terça-feira, 30 de junho de 2009

Social eu?

Nunca me foi fácil fazer amizades ou travar conhecimentos que se mantenham no tempo. Nunca tive aquele tipo de filosofia de que todos os conhecimentos são bons e para conservar porque no amanhã nos podem ser úteis. Sempre tive plena consciência que sou uma falsa social. Se estou bem disposta ou se há algo que me liberta o espírito falo com toda a gente e socializo, mas essas pessoas fazem o "seu tempo" no meu percurso de vida. Não as conservo. Talvez não as saiba conservar, não por não gostar delas mas porque sou como aqueles mails estereotipados que nos lembram que não devemos adiar o verbalizar aos outros o quanto são importantes para nós e na nossa vida. Eu sou uma dessas pessoas, adio porque agora estou a trabalhar, porque depois saí e entrei e sem desculpas ou razões plausíveis afirmo que sou simplesmente desleixada. Provavelmente faz parte da minha dupla personalidade: obsessiva/compulsiva no plano laboral e laisséz faire no plano pessoal. O que dá elogios e copy pastes da equipa e rebocadas da família. Assumo, tenho problemas em confiar, não me dou a primeira e também não recebo à primeira, o que há primeira vista nem parece mas na convivência diária é flagrante. Não conheço ninguém no meu trabalho para além das pessoas estritamente necessárias e nem a essas falo sempre: tenho dias que se as puder evitar, evito. Simples: não estou com disposição para conversas de circunstância e não me apetece falar de trabalho. Nada mais temos em comum. Relativamente à minha equipa ou com a maioria da mesma, estou há três anos e se existem pessoas com quem tenho desde o início uma verdadeira empatia que transbordou para relação empática, outras há que acomodei na minha vivência laboral diária como "um mal necessário": temos de trabalhar juntos, logo, não tenho de gostar apenas respeitar. Faço-o diariamente, apesar de uns dias me custarem mais que outros. Relativamente às outras, apesar de ter consideração, empatia e as respeitar enquanto profissionais não sei se as tenho na qualidade de amigas, não sei se quando deixarmos de ser uma equipa continuarei a dar-me com elas. E já lhes disse isto pessoalmente. No entanto resolvi não fechar a porta , nos meus extremismos habituais, porque existe uma que saiu há uns tempos e a relação manteve-se e evoluiu. É-me agradável partilhar tempo e conversar. É-me agradável ver o seu processo de auto-conhecimento e consequentemente de evolução, autonomia e confiança e perceber que no seu trajecto aprendeu o que lhe faltava: ter a capacidade de olhar para o outro, distanciando-se de si e percebe-lo na sua individualidade, discurso explicito e implícito. Talvez por esta experiência uma parte de mim queira deixar a porta aberta aos outros elementos que me dizem algo como pessoa. Sendo uma equipa de mulheres as relações podiam adivinhar-se tensas e falsas. Talvez o sejam, não sei. Como não tenho o hábito de ter pensamentos estereotipados e falta-me a costela da má língua, mexericos e desdém, talvez se inibam de ter tais atitudes e comportamentos perto de mim. Já não afirmo nada, porque como diz o meu irmão mais velho: "- O teu pior defeito é avaliares toda a gente por ti. Se tu não fazes achas que os outros também não. Tenho novidades: tu não és os outros e eles fazem-no." - Ele tem razão e já passei por inúmeras situações que ele comprovou a teoria dele e eu também. Magoei-me em grande, claro está. Mas continuo a ACREDITAR que "Um bom julgador por si se julga", e sendo assim dou o beneficio da dúvida. No entanto evolui e orgulho-me disso, já não defendo que "todas as pessoas não são de confiança até prova do contrário" mas (é óbvio) que também não defendo que "somos todos amigos até prova do contrário".

A minha postura perante a vida e os outros talvez não seja a mais adequada, tem-se alterado nos últimos anos, o que considero sinal de evolução e crescimento. A minha assertividade continua a chocar algumas pessoas e a fazer-me perder coisas por isso, o que não seria tão mau assim se agora não andasse numa fase de dizer tudo às pessoas como os maluquinhos. Já não tenho paciência para meias palavras, mal entendidos e semi entendidos. Chateiam-me e se é para optar entre chatear-me eu ou os outros, então que se chateiem os outros. Talvez isto me isole mais ainda e me torne ainda mais anti-social. Talvez como falsa social demonstre aos outros que eles não me interessam ou talvez não me interesse mesmo. Ou se calhar a S. tem razão nas palavras que me disse hoje e facilitou a batalha silenciosa que decorre dentro de mim. Deu-lhe um nome, um rosto e uma hipótese de rota. A rota está traçada e a partida há-de chegar.

2 comentários:

Anónimo,  1 de julho de 2009 às 18:22  

Bem.. a mim sempre me foi muito fácil, demasiado às vezes, se calhar, travar amizades, agora que se mantenham no tempo já é diferente... sou um amigo desnaturado.

Curiosamente e olhando para os últimos anos onde fiz mais e melhores amigos foi no trabalho. Já só um deles trabalha comigo neste momento, e bem ou mal, vamos mantendo contacto e encontrando.

Concordo, que um bom julgador por si se julga, até porque um bom julgador não é de ideias fixas e imutáveis.

Que chegue então a partida dessa rota! E que exceda, na pior das hipóteses, a tua melhor expectativa! ;)

Me 2 de julho de 2009 às 10:47  

Ontem disseram-me que enquanto colaboradora, chateava as pessoas porque não sei ser boa colaboradora. Sou melhor consultora... melhor a chegar, fazer e ir embora do que chegar, ficar, fazer as conversas do blah-blah-blah, e depois ir saindo.
Tenho de concordar... Colegas são colegas. Misturar às coisas, ainda que por vezes seja inevitável, nem sempre dá resultado. Nem que seja por, caso aconteça, deixar de haver local de trabalho em comum e as pessoas já não terem "desculpa" para manter as amizades.
Os amigos não são para as circunstâncias? Hmmm... Os colegas também.

Tricky business...

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