quarta-feira, 29 de abril de 2009
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Strange Days
Uma semana estranha e alucinada. Passou tão depressa, que passou por mim. Senti-a na pele. Ainda a tenho.
Não sei se é a crise, se são as pessoas, se sou eu. Que é o mais provável.
Numa altura em que se comemoram os 35 anos de Abril parece-me apenas protocolo. Os árabes exigem a retirada da história da segunda guerra mundial dos manuais escolares e a Europa obedece. As alegações dos árabes são a previsão que o General Eisenhower fez há 60 anos: O Holocausto não existiu.
Temos um professor de ensino básico que molestou alunas de uma turma de 22 e quando confrontado apenas alegou: "Gosto de as sentar no meu colo, são tão queridas".
Sócrates processou a TVI por difamação no caso Freeport porque "é uma cabala" para o destruir (isto vindo do homem que se licenciou a um domingo na Universidade Independente); a namorada despediu-se porque não se "enquadra" na TVI24; o José Eduardo Moniz processa o Sócrates por repressão na liberdade de imprensa e afirma que Cancio foi "um erro de casting"...Vão estrear mais algumas novelas mas a Rita Pereira cortou um braço num restaurante e desmaiou (não percebi a relevância nacional mas se deu no telejornal das 21h deve ser importante).
A UEFA preocupa-se com os cânticos racistas das claques (que são mais xenofabos que racistas) e penaliza os adeptos. A AutoEuropa reabriu mas não tem encomendas suficientes do novo mono volume que permita pagar aos trabalhadores, a Salvador Caetano de Gondomar tem as linhas de montagem paradas e tem de dispensar trabalhadores. A SIC está preocupada com as corridas de toiros em Portugal e o Presidente da Câmara de Viana do Castelo não tem mais com que se preocupar no seu Município e proíbe as mesmas no seu concelho. Os pais de Maddie Mcann continuam com a sua saga e vamos na 14ª edição da choradeira e consequente angariação de fundos para achar quem nunca se perdeu. Enquanto isso, o Ocean´s Club e toda a população os culpa do termino da restauração e empreendimentos turísticos. Uma anorectica é eleita Miss Austrália, quando todo o mundo se "preocupa" com disturbios de comportamentos alimentares...E duas das minhas miúdas tentaram o suicídio, esta não saiu no jornal porque somos coerentes e chega de noticias deprimentes por esta semana.
Amanhã comemora-se o 25 de Abril de 1974, a restauração da liberdade em Portugal. Comemora-se a revolução dos cravos. Salgueiro Maia ia ficar deprimido se assisti-se ao resultado da sua intervenção. Ainda mais do que ficou no pós 25 de Abril.
Não tenho mais capacidade de pensar. Fico-me com Abril de mim...o meu está quase...vamos ver ;)
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Nem sei que diga :/
"Vamos recomendar que os jogos sejam interrompidos durante um período de 10 minutos quando situações dessas [cânticos racistas] ocorrerem. Serão também feitos avisos através da instalação sonora dos estádios", revelou hoje em conferência de imprensa. "Se a situação continuar o jogo será suspenso. É necessária coragem nos casos em que existir racismo por parte dos adeptos presentes nas bancadas. Essa é a missão da UEFA".
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Coisas que me enchem o Ego.
Read more...No fim, quando os dias são menos bons, as noticias não são as que esperávamos e a nossa vida não está do jeito que queremos, subir a um palco é vida, é respirar, sentir, amar e os aplausos a coroação, a medalha, o reconhecimento. Adoro senti-lo...sentir-me, transformar-me e entregar-me a uma dimensão que por horas é a minha.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Sociedade Moderna (?!?)
terça-feira, 14 de abril de 2009
Até Já...
MISS YOU
Passaram 9 anos que na minha pele são sentidos como 9 meses; no meu olhar são vistos como 9 dias; pelo teu cheiro em mim, apenas não te vejo há 9 horas e o gosto da tua boca na minha lembra-me que só passaram 9 minutos, apesar do meu peito gritar que apenas passaram 9 segundos.
