sábado, 20 de dezembro de 2008

Mudança

Transformo a dor num grito mudo,
a solidão numa defesa.
Transformo o desespero em luta,
e a angustia em caminho,
sou uma nao-pessoa,que existe num nao-lugar,
não me vêem, não me ouvem...
porque sou silêncio...sou fuga
não me sentem, não me desejam,
porque sou nevoeiro...sou brisa
construo uma estrada,caminho de fogo
...e fujo...
corro, corro e escondo-me
sou saudade, sou ilusão
sou alegria sou solidão...
queria voar...mas já não tenho asas,
queria gritar...mas já não tenho voz
queria...apenas ser livre
mas estou presa em mim.
Sou como o vento,
não tenho cor,
sou como a noite,
guardiã de mistérios
que escondidos não estão,
não vêem?????
não vêem, porque não olham,
não sentem porque não param
não se encontram porque......recusam procurar-se...
existo...na saudade do que nunca fui
existo...na lembrança do que nunca serei
existo...num olhar
que olha...mas não me vê...
hoje disseram-me uma coisa que me deixou a pensar: o que tu gostas já não existe, é como quando vais ao stand buscar o carro dos teus sonhos...daí a um mês, já não te lembras como o querias e a paixão que tinhas por ele...já tens um novo carro de sonhos...
o que me remete para: "Nada se cria, nada se perde...tudo se transforma" (Lavoisier)
Quando era criança e mais tarde adolescente adorava a magia do Natal, o mês de Dezembro era diferente, o cheiro nas ruas era diferente, fazia-me sentir bem e recordo, (anos mais tarde), sair do trabalho e ir ter com amigos à tasca do costume e conviver até ser horas. Todos os dias durante o mês de Dezembro se repetia este ritual e para ajudar havia sempre alguém que levava uns doces ou qualquer outro simbolismo para assinalar o fim de tarde. Alguns casaram e tiveram filhos e cpmeçou-se uma nova etapa...os filhos vinham também e entre copos, conversas e gargalhadas todos davam um "olhinho" aos putos...adorava estes finais de tarde e duravam até dia 24 à tardinha.
Algures no meio deste caminho perdeu-se o hábito, as vidas mudaram e muitos de nós estamos longe (trabalhamos longe)...a realidade transformou-se, nós mudámos, adaptámo-nos às necessidades do "ser crescido"...e no entanto identifico-me tanto com essa pessoa que viveu tudo isso...são as memórias doces do crescer. Olho no espelho e vejo a mesma adolescente, de sorriso fácil e sempre a ver o melhor dos outros...hoje consegui ter um bocadinho desse passado e voltámos novamente a ser aqueles despreocupados tipicos da adolescência...espero que tenham "enchido" o peito como eu...estou contente ;)

2 comentários:

S. G. 21 de dezembro de 2008 às 14:20  

nada comoprocurar no espelho o que nos faz falta. se piscarmos o olho a nós próprios sentimos senpre a importância que temos e o que ainda nos falta fazer de bom.

e nunca pode ser mau ter saudades, deve ser bom. deve servir para dizermos que fomos felizes e que ainda o seremos mais.

(a alegria quando se nota nas palavras, contagia-nos :)

L. K. 22 de dezembro de 2008 às 00:03  

Olá S.G.

hoje concordo em tudo :)
o espelho é a projecção do Eu e é bom gostarmos do que está reflectido...Eu gosto e sou saudosa por natureza (não no arrependimento porque tudo o que fazemos é porque na altura achamos que era o mais correto)...ao ponto de (às vezes) ter saudades de me ouvir rir..eheheheheh...por isso se diz que não devemos voltar aos lugares onde fomos felizes porque são esses lugares que alimentam as memórias doces e claro que ainda seremos mais felizes...se é o que procuramos, se é o que queremos, será o que iremos ter...basta Acreditar ;)

(Continuo bem bem disposta e um bocado pó Zen :) )

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