murphy, o raio dos pormenores...ehehehehehehheeh. Nisso concordo contigo a maioria das experiencias acabam a reproduzir-se numa sequência de causa -efeito, ou melhor Realização de profecias, o que também é possivel de aprender a contornar (dá é muito trabalho e tem de se querer mesmo).

Nos vivemos inseridos em sistemas contextuais: macrosistemas, exosistemas, mesosistemas e microsistemas. O que quer dizer, que o microsistema de base é a familia nuclear; o mesosistema pode ser o bairro/rua onde vivemos, que possui uma dinamica própria, o exosistema seram os pares, vizinhos ou familia alargada e o macrosistema, dependendo do contexto ao qual nos dirigimos poderá ser a nossa terra, a nossa região ou o nosso pais, tem a ver com atitudes e ideologias culturais. É o Modelo dos Sistemas bioecológicos de Bronfenbrenner (caso queiras conhecer melhor).

S. G. 31 de dezembro de 2008 às 15:55  

o problema é quando não se quer contornar o que se sabe que irá acabar mal, porque sabemos que é bom.

(não vou formular mais questões técnicas porque te tiro muito tempo :)

L. K. 31 de dezembro de 2008 às 17:51  

Não me tiras tempo nenhum e nunca hesites em tirar dúvidas...é o que nos faz evoluir :) além disso gosto de dissertar sobre estas coisas...eheheheheheh


Em relação ao resto percebo exactamente o que queres dizer, analogamente, é como beber gordon's e mesmo sabendo que o ultimo copo vai estragar tudo...bebe-se na mesma :) e...isto aplica-se a tudo na vida até às relações que estabelecemos e que por vezes são destrutivas mas continuamos e continuamos...

S. G. 31 de dezembro de 2008 às 18:46  

(no fundo és uma boa companhia pronto. e hoje em especial)

eu é mais vinho. e também sei que irei continuar a fazer isso do último copo.

quanto às relações, não sei se deixo isso acontecer. um bom ano para ti.

L. K. 31 de dezembro de 2008 às 19:11  

Também gosto da tua companhia :)

Gordons's tónico são noites loucas...eheheheh...esqueces-te que me convidei para partilhar o teu Eugénio D'Almeida tinto...sou fã de tinto bom :)


Um excelente 2009 para ti, pelo menos muito doce ;)

S. G. 1 de janeiro de 2009 às 14:38  

eu sou uma boa companhia até desatar a desfiar as minhas questões existenciais. estarias desgraçada se tivesses que responder a todas.

um 2009 em grande para ti com gordon's ou E.A.

S. G. 1 de janeiro de 2009 às 14:38  

eu sou uma boa companhia até desatar a desfiar as minhas questões existenciais. estarias desgraçada se tivesses que responder a todas.

um 2009 em grande para ti com gordon's ou E.A.

L. K. 1 de janeiro de 2009 às 18:02  

Não ficaria desgraçada por responder às tuas questões existênciais porque me interesso por tudo o que é caos e desordem...ehehehehheh...e mesmo com questões existênciais quem aprecia a tua companhia não pode ficar só com as qualidades também têm que saber tirar vantagens dos defeitos...o que para mim não passa apenas de personalidade...é um conjunto harmonioso :)

S. G. 1 de janeiro de 2009 às 18:18  

ora aí está a questão,

como se tira vantagem dos defeitos? eu não sou grande companhia neste momento. prefiro estar sozinho a resolver-me. só assim se tomam decisões com conta, peso e medida.

agora sou eu que agradeço, mas duvido que resolvesses o meu caos e desordem...

L. K. 1 de janeiro de 2009 às 18:49  

Mas quando se aprende a tirar vantagens dos defeitos é quando se aprende a amar...viver com o lado bom é fácil, entender e respeitar o nosso lado negro não é para qualquer um...acho que se encontra o verdadeiro amor quando temos ao nosso lado alguém que sabe viver com os nossos defeitos e trabalha-los ao ponto de a determinada altura acharmos que são qualidades :)
Mesmo a teres de te resolver, serás sempre boa companhia para os "verdadeiros", é na troca de palavras, dores e experiências que adquirimos algum do nosso insight :)

sou boa no caos e desordem...sou forcado da cara ;)

