terça-feira, 29 de junho de 2010

FlashBack

Eu estou aqui...mas sem estar. Na realidade sempre estive aqui mas não para mim. A verdade é que nem estive para mim, nem para os outros. Sejam esses outros quem forem. Um dia amei mas amava-me mais a mim, ou quem eu pensava que poderia amar. Um dia casei-me com quem decidi que devia casar. Coloquei o amor num saco, juntei-lhe uma pedra, palavras amargas e um adeus para sempre. Joguei no mar e pedi que a sua vida fosse novelo de lã sem ponta. Pedi que o emaranhado o trouxesse até mim. Eu estava feliz mas precisava sabe-lo doído. Precisava que pensasse em mim.

Um dia acordei e descobri que quem comigo co-pilotava a vida tinha ido embora. Não perdoei a troca. Comparei-me vezes sem conta, bati-me, zanguei-me, manipulei e até implorei. Não funcionou. Não cedeu. Nesse dia lembrei-me do outro, aquele da vida em farrapos. Casualmente encontrei-o num encontro que forcei. Corri para a praia, mergulhei e pedi às ondas que me devolvessem o saco da sua vida. Pedido concedido. Idílico este nosso reencontro casual, que planeei. O outro, aquele que me trocou sem eu ter autorizado, sentir-se-ia magoado e perdido quando visse como segui sem ele. Voltaria. Nunca olhou para trás. Estou feliz.

Acordei esta manhã, na janela o céu mostrava-se cinzento e choramingas, assim como eu. A minha imagem reflectida no espelho lembrou-me que tinham passado 50 anos desde o dia em que nasci. Cumpri tudo...tudo o que não queria. Quando não suporte a dor da separação, casei-me. Quando te soube bem e ele afastado, tive filhos. Quando fui trocada, forcei o teu regresso. Sabendo no agora, o que já sabia no então: nunca amei mais ninguém, excepto, a mim. Os meus filhos são um acto de amor, mas até perante os mesmos, faço distinções e tenho preferências. Já não me obedecem, já não os manipulo. Perdi o controlo. Acusam-me de ser fria e dengosa, qual gata traiçoeira, na mira para chegar à presa. São uns interesseiros. Amo-os. Tenho de os amar. Preciso-os. Estou feliz.

Os meus amigos, nunca foram amigos. Se não me imiscuísse nas suas vidas estava sempre só. Uns tomaram o partido do que foi e outros do que regressou. Invejosos. As mulheres temem pelos seus homens e homens temem a minha inteligência. Todos me temem, todos me veneram, todos...Estou bem. Sou feliz. Profissionalmente estou estável. Nunca precisei. Não preciso. Mas ambicionava tanta coisa para mim, para a minha vida. Já não tenho 30 anos. Vivi toda uma vida com os homens errados, aliás, com as pessoas erradas. Nunca me souberam aproveitar. Eu era o que tinham de melhor. Todos.

Estou só, terrivelmente, só. Acordei esta manhã com a alma enublada e por breves momentos a imagem que vi no espelho disse-me: és uma frustrada, viveste toda uma vida, sem nunca a teres vivido. Assustei-me...um flasback da minha vida passou naquele reflexo. Tremi e paralisei... olhei melhor e afinal não era para mim que o espelho falava. Era para os outros. Os que partiram, os ausentes e os que nunca estiveram. Estou Feliz.

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segunda-feira, 28 de junho de 2010

(Des)conversa 25 - Parte II

Ela - Oi estás boa? Preciso de falar contigo urgentemente.
Eu - 'tou, então o que é que te aconteceu?
Ela - Lembras-te do gajo em quem não confio? Eu tinha razão para não confiar nele.
Eu - Mas fez-te alguma coisa?
Ela - Fez...beijou-me (ar semi chateado)
Eu - (a rir às gargalhadas) então e que tal? Gostaste?
Ela - Não...não sei...foi estranho...não senti borboletas no estômago, nem arritmia e foi...foi estranho...olha não confio nele, porque me beijou de surpresa!
Eu - (ainda a rir) Ahhh...não sabia que era suposto ter-te avisado - eheheheeh- é por isso que não confias nele? E tu o que é que fizeste?
Ela - Fui-me logo embora...desapareci dali...ele chamou-me Flash Gordon, diz que desapareço à velocidade da luz.
Eu - E foi o que fizeste, nem aproveitaste a situação... do ataque do Zorro...
(ambas a rir à gargalhada)
Ela - Pois foi...mas continuo a dizer-te: não posso confiar nele (pausa) ... épa...mas como é que posso confiar num gajo 8 anos mais velho...já viste quando eu tiver 40 anos, ele tem 50...porra! É muito...
Eu - Não acho que isso seja problema, e são 48. Então o que é vais fazer?
Ela - Então, vamos os 3 comer caracóis pa semana.

