quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ano Novo - Abril mês de mim

Feliz Ano Novo!!!!

Descobri...Senti...Sorri e Relaxei...tempo que é tempo num tempo diferente do que sonhei...do que desejei...mas afinal é apenas o meu tempo.

Os ponteiros giram num tempo muito próprio, com um ritmo frenético e endoidecido que quando estagnado nada mais é que simultâneo ao bater do meu coração. Na sua pesporrência exigem deter o poder da verdade, uma verdade única marcada por dois senhores obsoletos, seguros da sua posição e domínio. Aliam-se. Maldito calendário que num ritmo constante dão razão aos srºs ponteiros que marcando o tempo brincam com quem na impaciência aprende o ritmo da paciência: a espera.
Existem segundos que parecem dias e dias que passam em segundos. O tempo de espera não é unânime e ponderado. Lágrimas que duram dias, meses e anos e sorrisos tão breves como um arco-íris. A mesma intensidade em ambas as emoções: os mesmos 10 minutos de loucura cega e sofrida. Se não lembro épocas felizes e surpresas agradáveis, recordo amarguras, entraves e tristezas que parecem intermináveis...ou não. Habituada a pele às intempéries, uma tempestade mais não é que um chove não molha num terreno que necessita estar seco para as primeiras flores de primavera. O tempo parece-me estagnado e as pessoas mal fadadas de um mal-estar generalizado na desunião e inveja de bem estar alheio. Sorrio. Conseguem acompanhar?
Lágrimas salgadas que tocam feridas mal saradas e lembram-nas frescas e desconfiadas, sorrisos e gargalhadas dispersas num tempo partilhado que se torna infinito ao perceber que é só teu. Aqui estou. Aguentas seguir-me?
Sei que a duvida te paralisa e tolda os sentimentos num risco que é arriscar nisto que eu sou: um tudo que é nada, um muito de ser tão pouco, um breve sorriso que se torna incandescente, um fogo que arde no gelo, um deserto de multidões estarrecidas ou uma tempestade de areia em pleno pacifico. A minha fé ninguém me tira, é mais do que o que tenho - temos. O tempo passa e ri ao ver toda esta parafernália de tentativas de compreensão, de justificação - sobrevivência. Gargalhada - sou eu que mando - não me interessa como o sentes...aprende a senti-lo como real: nem tão apressado, nem tão estagnado - apenas dois aliados: relógio e calendário. Olha-nos. toca-nos. Sente-nos. Vive.

Feliz Ano Novo...Feliz Ano Novo...Feliz Ano Novo...Feliz Ano Novo...Feliz Ano Novo...Feliz Ano Novo...

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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Strange Days





Uma semana estranha e alucinada. Passou tão depressa, que passou por mim. Senti-a na pele. Ainda a tenho.
Não sei se é a crise, se são as pessoas, se sou eu. Que é o mais provável.
Numa altura em que se comemoram os 35 anos de Abril parece-me apenas protocolo. Os árabes exigem a retirada da história da segunda guerra mundial dos manuais escolares e a Europa obedece. As alegações dos árabes são a previsão que o General Eisenhower fez há 60 anos: O Holocausto não existiu.
Temos um professor de ensino básico que molestou alunas de uma turma de 22 e quando confrontado apenas alegou: "Gosto de as sentar no meu colo, são tão queridas".
Sócrates processou a TVI por difamação no caso Freeport porque "é uma cabala" para o destruir (isto vindo do homem que se licenciou a um domingo na Universidade Independente); a namorada despediu-se porque não se "enquadra" na TVI24; o José Eduardo Moniz processa o Sócrates por repressão na liberdade de imprensa e afirma que Cancio foi "um erro de casting"...Vão estrear mais algumas novelas mas a Rita Pereira cortou um braço num restaurante e desmaiou (não percebi a relevância nacional mas se deu no telejornal das 21h deve ser importante).
A UEFA preocupa-se com os cânticos racistas das claques (que são mais xenofabos que racistas) e penaliza os adeptos. A AutoEuropa reabriu mas não tem encomendas suficientes do novo mono volume que permita pagar aos trabalhadores, a Salvador Caetano de Gondomar tem as linhas de montagem paradas e tem de dispensar trabalhadores. A SIC está preocupada com as corridas de toiros em Portugal e o Presidente da Câmara de Viana do Castelo não tem mais com que se preocupar no seu Município e proíbe as mesmas no seu concelho. Os pais de Maddie Mcann continuam com a sua saga e vamos na 14ª edição da choradeira e consequente angariação de fundos para achar quem nunca se perdeu. Enquanto isso, o Ocean´s Club e toda a população os culpa do termino da restauração e empreendimentos turísticos. Uma anorectica é eleita Miss Austrália, quando todo o mundo se "preocupa" com disturbios de comportamentos alimentares...E duas das minhas miúdas tentaram o suicídio, esta não saiu no jornal porque somos coerentes e chega de noticias deprimentes por esta semana.

Amanhã comemora-se o 25 de Abril de 1974, a restauração da liberdade em Portugal. Comemora-se a revolução dos cravos. Salgueiro Maia ia ficar deprimido se assisti-se ao resultado da sua intervenção. Ainda mais do que ficou no pós 25 de Abril.
Não tenho mais capacidade de pensar. Fico-me com Abril de mim...o meu está quase...vamos ver ;)

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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Nem sei que diga :/

Michel Platini, presidente da UEFA, defende a interrupção dos jogos quando se escutarem cânticos racistas nos estádios.


