terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Despir ... 2014 ... Vestir ... 2015




Em 2008 nascias daquilo que me parecia ser uma dor insuportável. Não era. Na época rasgou-me a alma, o corpo mas principalmente estilhaçou-me o coração,  deixando-me uma mágoa que foi difícil de superar. Se é que se supera, acho que se integra e segue-se em frente mas a cicatriz, essa como qualquer outra, fica para sempre e a lembrar que o passado foi real.
Era apenas o inicio de uma grande viagem.
Não relembrarei pois está guardado em cada "ano que despi", e em cada célula do meu corpo. Este não foi diferente. Trouxe algumas coisas positivas que não chegaram para diminuir a intensidade das negativas, talvez tenham atenuado a dor, em alturas que pensei rebentar.
Talvez esta seja a forma do Universo me mostrar o quão sou resiliente, de me testar nos limites, e de me surpreender sempre com a capacidade que tenho de resistir, de pé, como as arvores mas toda amachucada.
Não direi que este ano foi ainda mais difícil pois já vinha debilitada e aos tropeções quando tive de saltar novamente para a arena e pegar todos os miúras de caras, e praticamente sem ajudas. No entanto as que tive Agradeço-As, Valoriza-As e sinto-me uma Abençoada por existirem.
Quantas vezes penso que gostava de ter coisas novas e entusiasmantes para partilhar virtual e presencialmente mas não tenho, e apesar de me sentir Grata e Abençoada ainda paira um "machado" no ar ... desta vez sobre a minha cabeça. Terei, com certeza, a força necessária para "pegar outro Touro", saberei reagir e no fim do dia seja o que Deus quiser.
 
Agradeço 2014 por me mostrar mais uma vez o quanto aguento, ensinou-me uma preciosa lição: não chego a todo o lado e cada vez estou mais exausta. Tenho de abrandar e marcar a diferença, sim, mas na minha vida, protegendo-me dos excessos e de não continuar a roçar e esticar limites pois já não consigo a ligeireza de antes, e se eu não estiver de pé não posso dar o suporte e apoio que os que me rodeiam precisam.
 
Assumo que sozinha já não consigo, assumo que já não sou autossuficiente e assumo também que a minha lição é o desapego: chego a onde posso porque a mais não consigo.
 
Dito isto, despeço-me de 2014 com muita aprendizagem, com mágoas e lágrimas mas também com sorrisos e Bênçãos ... que venha 2015, sem desejos, votos ou renovações, sem  ambições, projectos ou objectivos ... que venha, simplesmente, e há medida que a música tocar, tentarei dançar o melhor que puder e souber.
 
A todos um grande Bem haja e que façam de 2015 o melhor que puderem, souberem ou conseguirem ... porque afinal isto não é uma corrida mas a vida e "o caminho faz-se caminhando".
Boa Caminhada!!!! 

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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Ser "positivo e feliz"

E assim continuo amorfa e extenuada. Precisada de férias. O tempo interno pelo qual me regulo é acelerado e desatinado. Pergunto-me quando findará a resiliência e a que preço. Felicito-me pelo alcançado e pelo bem estar alheio proporcionado. Sem arrependimentos de qualquer ordem: fiz e dei porque assim o decidi e quis.
É suposto não me lamentar das situações menos boas, pois vivemos numa época de "positivismo" e temos de estar sempre "positivos e felizes" para atrair mais positividade e felicidade a rodos: bullshit!!!! Os sentimentos negativos também precisam de ser vividos, elaborados e integrados, senão passam a mágoa e rancor, e ai sim, envenenam-nos a alma, o corpo mas principalmente a mente.
Ficarei triste sempre que me apetecer, terei o humor deprimido sempre que necessário, chorarei sempre que precisar e terei pena de mim própria e lamentarei o que me acontece sempre que disso tiver vontade ou necessidade ou simplesmente por não aguentar mais.
Essa cena do positivismo continuo e a felicidade em continuum só me lembra recalcamentos advindos de um autocontrolo feroz, uma cena quase obsessiva-compulsiva, e à posteriori depressão ou uma cena assim mais  marada, tipo depressão psicótica, que é quando cai a gota que faz transbordar o copo e partir a máscara.
 
