terça-feira, 14 de abril de 2009

Até Já...





MISS YOU


Passaram 9 anos que na minha pele são sentidos como 9 meses; no meu olhar são vistos como 9 dias; pelo teu cheiro em mim, apenas não te vejo há 9 horas e o gosto da tua boca na minha lembra-me que só passaram 9 minutos, apesar do meu peito gritar que apenas passaram 9 segundos.

Cumpri tudo apesar de nada pedires ou sugerires. Cumpri por mim, por minha vontade embora algures no caminho, quando precisei de força, de ver o sol e levantar-me do chão, foste tu com as tuas sábias palavras que me lembrou que havia amanhã. Recordei inúmeras vezes as tuas palavras, o que dizias e como o dizias, quando achavas que passava pela vida a brincar. Aprendi e agradeço a forma como acreditavas em mim. Sei que ainda Acreditas. Tudo o que aprendi e vivi contigo foram apenas pormenores que contribuíram para a edificação deste "todo" - o meu todo. Orgulho-me de mim, de ti.

Segui em frente. Sabes que sim. Não olho para trás quando fecho a porta. Sabias isso.

Foste Amor maior...ainda és - um amor tranquilo, seguro, certo, idealizado, sonhado...desejado. Por mim. Voltei a amar, a dar-me. Voltei a partilhar-me. Perdi e agradeço-te, porque sei que o sabes - sentis-te e sofres-te-o comigo. Respeitas-te e amparaste-me.

Agradeço em mim o sentir de ti...agradeço em ti o sentir de mim.

Não te digo um verdadeiro Adeus, nunca disse e não quero dizer. És história - a minha história. Não me despeço, não há partida em mim - de mim. Levo-te no meu caminho. A minha gaveta arrumada, trancada e selada a lacre. O meu mundo, a minha redoma. O meu mundo secreto - mundo de "nós". Construi-te em mim quando a tua vida parou, recusei apagar-te. Vens comigo. Não esqueço - será que algum dia se esquece? Será saudável esquecer?

Esquecer é querer reescrever a história - a minha história. A minha história contigo. Apagar-te seria ignorar uma cicatriz que cresceu e maturou connosco. Que bela ficou, não achas? Não a olhar seria fingir que não existis-te, que não vives-te e que não te amei - que não me amas-te - que não nos amamos e tatuamos um percurso comum em nós.

Meu querido, doce lembrança. Melhor amigo - a nada te tens negado. Sobes comigo e apanhas-me nas quedas. Transformei-te. Dei-te um novo lugar na minha vida, nossa vida. Talvez seja responsabilidade a mais mas confio em ti - sempre confiei. És Anjo da Guarda porque sei que cumpres.

Até logo...parece-me bem...as despedidas tem a distância que quisermos: 9 anos...9 dias...9 horas...9 minutos...9 segundos...ou um até já.

STILL...

12 comentários:

Toze 15 de abril de 2009 às 18:55  

"Segui em frente. Sabes que sim. Não olho para trás quando fecho a porta"

É preciso uma grande força e coragem para se fechar de vez. Eu vou deixando encostadas todas as portas...

Amar uma segunda vez? Creio que só se ama uma vez, das outras vezes vai-se gostando. O que quero dizer com isto ? É muito complicado :)

Gostei deste teu jogo com o número 9 :)

L. K. 16 de abril de 2009 às 02:50  

Algumas portas deixo encostadas, outras fecho sem olhar para trás. Ficou resolvido. :)

Nada complicado, recebido, entendido e assimilado ... ama-se outras vezes mas nunca igual à primeira: amores diferentes, de intensidades diferentes e derivados de contextos, situações, experiências e maturidade diferente ;)

Fernando K. Montenegro 16 de abril de 2009 às 11:24  

Tanto que se poderia dizer deste texto. Curioso o número 9. É um número que me é familiar, porque é um número associado à "terminologia" do nascimento.