"Vamos recomendar que os jogos sejam interrompidos durante um período de 10 minutos quando situações dessas [cânticos racistas] ocorrerem. Serão também feitos avisos através da instalação sonora dos estádios", revelou hoje em conferência de imprensa. "Se a situação continuar o jogo será suspenso. É necessária coragem nos casos em que existir racismo por parte dos adeptos presentes nas bancadas. Essa é a missão da UEFA".

Esta tomada de posição de Platini surge após a Juventus ter sido condenada a jogar um encontro à porta fechada depois de adeptos da "Juve" terem entoado cânticos racistas ao avançado do Inter de Milão, Mario Balotelli, na partida de sábado, entre os dois clubes, que terminou empatada a um golo.Balotelli tem 18 anos e marcou o primeiro golo do jogo entre os dois primeiros classificados da Liga italiana, escutando de seguida cânticos por parte de adeptos da Juventus que diziam: "Italianos pretos não existem". Balotelli é internacional sub-21 italiano e nasceu em Palermo, sendo descendente de cidadãos ganeses.

O presidente da Federação italiana de futebol, Giancarlo Abete, afirmou aos jornalistas que as regras existentes sobre a luta ao racismo no futebol italiano serão alteradas: "Neste momento, a legislação já permite que as autoridades suspendam um jogo se forem exibidas tarjas que incitem a discriminação racial. Naturalmente que vamos reforçar estas normas."
In: http://desporto.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1375645
Nem sei que comentar. Estaremos a ficar assim tão sensíveis???
O que é que vai ser proibido e considerado crime a seguir??

Já estou a imaginar a próxima manchete d'A Bola:

Quem chamar nomes ao arbitro, será identificado através de câmaras ocultas colocadas nos estádios e incorre num crime de difamação e injuria com intenção de dolo incorrendo em pena de prisão até 5 anos e multa entre os 10000 e 50000 euros. A federação internacional de arbitragem considera que os insultos por parte dos adeptos estão a provocar danos gravosos na saúde mental dos profissionais de arbitragem levando os mesmos a cometer erros de avaliação e arbitragem que prejudicam o futebol nacional e internacional.
Com tanta politiquice e sensibilidade está-se mesmo a ver que os jogos vão passar a durar no minimo 3h...Haja paciência.

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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Coisas que me enchem o Ego.

Sou narcisica, q.b. ...gosto do que o espelho mostra, até quando a roupa encolheu no armário.

Há coisas que por mais que tentemos é impossível encontrar as palavras que as traduzam como foram sentidas, ou que se assemelhem ao sentido. Tenho estado em ensaios para duas coisas diferentes mas com igual sensação de bem estar, brilho e ego cheio. A primeira teve lugar no sábado e a segunda irá decorrer na noite de 24 para 25 de Abril. Há 11 anos que faço ambas e sinto sempre algo semelhante: Diva.
Para quem nunca pisou um palco, a única coisa que lhe ocorre é a vergonha de estar "sem rede" perante um publico que ali está para ver um espetaculo mas também para avaliar o nosso desempenho. A critica tem os seus efeitos, se positiva leva-nos a querer mais, quando negativa pode levar ao aperfeiçoamento mas se for perjorativa fará, concerteza, mossa no alvo.

Pisar um palco é uma sensação indescritível, o medo mistura-se com a adrenalina, até o pano descer é como fazer arte de uma realidade surreal, um misto de pânico e orgulho. No fim os aplausos descontraiem e coroam o êxito de uma noite. Foi o que aconteceu no sábado. Não sou profissional, antes uma amadora, uma apaixonada que poderia levar mais a serio e dedicar-se um pouco mais, mas para mim há 16 anos que o palco, o teatro é o meu psicodrama, a minha terapia individual. No palco exorcizo-me, exorcizo os meus fantasmas. Já chorei muito em palco e a determinada altura já não chorava a minha personagem, mas projectei na mesma as minhas dores e o publico chorou comigo. O meu momento alto, que irei recordar para sempre. O cheiro das bambolinas, os nervos da espera nas bocas de cena, os imprevistos, os enganos e as amnésias de texto, as improvisações, as luzes, as cores, a preparação e os ensaios. Tudo é especial e único.

No sábado estive como apresentadora de uma Gala, eu e duas profissionais, estive a altura, superei-me, ovacionaram-me de pé...encheu-me o Ego, que posso dizer, não me apetece ser humilde ou revelar falsa humildade, quando a noite foi minha e porque foi esse o feedback do publico... lembrei-me novamente porque amo tanto o palco.

Sexta- feira o registo é diferente. Teatro de rua, a 11ª encenação do 25 de Abril de 1974.
Tenho um carinho muito especial por esta representação, o passar ao actual a nossa História. No entanto é estranho, porque ao fim de tanto tempo o real e imaginário já se confundem: já recriei tantas situações, acontecimentos e pessoas do pré 25 de Abril que por vezes esqueço-me que ainda não era nascida na altura. Sinto-o, vivo-o. O publico vive-o connosco, comigo, partilha as suas angustias, os mais velhos revivem as suas historias e as lágrimas continuam a cair-lhes ano após ano...é o seu momento de exorcismo - exorcizam todos os fantasmas que povoam as suas memorias e em muitos casos os seus sonhos. A minha terra foi muito castigada durante o pré 25 de Abril, Salgueiro Maia é daqui perto, o Rádio Clube Português fica mesmo cá...foi daqui que partiu "E depois do Adeus" e "Grândola Vila Morena" - as gentes tem-no tatuado na alma e na pele. Está tão vivo e eu vivo-o tanto, que o facto de ter lugar de 24 para 25 de Abril ainda vem conferir mais realismo ao meu sentimento de revolução vivida.