Não quero saber, já não tenho planos ou objectivos estipulados pois nos últimos anos rebentaram-me todos nas mãos e dei comigo à deriva, a ter que recalcular no imediato novas trajectórias, que não escolhi mas que me calharam.
 
Como me satura as conversas de merda que sou obrigada a ouvir quase diariamente: " dás muita importância às coisas, tens de desligar. Faz outras coisas, pensa noutras coisas, não te entregues a isso" - Lamento mas ainda não consigo deixar a minha família a morrer e ir curtir. Talvez um dia, aprenda "esse" positivismo e felicidades permanentes em que as pessoas enterram a cabeça na areia e ignoram tudo e todos os que estão em dificuldades, para estarem sempre "felizes, positivos e descomplicados".
 
 
Fico contente, e isso sim, deixa-me feliz e positiva, saber  que não esperam o retorno e quando a eles lhes calhar algum dia menos bom, vão compreender que os outros estão ocupados a serem positivos e felizes ...   

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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Divagando ... 22

Tenho o peito tão cheio de um vazio tóxico que me deixa impotente. Dizem que ninguém está para sempre a descer mas isso não é verdade, ainda não parei de me afundar. As coisas boas que nos fazem bem, que nos ajudam a aguentar momentos menos positivos, são tão poucas, e nos últimos tempos quase imperceptíveis, no entanto Agradeço-As e agarro-me a elas como bóias salva-vidas - não tenho alternativa.
Todos os dias me questiono sobre como é possível "viver" assim e se aguentarei mais um dia ... e a resposta é afirmativa, rastejo, não tenho brilho, vontade ou objectivos mas sigo em frente e lido com o que há para lidar, mesmo que isso me destrua completamente. Sou o meu próprio apoio, suporte, amiga e conselheira. Não o lamento pois ninguém conseguiria ter esse papel na minha vida melhor que eu, não aguentariam ter de me dar o suporte e apoio necessário neste tsunami em que os dias se tornaram. Comigo não há coisas boas, há dias menos maus, e compreendo que os outros não tenham de "levar" com isso ... engulo o que consigo, a vida ensinou-me a disfarçar, no limite, choro e escrevo.
Não durmo como devia, estou estourada de um acumular de anos em que raramente deixei o campo de batalha fosse por aquilo que fosse que surgia (e surge) e que é preciso resolver ... estou tão cansada mas tão cansada que se pudesse dormia, e só acordava daqui a dois anos.

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terça-feira, 1 de julho de 2014

Divagando ... 21

Os meus níveis de ansiedade andam outra vez pelas ruas da amargura, não há Sedoxil que me valha, a impulsividade, o pensamento desorganizado, a angústia e uma fome desenfreada dominam-me. Se tentasse adivinhar a sua origem não devia errar por muito: é este eterno labirinto do Minotauro em que me encontro presa. Dou voltas e mais voltas, arrisco, mudo a direcção, tranquilizo-me, mas volto sempre à estaca zero: as coisas custam-me tanto a alcançar que quando lá chego estou demasiado cansada para as disfrutar. Fico feliz mas não consigo usufrui-las como sinto que devia. o meu cansaço já é crónico ou astenia como lhe chamam, se é físico ou emocional/ psicológico, não sei com certezas mas desconfio que é uma mistura dos dois, de muitos anos de disparates e de me levar frequentemente ao limite. Também suspeito que o facto de há 3 anos não ter férias e trabalhar 12h/ dia não me ajude. Culminou numa ausência ade prazer e vontade que luto diariamente para travar mas sinto-me a perder esta batalha contra a exaustão.
 
