Divagando ... 12
Um fim de semana porreiro, arrisco até a dizer que muito Feliz ... alimentem-me a falha narcísica e transformo-me. Há imenso tempo que não gravava e já me tinha esquecido como tantas horas à seca são divertidas ... quando os outros estão no mesmo comprimento de onda que tu: sem vedetismos.
Estar em palco é o meu exorcismo, já o disse aqui e não me canso de repetir, é o meu psicodrama ... parece que a idade também me deu um savoir faire que fica na retina de quem vê ... foram as criticas. O meu vestido era horroroso, parece que estava na selva mas era publicidade e até nisso, dizem as más línguas, estou crescida: consegui divertir-me e mostrá-lo sem me fixar que detestava o que tinha vestido.
Não te digo porque és um estúpido convencido e isso iria virar-se contra mim mas admito que me diverti, gostei de estar contigo e de falar contigo. Pela primeira vez conseguiste estar horas comigo sem me aborreceres. Foste um Senhor, nem falaste no meu amuo e no fim do mesmo ... Também estás crescido? Ou é só até à próxima?
Gostei daquele aparte de me contares que a tua ex, era uma excelente dona de casa, que fazia maravilhas com o pano do pó e que dava para comer no chão (?!?) e gostei ainda mais quando me perguntas-te se eu também era obcecada pela casa e pelas tarefas domésticas ... foi muito engraçado mas não estou assim tão mudada, mentiria se dissesse que adoro limpezas e arrumações, aproveitando todos os tempos livres e também mentia se te dissesse que ela fez bem em despedir a mulher a dias ... continuo sem te perceber ... talvez não seja para perceber.
No domingo perguntaram-me porque é que tinha deixado de cantar ... já nem me lembrava que era meu hábito andar sempre a trautear uma qualquer coisa. Não sei cantar, nunca foi ambição saber ou concorrer ao Ídolos ou similares mas acho que era sinal de despreocupação e até de bem estar. Às vezes esqueço-me de quem sou ou de quem um dia fui ... estou cheia de nada.
Perguntaste-me "então que andas a fazer? que tens feito?" - nesse momento tive consciência de que não ando a fazer nada e nada tenho para contar. Não se passa nada na minha vida, é assim um grande vazio cheio de uma rotina que há muito deixei de pensar. Vivo passo a passo, um dia de cada vez e sem planos de futuro porque neste momento nem sei se amanhã tenho um prato de sopa. Sim, é isto que se passa na minha vida: sou refém de nada mas preciso deste nada para sobreviver. Há muito tempo que não vivo e se há dias que sinto ganas de partir e ~nunca mais olhar para trás outros há que me conformei que não consigo, não sou mais do que isto e se é o meu Carma, tenho de o aceitar e viver com ele o melhor que consigo. Usufruir do que tenho até mesmo quando não tenho. Não me lamento já percebi que não adianta, não me resigno ou rendo - aceito, sinto ser a maneira menos dolorosa ... não se passa nada, por muito que quisesse dar a ideia de uma vida venturosa e interessante, ela não existe - acho que sou invisível - porque me sinto assim.
Assumo que não me tens saído da cabeça. Assumo que fiquei com água na boca e queria que me dedicasses mais tempo. Assumo que tenho vontade de voltar a sair contigo. Assumo que és muito errado, em tudo. Assumo que me aborrece essa secura, essa ausência de romantismo, de atenção e de mimos mas gosto que tomes a iniciativa, que tentes resolver. Assumo que não gosto que te lamentes, sobre carregas-me. Assumo que não volto a dizer-te nada. Defendo-me. Fui.
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