No fim, quando os dias são menos bons, as noticias não são as que esperávamos e a nossa vida não está do jeito que queremos, subir a um palco é vida, é respirar, sentir, amar e os aplausos a coroação, a medalha, o reconhecimento. Adoro senti-lo...sentir-me, transformar-me e entregar-me a uma dimensão que por horas é a minha.

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Sociedade Moderna (?!?)

Excelente debate o de hoje na SIC - "Filhos do divórcio".
Gostei particularmente das opiniões e intervenções da Drª Ana Sampaio e da Drª Maria Gameiro. A primeira por finalizar o mesmo com a necessidade de se dar "voz e ouvidos" às equipas de terreno...a segunda por ter um discurso que sugere conhecimento de terreno.

Hoje foi aprovada uma nova lei de regulação do poder paternal partilhado que dá igual hipóteses de guarda e simetria temporal da mesma a ambos os progenitores. O focus do debate incidiu sobre o facto de os pais não conseguirem a custodia das crianças, sendo a mesma atribuída às mães com base no pressuposto que são as figuras cuidadoras primárias e que já vem equipadas com uma espécie de GPS no que concerne à educação/ formação dos menores.

Os juízes tomam decisões de atribuição de poder paternal baseados na sua imparcialidade e conhecimentos teóricos, mas levando em atenção consideração a opinião de alguns técnicos especializados que "pesquisam" as condições de parentalidade, sócio- económicas e alienamento prejudiciais ao bem estar do menor (?!?).
Ora pois bem, esta posição do excelentíssimo srº Juiz é deveras curiosa, exactamente por ser irreal ou melhor dizendo falaciosa - as "pesquisas" quando existem derivam de relatórios de técnicos afectos ao menor por solicitação de um dos progenitores ou por denuncia de maus-tratos realizada por quem se apercebeu dos mesmos. É salvaguardado o bem estar da criança presumindo que será com a mãe e é atribuído ao pai um valor de pensão de alimentos. Vejo-o diariamente...infelizmente para mim.
Se aumentou o pedido de poder paternal por parte do pai não posso afirmar ou infirmar pois não conheço nenhum estudo empírico realizado em Portugal, mas se assim é não poderia concordar mais - Parir é dor, criar é amor. A minha realidade mostra-me diariamente o contrário, abandono. Não só do pai, apesar de ser o mais normal mas também da mãe.

Nos últimos anos alteraram-se os paradigmas sociais, o que de origem à mudança dos papeis sociais. Consequentemente perdeu-se o estruturalismo social que assentava em hierarquias familiares e sociais constituídas por valores e normas comuns a todos. O pai perdeu o seu papel de figura de autoridade e cuidador do lar porque um ordenado não alimenta tantas bocas, a mãe para contribuir para a economia familiar relegou nas creches, amas e infantários o seu papel de cuidadora primária, bem como o seu lugar na educação/formação dos menores. As horas laborais aumentaram exponencialmente devido à necessidade de se aumentarem os rendimentos e os horários passaram a ser rotativos, por turnos e incluem fins de semana. Entramos na época do capitalismo e consequentemente na cultura do materialismo e afirmação de status pelo mesmo. O tempo que se passa com as crianças é tão pouco que não há coragem para as repreender, para as frustrar, para ensinar o adiamento da gratificação e o reconhecimento do outro enquanto ser individual que merece respeito e equidade de tratamento. Perde-se o tempo para os filhos, então é porque o tempo de casal há muito não existe.

O indivualismo e arrogância de vazio dos indivíduos é tão grande que não se tolera nada ao outro. Não se tem um parceiro para partilhar e amparar mas para competir, o mesmo em relação aos filhos: não dispensam 10 minutos a jogar à bola mas perdem 2h no centro comercial à procura dos ténis da marca "x ou y" porque não são menos que o filho do vizinho. Ao fim de um tempo de vida conjunta apenas coabitam dois estranhos com algo em comum: filho(s). Alguns tem o discernimento de acabar com a batalha campal e seguir caminhos separados mas com a manutenção de um bem (maior) em comum, outros nem por isso - as contas não permitem a saída de nenhum mas...mais vale um bom casal separado que um mau casal junto. Quando a decisão é tomada e salvo raras excepções está implícito que o menor fica a cargo da mãe e passa a ser usado como joguete na relação de adultos. Sempre aconteceu em menor ou maior escala apenas variando nas nuances.

A experiência que tenho é de trabalho à qual alio a minha opinião, e reforço que é única e exclusivamente a minha opinião de acordo com as vivências laborais.

Se há 30 anos quando um casal se divorciava estava assumido que a mãe ficava com os filhos a seu cargo e o pai se tornava ausente e distante, há 20 anos iniciou-se a guarda conjunta em que, implicitamente, também estava assumido que a mãe ficava com os filhos mas os pais podiam usufruir de tempo com os mesmos de 15 em 15 dias...o que se tornava espaçado e amiúde até desaparecer quando (re)construíam família. O objectivo não é a generalização comportamental mas infelizmente é a maioria é para efeitos estatísticos é essa que conta e é devido a essa maioria de comportamento abandonico da figura paterna e da presunção de que a mãe é cuidadora por excelência que "nasce" a lei aprovada hoje e com a qual concordo em absoluto: a guarda deve ser partilhada e consensual em beneficio das necessidades do menor tendo em vista o seu desenvolvimento enquanto ser adaptado social e emocionalmente, ou seja, o papel de encarregado de educação deve ser atribuído ao progenitor que não use o alienamento familiar para manipular o outro, salvaguardando deste modo o equilíbrio e desenvolvimento harmonioso do menor.