Admiro as minhas conquistas, quando olho para trás, pouca coisa faria de diferente, aliás nem consigo lembrar-me assim de nada que alterasse substancialmente, foram lições de vida, umas mais ásperas que as outras mas todas processo de aprendizagem e crescimento. Não sei em que fase de vida estou, sei que precisava de acalmar a vários níveis, deixar esta autossuficiência que se traduz em comportamentos obsessivo-compulsivos, em exageros que me magoam emocional e fisicamente. As sequelas físicas já são tão extensas que quando o tempo muda pareço os velhos, dor aqui, dor ali, ai ai, que não me consigo mexer ... enfim ... a última já leva 2 meses e está para durar, com a agravante que se não for ao sitio tenho de ser operada. E porquê? porque deixei-me dominar pela raiva e tive um pico adrenérgico que me transformou no Hercules, quando o pico de adrenalina passou tinha uma luxação na articulação do ombro esquerdo e uma entesopatia da coifa dos rotadores ... fixe!!!! Uma brincadeira com sequelas a longo prazo, e como se diz os outros nem deram por nada, pelo meu pico de raiva, pela impulsividade e pela mazela, as suas vidinhas prosseguiram com a benesse de não terem de fazer um cú ... porque eu já o tinha feito.
 
Deveria falar mais sobre o que me incomoda mas não consigo, não vejo a lógica, se as pessoas quisessem ver, viam. Eu também não tenho nenhum radar de coisas para fazer ou pessoas para desenrascar ... devem ser as minhas características de líder natural (?!?). Há uns tempos uma amiga dizia-me que deveria educar-me para me resignar, que  a determinada altura da vida devemos ficar contentes com o que alcançamos e não frustrados com o que ainda queremos alcançar. Aquilo pareceu-me mal, acomodar-me a uma situação que não me faz feliz? É isso ser crescido? Se me acomodo fico à espera de quê? De morrer?
Talvez ela tenha razão e talvez eu não tenha crescido mas ainda não aprendi ou me eduquei para me conformar.



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quinta-feira, 19 de junho de 2014

(Des)conversa 82

ao telefone ontem:
 
Ela - Olá. Estou farta de pensar em ti esta semana, como estás?
Eu - Estou bem e tu?
Ela - A sério que estás bem? Não se passa nada?
Eu - (?!?) Não porquê? Devia passar-se?
Ela - Não, é que estive com a E. que me disse que te viu, e que lhe pareceste muito triste e desanimada, até lhe pareceu que estavas a chorar.
Eu - (?!?) Estava num funeral (?!?)
Ela - ah! pois, isso ela não me disse ...

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terça-feira, 17 de junho de 2014

A morte e o luto em mim.

Quando os pais dos nossos amigos falecem, acabamos confrontados com a nossa realidade, a projectarmos os nossos medos, e  a revermo-nos nas situações. A vivência de uma dor ou somente a sua antecipação consomem-nos pelo confronto com  a nossa impotência e pequenez: podemos tudo mas na verdade sentimos, nestas situações, que afinal, nada podemos.
Num aula sobre luto, o Professor António Coimbra de Matos, disse uma vez que quando confrontados com a morte choramos por nós próprios, pela identificação à situação ou pelo lutos que não realizámos anteriormente. Revejo-me sempre.
 
A morte, o luto, apesar de naturais, se serem parte integrante da vida são algo que me amedronta, que sei antecipadamente que não conseguirei resolver, assimilar ou acomodar. A morte e o luto em mim são "bicho-papão", corroem-me só de pensar pois simbolizam a vastidão de um vazio impreenchível, de uma solidão mortífera, e de uma desorganização caótica.
 
