domingo, 14 de junho de 2009

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Uma lágrima chorada, dez facadas numa alma de si débil. O sol brilha num brilho próprio, ferindo a vista aqueles que teimam em olhá-lo. Uma lágrima chorada sentada numa calçada vazia e desprovida de qualquer sentimento que te faça lembrar que afinal, todos os dias nasce e brilha com a mesma intensidade. No teu rosto sulcos difíceis de apagar, impossivéis de esquecer, tatuam o que a boca nega. Maldito olhar que te trai a cada palavra, cada sussurro e cada amanhecer. Nada mudou. Não chores mais. Nada fará mudar. Quem és? Quem serás? Amanhã novo acreditar. Um mais um...basta somar. Quem vê? Será que vê? Quererá ver?
Hoje o amanhecer foi brilhante, uma ligeira cacimba recordava porque estávamos ali. Será que estávamos? Desperta-nos um frio glaciar oriundo de um sol imponente que brilha para quem quer...Quem quererá?
Na tatuagem que mostras o cinzento é esquecimento de um dia que se teve brilhante e glamouroso, lembras-te do palco? Viva, lá estavas viva. As lágrimas misturam-se com as purpurinas no brilho que entretêm a plateia. Gente sequiosa por secar as lágrimas que correm descontroladamente num carreiro subterrâneo. Oculto ao olho mais atento. Hoje choraste uma lágrima que marcou a tua face. Cicatriz imperceptível de quem nada mais tem a chorar. Uma lágrima foi chorada na incapacidade de mais chorar. Viste? Nada foi sentido? A pele envelhece ao som de uma canção há muito esquecida. Banda sonora ignorada e tocada vezes sem conta. Mas o sol...ahhh esse sol fantástico lembra-te porque não deves chorar mais. As cicatrizes entristecem o teu rosto. Cheiras a saudade de um tempo em que o tempo era infinito. Recordas? Shiuuuuu...não recordes...não lembres....não chores. Lágrima salgada que no teu rosto não desceu. lágrima molhada que na tua voz não se sentiu. Lágrima apagada de um dia que terminou como começou. Lágrima misturada numa cacimba doce e fresca que logo se esqueceu. Lágrima perdida numa madrugada que não se viveu. Não chores, porque essa lágrima não desejada, na alma petrificou, na madrugada se perdeu e no dia alguém esqueceu.

2 comentários:

Anónimo,  15 de junho de 2009 às 10:51  

Acho que rir é uma espécie de medicamento para a frustração, ódio e ira, como as lágrimas o serão para o medo, a insegurança e a angústia.


"A alma não teria arco-íris se os olhos não tivessem lágrimas"

John Cheney


Bjs, Lagarta!

L. K. 24 de junho de 2009 às 19:19  

As lágrimas para mim são uma especie de transbordo: o "copo está cheio e a ultima gota fá-lo entornar". Umas vezes conseguimos ver o arco-iris através das lágrimas outras nem por isso, porque nem sempre se ri de felicidade ou chora de tristeza, como diz a Daniela Mercury "...riu riu p'ra não chorar, p'ra quem não sabe sorriu a cantar..."

Bjs Gaulês

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