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Incoerências

Cada vez estou mais destabilizada mentalmente...


Olha só para o que havia de me dar: de cada vez que ouço entoar "A Portuguesa" emociono-me de uma maneira parva.
Hipóteses:
- Serei mais patriota do que aquilo que penso?
- Estará o Nacionalismo a invadir-me?
- Choro o País ou em alternativa, a mim?
- Gostarei mais de futebol do que o que achava?
- Antecipo tempos sociais conturbados?
Oh valha-me a Santa, que falta me fazia, conversas com Jung!!!

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Desvarios VII

A mente humana é de uma complexidade singela. Se fisiologicamente já é um "engalfinhamento" de neurónios, axónios, sinapses e outras coisas microscópicas, que têm tanto de importante como de frágil, nós, ainda levamos todas essas peças da máquina a trabalhar num esforço constante.


Levamo-nos constantemente até ao limite, ficamos cegos e surdos.
Defronte para uma encruzilhada apelamos ao nosso racional: operacionalizamos exaustivamente prós e contras. Sistematizamos as opções em cenários cómico - dramáticos, que vão desde o optimismo maníaco ao pessimismo Kafkiano. Preto no branco. Só não ouvimos a nossa voz interior, a intuição. Por mais que ela berre, pule e gesticule, encerramo-la algures onde não disturbe a nossa solução "perfeita".

Estou autista!

Não me sinto ansiosa, o racional diz avança, o emocional diz recua. A voz.... a voz....a voz....essa ainda não a ouvi ... claramente ... mas os sussurros são inquietantes.

Time to move on!!

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segunda-feira, 21 de junho de 2010

(Des)conversa 26

Num Coffebreak...

g.i. - Posso fazer-lhe uma pergunta?
Eu - Sim, pode.
g.i. - Porque é que fuma?
Eu - (?!?) Porque gosto.
g.i. - Mas nunca pensou em deixar?
Eu - Não, ainda não tive essa vontade.
g.i. - Mas sabe que o tabaco faz tão mal.
Eu - (em pensamento: YAAAA...SEI LER!!!) ... (o melhor sorriso)... tem toda a razão, mas sair de casa às 7h da manhã para trabalhar e chegar às 23h30 a casa, também faz.
g.i. - Sim, mas se deixar de fumar, vai ver que lhe custa menos.

g.i. = gaja inconveniente a quem não pedi opinião!!

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domingo, 20 de junho de 2010

Um Acordar Perturbador.