Finjo que sim, que lidarei com a situação, que sou forte, e tenho o arcaboiço necessário para lidar com semelhante situação mas na realidade sempre desejei que todos me sobrevivessem e não fosse eu a ter de passar por isso.
Egoísmo? Talvez mas sei que é um pensamento/ sentimento que me aterroriza e paralisa. A minha capacidade de resiliência, de luta, racionalização ou sobrevivência, aqui de nada me servem. Assumo a pequenez, a imaturidade e os medos. Afinal este manto que me cobre não é assim tão espesso nem à prova de "bala".

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terça-feira, 3 de junho de 2014

...

A decisão de preferir outra pessoa é mais mutiladora do que um luto porque é uma decisão que rejeita voluntariamente o parceiro. "
 
 
Marie - France Hirigoyen Assédio, Coação e Violência no Quotidiano (Pergaminho)

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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Divagando ...20

Essa cama larga e vazia em que te aconchegas. Queres fazê-la porto de abrigo para num segundo te arrependeres. Sais e no olhar levas dúvidas ou talvez arrependimento, queres partilhar e sentir-te pertença mas existem forças maiores que te impedem. Não insistas no vazio pois não será aqui que te preenches. Não mates o que nunca foi ou poderia ser.

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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Queria dizer-te o que não ouves ... escrevo-te:

"As janelas que dão para o mundo tem as persianas corridas faz tempo. Por mais que o sol brilhe não tem força suficiente para as descerrar. Esse sotão atulhado e atolado de merda que só te faz mal. Queima essa merda toda, deita fora, larga. 
Dizes que é difícil subir degraus, que os teus joelhos não aguentam mais cicatrizes, e eu compreendo. Tenta fazer um esforço, tenta perceber o quanto subiste em vez do quanto falta subir. Sei-te sem forças, desmotivada, desorganizada e pior: descrente. 
Se te disser que és o teu pior inimigo, com certeza compro uma briga mas não quero saber: fosses para ti o que és para os outros e acredita que te seria menos esgotante, mais pacificador. A culpa é tua. Só tua. E agora? O que é que pensas fazer?
Nada. 
Acobarda-te e deixa-te no quentinho, por ora, sentes-te leve, protegida e em paz.
Poderás ficar para sempre?
Não.
És tão melhor a lidar com as merdas dos outros. Não entendo o porquê desse desanimo e frustração quando as cenas são contigo. 
Pensas-te imortal. 
Não és. Sê humilde e permite-te chorar, gritar, sofrer e ser frágil. Quem sabe não te surpreendes e alguém por ai te desenrasca....
...eu sei ... não acreditas.
Preciso que faças um esforço, que dispas o negro e vistas vermelho. Comprometes-te. Não baixes a fasquia , mesmo que não chegues à meta, chegarás um pouco mais perto ... de ti."

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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Talvez...

Estou como o tempo: calor e vento. Uma discrepância que me deixa com enzelo, nem sei se estou bem, assim-assim, ou mal. É um estado de alma que não consigo descrever, que se prolonga, e parece não ter solução. A velha história: não é a vida que nos desilude são as minhas expectativas que são elevadas. Já deveria saber controlar as minhas expectativas, os prazos que me dou e os sonhos que tenho mas não sei. continuo tão ingénua (ignorante) como quando tinha 16 anos. 
Há algum tempo disseram-me: "a determinada altura da vida começamos a conformar-nos com a vida"
Lamento mas não me consigo conformar. É loucura, tacanhez ou recusa em aceitar, talvez o sinta como uma espécie de rendição, não sei. 

O que mais quero é conformar-me. Talvez um dia o aprenda a fazer. Talvez um dia a queda seja tão violenta que não me consiga reerguer, e talvez nessa altura o conformismo surja como um processo natural. 
Talvez.

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(Des)conversa 81

Eu - Desenha-me uma família imaginária.
Ele (13 anos) - Uma família imaginaria? Não conheço nenhuma dessas...
Eu - É uma família inventada por ti, da tua imaginação.
Ele - Ah! Já sei mas pode ser uma qualquer? Não sei desenhar famílias..
Eu - Sabes, é como tu quiseres, és tu que inventas essa família.

