segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

(Des)conversa

Numa esplanada, ele chegou, sentou-se e….


Ele - épa, não consigo perceber as mulheres, são umas complicadas.

Eu – olá para ti também…e vocês são simples queres ver?

Ele – simples? Básicos mesmo… comparativamente…

Eu – já cá faltava, comparativamente a quê?

Ele – merdas simples, tipo um gajo chega a casa e senta-se ela passa e diz:
Ela - Bolas, hoje ainda tive de ir ao supermercado quando saí do trabalho comprar detergente para a roupa.
Não respondi, achei que ela já tinha dito tudo…mas 10 minutos depois:
Ela - hoje apanhei uma fila na caixa quando fui ao supermercado.
Achei que era só informação não disse nada mas ao jantar:
Ela - hoje quando fui comprar o detergente é que estava a pensar no dinheiro que se gasta nestas coisas.
À terceira achei por bem responder:
- podias ter telefonado que te fazia isso.
Ela – para quê? Para fazeres o mesmo que da outra vez, agarras-te no primeiro que viste e já está…para isso vou lá eu.
Então porque é que estás a falar disso outra vez, até parece que ir ao supermercado é ir à amazónia ou aconteceu-te alguma coisa?
Ela – não se pode mesmo falar contigo, e porque é que tinha de me acontecer alguma coisa? Por acaso é preciso tirar um curso para ir ao supermercado, queres ver?
Pronto e amuou e agora são três dias por causa de um detergente.

Eu – porra pá, vocês são cá uns egoístas, ate parece que não gostas de partilhar as tuas cenas também e que te ouçam, o problema não é o detergente: é ser ouvida que lhe dês atenção.
.
Ele – atenção numa ida ao supermercado, estás a ver como são complicadas, os homens são muito mais básicos.

Eu – já é a segunda vez que dizes isso, explica lá então o que é que dizias?

Ele – em primeiro lugar só dizia porque já sei que se não disse-se depois ainda tinha de ouvir mas era assim: hoje quando sai do trabalho ainda tive de ir comprar escovas para o carro.
Ela – e?
- E? Nada, pu-las no carro e vim-me embora.
Ela – ahh, só isso, não te aconteceu mais nada, não viste ninguém?
- Não
E a conversa acabava.

Eu – só isso? De certeza que falaste com alguém ou que te aconteceu alguma coisa?

Ele (aborrecido) – merda! Não se pode mesmo falar com vocês…já viste quantas perguntas já fizeste de rajada? Dois gajos a conversar e isto tinha-se ficado logo nas escovas e no carro.



Levantou-se e foi-se embora.

6 comentários:

S. G. 24 de dezembro de 2008 às 13:12  

nestas coisas eu concordo. sou pouco falador e muito prático. mas também compreendo as mulheres. enfim nada como procurar um meio termo :)

L. K. 24 de dezembro de 2008 às 13:59  

A vossa praticidade é demasiado prática e introvertida...o que nos enlouquece furiosamente..eheheheheheh..e deixa inseguras e..e..e..e...todas as outras coisas que depois fazemos pa vos enlouquecer a vós..eheheheh...o problem não é a praticidade é mesmo a falta de "observar e absorver" os pormenores...traduzido: dizermos 3xs uma merda sem assunto nenhum seria evitavél se logo à primeira viesse uma atençãozita porreira :D

e sim, concordo...o truque é o meio termo, ando à procura...mas não é o que todos procuramos...Sindrome Humpty Dumpty ;)

Me 26 de dezembro de 2008 às 05:59  

há homens que conhecem pormenores incriveis mas que não os contam porque parecem-lhes naturais e as mulheres nunca adivinhariam que eles sabem mas eles sabem e não dizem nada e elas refilam por acharem que eles não sabem e eu tenho sono e tenho mesmo de me ir deitar e acho que vocês me desculpam este devaneio. Ou não.

S. G. 26 de dezembro de 2008 às 10:22  

lizard,

não queremo stodos o meio termo? então que queremos? jubilo num dia, e depressão no outro? eu por mim prefiro a paz e o sossego todos os dias.

mas não é o meio termo que a senhora de baixo escreveu um dia no seu blog,

não é me? não é este meio termo que eu refiro, cito,

"Tenho uma amiga minha que diz que as pessoas, no geral, gostam de viver enganadas. Gostam de viver sob alçada de uma mentira piedosa ou sob o chapéu de uma verdade não completa do que ter a totalidade de uma ou outra nas mãos. Ela diz que saber isto sobre o ser humano é meio caminho andado para o sucesso, para uma vida descansada em que sabemos, à partida, que as pessoas só vão crer naquilo que querem, que não vão fazer grandes esforços para descobrir nem uma nem outra. Que o meio termo é o ideal. Nem verdade nem mentira.
Infelizmente, tenho de concordar com ela. Vejo isso todos os dias. Vejo isso com pessoas que me são chegadas e que preferem passar o tempo a debater as razões de busca de uma verdade ou mentira em que vez de se preocuparem que o simples facto de já estarem a debater isso é porque algo não está bem. Todos os dias assisto a pessoas que tomam decisões com base em informação seleccionada de antemão para melhor justificar aquilo que queriam e desejavam fazer desde o início. Já sabiam o fim que queriam; arranjaram os meios. Todos os dias vejo olhares incompletos, olhares vazios que se fecham perante a ameaça de algum pedaço de informação que possa obrigá-las a abri-los de vez. Pessoas que, cheias de medo, fazem tudo para evitar o sofrimento que a confirmação desse medo traz."

o meu meio termo é uma certeza tão grande que nem há lugar para dúvidas.

desculpem o meu comentário.

L. K. 26 de dezembro de 2008 às 11:42  

Me,

tens toda a razão. Os homens sabem pormenores incriveis e têm a frieza de os desvalorizar e fazerem-nos sofrer por coisas que seriam tão simples se fossem logo ditas...mas em vez disso deixam que a duvida e a desconfiança se instale :(

Não são todos iguais...Acredito que hajam uns exemplares diferentes...menos poucachinhos ;)

L. K. 26 de dezembro de 2008 às 11:54  

S.G.
o teu comentário é sempre bem vindo:)

E também não acredito em meias verdades ou meias mentiras...aliás sou a mulher que não gosta de cinzento, não vivo no cinzento, como disses-te e bem: "o meu meio termo é uma certeza tão grande que nem há lugar para dúvidas."


Mas muitos homens não tem a sensibilidade para perceber que discursos não verbalizados, verdades ditas pela metade, pormenores omitidos, porque são isso mesmo - pormenores...ou seja a ausência de comunicação mina as relações. Muitas coisas que vocês não falam por considerram triviais, são os grãos de areia que enchem o sapato...as mentiras piedosas que contam para "nos pouparem" ou para não nos chatearem, crescem e aumentam o fosse entre o "Nós"....como alguém me disse há pouco: a verdade nasce do caos que a mentira gerou...e isto é verdade, uma merda banal, quando sabida por terceiros orna-se um espinho e levanta outras duvidas...


e era tudo tão simples...o que vocês chamam fazer "relatórios" é apenas partilha de uma informação que beneficiaria os dois :)

(Ps: não ataco o sexo masculino, porque acredito que há homens que já perceberam isto...os meus irmãos por exemplo :) ainda não são perfeitos...mas tão quase :D)

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