Cumpri tudo apesar de nada pedires ou sugerires. Cumpri por mim, por minha vontade embora algures no caminho, quando precisei de força, de ver o sol e levantar-me do chão, foste tu com as tuas sábias palavras que me lembrou que havia amanhã. Recordei inúmeras vezes as tuas palavras, o que dizias e como o dizias, quando achavas que passava pela vida a brincar. Aprendi e agradeço a forma como acreditavas em mim. Sei que ainda Acreditas. Tudo o que aprendi e vivi contigo foram apenas pormenores que contribuíram para a edificação deste "todo" - o meu todo. Orgulho-me de mim, de ti.
Segui em frente. Sabes que sim. Não olho para trás quando fecho a porta. Sabias isso.
Foste Amor maior...ainda és - um amor tranquilo, seguro, certo, idealizado, sonhado...desejado. Por mim. Voltei a amar, a dar-me. Voltei a partilhar-me. Perdi e agradeço-te, porque sei que o sabes - sentis-te e sofres-te-o comigo. Respeitas-te e amparaste-me.
Agradeço em mim o sentir de ti...agradeço em ti o sentir de mim.
Não te digo um verdadeiro Adeus, nunca disse e não quero dizer. És história - a minha história. Não me despeço, não há partida em mim - de mim. Levo-te no meu caminho. A minha gaveta arrumada, trancada e selada a lacre. O meu mundo, a minha redoma. O meu mundo secreto - mundo de "nós". Construi-te em mim quando a tua vida parou, recusei apagar-te. Vens comigo. Não esqueço - será que algum dia se esquece? Será saudável esquecer?
Esquecer é querer reescrever a história - a minha história. A minha história contigo. Apagar-te seria ignorar uma cicatriz que cresceu e maturou connosco. Que bela ficou, não achas? Não a olhar seria fingir que não existis-te, que não vives-te e que não te amei - que não me amas-te - que não nos amamos e tatuamos um percurso comum em nós.
Meu querido, doce lembrança. Melhor amigo - a nada te tens negado. Sobes comigo e apanhas-me nas quedas. Transformei-te. Dei-te um novo lugar na minha vida, nossa vida. Talvez seja responsabilidade a mais mas confio em ti - sempre confiei. És Anjo da Guarda porque sei que cumpres.
Até logo...parece-me bem...as despedidas tem a distância que quisermos: 9 anos...9 dias...9 horas...9 minutos...9 segundos...ou um até já.
STILL...
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segunda-feira, 13 de abril de 2009
Padrões de Beleza
A beleza quando vivida através do olhar do outro, dos padrões ditados pelos média pode levar a erros de percepção que custam a vida. Não só a vida do interveniente como a dos que o rodeiam ou consigo se cruzam. As imagens, as fotos e restantes artigos publicitários que apelam a um ideal feminino de perfeição deviam ser penalizados e censurados, ou explicados de modo às pessoas menos seguras e com baixos níveis de auto-estima, auto-conceito e motivação perceberem que não passam de imagens manipuladas por programas informáticos.
Não é o peso que temos ou a imagem que faz com que alguém nos ame mais ou menos e se essa for a razão do amor de outrem por nós em breve se extinguirá.
A anorexia, bulimia e dismorfofobia corporal assentam as suas bases em padrões estereotipados de beleza com os quais somos bombardeados diariamente. Ditam modos de vida e gastos, não só monetários como emocionais. Exigem que as pessoas se sintam desconfortáveis na sua própria pele e criam adolescentes deprimidos pela ausência (?!?) de uma beleza "Morangos com Açúcar", que irão dar origem a adultos insatisfeitos e fóbicos com a idade cronológica e a idade que ambicionam passar.
Desmistifique-se que os homens preferem mulheres "cadáveres", sem celulite, sem pêlos e sempre com ar Elle Macpherson, bonecas vazias, desprovidas de amor -próprio, logo incapazes de o dar também ao outro. Numa vida em sociedade é preciso mais que um ar de capa de revista, é preciso ter personalidade, ter empatia porque são essas as qualidades que precisamos para nos relacionarmos com os outros. A beleza física e a perfeição física podem ser facilitadoras de aproximação com o outro, mas no convívio passa para 2º plano, NÃO é a razão pela qual se está com alguém...será apenas o bonús que acompanha quem se ama.