Começa a desenhar e faz unicamente uma figura no centro da folha.

Eu - Queres falar-me dessa família?
Ele - Então é um rapaz e os pais dele morreram por isso não tem irmãos e o resto da família vive longe, morreram ou brigaram todos e não se falam.
Eu - Isso foi mesmo preguiça não foi?
Ele - Então os órfãos  não são família deles mesmos ?

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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Abril mês de mim

Abril mês de revolução, de cravos, sonhos, quimeras, utopias, esperança e desesperança.

40 Anos de Abril, 40 anos sobre a revolução, 40 anos de evolução que se sente como regressão. 40 anos de liberdade e 40 anos de escravidão encapotada por discursos inflamados mas meramente demagógicos. Escravos do trabalho, escravos do ter, escravos do fazer, escravos de objectivos megalómanos, de sonhos de grandeza e sucesso.

Somos escravos das nossas ambições, fazemos escolhas conscientes/ inconscientes tendo em vista o bem estar e o sucesso, perseguimos objectivos cujas viagens são tão grandes que a determinada altura não sabemos em que ponto estamos.
Os meus 40 anos são iguais aos 40 anos de Abril: um tudo que é nada, uma liberdade entravada por excesso de racionalismo, de privações e obrigações - apliquei-me a mim própria medidas de austeridade tão excessivas que a par das outras, daquelas do Estado,  me estão a esmagar.

Começa a sentir que as  expectativas sobre Abril são excessivas.
Parabéns "Abril" que sejas feliz!

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(Des)conversa 80

Afilhado com 6 anos fresquinhos
 
Ele - pardinho tu tens um bebé?
Padrinho - Não porquê?
Ele (pensativo) - mas quando é que tens um bebé?
Padrinho - Não sei mas essa conversa vem de onde agora?
Ele - de lado nenhum ... eu é que pensava que tu podias ter um bebé
Padrinho - para quê?
Ele - Porque se tu tivesses um bebé ele depois da escola também vinha para casa da tia e fazia companhia à mana
Padrinho - e a ti, não?
Ele - Não pardinho, ele é bebé já não pode brincar comigo, só com a mana, e assim ela já não mexia nas minhas coisas, e a tia já me deixava ir sozinho para o parque, porque tinha de tomar conta dos bebés.

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(Des)conversa 79

Afilhado com 6 anos fresquinhos
 
Ele - Mardinha tu tens namorado?
Eu - Não. porquê é que perguntas.
Ele mas devias ter ...
Eu - mas porquê?
Ele - Porque hoje a corrente da minha bicicleta saiu e ninguém conseguia arranjar, depois apareceu lá um miúdo de mangas curtas e conseguiu, e disse-me que assim nunca mais sai ... um miúdo muito giro, assim parecido com o Tio J., podia ser teu namorado.
Eu - mas eu não conheço o miúdo e posso não  gostar dele, já pensaste?
Ele - Já. Assim tinha sempre quem me arranjasse a bicicleta.

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(Des)conversa 78

Com parceiro de trabalho
 
Ele - já não  a via há muito tempo.
Eu - É verdade, sabe que ter dois locais de trabalho não é fácil, ando sempre a voar de um lado para o outro.
Ele - Pois é, e logo dois sítios tão grandes e cheios de problemas. Tem colegas para ajudar ou está sozinha?
Eu - Estou sozinha por isso de vez em quando, como hoje, tenho de vos pedir ajuda. Já não chego a todo o lado e estou muito cansada.
Ele - Pois é daquelas que devia ganhar dois ordenados ou pelo menos 1 e meio... você nunca foi feia mas está mais magra ou é impressão minha.
Eu (really!) - Estou na mesma ... são os saltos...
Ele - Não é não, está mais magra e ainda mais gira mas não emagreça mais, senão perde a graça.
Eu - (?!?)