Desejo que cada vez mais homens peçam a custodia dos seus filhos e os assumam a seu cargo, porque cada vez me assusta mais assistir a situações como as que se tem tornado banais desde o inicio de 2009: os pais juntos ou separados a pedirem a retirada para casas de acolhimento dos filhos e com justificações tão imbecis como: "não me entendo com ele/a"; "já não faço nada dele/a, só me dá é problemas" e a melhor para mim foi no dia em que ouvi "agora cada um de nós tem uma família nova e a Y não se está a adaptar então achámos que era melhor entrega-la a um colégio"...

Será a Y que não se adapta às novas famílias ou serão esses novos lares que não a estão a fazer sentir-se como pertença, amada e desejada?
O egoísmo e alienação social mortificou valores estruturantes para dar lugar a uma sociedade "fast-food" em que numa primeira fase os idosos se tornaram descartáveis e criaram-se depósitos para esperarem a morte e neste momento são os filhos que são descartáveis e são colocados em depósitos para que se recomece a vida do "zero" sem attachments, obrigações ou prisões...A partir do momento em que o menor entra num centro de acolhimento já nada liga aqueles dois indivíduos...a responsabilidade passa a ser do estado e eles...solteiros e livres novamente: reconstroiem a sua realidade.

Como é que se constroi um prédio começando por fazer o 1º andar?
Como se vive na ausência de valores tão básicos como o Amor?

Acho que não estou a conseguir adaptar-me a esta sociedade...melhor...Não Quero!!!!

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terça-feira, 14 de abril de 2009

Até Já...





MISS YOU


Passaram 9 anos que na minha pele são sentidos como 9 meses; no meu olhar são vistos como 9 dias; pelo teu cheiro em mim, apenas não te vejo há 9 horas e o gosto da tua boca na minha lembra-me que só passaram 9 minutos, apesar do meu peito gritar que apenas passaram 9 segundos.

Cumpri tudo apesar de nada pedires ou sugerires. Cumpri por mim, por minha vontade embora algures no caminho, quando precisei de força, de ver o sol e levantar-me do chão, foste tu com as tuas sábias palavras que me lembrou que havia amanhã. Recordei inúmeras vezes as tuas palavras, o que dizias e como o dizias, quando achavas que passava pela vida a brincar. Aprendi e agradeço a forma como acreditavas em mim. Sei que ainda Acreditas. Tudo o que aprendi e vivi contigo foram apenas pormenores que contribuíram para a edificação deste "todo" - o meu todo. Orgulho-me de mim, de ti.

Segui em frente. Sabes que sim. Não olho para trás quando fecho a porta. Sabias isso.

Foste Amor maior...ainda és - um amor tranquilo, seguro, certo, idealizado, sonhado...desejado. Por mim. Voltei a amar, a dar-me. Voltei a partilhar-me. Perdi e agradeço-te, porque sei que o sabes - sentis-te e sofres-te-o comigo. Respeitas-te e amparaste-me.

Agradeço em mim o sentir de ti...agradeço em ti o sentir de mim.

Não te digo um verdadeiro Adeus, nunca disse e não quero dizer. És história - a minha história. Não me despeço, não há partida em mim - de mim. Levo-te no meu caminho. A minha gaveta arrumada, trancada e selada a lacre. O meu mundo, a minha redoma. O meu mundo secreto - mundo de "nós". Construi-te em mim quando a tua vida parou, recusei apagar-te. Vens comigo. Não esqueço - será que algum dia se esquece? Será saudável esquecer?

Esquecer é querer reescrever a história - a minha história. A minha história contigo. Apagar-te seria ignorar uma cicatriz que cresceu e maturou connosco. Que bela ficou, não achas? Não a olhar seria fingir que não existis-te, que não vives-te e que não te amei - que não me amas-te - que não nos amamos e tatuamos um percurso comum em nós.

Meu querido, doce lembrança. Melhor amigo - a nada te tens negado. Sobes comigo e apanhas-me nas quedas. Transformei-te. Dei-te um novo lugar na minha vida, nossa vida. Talvez seja responsabilidade a mais mas confio em ti - sempre confiei. És Anjo da Guarda porque sei que cumpres.

Até logo...parece-me bem...as despedidas tem a distância que quisermos: 9 anos...9 dias...9 horas...9 minutos...9 segundos...ou um até já.

STILL...

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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Padrões de Beleza





A beleza quando vivida através do olhar do outro, dos padrões ditados pelos média pode levar a erros de percepção que custam a vida. Não só a vida do interveniente como a dos que o rodeiam ou consigo se cruzam. As imagens, as fotos e restantes artigos publicitários que apelam a um ideal feminino de perfeição deviam ser penalizados e censurados, ou explicados de modo às pessoas menos seguras e com baixos níveis de auto-estima, auto-conceito e motivação perceberem que não passam de imagens manipuladas por programas informáticos.

Não é o peso que temos ou a imagem que faz com que alguém nos ame mais ou menos e se essa for a razão do amor de outrem por nós em breve se extinguirá.


