quinta-feira, 21 de junho de 2012

Devaneio

"Admito-me que anui à coisa devido a uma promessa que me fiz, que à última hora estive para recuar por "não me apetecer apanhar seca e ser tão mais confortável ficar no sofá". Sou obrigada a rir-me de mim mesma quando me apercebo que não me deixas levar a minha avante e me confrontas, e mais inteligente -  contornas. Fico aflita quando percebo a contradição do que penso que quero e me faria bem (?!?), das vezes que afirmo com uma convicção convicta: "o que preciso é de um homem seguro que saiba tomar decisões, seja coerente e não me deixe levar sempre a minha avante, que me saiba dar a volta deixando-me  a rir de mim própria" - mas quando o fazes elevas-me à loucura e isso faz-me pensar-te e sentir-te perigoso.
És um amigo, dos mais antigos, sinceramente sempre te achei obstinado, teimoso e de vistas curtas, curiosamente, nos últimos tempos sinto-me bem contigo, gosto de te ouvir e há imenso tempo que uma noite em claro não me deixava tão leve e com energia para trabalhar. Tinha saudades de me rir, não só de ti e dos teus disparates mas das coisas que dizes e como dizes: realmente a tua história só me lembra o Peninha (sobrinho do Tio Patinhas). Sei que a amizade não se entende, respeita-se, já me disseste um milhão de vezes que tens as "portas fechadas", sinto-o e sei que não mentes. Também sei que esse teu feitio, essa maneira embirrante de ser a determinada altura chateia-me e nessas alturas apelidas-me de pouco tolerante e chamas-me mimada e amuo, certificando assim tudo o que disseste. Acho graça e a nossa amizade faz-me pensar, pois o último amuo durou 6 meses, que estipulei e cumpri e tu no fim desse tempo apareces-me como se ainda ontem tivéssemos falado. Começo a suspeitar que me aborreces deliberadamente, que dizes essas cenas quando estás cansado de mim e queres embarcar em aventuras que não me contas, dessa forma, nunca és tu que te afastas, sou eu que amuo.
Sabes demasiado de mim, conhecemo-nos há anos imemoráveis e sempre tivemos uma cumplicidade engraçada. Sei demasiado de ti e há coisas que me incomodam. És das poucas pessoas com quem não faço cerimónia, a quem posso convidar para jantar às 3 da tarde e ligar às 6h a desmarcar porque não  me apetece fazer nada muito menos comida - ris-te.
Ontem quando foste embora, curiosamente, vi-te de uma maneira diferente, como nunca tinha visto, achei-te até, atrevo-me a verbalizar, "engraçado do tipo lavadinho". Tive ganas. Assustei-me. Fiquei em pânico: há coisas que não podem ser misturadas e nunca as misturei. Deixei-te ir e não me parece que hoje vá ver a bola. Nem nos tempos mais próximos." 

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