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terça-feira, 15 de abril de 2014

Coisas ...

Depois de andar a trabalhar que nem uma maluca ou como me disseram "como se o mundo acabasse amanhã", eis que queimei o Tico e o Teco. Estou a rasca para me recuperar ... grande merda!

Depois dos fusíveis terem feito curto circuito, eis-me a pedir ajuda ao Sr Dr, que de útil mandou-me ir de férias, de inútil, disse-me que tinha de perder 10 kg (?!?) Alguém sabe como se perdem 10kg só na anca e rabo?

Queria ter algo para partilhar mais animado mas o meu estado anímico anda como eu - mordido pela mosca tsé tsé - e sim, estou convencida que vou ganhar um lugar no Céu - parem de me chatear.

Ando, novamente, numa daquelas fases que se pudesse comprava um par de sapatos por dia ...e há dias que comprava mais de um (suspiro) compensação afectivo-emocional? Provavelmente mas se fosse droga era pior, certo?

Concluí-se e certifica-se que não nasci mesmo para fada do lar ... porra! não há nada que goste de fazer de faxina doméstica: "Pró natal o meu presente, já sei  o que quero ... uma mulher a dias uma mulher a dias"

 

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terça-feira, 11 de março de 2014

ad aeternum

a minha família não é  a mesma: uns nascem outros morrem.
a minha casa não é a mesma e não sei se amanhã será.
o meu trabalho não é o mesmo e não sei se amanhã será.
 
seja como for acredito que nada é ad aeternum  mas algures por ai Acredito que o Universo arranjará um lugar para mim.
 
Cada vez mais as mudanças são inevitáveis, se são necessárias já é outra história mas como disse Darwin e tão bem: é a sobrevivência do mais apto.
 
 Então vamos adaptarmo-nos e criar os mecanismos necessários à sobrevivência.
 
Se é fácil? Não.
Se é impossível? Não.
 
 
Leva o seu tempo.
 
Espero tê-lo.
 
Cada vez mais me sinto uma alma velha e a definhar.

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Sol

Basta vir um raio de sol e eis que o povo sai de chinelo e manga curta.
 
Andamos tão precisados do sol.
 
Conseguirá ele repor os níveis de vitamina D, serotonina e dopamina, necessários a lidar com tudo o que de menos bom nos rodeia?
 
Aguardo.

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quinta-feira, 6 de março de 2014

Coisas ...

"Por mais que tente não consigo retirar prazer de qualquer actividade ou companhia, parece que estou morta por dentro. Tudo na minha vida é um esforço, uma luta, uma batalha, uma guerra, que às vezes ganho no ultimo minuto outras perco e fico gravemente ferida. Disseram-me que tinha de me esforçar mais, como posso faze-lo se não tenho forças?
Se pudesse deitava-me e nunca mais me levantava. Estou presa numa prisão de grades invisíveis, não sei sair, não consigo sair, não sei se quero sair. E depois fazia o quê? Quando nada sei fazer. Talvez seja uma depressão ou talvez seja apenas a vida. Chamam-me exigente e obstinada. Talvez tenham razão ou talvez seja apenas esconder-me à vista de todos. Devo afastar-me do que quero pois posso querer apenas para não ter de lidar comigo, e esta dor que me castra e destrói. Talvez. Se no fim de lidar comigo ainda quiser é porque realmente quero ... confuso? Também achei. Não existem formulas mágicas apenas pilulas mágicas que adormecem o ser. Não tenho paciência para os teus lamurios,  não tenho paciência para quem não quer ouvir, para quem se assume como estando mal mas nada quer mudar, porque no fundo, no fundo, gosta de ser assim - mesmo pela negativa consegue a atenção do outro,  a sua pena, e desculpabilização - lamento mas não tenho paciência. Na verdade já não tenho paciência para nada, nem para mim. labirinto do Minotauro, fio de Ariana partido, voltas e mais voltas, padrões reconhecíveis, irreconhecíveis, mutáveis e imutáveis, haja conhecimento, vontade e perseverança.  Não precisas de ouvir. Não precisas de ficar. Nenhuma amizade sobrevive a tanta catástrofe. Aconteceram-me coisas boas no meio do Tsunami, não te nego a razão, apenas não as consigo recordar. Chamas-lhe fatalismo e ter pena de mim própria. Talvez. Até te dou razão, e existiram algumas coisas boas mas pergunto-te: as coisas boas que me aconteceram não são a rotina, o típico, o habitual na vida de toda  a gente? Então porque é que para mim tem de ser bênçãos e tenho de estar eternamente agradecida por elas? Se te acontecesse a ti sentirias como fatalismo, pessimismo e pena de ti própria?
É fácil debitar duas ou três larachas, por ar de entendida e debitares umas quaisquer teorias racionalizadas que supostamente justificam o irracional. Deixa-me ter pena de mim própria, pelo menos não finjo que está tudo bem, que não me importo com nada, que sou de aço. Talvez não volte a falar contigo. Talvez não volte a falar com ninguém. Esta é a minha máscara, deixa-me usá-la "