S. G. 1 de janeiro de 2009 às 19:00  

nisso concordo, não era nessa perspectiva que eu estava a ver o assunto. eu sei bem que só se ama alguém realmente quando isso acontece, quando cedemos parte de nós e recebemos o mesmo. mas eu acho mais, se realmente amamos alguém os defeitos nem seuqer tÊm importância nenhuma, para mim nem existem nesses casos, tudo não passa da busca do equilibrio. isso dá trabalho, mas é recompensador.

posso ser boa companhia, porque sou de bom trato e as pessoas gostam de mim facilmente, mas os problemas só muito dificilmente partilho com alguém. esses eu sou capaz de resolver, demore o tempo que demorar.

sim, essa do forcado na cara é uma boa forma de se enfrentar as coisas. e resolvê-las.

L. K. 1 de janeiro de 2009 às 20:11  

"os problemas só muito dificilmente partilho com alguém."

A relação é partilha e o amor também é amizade. Vocês (homens) pecam pela ausência de comunicação eficaz e em tempo real...a carga quando dividida é mais leve de transportar...sei que resolves sozinho, mas quem está a teu lado sente-se excluido e posto de parte em algo tão importante como os assuntos que te atormentam...é isso que gera o caos e a desordem :)
Aproveita 2009 e renova-te, verás que se torna mais fácil a caminhada...não sou ninguém, mas fala homem que te ouço :)

S. G. 1 de janeiro de 2009 às 20:38  

aprendi que numa relação há coisas que só trazem confusão, más interpretações e sendo assim há coisas que não devem ser partilhadas (atenção que aqui não estou a falar em esconder o que quer que seja, apenas são assuntos que quebram a harmonia)

(normalmente o meu pilar do amor, dá-me a paz suficiente - quando há verdadeiro amor - de tal forma que deixo de ter problemas deste género)

neste momento o facto de estar sozinho tem-me permitido ver outras coisas importantes na vida. talvez por isso sinta que tenho de resolver bem alguns desejos que preciso ter esclarecidos.

L. K. 2 de janeiro de 2009 às 02:42  

Quando estamos/ficamos sós evoluimos melhor e mais rapidamente. Descobrimos que afinal sobrevive-se e vive-se...olhamos para dentro e enquanto se espera que a ferida sare aprendemos o melhor de nós. Na próxima relãção há erros (ou não erros) que já não se cometem. Se na nossa cabeça existem assuntos que quebram a harmonia do dual, é a esses que temos de dar ouvidos, normalmente a nossa intuição é mais atenta que nós, porque as más interpretações surgem da falta de confiança no próprio e no outro, um bom julgador por si se julga :)

S. G. 2 de janeiro de 2009 às 14:04  

eu prefiro estar soxinho a estar com alguém que não sinta uma relação como estável e duradoura. simplesmente não quero. é preferível estar só e aprender o que temos de melhor para dar. talvez asim quando aparecer alguém, se mostre de uma forma mais simples o que são verdadeiros sentimentos.

de resto se não há confiança, e admito ter uma ferida que me deixa desconfiado facilmente, sem essa confiança não há mais possibilidade nenhuma. é um processo de conquista que tem de ser rápido, havendo confiança está erigido um pilar fundamental na relação.

L. K. 2 de janeiro de 2009 às 14:21  

Plenamente de acordo, a confiança é um dos pilares de fundação de qualquer tipo de relacionamento. As feridas fazem-nos ficar desconfiados das intenções dos outros, mas como já disse antes, se cedemos e vamos atrás em prol de uma qualquer harmonia, essa será sempre a nossa função quando algo fica menos bem...o outro habitua-se a que sejamos nós a ir, a correr atrás...sinto que esse esforço é inglório e doi mais que estar sozinho.

S. G. 2 de janeiro de 2009 às 14:48  

desculpa mas esta a ser dificil falar disto. não que me incomode, mas tocaste num assunto que me deixou intrigado. o facto de ser um ou outro a andar atras, parece luta de criança e preciso de pensar bem nisso.

a par de umas quantas coisas que ainda nao percebo bem...

escreve um post novo faz favor :P

L. K. 2 de janeiro de 2009 às 15:01  

É sempre dificil falar do que dói, mas também é assim que surgem novas duvidas e modos de resolução.
E normalmente as coisas de adultos, nestas situações, são muito semelhantes às de criança e há coisas que só vais perceber com o passar do tempo...apenas porque tem de ser assim.
...e já escrevi um novo post :p

S. G. 2 de janeiro de 2009 às 15:10  

"há coisas que só vais perceber com o passar do tempo...apenas porque tem de ser assim"

não vou deixar ser alguém a decidir a minha vida (eu e a pessoa com quero estar). depois de decidido então seja o que a vida obriga a ser.

não sei mais que dizer sobre isto hoje. vou mandar uma msg so para que ela não diga que estou a ser criança.