Naquela manhã o acordar tinha sido perturbador. A consciência de que existe um sistema fisiológico autónomo que se está a borrifar para as vontades do sistema psicológico, assaltou-o naquele momento. Tentou resistir aquela sensação de impotência: os olhos ardiam e não abriam, a cabeça rodopiava numa velocidade que o deixava nauseado, mas o pior eram as pernas não obedecerem à sua vontade. Até o coração batia a uma velocidade vertiginosa - como se fosse explodir. Não admitia esta autonomia do corpo, se alguma coisa acontecesse a culpa não era sua mas sim de um sistema fisiológico desobediente.
Após uns segundos que sentiu como horas arrastou-se até ao banho. A água cura tudo - pensou - irá despir este mau-estar. Forçou-se a entrar no banho e ligou a água. Não, não podia ser, em vez do despertar que pensava ir sentir, tinha a sensação de se estar a afogar. Merda! E agora quem é que ia culpar por isto? A quem fustigar e responsabilizar pelo modo como se sentia. Sempre tinha vivido com a certeza indestrutível de que tudo o que lhe acontecia era culpa dos outros e em último caso, do mundo. Mas não havia ali ninguém, há muito tempo, que não havia mais ninguém. Atribuía a sua solidão à falta de capacidade dos outros para o acompanharem, para o perceberem e por serem, na verdade, uns invejosos e coitadinhos. Dava-lhes a sua amizade, ensinava-os a viver as suas vidas e alguns até lhes tinha ensinado o que comer e beber, quando e onde e o que vestirem e no fim eram uns ingratos a quem ELE tinha dado uma vida e depois o tinham deixado. Não fazia mal porque ele já sabia que não prestavam e que eram básicos, mas gostava de lhes dar uma oportunidade de serem alguém.Até as mulheres, deixava-as entrarem na sua vida e depois só faziam coisas para o aborrecer, umas parvas, todas umas parvas. A culpa é da sociedade que lhes deu alma e vontades, vejam só. Ele educava-as, mesmo sabendo que nunca lhe iriam chegar aos calcanhares, dava-lhes uma oportunidade e depois quando já não aguentava mais tanta idiotice despachava-as. Não há espaço na sua vida para gente burra. Reconhecia que algumas se anteciparam na ida e o tinham magoado, porque não souberam reconhecer o quanto ele lhes tinha dado, o quanto ele tinha descido para estar ao nível delas...mas essas...essas iam pagar por isso. Não sabiam do que ele era capaz: ia imiscuir-se nas suas vidas como uma sombra e tirar-lhes tudo. A culpa era delas, não tivessem abalado porque ele ainda não tinha decidido isso. Umas parvas, frustradas e metidas a boas. Quem é que precisa de gente assim, ele, com certeza que não!
O mesmo se passava com o trabalho, já tinha passado por muitos e sempre tinha sido dispensado pela incompetência dos outros que não suportavam que ele fosse o melhor. Havia anos que tinha percebido que patrões e chefes eram só bazófia e cunhas, não lhes reconhecia capacidades - nenhumas aliás. Há anos que sabia que a culpa da sua vida estar como estava era dos outros, que se achavam no direito de opinar e ter vontade própria, onde ele sabia que neste mundo só existem dois tipos de pessoas: as que pensam que sabem e as que sabem. Ele era dos que sabia.
A sua educação tinha sido no sentido de ser sempre o melhor, o perfeito e os seus pais tinham conseguido isso. Na perfeição. Os seus pais haviam sido tão bons educadores que o avisaram que iria deparar-se com pessoas que, à vista desarmada, pareciam saber mais do que ele, mas nessas alturas bastava-lhe ser observador durante uns tempos, ser "o predador" - dava-lhe vontade de rir só de pensar como era tão verdade. Tinha resultado. Orgulhava-se de ser tão bom "predador" que em inúmeros casos se tinha tornado bem melhor que a presa na execução da sua "especialidade" e prova disso, foram os anos em que andou de hospital em hospital e os médicos que se achavam muito espertos e competentes, nunca acertavam no diagnóstico. Começou a ir à net, a estudar e a pesquisar e ao fim de um par de vezes já os conseguia corrigir, ELE, sabia qual era o seu diagnóstico só não tinha poder para executar a parte de receituário...mas isto também se resolvia, porque nas farmácias "papava-os " a todos. É verdade que criou alguns inimigos mas a culpa era deles, que acham que só porque tinha andado na universidade isso lhes conferia capacidades. Ignorantes. Hoje tinha a certeza da ignorância dos outros, da culpa deles, nunca tinha observado uma situação como a que vivia hoje. Como é que os filhos da puta não o tinham preparado para isto?
Como é que aqueles convencidos, que nada sabiam, não tinham antecipado que
isto lhe poderia acontecer?
Se fossem humildes tinham-lhe ensinado a resolver a situação. Ele era o melhor a resolver coisas, todos os sabiam...ainda que não o reconhecessem, no entanto, estava à vista de que tudo onde se tinha metido era melhor que o fazedor original...e ele tinha-se metido em tudo!
Diluído nestes pensamentos, não se apercebeu que estava à horas debaixo de água, diluído na sua raiva perante a culpa dos outros não se apercebeu que há muito deixara de respirar. Diluído nas suas certezas absolutas não reconheceu a morte quando ela chegou, não era para ele, também ela, se tinha enganado. Diluído nestes pensamentos nunca se apercebeu que nunca se tinha sentido verdadeiramente amado, nunca se tinha sentido desejado e nunca o fizera pelos outros. Diluído nestes pensamentos nunca se apercebeu que toda a sua vida buscou uma aprovação de uns pais para quem a perfeição nunca era o suficiente.

Diluído no seu amor próprio não percebeu que nunca viveu, que já estava morto antes do dia da sua morte.