Se a magreza e a beleza são sinónimos de sucesso e amor incondicional porque é que as grandes actrizes de Hollywwod também são abandonadas e se divorciam, se deprimem e tentam suicidar...há mais para além da beleza fisica, essa é efémera e como dizia a minha avó: Quem o feio ama, bonito lhe parece.
Abril, mês de mim
"Abril é o quarto mês do calendário gregoriano e tem 30 dias.
O seu nome deriva do Latim Aprilis, que significa abrir, numa referência à germinação das culturas. Outra hipótese sugere que Abril seja derivado de Aprus, o nome etrusco de Vénus, deusa do amor e da paixão. É por esta razão que surgiu a crença de que os amores nascidos em Abril são para sempre. Outra versão é que se relaciona com Afrodite, nome grego da deusa Vênus, que teria nascido de uma espuma do mar que, em grego antigo, se dizia "abril" ." (Wikipédia)
Ilusões de óptica
Margareth Mitchell em "E tudo o vento levou"
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Dias I
(...)
- Que estupidez, acordei tão bem disposto e estou em frente a uma chávena de café a tornar uma manhã fantástica em momentos nostálgicos.
Olhou para o relógio e viu que estava atrasado. O passado tinha-o novamente atrasado. Mais um ponto a limar, o passado está resolvido, a porta fechada e ele nunca olhava para trás.
Vestiu o casaco, armou-se com o seu melhor sorriso e saiu para a rua. Tal como esperava, o sol era só seu, sentia-se egoísta e apetecia-lhe pensar que detinha o poder de pôr o sol a brilhar só para si, uma cumplicidade ou um miminho do Universo, como preferia chamar-lhe.
Desceu a rua e chegou à esplanada, sorria a todos, pediu o seu café e nesse dia até brincou com a senhora que o costumava servir. Apetecia-lhe gritar ao mundo que estava feliz, que era feliz, que tinha sorte e agradecia a Deus todas as bênçãos, todas as alegrias e principalmente ter-lhe concedido o maior dom: saúde. Riu-se de si próprio, estava um sentimentalista, tinha-se concedido uma nova graça: usufruir dos seus próprios sentimentos, entrega-los a si e desfrutar dos mesmos, como uma criança a quem deram o gelado preferido. Ele tinha o gelado preferido, agora sabia-o.
Enquanto o sol o abraçava num abraço terno e quente deu consigo a fazer analogias em relação a si próprio:
- Sou como um sobreiro, tenho um tronco largo protegido por uma carapaça dura que me protege das intempéries, das agressões do exterior. Tenho a certeza de quem sou e de onde estou, as minhas raízes são longas, sólidas e fortes o suficiente para me manterem fixo ao meu caminho, no entanto a minha cabeça é sonhadora e tal com a copa de um sobreiro sorri ao ver o vento, deixa-se levar por ele e dança freneticamente ao som das suas vontades. É confiante, é forte, sabe que se pode deixar levar na loucura do vento pois o seu tronco e raízes mantêm-no no real, seguram-no às metas estabelecidas. Assim sou eu.
Sacudiu a cabeça pensando que estava em solilóquio, agora é que iriam ter a confirmação plena do seu desequilíbrio e riu como se houvesse quem partilha-se deste seu estado de humor. E havia… ria-se de si e consigo, haverá coisa melhor, pensava.
- Arrgh…bolas…agora é que estou mesmo atrasado.
Levantou-se e saiu a correr. Entrou no carro e sentiu aquele quente típico dos carros a colar-se à sua pele. Sentiu-se novamente abraçado. Hoje o dia vai correr-me muito bem – pensou. A manhã tinha-se iniciado como naqueles primeiros tempos de vida em comum, estava novamente apaixonado. Tinha descoberto que a maior paixão tem de começar em si, por si. Não o voltaria a esquecer, não voltaria a dar-se, sem se ter primeiro, não voltaria a duvidar de si ou das suas qualidades como pessoa, como homem e principalmente como companheiro. Definitivamente tinha percebido que não era, nem nunca poderia ser o que ela procurava porque era o dobro do que merecia. Como ser imperfeito que era tinha a suas qualidades como perfeitas e procurava no outro o mesmo: apaixonar-se pela perfeita imperfeição.
