sábado, 30 de janeiro de 2010

Riscos...


... a necessidade de arriscar, de sentir a adrenalina a subir. Sentir todas as células do corpo, sentir aquele friozinho na barriga de quem arrisca para se sentir vivo. A partilha de uma euforia sentida e indiscritivel para quem não participou. Estar ali é um risco que se corre, tomado em consciência de um prazer maior.


...a próxima onda. Desbravar mar. O cheiro, a espuma, a adrenalina - correr riscos. Estar vivo. Fazer parte da imensidão, onde o céu e as águas se juntam. Entrar na água sabendo que não vamos - não queremos - vencer, apenas partilhar, dividir. Sentir a emoção de pegar a onda maior, de a viver. Fazer parte dela. O frio na barriga, é um medo mansinho que cresce e grita sempre por mais. Arriscar.


...correr o risco de não poder dizer o quanto se gosta. Arriscar na partilha de um toque de pele desejado. Imaginado. Correr riscos sabendo que é mutuo este desejo de sobreviver. Mas também de amar. De viver. A ausência na presença, o desejo e as borboletas no estômago. O certo e o errado. Arrisca-se. A adrenalina de um sentir no superar do medo. Estamos vivos.


A vida é correr riscos. Apesar de necessária a aventura, a adrenalina do skater, do parquedista ou apenas do futebolista, são serotonina controlada. São barreiras que nos excitam e lembram que estamos vivos e a viver. Podemos viciar-mo-nos em adrenalina, e precisar dela como de ar para respirar. A sensação de medo, de impotência, os suores, a ansiedade, tudo isso são emoções desejadas e conseguidas. É o que nos faz estar vivos - sentir vivos.

No entanto, estar vivo é diferente de viver. Para viver também é preciso correr riscos. Arriscar. Só que nesta aventura as consequências deixam marcas mais profundas, cicatrizes invisíveis que não dão vontade de rir e contar aventuras. Nesta aventura a adrenalina pode deixar marcas que gangrenam e envenenam tudo à sua volta. Pode ficar o medo, aquele tipo de medo que também dá frio na barriga, mas em vez de nos impulsionar a arriscar, paralisa-nos, refreia-nos os instintos. Vive-se num querer de tudo ou nada. O seguro. Esquecemos que a felicidade não é um estado permanente ou constante, tal como não o é em qualquer desporto radical. A diferença é que nas aventuras e desportos radicais, vamos quando queremos e no viver somos surpreendidos a cada momento, hora e dia. E não queremos mais joelhos esfolados.

No entanto, se não arriscamos, se não corrermos riscos, se não voltarmos a esfolar os joelhos, somos invadidos pelo vazio, pela insatisfação e ficamos amorfos. Presos numa ratoeira que criámos, na ilusão de um escudo protector que nos defende...e no fim só nos corrói.



"When you were young

and your heart was an open book

You used to say live and let live

you know you did"

(...)

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