Efectivamente...
Efectivamente, vivemos de aparências, mentiras, meias mentiras ou meias verdades. Não estivesse eu hoje tão bem disposta e o dia tinha sido de merda. É impressionante que as mentiras que tenha de contar se devam a lacunas laborais e pessoais (principalmente) da excelentíssima Srª minha chefe. Efectivamente não sou de tecer comentários ou cuscar nas costas dos outros mas está a ficar descontrolado. As pessoas ascendem a lugares de poder e julgam-se omnipotentes e indispensáveis. O que lamento desapontar mas não o são, ninguém o é.
A minha equipa de trabalho é excelente, sendo meritória do nome EQUIPA, se não funciona melhor é por termos uma chefe egocêntrica e soberba, que vive de aparências em mau. Até para parecer é preciso ser. Nem se trata de berço, basta apenas educação e saber estar. A imagem da equipa está em queda livre e a credibilidade já teve melhores dias. Não é líder natural, não o sabe ser auto-imposta, é desorganizada e desorganizante e passa a imagem de mau profissionalismo, atirando-nos a nós para os cornos dos toiros, claro está. Não cuspiria aqui o meu veneno se a situação não estivesse no precipício. Será normal não fazer nada, não chegar a horas ao trabalho que supostamente se inicia ás 10h, (o que já me parece ser uma hora razoável), e ainda se atrasar uma hora para uma reunião que deveria iniciar-se às 14h30 pm??!!!! Até aqui tudo bem: não está não empata, sempre foi a minha teoria. Mas foda-se, termos de ser nós a justificar (tradução: mentir) à chefe dela que ela não está de manhã porque está em serviço (?!?) e ainda levamos uma piçada porque não perguntámos à sua superior o que é que lhe queria dizer e à nossa "pala" (?!?) faltou à reunião de departamento...Efectivamente o país está na merda que está porque maus chefes desgastam e aniquilam boas equipas. Porque quem menos faz menos quer fazer, porque é fácil ser mesquinho e poucochinho, basta saber a quem se deve lamber as botas. Efectivamente, não lhe retiro as qualidades enquanto oradora, demagoga e criativa. Excelente académica, com trabalho reconhecido ao nível cientifico. Mas foda-se para ela ser tudo isso nós trabalhamos que nem moiras, não por ela mas por nós porque se os projectos falham ou não se realizam é a nossa cara, somos nós que estamos no terreno.
Efectivamente estou preocupada com a saída da minha colega T. e sei que a saída da R. está a encaminhar-se, tal como a da A., o que quer dizer que assim que puder também saio. Adoro o meu trabalho mas ser escudo só de mim própria. A equipa desmorona e dificilmente o projecto se mantêm no terreno. As condições são nulas, o dinheiro pouco e quem por lá passa sabe que é massacre e auto-destruição a todos os níveis, principalmente ao nível da sanidade mental e emocional. Não há reconhecimento, nem sequer um obrigado os dias são intermináveis e é-nos sempre cobrado mais. Efectivamente a minha equipa está em burnout. Apesar de toda a capacidade que tenho de me "desligar" sei que me afecta, que o meu animo, humor e estados de alma passaram a ter picos mais intensos e com menor intervalo entre si. Efectivamente sei que me queixo de não ter vida pessoal mas também sei que não tenho uma disponibilidade emocional real. Efectivamente, o dia de hoje deixou-me bem disposta, porque a equipa recebeu o mérito que devia por uma parceria de trabalho no terreno com a PSP, cujos os resultados excederam em 80% a proposta inicial que eles tinham. Efectivamente somos uma equipa maravilha. Efectivamente tivéssemos uma chefe a jogar na mesma equipa e elevávamos o projecto a algo estável e produtivo sem ser às custas do bem estar pessoal, físico e emocional das técnicas associadas. Efectivamente gosto do meu trabalho mas como em tudo na vida: muitas das vezes o amor que temos não chega para que as coisas resultem.
2 comentários:
Ui, Lagarta... andamos com sentimentos em relação ao trabalho, e em particular em relação às respectivas chefias, muito parecidos... e com soluções muito parecidas também!
Gostei da conclusão, e é muito verdadeira, muitas vezes o amor só não chega! ;)
É a tal coisa... Veste-se a camisola e, às tantas, depois de tanto a lavar, começa-se a rasgar, a perder a cor... a ficar sem forma...
Já vesti camisola valente. Daquelas que mais pareciam uma tenda. Era dos pés à cabeça.
Chegou uma altura em que a rasguei toda e mandei-a fora. Estou, digamos, "nua". Culpa minha? Não. Culpa de quem não soube seguir as indicações de lavagem.
O teu discurso está a fazer-me espécie. Comichão.
Something's gotta give.
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