A anorexia, bulimia e dismorfofobia corporal assentam as suas bases em padrões estereotipados de beleza com os quais somos bombardeados diariamente. Ditam modos de vida e gastos, não só monetários como emocionais. Exigem que as pessoas se sintam desconfortáveis na sua própria pele e criam adolescentes deprimidos pela ausência (?!?) de uma beleza "Morangos com Açúcar", que irão dar origem a adultos insatisfeitos e fóbicos com a idade cronológica e a idade que ambicionam passar.

Desmistifique-se que os homens preferem mulheres "cadáveres", sem celulite, sem pêlos e sempre com ar Elle Macpherson, bonecas vazias, desprovidas de amor -próprio, logo incapazes de o dar também ao outro. Numa vida em sociedade é preciso mais que um ar de capa de revista, é preciso ter personalidade, ter empatia porque são essas as qualidades que precisamos para nos relacionarmos com os outros. A beleza física e a perfeição física podem ser facilitadoras de aproximação com o outro, mas no convívio passa para 2º plano, NÃO é a razão pela qual se está com alguém...será apenas o bonús que acompanha quem se ama.

Se a magreza e a beleza são sinónimos de sucesso e amor incondicional porque é que as grandes actrizes de Hollywwod também são abandonadas e se divorciam, se deprimem e tentam suicidar...há mais para além da beleza fisica, essa é efémera e como dizia a minha avó: Quem o feio ama, bonito lhe parece.

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Abril, mês de mim

"Abril é o quarto mês do calendário gregoriano e tem 30 dias.
O seu nome deriva do Latim Aprilis, que significa abrir, numa referência à germinação das culturas. Outra hipótese sugere que Abril seja derivado de Aprus, o nome etrusco de Vénus, deusa do amor e da paixão. É por esta razão que surgiu a crença de que os amores nascidos em Abril são para sempre. Outra versão é que se relaciona com Afrodite, nome grego da deusa Vênus, que teria nascido de uma espuma do mar que, em grego antigo, se dizia "abril" ." (Wikipédia)

Abril é por excelência o meu mês. O início real do meu ano. Talvez seja essa a razão que me faz ver Abril como um mês de transição, um mês equilibrado em temperaturas e harmonioso nos suspiros primaveris com que nos brinda. É quando têm inicio as festas e comemorações pagãs no Ribatejo e por todo o lado cheira a festa e boa-disposição. As pessoas saem à rua com o espírito do sol e da aproximação do verão.
Abril é o mês de semear, as terras são lavradas para receber novas sementes e originar vida. Talvez por viver no Ribatejo esteja mais sensível a todo este estado de vida dos campos e me embeveça com o transformar da natureza, com os seus cheiros, as suas cores e o burburinho continuado dos pássaros que celebram diariamente a vida, nos seus cantos.

A minha relação com Abril é mais abrangente que a agricultura: divide-se em dois campos distintos e em dois momentos antágonicos. Em Abril e até dia 21 reina Carneiro, o signo da aventura, destemido, impetuoso, obstinado e teimoso, a partir de 21 e até ao fim de Abril, reino Eu...ou seja reina Touro, o signo da perseverança, da força, da obstinação e teimosia mas também da lealdade e do equilíbrio. Fogo e Terra dominam Abril e os seus dias são reveladores destas influências ancestrais e planetárias. Touro é regido por Vénus, o fim de Abril, presenteia-nos com campos floridos, verdadeiras obras de arte que apelam aos sentidos, despertando-os e tornando-os mais sensíveis logo mais partilháveis.
Apesar de ser também influênciada pelos sorrisos de Abril tal estado de espírito apenas me surge no fim do mês: a altura do meu aniversário, o balanço real do ano transacto. É nostálgico o inicio de Abril pelas memórias que me traz e que se balançam em mim com sorrisos e lágrimas. Sorrio porque te amei e tenho as melhores recordações tatuadas a fogo na alma e chora a mesma por tua partida inesperada. A véspera é um dia nostálgico em que recordo o teu sorriso e palavras quando me olhavas, o teu jeito de caminhar e de me abraçar... e a minha cara, o que senti quando me comunicaram a tua partida. Sei que tinha de ser e que não houve escolha. Para mim também não.

Exorcizo-me diariamente num exercício de nostalgia e bem estar por saber que olhas por mim. Anjo da Guarda. Em Abril que é mês de resnascer e nascer, recordo com saudade tudo o que foi, lembro tudo o que é e projecto-me no que quero que seja. Recordo-te ternamente, como algo intrínseco a mim, sorrio ao lembrar-te, ao lembrar-nos. O luto está feito e integrado como mais uma cicatriz que me recorda o passado, já não doí mas é bom olhar para ela, é doce e fortificante.

Dentro de dois dias o inicio de Abril como mês primaveril, mês de Vénus e Afrodite, mês de paixões e construção, nascimento...sementeiras férteis...mês de revolução e comemoração...mês de mim.

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Ilusões de óptica


O calor sentido à superfície, ao primeiro olhar nem sempre se coaduna com o que sustem tamanha estrutura. A solidez e o conforto que a primeira aparenta, inúmeras vezes é sustida por um frio glaciar que evita a derrocada. É de ouro a temperança.

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Margareth Mitchell em "E tudo o vento levou"

"Bem - pensou seriamente -, eu tenho algo que as outras mulheres não têm, mesmo as mais bonitas...Tenho uma cabeça que tomou uma firme decisão."

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quarta-feira, 8 de abril de 2009

Dias I

(...)