L. K. 2 de janeiro de 2009 às 15:16  

Manda-lhe a sms apenas porque te apetece, sê verdadeiro contigo para que possas ser com ela igualmente...e a vida não obriga a nada, é um imenso corredor cheio de portas, somos nós que escolhemos onde entramos e o que fazemos com a informação. Se existem imensas coisas que são os designios de Deus para nós, outras há que são livre arbítrio. Não penses mais hoje, se tiveres tempo e disponibilidade emocional, deixa apenas os pensamentos fluirem livremente, aí está a resposta, pode é não ser a que queres.

S. G. 2 de janeiro de 2009 às 15:24  

não te preocupes que ela sabe que tudo o que lhe digo é verdadeiro. e tu, que podes ainda nao ter percebido isso, fica com essa certeza também.

e como ainda nao respondeu suponho que esteja a pensar o mesmo que tu. vou sair e tomar um café com os meus livros, eles nunca me falham...

L. K. 2 de janeiro de 2009 às 15:33  

Eu sou a eterna crente, acredito que os outros são bons e verdadeiros mesmo quando eles não o sabem...é o lado do: um bom julgador por si se julga...logo nunca duvidei que fosses verdadeiro, apesar de dizeres "o poeta é um fingidor" eu acredito que o poeta apenas se confessa ao papel :)

e se não te respondeu (ainda), não sejas tu a pensar que é por querer fazer-te sofrer...pode precisar desse tempo, o que tu sabes como pensador que és ;)

Os livros sao boa companhia e tambem nos põem a pensar e esclarecem-nos: se tiveres oportunidade lê: "comer, orar e amar"...vale a pena :)

S. G. 2 de janeiro de 2009 às 18:38  

a mulher da msg é crecida e sabe o que quer, não é o mesmo que eu. paciencia, não se forçam as coisas.

os livros foram uma boa companhia o ano de 2008, suponho que continuarão a ser a melhor de 2009.

ao que me parece andam todos a fingir que sabe tudo da vida. eu como não sei remeto-me ao silêncio sobre isso.

L. K. 2 de janeiro de 2009 às 18:45  

Felizmente ninguém sabe tudo da vida...apenas se podem trocar vivências, experiências e opiniões e até mesmo nessas há que existir a humildade de ponderar se a nossa percepção do imediato era racional ou emocional.

S. G. 2 de janeiro de 2009 às 18:49  

não me arrependo de nada. mesmo nada. se pudesse voltava a fazer tudo. tem é de ser com alguém que tenha os mesmo objectivos que tu. não se pode remar em duas direcções diferentes. eu gosto da sinceridade das pessoas. não se enganam sentimentos, nem os nossos nem o dos outros. por isso o paaso em frente é dado mais facilmente porque admites que tudo aconteceu porque tinha de acontecer.

L. K. 2 de janeiro de 2009 às 18:55  

Isso remete-nos à questão original: Não procuramos todos caminhar numa estrada equitativa, em que as diferenças nada mais são do que semelhanças num projecto de vida comum :)

Eu quero.

S. G. 2 de janeiro de 2009 às 18:57  

há quem não queira.

eu já não sei o que quero. quero paz e sossego. estou cansado de procurar o que já não existe. um dia aprendo a desistir.

não sou bom conselheiro como vês.

L. K. 2 de janeiro de 2009 às 19:05  

Nunca vais desistir, porque isso seria desistires de ti mesmo...e quem tem a coragem de "olhar para dentro", não desiste nunca...por vezes os timming's estão é desfazados mas sabemos sempre o que queremos.

S. G. 2 de janeiro de 2009 às 19:39  

seja então desistir de mim mesmo. não quero neste momento pensar nisso. não me preocupa o que posso ter ou não. nao sei, mas olha, isto não leva a lado nenhum, e eu não vou acrescentar nada de bom a isto.

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