domingo, 21 de março de 2010

Hoje Lembrei-me.

Não sei porquê mas hoje lembrei.me. Ao ouvir uma música recordei uma pessoa que um dia cruzou o meu caminho. Estávamos no secundário e nesse ano fez parte da minha turma. Era uma rapariga bonita, com um corpo bonito que não via nada disso em si. O seu sorriso era constante mas povoado de tristeza e no seu olhar pairavam nuvens que tapavam o sol. Vestia-se de lenhador e chocava tudo e todos pelo comportamento erróneo, o que os fazia afastarem-se ou não fosse a adolescência a época de todos os preconceitos e verdades absolutas. Hoje lembrei-me que escrevia a letra desta música em todos os seus cadernos e em alguns meus. Dava-me bem com ela, não éramos amigas mas colegas. Lembro-me que ela tinha grandes planos para si, dizia inúmeras vezes que era mais do que aquilo, do que aquelas pessoas com as quais não se identificava. Queria estudar em Coimbra e por lá ficar. Fumava SG filtro e bebia médias, na altura com 16 anos já tinha um namorado de 35, um tipo que cheguei a conhecer e me assustava, mas que levava de carro à escola. Era a mais nova de uma fratria de três: um irmão mais velho que traficava e consumia drogas leves e uma irmã também mais velha, que se vestia de menina e já namorava desde o nono ano e sonhava acabar o 12º ano para se casar e constituir família. Não se dava bem com nenhum deles: criticava-os a ambos e eles faziam-lhe o mesmo. Era uma inadaptada, contrariava tudo o que era socialmente correcto, ou pelo menos, aceite. O comum na adolescência.
A vida seguiu o seu curso e nunca mais nos cruzamos. Anos mais tarde involuntariamente soube dela: nunca foi para a faculdade, nunca viveu em Coimbra, casou e teve filhos e casou e teve filhos e casou e teve filhos...hoje não sei como está mas espero e desejo que finalmente tenha encontrado o seu caminho e que esteja e seja FELIZ.

2 comentários:

Fernando K. Montenegro 21 de março de 2010 às 02:54  

E pronto, fez as suas escolhas... engraçado pensar no que "eram" aqueles que gostávamos, e ver o que "são" hoje. Porra. Se calhar está feliz. Se calhar não. Mas o importante é que devia ser alguém especial, para te recordares dessa forma dela...

L. K. 21 de março de 2010 às 14:05  

Sim, hoje penso que era especial, tal como ontem ao recordar-me senti que ela foi um dos "grãos de areia" que contribuiu para a minha formação de caracter e para o que sou/ faço hoje :)

E Acredita que gostava imenso de sabe-la bem e feliz!

ps: Bem vindo!

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