Ele não vivia em mentiras, em histórias de encantar e situações de faz de conta, agora percebia o porquê de amar o seu ar desalinhado, a depilação por fazer e a sua desarrumação: essa era a pessoa real.
(...)
Read more...Touro
ABRIL
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Desert Rose
Como qualquer Lagarto que se preze sou apaixonada pelo deserto. Fascina-me, faz-me voar e acreditar em luas mágicas, estrelas que guiam homens até ao sonho. Acredito em justiceiros do deserto e nas suas aventuras. Se o mar me fascina pela imensidão, o deserto leva-me a viajar nas suas areias, a ter pensamentos romantizados por um qualquer Lourenço das Arábias que surge de uma tempestade de areia trazendo no coração a coragem do guerreiro e na alma a verdade de quem muitas horas passou a acompanhar-se numa travessia desejada e idealizada.
Um dia irei ao deserto, um dia terei a experiência tatuada na pele e na memória. Talvez não falte muito, talvez falte tudo. É um querer de muita vontade, é um desejo da alma, do coração e da cabeça. Um dia vou ao deserto, os sonhos que carrego são secretos e adrenergicos de tamanha vontade. Um dia vou ao deserto...contigo ou sem ti.
domingo, 5 de abril de 2009
(Des)conversa 9
(Des)conversa 8
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Blood Brothers
Crise de valores. Crises pessoais, sociais e morais.
Blood brothers, já ouvi e conheço até a exaustão. Utopia.
Sou básica até ao limite da ignorância, é tão fácil surpreenderem-me que até eu me surpreendo. Não é uma surpresa de "Ahhh..." mas uma surpresa de "foda-se isto é mais cá conta"...Enfim, não são as pessoas que nos desiludem, somos nós que nos iludimos com elas. Demasiadas expectativas sobre as mesmas e muito altas ou como diz o meu irmão mais velho: és muito exigente com os outros, queres que eles tenham os mesmo valores que tu, minha menina o teu erro é avaliares toda a gente pelas tuas acções: se nunca farias tal coisa à partida não o esperas dos outros. Nem toda a gente é assim, antes pelo contrário.Habitua-te, cresce e aprende a lidar com isso, não o sintas como "surpresa", sente-o como é isto e apenas isto: nada a esperar, nada a apontar, nada a dizer ou a modificar. As coisas são aquilo que são e não o que gostariamos que fossem. Sem expectativas não há ilusões ou desilusões, apenas pessoas.
Jantei um dia destes com alguém que me é muito querido e que tem o à vontade para me dizer tudo sem me saltar a tampa. Reafirmou-me o grande defeito que não aprecia em mim: não ver o óbvio quando as pessoas me são próximas e minimizar os defeitos que tenham. Mais uma vez fui surpreendida pelo óbvio e estranhei a minha ignorância, a minha ausência de capacidade de absorver e observar o real próximo. Também me garantiu que nunca me iria magoar ou decepcionar. Quis acreditar mas já não consigo. Vamos ver onde vou parar, se algum dia recuperarei a confiança na humanidade. Até lá sei que só posso contar comigo, na guerra e na paz, na subida e na descida, na ausência e na presença. Gosto das pessoas, algumas pessoas mas de maneira diferente, um gostar cauteloso de quem pode escorregar mas não cair.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Dupla Percepção
Assim, certamente, não serão cometidas injustiças com as precipitações.
Dias
Zangado afastou-se da janela, colocando-se num sítio onde a mesma não o pudesse ver e confrontar com o que hoje não lhe apetecia.