As manhãs nunca tinham sido fáceis, por mais que tenta-se odiava o despertar, a azáfama de ter de se despachar para sair de casa, o que invariavelmente levava a que saísse sempre atrasado…até quando se tinha levantado cedo. Hoje apesar de ter acordado revigorado e bem-disposto, como há muito não acontecia, deu consigo a tomar o pequeno-almoço e a pensar que era realmente um ser peculiar: assim que acordava ligava o rádio em algazarra, no entanto não suportava que falassem consigo. Precisava daqueles momentos de update para depois se reiniciar e enfrentar o dia. Largou-se a rir, nem sequer gostava de computadores, achava-os apenas necessários e utilitários no dia-a-dia. Quando se apaixonara, estranhamente durante algum tempo, as manhãs pareciam mais agradáveis, menos difíceis mas até isso mudou e a determinada altura passaram a ser iguais a todas as manhãs da sua vida, não tinha deixado de gostar ou de se sentir apaixonado, preferia pensa-lo como o “conforto da rotina”, quando deixa de haver cerimónia com o outro. Quando ela já não corria para a casa de banho mal acordava, o que fazia com que fosse sempre antes de ele acordar e se penteava, lavava e aparecia com um ar doce e angelical, como se nunca se desgrenha-se como o comum dos mortais. Ele sabia-o e no entanto adorava isso nela, a importância que dava a certas coisas. Soubesse ela como amava o seu ar desalinhado e birra da manhã. Tornou-se rotina, perderam-se os cuidados de agradar ao outro, de esconder as imperfeições, não tinha achado mal. Amava na mesma.
- Que estupidez, acordei tão bem disposto e estou em frente a uma chávena de café a tornar uma manhã fantástica em momentos nostálgicos.
Olhou para o relógio e viu que estava atrasado. O passado tinha-o novamente atrasado. Mais um ponto a limar, o passado está resolvido, a porta fechada e ele nunca olhava para trás.
Vestiu o casaco, armou-se com o seu melhor sorriso e saiu para a rua. Tal como esperava, o sol era só seu, sentia-se egoísta e apetecia-lhe pensar que detinha o poder de pôr o sol a brilhar só para si, uma cumplicidade ou um miminho do Universo, como preferia chamar-lhe.
Desceu a rua e chegou à esplanada, sorria a todos, pediu o seu café e nesse dia até brincou com a senhora que o costumava servir. Apetecia-lhe gritar ao mundo que estava feliz, que era feliz, que tinha sorte e agradecia a Deus todas as bênçãos, todas as alegrias e principalmente ter-lhe concedido o maior dom: saúde. Riu-se de si próprio, estava um sentimentalista, tinha-se concedido uma nova graça: usufruir dos seus próprios sentimentos, entrega-los a si e desfrutar dos mesmos, como uma criança a quem deram o gelado preferido. Ele tinha o gelado preferido, agora sabia-o.
Enquanto o sol o abraçava num abraço terno e quente deu consigo a fazer analogias em relação a si próprio:
- Sou como um sobreiro, tenho um tronco largo protegido por uma carapaça dura que me protege das intempéries, das agressões do exterior. Tenho a certeza de quem sou e de onde estou, as minhas raízes são longas, sólidas e fortes o suficiente para me manterem fixo ao meu caminho, no entanto a minha cabeça é sonhadora e tal com a copa de um sobreiro sorri ao ver o vento, deixa-se levar por ele e dança freneticamente ao som das suas vontades. É confiante, é forte, sabe que se pode deixar levar na loucura do vento pois o seu tronco e raízes mantêm-no no real, seguram-no às metas estabelecidas. Assim sou eu.
Sacudiu a cabeça pensando que estava em solilóquio, agora é que iriam ter a confirmação plena do seu desequilíbrio e riu como se houvesse quem partilha-se deste seu estado de humor. E havia… ria-se de si e consigo, haverá coisa melhor, pensava.
- Arrgh…bolas…agora é que estou mesmo atrasado.
Levantou-se e saiu a correr. Entrou no carro e sentiu aquele quente típico dos carros a colar-se à sua pele. Sentiu-se novamente abraçado. Hoje o dia vai correr-me muito bem – pensou. A manhã tinha-se iniciado como naqueles primeiros tempos de vida em comum, estava novamente apaixonado. Tinha descoberto que a maior paixão tem de começar em si, por si. Não o voltaria a esquecer, não voltaria a dar-se, sem se ter primeiro, não voltaria a duvidar de si ou das suas qualidades como pessoa, como homem e principalmente como companheiro. Definitivamente tinha percebido que não era, nem nunca poderia ser o que ela procurava porque era o dobro do que merecia. Como ser imperfeito que era tinha a suas qualidades como perfeitas e procurava no outro o mesmo: apaixonar-se pela perfeita imperfeição.
Ele não vivia em mentiras, em histórias de encantar e situações de faz de conta, agora percebia o porquê de amar o seu ar desalinhado, a depilação por fazer e a sua desarrumação: essa era a pessoa real.

(...)

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Touro

ABRIL

AMOR: Vuestra exuberancia les permitirá realizar todas aquellas cosas que han omitido. Serán inconstantes y volubles, traten de entender que cosa quiere vuestra pareja.

TRABAJO: Sentirán el peso de las responsabilidades como una roca a causa de vuestro cansacio pero también de las consecuencias de una elección equivocada. Pidan un consejo.

SALUD: Son probables migrañas que os procuráis solo porque complicáis la vida. Intenten vivir en forma más sencilla y natural.