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

O fenomeno: futebol

Não percebo nada de futebol, aliás, faço parte daquele leque de sujeitos que se recusa a discutir temas como: politica, religião, toiros e claro está, futebol. Óbvio que apesar de leiga na matéria tenho as minhas preferências clubisticas, mas são apenas isso: preferências. No fundo sou simpatizante mas não apoiante, sou fã mas não fanática e de certeza que não prescindo de nada para ver futebol. Mas também como qualquer outra pessoa tenho opinião formada e boa ou má, é a minha.
E a minha opinião dita assim:


A vantagem de ter o professor Carlos Queirós como seleccionador/ treinador nacional é que nos poupa a todos criar grandes expectativas. Uma vez que para isso acontecer, era necessário que o próprio passa-se a mensagem de que acredita no que está a dizer. Consequentemente, o povo, não sofre de antecipação ou até mesmo de decepção. A ida de Portugal ao Mundial mexe com a máquina económica, mas se isso é benéfico para nós: Não!
Enquanto tentamos apoiar a nossa selecção e lentamente nos vamos desmotivando, vendem-se vuvuzelas "à pazada", porque essas, ainda que poucas abafam a ausência da multidão entusiástica. Para descalabro do governo, o país está amorfo não conseguindo ter a atitude maníaca que revelava na era Scolari, o que faz com que continue a prestar atenção às directrizes aprovadas em A.R., e às palhaçadas que por lá vão acontecendo. O povo está descrente, deprimido e oprimido.
O que me leva a pensar:


Um país que elegeu, (ainda não percebi como), como desporto rei o futebol. Um país que se orgulha dos seus "inter galácticos" e os elege como bandeira nacional, um país que precisou que um cidadão Brasileiro, lhe ensina-se a "A Portuguesa" é um país poucochinho ... mas como diz o ditado popular: " A miséria gosta de companhia"

Por isso vamos lá a isso:
PORTUGAL! PORTUGAL! PORTUGAL! PORTUGAL! PORTUGAL!


(?!?)

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(Des)conversa 25

Ela - O que achas daquele fulano de que já te falei?
Eu - Nada. Não o conheço.
Ela - Já saí com ele ai umas 5 ou 6 vezes e há ali qualquer coisa que não bate certo. O gajo é estranho.
Eu - Estranho tipo anormal ou estranho de estranho?
Ela - Épa não sei...é ali qualquer coisa.
Eu - Tratou-te mal? Foi inconveniente?
Ela - Não, nada disso. Nas saídas é muito porreiro e um cavalheiro.
Eu - Então ao que é que chamas estranho?
Ela - Não sei, se calhar sou eu que sou estranha (...) sabias que ele tem 34 anos?
Eu - Não...não o conheço.
Ela - Olha sabes que mais não confio nele.
Eu - Porquê?
Ela - Acreditas que me perguntou na cara se me era indiferente? É óbvio que é e disse-lho e ainda teve a lata de me responder que eu, para ele, não era. Não confio mesmo nele.
Eu - Mas passou-se alguma coisa?
Ela - Nada, aliás nada mesmo, em todas as vezes que saímos nunca tentou nada. Não achas estranho?
Toca o telemóvel dela...

Ela - Era ele a convidar-me para beber café. Tenho que me ir embora.

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domingo, 13 de junho de 2010

Junho - Início do Verão.

Brilhante companhia, muito agradável mesmo. H.P. e F.C., tinha saudades de me rir assim: apenas porque sim. Apesar de estar lesionada e com mobilidade reduzida vocês foram incansáveis, uns queridos. D' Avillez a surpreender pela positiva e a revelar-se uma excelente companhia, e apesar de saber que a desleixada sou eu, temos de repetir, antes que passem seis meses novamente.
Somos seres evolutivos, em constante mudança e transformação, temos uma capacidade Hérculea para nos adaptarmos, quaisquer sejam as situações e de sobrevivermos ao adverso. É ciclica a mudança, há quem diga que de sete em sete anos, mudamos e começamos novas etapas de vida. Eu Acredito. Quer queiramos ou não. as nossas vidas parecem seguir um rumo próprio, alheio ao nosso querer e todas as tentativas de opinar-mos sobre o mesmo, nos leva ao mesmo caminho. Estou a meio de um desses ciclos, muito e muita coisa se alterou na minha vida e em mim. Devagarinho, sem quase me aperceber, cheguei onde estou hoje e talvez não tenha visto passar alguns barcos, talvez não estivesse preparada para os ver ou não conseguisse distingui-los no meio do nevoeiro mas isso já não importa nada. Gosto de onde estou, adoro quem sou, o que fiz e construí: muito ou pouco, sangue, suor e lágrimas são meus e apenas meus. Hoje sou mais paciente, mais tranquila e menos impulsiva: o difícil não é viver mas saber viver. Agradeço. Estou pronta para apanhar o meu barco. Anseio.
Eis que estava na altura desta casa, que também é minha, ter a sua cara lavada, paredes pintadas e néon alterado: não precisamos mais de libertar as nossas mentes, agora, já sei que elas são e sempre foram livres, somos nós que as acorrentamos.
Obrigado pela paciência que tiveram, pelo jantar fantástico e pelo trabalho, era mesmo isto que eu queria!

