quinta-feira, 10 de junho de 2010

Apela-se contenção à Nação (?!?)

Qual Nação? A quem, exactamente, da Nação?

Não sou bloquista, aliás, neste momento nem cor política consigo ter, tamanha é a minha zanga com a demagogia...mas verdade seja dita: há verdades que tem de ser faladas... ou gritadas!

Todos os dias os meios de comunicação social anunciam que o governo pede contenção aos Portugueses, todos os dias são anunciadas aprovações de novos planos de austeridade. Diariamente se fala, comenta e sabe-se que as PME's estão atravessar um período económico precário, há lay-outs, despedimentos em massa, ordenados em atraso e subsídios congelados. Apela-se à boa vontade da Nação: é preciso paciência e apertar o cinto, já para não falar de trancas às contas e gastos supérfluos, que neste momento são de tudo. O presidente da República apela à Nação que "vá de férias cá dentro": é imperativo manter o dinheiro no país...mas se outros países adoptarem a mesma política, um dos nossos maiores sectores económicos que é o turismo, cai. Os funcionários públicos olham para o umbigo e fazem greves e manifestações por terem os aumentos congelados. Claro que todos somos ambiciosos e queremos sempre mais...mas não serão eles os poucos no país que neste momento tem a certeza de que no fim do mês recebem? Quantos lay-outs existem na função pública? Quantos abdicaram de receber a totalidade do ordenado, o subsidio de férias ou de almoço? Aliás, basta perguntar, quantos fazem horas extraordinárias em Pro bono, ou fecham depois da hora?

Neste momento não é preciso ser muito atento ou ter tirado um curso na América para perceber que o país está mal, e que fazem e põem ainda pior, ou não fossemos Portugueses e não aproveitássemos a desgraça alheia, ainda que generalizada, para nos pormos ao fresco. País de brandos costumes sempre na linha da frente em humanismo e em ser humanitários, excepto connosco.

É ultrajante que tenha de ser debatido em A.R. a viabilidade ou não dos srºs deputados receberem um aumento dos recursos destinados para despesas e ajudas de custo. Como é que se explica que indivíduos que recebem de ordenado quantias avultadas esperem receber 8 milhões de euros para contratar assistentes (?!?) e que tenham aprovado no próximo ano elevar essa quantia para 16 milhões de euros; como é que é possível sujeitos ao serviço da Nação, que utilizam para tudo os recursos da Nação quando tem de se deslocar recebam 300€ de fundo de maneio, subsidio de distância, subsidio de tempo (?!?) e subsidio de deslocação. Afinal para que servem os ordenados que esses ditos srºs recebem se até para comprar uma caixa de preservativos ou tampões é o estado que paga.

Quantos de nós recebemos ajudas de custo, carro e telemóvel da empresa, portagens, alimentação e fundo de maneio das entidades patronais? Quantos de nós trabalhamos apenas e somente as 40 horas contratuais? Quantos de nós somos ressarcidos de horas extra? Mas não faz mal, porque temos de ajudar o país a sair da crise, temos de nos sacrificar em nome de valores mais altos.

Ninguém nesta fase social conturbada parece recordar que as pessoas são capazes de sacrifícios e grandes, são capazes de se privar de praticamente tudo...desde que haja motivação. Quando esta acaba, a insatisfação surge e o sujeito tem necessidade de se compensar de outras formas: ninguém dá sem receber... muito ou pouco.

Está na altura dos governantes deste país pararem de olhar para os seus umbigos e deixarem de governar a Nação como um minimercado familiar. Parem os jogos infantis do "diz que disse", "já não sou teu amigo", "não era eu" e das cabalas. É preciso crescerem: como pessoas e profissionais. É preciso dar atenção à Pirâmide das Necessidades de Maslow e perceberem que estão perigosamente a afectar a estabilidade da base da pirâmide...e nunca vi um prédio suster-se sem bons caboucos!

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