Eu sempre achei que se pode amar sempre mais. Tenho "criado" esse sentimento dentro de mim, e de facto cada vez amei com outra intensidade. O grande Amor é aquele que está ao nosso lado de momento. Ficar agarrado ao passado, é passível de desenvolver um tipo de "obsessão". Ter aquela crença de que "nunca mais encontro ninguém assim", é limitar e bloquear o nosso espírito. Como ao longo do tempo, vamos evoluindo, é natural que estejamos aptos para aceder a determinadas coisas com maior intensidade e sabedoria. Cada pessoa que passou pela minha vida, está guardada e reconhecida no meu coração. Guardo o melhor de si, mas deixo-a repousar, porque sei que poderia impedir-me a expansão. Não quero estar "encastrado" aí. Às vezes não queremos deixá-los ir, bem verdade, mas a vida é aberta, é conhecimento, é Universo de emoções, e as possibilidades são infinitas. Tudo morre um dia, dêmos-lhe vida enquanto temos também a vida. Já sofri muito, mas foi a crença de que: Há ainda algo "maior" para vir, que me tirou desse sofrimento. Este maior, é apenas...diferente. Amamos de formas diferentes, porque as pessoas são diferentes.

Excelente texto. Profundo. Adorei ler-te. Escrever sobre alguém que tanto nos marcou, traz assim as coisas à tona...com o coração e alma na boca (mãos).

Gostei. Boa partilha esta.

Anónimo,  16 de abril de 2009 às 12:29  

Carissima e mui estimada Lagarta, infelizmente tenho tido menos tempo do que gostaria para dizer asneiras, no meu blog e no teu, mas vou acompanhando, em passo de corrida... verdade seja dita, sinto falta de dizer asneiras, pelo que tenho que fazer um esforço para vos torturar com a minha harpa! ;)

"Nada complicado, recebido, entendido e assimilado ... ama-se outras vezes mas nunca igual à primeira: amores diferentes, de intensidades diferentes e derivados de contextos, situações, experiências e maturidade diferente ;)"

Concordo com tudo, Lagarta, excepto "ama-se outras vezes mas nunca igual à primeira", que não será bem discordar, mas sim acrescentar que é assim com a primeira, a segunda e a milésima, penso que nunca se ama de forma igual.

Em relação às cicatrizes, eu não uso penso rápido... escarafuncho para tirar as balas e adormeço na dor até decidir acordar e viver o cicatrizar natural, com as dores e alegrias que isso implica. Não fujo à dor, mas jamais faço questão de a mostrar... sinto-a, vivo-a, absorvo-a e dissolvo-a. Não fujo à alegria, mas jamais faço questão de correr desalmadamente atrás dela a qualquer preço... aguardo-a, sinto-a, vivo-a, partilho-a. Não guardo feridas, tenho somente algumas cicatrizes para mostrar, orgulhosamente, são o mapa da minha vida, das minhas experiências, do que eu sou. Não me faço de mais forte do que sou, porque não sinto que tenha que mostrar a força que tenho ou não, constantemente aos outros, só para que que a vejam. Também não me deixo ir abaixo quando me julgam mais fraco do que sou, sei bem o que sou.

És grande, Lagarta, és grande! ;)

Bjocas e notas bem desafinadas de uma qualquer árvore nos confins da Gália! ;)

L. K. 16 de abril de 2009 às 23:58  

Lorenzo, este amor não é daqueles de "obsessão" de ficar agarrado ao passado, é apenas um amor tranquilo que ficou associado aquela pessoa, tal como o amor que se nutre por um familiar que morre...desvanece mas nunca esquece :)

Acredito que o maior amor é sempre o que se tem no momento, pois é aí que está o investimento e bem estar emocional. Os amores passados são tranquilos e resolvidos em mim, ficando apenas com bonitas cicatrizes...é a esses amores que me refiro quando digo: "Segui em frente. Sabes que sim. Não olho para trás quando fecho a porta" - não gosto de nadar no seco ;)

Sabes foi no dia em que ele morreu que a convicção de que o que ai vem será ainda maior e melhor, se instalou definitavemente e acompanha-me e não tenho duvidas...afinal Eu Acredito ;)

L. K. 17 de abril de 2009 às 00:05  

Olá Gaulês, seja bem aparecido na minha rocha e não há nada a desculpar se não tem passeado na blogosfera é porque valores mais altos se levantam ;)

As minhas feridas levam o sal que precisarem até não as sentir...quando as olhos já não passam de lembranças vãs. Durante o processo de reabilitação não finjo ser forte nem fraca: sou apenas Eu e vivo as emoções há medida que vão surgindo...vou pegando os touros conforme aparecem :P

O sofrimento e os tempos de crise pessoal são absolutamente necessários para se recuperar a homeostase emocional...já to tinha dito...e quem foge do luto e das epócas de humor deprimido é porque se recusa encontrar-se consigo próprio...um dia irá espelhar-se e ai a ferida passa a ser um buraco infectado, purulento que leva à septicemia.