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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Palavras

As palavras são o retrato desfocado do sentir. As palavras atropelam o sentir desejado e saem no racional fabricado. Os pensamentos voláteis e acelerados, atropelam-se e zangam-se misturando o querer e o não querer, de uma vontade que é apenas a minha. Verborreico e enviesado o sentir apagado por palavras mais lentas que o desejar. A antítese de um querer bem, de muito querer que é sufocado pela brisa do racional. Os sentimentos rebelam-se e atropelam-se entre o certo e errado: como se faz?
Amo de um amor egocentrado e merdoso que se revela na penumbra e deambula em sombras: muda a posição com o nascer e pôr do sol. Placidamente corro atrás do meu sentir, rebento cadeados e corto as amarras talhadas em fio de seda e no entanto tão resistentes. resisto também e educo as emoções para adquirirem uma liberdade que é desejada e necessito de sentir. O medo não é despota, nem castrador das letras, dos pensamentos ou do agir. Tudo se resolve. Acompanha o tic-tac do teu coração. Tira-lhe as correntes e deixa-o ser livre, quebra as barreiras e salta para o abismo: sente. Não há maior julgador que a censura da estupidez disfarçada de inteligência conceptual: jarra ou mulher?
Estas linhas polvilhadas de palavras e sensações, escritas num agir mais rápido que o pensamento, são lamento de saber o que se sabe e quer fazer e se perde num acto continuo à tentativa de explanação. Ridículo. A felicidade apregoada em frases feitas, descritas num qualquer romance nada vale, comparada aquela que existe no olhar. Espelho da alma. O agir não é consonante com o sentir, as palavras são escudo de acções que receamos facadas quando desprevenidos estamos. Não doeram menos as facadas que o nada sentir? O nada agir?

Penso...Sinto...palavras: escritas ou faladas.

Apenas palavras.

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Apela-se contenção à Nação (?!?)

Qual Nação? A quem, exactamente, da Nação?

Não sou bloquista, aliás, neste momento nem cor política consigo ter, tamanha é a minha zanga com a demagogia...mas verdade seja dita: há verdades que tem de ser faladas... ou gritadas!

Todos os dias os meios de comunicação social anunciam que o governo pede contenção aos Portugueses, todos os dias são anunciadas aprovações de novos planos de austeridade. Diariamente se fala, comenta e sabe-se que as PME's estão atravessar um período económico precário, há lay-outs, despedimentos em massa, ordenados em atraso e subsídios congelados. Apela-se à boa vontade da Nação: é preciso paciência e apertar o cinto, já para não falar de trancas às contas e gastos supérfluos, que neste momento são de tudo. O presidente da República apela à Nação que "vá de férias cá dentro": é imperativo manter o dinheiro no país...mas se outros países adoptarem a mesma política, um dos nossos maiores sectores económicos que é o turismo, cai. Os funcionários públicos olham para o umbigo e fazem greves e manifestações por terem os aumentos congelados. Claro que todos somos ambiciosos e queremos sempre mais...mas não serão eles os poucos no país que neste momento tem a certeza de que no fim do mês recebem? Quantos lay-outs existem na função pública? Quantos abdicaram de receber a totalidade do ordenado, o subsidio de férias ou de almoço? Aliás, basta perguntar, quantos fazem horas extraordinárias em Pro bono, ou fecham depois da hora?

Neste momento não é preciso ser muito atento ou ter tirado um curso na América para perceber que o país está mal, e que fazem e põem ainda pior, ou não fossemos Portugueses e não aproveitássemos a desgraça alheia, ainda que generalizada, para nos pormos ao fresco. País de brandos costumes sempre na linha da frente em humanismo e em ser humanitários, excepto connosco.