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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Desert Rose




Como qualquer Lagarto que se preze sou apaixonada pelo deserto. Fascina-me, faz-me voar e acreditar em luas mágicas, estrelas que guiam homens até ao sonho. Acredito em justiceiros do deserto e nas suas aventuras. Se o mar me fascina pela imensidão, o deserto leva-me a viajar nas suas areias, a ter pensamentos romantizados por um qualquer Lourenço das Arábias que surge de uma tempestade de areia trazendo no coração a coragem do guerreiro e na alma a verdade de quem muitas horas passou a acompanhar-se numa travessia desejada e idealizada.

Um dia irei ao deserto, um dia terei a experiência tatuada na pele e na memória. Talvez não falte muito, talvez falte tudo. É um querer de muita vontade, é um desejo da alma, do coração e da cabeça. Um dia vou ao deserto, os sonhos que carrego são secretos e adrenergicos de tamanha vontade. Um dia vou ao deserto...contigo ou sem ti.

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domingo, 5 de abril de 2009

(Des)conversa 9

Sexta - feira à noite discoteca Twins Lx:

Eu - Se faz favor quando puder quero um vodka black com sumo de limão.
(O empregado não tendo mais de 20 anos acaba a garrafa que estava a serviço.)
Barman - Olhe desculpe mas não há mais.
Eu - Está outra garrafa na segunda prateleira atrás de si.
Barman - Ahhh...pois está, não tinha visto.
(acaba de servir-me e entrega-me o copo)
Barman - Pode dar-me o seu cartão, sff?

Após vários minutos em "guerra" com o cartão e a maquina finalmente consegue registar a bebida.

Barman - Desculpe lá o tempo que levou mas já estou um bocado bêbado.

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(Des)conversa 8

Ele 1 - Tenho duas noticias para te dar: uma boa e uma má.
Ele 2 - Então?
Ele 1 - A boa é que deixei a droga.
Ele 2 - E a má?
Ele 1 - É que não sei onde é que a pus.

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sexta-feira, 3 de abril de 2009

Blood Brothers



Crise de valores. Crises pessoais, sociais e morais.

Blood brothers, já ouvi e conheço até a exaustão. Utopia.
Sou básica até ao limite da ignorância, é tão fácil surpreenderem-me que até eu me surpreendo. Não é uma surpresa de "Ahhh..." mas uma surpresa de "foda-se isto é mais cá conta"...Enfim, não são as pessoas que nos desiludem, somos nós que nos iludimos com elas. Demasiadas expectativas sobre as mesmas e muito altas ou como diz o meu irmão mais velho: és muito exigente com os outros, queres que eles tenham os mesmo valores que tu, minha menina o teu erro é avaliares toda a gente pelas tuas acções: se nunca farias tal coisa à partida não o esperas dos outros. Nem toda a gente é assim, antes pelo contrário.Habitua-te, cresce e aprende a lidar com isso, não o sintas como "surpresa", sente-o como é isto e apenas isto: nada a esperar, nada a apontar, nada a dizer ou a modificar. As coisas são aquilo que são e não o que gostariamos que fossem. Sem expectativas não há ilusões ou desilusões, apenas pessoas.
Jantei um dia destes com alguém que me é muito querido e que tem o à vontade para me dizer tudo sem me saltar a tampa. Reafirmou-me o grande defeito que não aprecia em mim: não ver o óbvio quando as pessoas me são próximas e minimizar os defeitos que tenham. Mais uma vez fui surpreendida pelo óbvio e estranhei a minha ignorância, a minha ausência de capacidade de absorver e observar o real próximo. Também me garantiu que nunca me iria magoar ou decepcionar. Quis acreditar mas já não consigo. Vamos ver onde vou parar, se algum dia recuperarei a confiança na humanidade. Até lá sei que só posso contar comigo, na guerra e na paz, na subida e na descida, na ausência e na presença. Gosto das pessoas, algumas pessoas mas de maneira diferente, um gostar cauteloso de quem pode escorregar mas não cair.

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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Dupla Percepção




Tu dizes que é um sapo, e eu juro que é um cavalo!
(Teoria Gestalt)
Este desenho ensina-nos claramente que devemos sempre respeitar as outras opiniões. É necessário esperar e ouvir atentamente os outros porque eles também têm o seu ponto de vista. Respeitar a opinião dos outros é olhar para a mesma verdade e saber que esta poderá ser vista de forma diferente por cada um.
Assim, certamente, não serão cometidas injustiças com as precipitações.

O interessante do desenho e a sua lição enigmática está no facto de que na história nada muda, mas, mesmo assim, tudo é completamente diferente.



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Dias

Estava em guerra mas não sabia o porquê. Já tinha acordado assim e o decorrer do dia não lhe trouxe melhorias. Quanto mais tentava retirar importância ao assunto mais este parecia adquiri-lo. Começava a sentir-se perseguido, mais, sentia que o mundo nesse dia conspirava contra si. Olhava pela janela, tão reconfortante em outras alturas e não gostava da imagem reflectida: Bolas... hoje não conseguia embalar-se nos pontos luminosos que assinalam no horizonte um qualquer centro urbano. Os pontos que dançam ignorados por quem ao lado lhes passa e pensa-os como dado adquirido. Merda!!! para ele o seu rosto também era já dado adquirido.
Zangado afastou-se da janela, colocando-se num sítio onde a mesma não o pudesse ver e confrontar com o que hoje não lhe apetecia.