E continuo a agradecer-te, Gaulês a tua confiança nos meus delirios e alucinações esquisofrenicas :P

Anónimo,  17 de abril de 2009 às 18:43  

Ai amiga eu se tivesse que escrever um texto com esse tema acho que nao seria mt diferente do teu e tu sabes bem porque falo assim!
Ha pessoas que passam pela nossa vida e ficam ha outras que passam e nao ficam e ha outras que passam vao embora mas que ficam para sempre no nosso coraçao. E isso e indiscutivel! A importancia o valor e a força com que nos marcaram e marcarao para sempre. So nos sabemos dar-lhes todo o valor profundo da sua realeza (Reis) na nossa vida. Serao sempre os nossos anjos da guarda que incondicionalmente estao sempre la e nao nos julgam por nada.
As portas que têm de ser fechadas assim o serao e por vezes e a melhor forma de poder continuar com esta vida terrana que temos porque a nivel espiritual estao abertas todas as portas que queiramos que estejam.
E mais nao digo senao ainda has-de pensar que tou a ficar maluca (mais ainda), mas tudo tem uma explicaçao e uma razao de ser e um dia eu digo-te (tenho e de tar com os copos lol).
Jokas
Ass.: N.G.

L. K. 18 de abril de 2009 às 14:12  

Olá NG, o segredo de seguir em frente é mesmo esse: transformar quem se perdeu em Anjos da Guarda, dar-lhes um lugar saudavel na nossa vida, um lugar que não seja saudoso, doloroso ou de rememoração do passado...e sei que o fizeste, apesar de para ti o tempo de despedida ser menor...estás num tempo que é o teu :)

Não prescisas de me contar seja o que for, muito menos embebedar-te para isso...mas as coisas devem ser faladas à exustão para que se tornem banais e não nos provoquem sentimentos dolorosos ou negativos ;)

Andreia 19 de abril de 2009 às 23:03  

Apenas a saudade permanece. E as lembranças, essas fazem-nos bem vivos! *

L. K. 20 de abril de 2009 às 00:28  

Olá Andreia, bem vinda a minha rocha :)

Concordo contigo: as lembranças fazem-nos bem vivos mas de uma maneira que não nos deixa estagnados a nós no passado, trata-se antes de uma lembrança a que se recorre quando é necessario por o sol a brilhar, pensa-se que quando já se teve assim o que vier ainda será melhor e maior, porque Deus nunca tira duas vezes ;)

Desconhecida 27 de abril de 2009 às 22:27  

Amei este texto, a forma como o escreveste e da "utilização" do nº 9.

És forte, gosto disso! tambem eu gosto de deixar tudo bem resolvido e sereno,l e seguir em frente, sem olhar para trás...só assim se consegue levar a vida da forma como a mereçemos.
Também eu quando bato uma porta é de vez..será defeito ou certeza naquilo que se quer (ou não quer)?

um beijinho e parabens pelo texto.

P.s. apesar da gaveta estar bem arrumada, demonstras uma grande maturidade e inteligencia na maneira de sentir e guardar um amor passado.

L. K. 28 de abril de 2009 às 00:39  

Olá Desconhecida,

obrigado pelas tuas palavras e forma de "ler" nas entrelinhas. este Amor é diferente, é uma perda que obriga a crescer de repente, Se não tivesse capacidade de o resolver em mim, ficaria presa a um passado que não havia hipotese de perceber qual seria o fim.

Este amor, ainda é AMOR, apenas tem uma dimensão diferente da dos mortais é algo sublime e intemporal, inexplicavel por palavras mas sem remorsos, ou "não ditos" apenas lembrança boa :)

Beijinhos

ps: Talvez seja defeito, talvez seja feitio..mas nunca consegui abrir portas que fechei, são muito importantes para mim questões como a amizade, o amor, a lealdade e a confiança, se um destes elementos se quebra não consigo restaura-lo :/
Talvez seja a minha proxima lição Karmica, não sei...vamos ver ;)

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