É ultrajante que tenha de ser debatido em A.R. a viabilidade ou não dos srºs deputados receberem um aumento dos recursos destinados para despesas e ajudas de custo. Como é que se explica que indivíduos que recebem de ordenado quantias avultadas esperem receber 8 milhões de euros para contratar assistentes (?!?) e que tenham aprovado no próximo ano elevar essa quantia para 16 milhões de euros; como é que é possível sujeitos ao serviço da Nação, que utilizam para tudo os recursos da Nação quando tem de se deslocar recebam 300€ de fundo de maneio, subsidio de distância, subsidio de tempo (?!?) e subsidio de deslocação. Afinal para que servem os ordenados que esses ditos srºs recebem se até para comprar uma caixa de preservativos ou tampões é o estado que paga.

Quantos de nós recebemos ajudas de custo, carro e telemóvel da empresa, portagens, alimentação e fundo de maneio das entidades patronais? Quantos de nós trabalhamos apenas e somente as 40 horas contratuais? Quantos de nós somos ressarcidos de horas extra? Mas não faz mal, porque temos de ajudar o país a sair da crise, temos de nos sacrificar em nome de valores mais altos.

Ninguém nesta fase social conturbada parece recordar que as pessoas são capazes de sacrifícios e grandes, são capazes de se privar de praticamente tudo...desde que haja motivação. Quando esta acaba, a insatisfação surge e o sujeito tem necessidade de se compensar de outras formas: ninguém dá sem receber... muito ou pouco.

Está na altura dos governantes deste país pararem de olhar para os seus umbigos e deixarem de governar a Nação como um minimercado familiar. Parem os jogos infantis do "diz que disse", "já não sou teu amigo", "não era eu" e das cabalas. É preciso crescerem: como pessoas e profissionais. É preciso dar atenção à Pirâmide das Necessidades de Maslow e perceberem que estão perigosamente a afectar a estabilidade da base da pirâmide...e nunca vi um prédio suster-se sem bons caboucos!

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domingo, 6 de junho de 2010

Pseudo modernices

A maioria das pessoas afirma-se evoluída, acima de estereótipos e outras mesquinhices. Uns liberais adeptos das minorias, da liberdade de expressão artística, de género, sexual e social. Somos todos uns modernaços, o casamento pela Igreja é fatela e ter/ ser praticante de uma qualquer religião divide as pessoas em dois grupos: ridículos ou snobes. Gostamos todos muito de literatura, de teatro e ópera no S. Carlos, aos fins de semana passeamos em Sintra, no Parque das Nações ou em qualquer outro sítio moderno-rústico. Adoramos animaizinhos e é tão in mostrar às nossas criancinhas como são esses mesmos bichinhos no seu habitat natural, longe da tirania gradeada do Jardim Zoológico de Lisboa, então ao fim de semana rumamos ao Badoca Park ou ao Monte Selvagem em Lavre. A nossa alimentação é cuidada e tornamo-nos adeptos tacanhos da alimentação biológica, como as saladas do MacDonald's - seleccionadas pelos melhores produtores. A carninha é certificada, vem no pacote, as vaquinhas e os porquinhos são criados em "ambiente controlado" - presume-se que tivessem ar condicionado e Tv cabo, porque se sabe que animais sujeitos ao stress dão carne de menor qualidade (?!?). Somos tão modernos que ninguém é racista, "porque até há lá no meu trabalho um preto com quem me dou muito bem", ou xenófobo, porque "o filho do vizinho Zé Manel é paneleiro mas nunca se meteu com ninguém". Somos humanos e humanistas, contribuímos para o Banco Alimentar porque "os desgraçados estão mesmo prostrados à saída do hipermercado e um gajo até se sente mal de não dar nada". Acreditámos num mundo de iguais, com respeito mútuo, idoneidade nas acções e coerência no discurso...desde que tudo isso seja longe da nossa porta, da nossa casa e dos nossos amigos, conhecidos ou familiares.

Somos um país de pseudo-modernos que consegue catalogar alguém na baixa infância, que atribui epítetos aos diferentes, e se orgulha disso. Somos o povo que "acha que a galinha da vizinha é sempre melhor do que a sua" - e compete com isso. Somos o povo que se arrasta em más decisões e as consegue justificar no encolher de ombros, no fundo somos o povo que acredita que "tudo o que parece é"... no fundo falamos muito, agimos pouco e normalmente o que falamos e o modo como agimos são dissonantes...mas no fundo, no fundo...lá bem no fundo, num sítio em nós pequenino e remoto somos todos muito modernos e open minded...desde que não seja connosco...ou perto.

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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Após o dia da Criança...


... haverá dia mais adequado (?!?)


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