Sentado num cadeirão, olhou em volta e as paredes de tão cheias pareceram-lhe vazias: de que adiantava o orgulho que tinha na sua colecção se não havia ninguém com quem o dividir, ninguém que o quisesse dividir. Hoje não era mesmo um bom dia. A guerra tinha começado e há tanto tempo que empreendia esforços de mediação para manter a paz, pelo menos para que existisse um terreno neutro onde circula-se à vontade. Hoje não dava, ouvia demasiada coisa e demasiado ao mesmo tempo, a cabeça ecoava ensurdecedoramente, o toque era do alarme de ataque aéreo. Acendeu um cigarro e deteve-se a olhar para o borrão. Tão tranquilo, tão sereno o arder, lento e constante. Porque não podia a sua vida ser assim também. Constante, calma e sem esta guerra interior que se tinha instalado e aumentava o conflito a cada reunião de esclarecimento. Puxou outra fumaça e encheu o peito com aquele fumo tóxico e simultaneamente tão libertador.
O racional e o emocional tinham novamente declarado estado de guerra, tentava as tréguas, já tinha utilizado todos os argumentos e a dúvida cada vez se adensava mais. Afinal qual era o seu problema, já tinha colocado tudo na balança e o mais correcto era não se meter mais em emoções e partilhas e merdas.
Nesse instante parou, respirou fundo e continuou o seu cigarro: de hoje não passa, tenho de tomar uma decisão.
A campainha tocou. Salvo por agora.
Convite irrecusável para jantar, o que tinha a decidir podia ser adiado. Só a si lhe dizia respeito, pensou. Agarrou no casaco e saiu de casa. Hoje iria quebrar o jejum de álcool que tinha estabelecido a si próprio, o estado de espírito merecia-o, precisava de aguentar, de ver com clareza o que se passava, a origem de tamanha guerra. Merecia e pronto.
Regressou a casa, cada passo era mais moroso que o anterior. Mas de que fugia?
-O que é me amedronta que prefiro ficar neste desconforto a enfrentar-me a mim próprio?
Abriu a porta e suspirou: agora já não podia adiar o inadiável. Colocou o seu CD preferido a tocar, serviu-se de uma bebida e sentou-se na varanda. O céu mostrava uma lua redonda e perfeita, ilumina o céu, pensou. Quantas pessoas a terão por única companhia. As estrelas acompanhavam esta obra de arte, aperfeiçoando-a…sentiu-se minúsculo e insignificante afinal a sua guerra era apenas um ponto no universo.
Há muito tempo que tinha tomado a decisão de não voltar a apaixonar-se e amar então era surreal, apenas acontecia nos filmes. Estava magoado e não o negava, a melhor maneira de não voltar a acontecer era redireccionar a sua atenção e concentrar-se em coisas que controla-se. Tomar tamanha decisão não tinha sido fácil mas ser despojado do seu Eu também não tinha sido uma escolha consciente e era ele que assumia as consequências do efémero. Auto-impôs-se uma espécie de celibato que a determinada altura se tornou teimosia, bandeira de convicção e afirmação de quem era. Defesa.
Agora via-se no meio desta guerra interna: se o seu racional o aconselhava a não se partilhar, o emocional sentia a falta do calor de outro colo. Não podia ceder, não queria ceder. Que loucura era aquela, ainda lhe escorria na alma o amargo do último adeus e tinha a certeza que não queria repetir a experiência. Tornava-se perturbadora esta necessidade do outro. Não cederia, não podia ceder, não foi esse o acordo que estabeleceu consigo próprio. Estava bem, sabia-o, então para quê complicar, dar importância a sentimentos que aparecem tão rapidamente quanto desaparecem. Em si não desapareciam tão facilmente e ele sabia-o. O epicentro da guerra, da sua guerra.
Não aguento mais, pensou. Mais um cigarro, um último copo, um olhar para o exterior e cama…amanhã será outro dia.
Nessa noite sonhou e espelhou-se no imaginário. Tranquilizou-se e percebeu que era apenas um sonho, nada tinha a temer. Ninguém lhe interessava, nem tinha aparecido outro ser que desperta-se os seus sentidos, ninguém despertava o seu interesse...sorriu, estava a salvo. Estava a sofrer de antecipação.