Sentado num cadeirão, olhou em volta e as paredes de tão cheias pareceram-lhe vazias: de que adiantava o orgulho que tinha na sua colecção se não havia ninguém com quem o dividir, ninguém que o quisesse dividir. Hoje não era mesmo um bom dia. A guerra tinha começado e há tanto tempo que empreendia esforços de mediação para manter a paz, pelo menos para que existisse um terreno neutro onde circula-se à vontade. Hoje não dava, ouvia demasiada coisa e demasiado ao mesmo tempo, a cabeça ecoava ensurdecedoramente, o toque era do alarme de ataque aéreo. Acendeu um cigarro e deteve-se a olhar para o borrão. Tão tranquilo, tão sereno o arder, lento e constante. Porque não podia a sua vida ser assim também. Constante, calma e sem esta guerra interior que se tinha instalado e aumentava o conflito a cada reunião de esclarecimento. Puxou outra fumaça e encheu o peito com aquele fumo tóxico e simultaneamente tão libertador.
-Porra, devia deixar de fumar...que se foda, esta guerra mata-me mais que o tabaco.


O racional e o emocional tinham novamente declarado estado de guerra, tentava as tréguas, já tinha utilizado todos os argumentos e a dúvida cada vez se adensava mais. Afinal qual era o seu problema, já tinha colocado tudo na balança e o mais correcto era não se meter mais em emoções e partilhas e merdas.
Levantou-se e atravessou a sala em passo largo. Quem o observa-se pensaria que estava a ser perseguido ou no meio de uma violenta discussão.
Acendeu mais um cigarro, quem queria enganar: estava no meio de uma violenta guerra, num verdadeiro campo de batalha e era atacante e atacado.
-Foda-se...não é justo se de um lado existe razão, no outro não é menos verdade.
Nesse instante parou, respirou fundo e continuou o seu cigarro: de hoje não passa, tenho de tomar uma decisão.
A campainha tocou. Salvo por agora.


Convite irrecusável para jantar, o que tinha a decidir podia ser adiado. Só a si lhe dizia respeito, pensou. Agarrou no casaco e saiu de casa. Hoje iria quebrar o jejum de álcool que tinha estabelecido a si próprio, o estado de espírito merecia-o, precisava de aguentar, de ver com clareza o que se passava, a origem de tamanha guerra. Merecia e pronto.
Durante a noite não conseguiu acalmar o bombardeamento que existia dentro de si. Qual era a dificuldade, afinal era feliz, tinha feito uma escolha, tomado uma decisão e assumido as consequências. Estava onde queria e como queria. Acendeu outro cigarro. Olhou para o céu e reviu-se na lua, que espelhava o esplendor e imensidão da terra, de repente apeteceu-lhe ser novamente criança: era tão mais fácil.
Regressou a casa, cada passo era mais moroso que o anterior. Mas de que fugia?
-O que é me amedronta que prefiro ficar neste desconforto a enfrentar-me a mim próprio?


Abriu a porta e suspirou: agora já não podia adiar o inadiável. Colocou o seu CD preferido a tocar, serviu-se de uma bebida e sentou-se na varanda. O céu mostrava uma lua redonda e perfeita, ilumina o céu, pensou. Quantas pessoas a terão por única companhia. As estrelas acompanhavam esta obra de arte, aperfeiçoando-a…sentiu-se minúsculo e insignificante afinal a sua guerra era apenas um ponto no universo.
Há muito tempo que tinha tomado a decisão de não voltar a apaixonar-se e amar então era surreal, apenas acontecia nos filmes. Estava magoado e não o negava, a melhor maneira de não voltar a acontecer era redireccionar a sua atenção e concentrar-se em coisas que controla-se. Tomar tamanha decisão não tinha sido fácil mas ser despojado do seu Eu também não tinha sido uma escolha consciente e era ele que assumia as consequências do efémero. Auto-impôs-se uma espécie de celibato que a determinada altura se tornou teimosia, bandeira de convicção e afirmação de quem era. Defesa.
Agora via-se no meio desta guerra interna: se o seu racional o aconselhava a não se partilhar, o emocional sentia a falta do calor de outro colo. Não podia ceder, não queria ceder. Que loucura era aquela, ainda lhe escorria na alma o amargo do último adeus e tinha a certeza que não queria repetir a experiência. Tornava-se perturbadora esta necessidade do outro. Não cederia, não podia ceder, não foi esse o acordo que estabeleceu consigo próprio. Estava bem, sabia-o, então para quê complicar, dar importância a sentimentos que aparecem tão rapidamente quanto desaparecem. Em si não desapareciam tão facilmente e ele sabia-o. O epicentro da guerra, da sua guerra.
Não aguento mais, pensou. Mais um cigarro, um último copo, um olhar para o exterior e cama…amanhã será outro dia.
Nessa noite sonhou e espelhou-se no imaginário. Tranquilizou-se e percebeu que era apenas um sonho, nada tinha a temer. Ninguém lhe interessava, nem tinha aparecido outro ser que desperta-se os seus sentidos, ninguém despertava o seu interesse...sorriu, estava a salvo. Estava a sofrer de antecipação.
Nessa manhã acordou com um sorriso, estava bem-disposto, sentia-se bem, sentia-se imortal e feliz, respirou fundo e levantou-se para enfrentar mais um dia, este seria diferente, tinha percebido. Não há perigo, não há ninguém, ninguém o ameaçava. Era apenas um sonho, nada mais que um sonho e os sonhos não são reais. Estava a salvo.

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