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Reflexão # 5

A solidão acompanhada não é mais que a discrepância entre as relações expectadas e as relações existentes.
 
 
Esperamos demais dos outros, esperamos demais de nós próprios. É uma bitola invisível e megalómana que nos impele, ainda que inconscientemente, a ser os melhores, os mais giros, os mais felizes. As revistas trazem milhares de artigos sobre como alcançar a felicidade plena, a estabilidade e a beleza digna de Hollywood, as páginas do facebook mostram-nos, inequivocamente, que existem milhares de pessoas com vidas fantásticas, "perfeitas", e quantos livros de auto-ajuda, tão na moda, nos dão as dicas para sermos plenos, realizados e irremediavelmente felizes, e quão pequeninos, estúpidos ou ignorantes nos sentimos, por seguirmos todas as "visualizações", pensamentos positivos e outras técnicas mais, e ao invés de nos sentirmos melhores a cada dia apenas ficamos mais frustrados. A sentir que temos "um problema grave" - se as dicas funcionaram para milhões de leitores, porque não connosco - que tipo de pessoas somos, que nem um mero livro, com dicas tão simples e óbvias, conseguimos seguir?
 
Assim se vai vivendo, crédulos da felicidade alheia, como algo incontornável e inquestionável, e descrentes no amanhã e na aplicação correcta da formula mágica que resolve todos os problemas.
 
Estou em crer que a única "formula mágica" somos nós ou melhor: está em nós. A nossa capacidade de resiliência, de lidar com as frustrações, de adiar a gratificação, e principalmente na tolerância a nós e ao outro: a consciência de que onde existe mais do que um querer, terá de existir cooperação, uma solução de compromisso. Pois quem tudo cede e tudo dá, sem nada receber a determinada altura sente-se vazio, drenado, esgotado, e quem tudo recebe, sem nunca dar perde, o respeito pelo outro e pelas suas necessidades.
 
Quão imperfeito é ser-se perfeito. Quão trabalhosa é a felicidade, que vendida encadernada, vem sempre fora de prazo. Quão sós estamos no meio de uma multidão barulhenta e invasiva.
 
Nesta procura incessante de bem estar, pedem-se sinais que de tão óbvios, são enviesados para aliviar o que intimamente já sabemos: a perda, o nada, o vazio ou quimeras perdidas. Repete-se o mesmo erro vezes sem conta, sempre na expectativa de um resultado diferente. Os padrões de comportamento, de pensamento, de estar e de ser, são subtis - o problema não está no outro, nos artigos coloridos ou livros milagrosos - está em nós e nas expectativas irrealistas que nos impingimos como formula mágica: se eu fosse... se eu pudesse ... se eu tivesse ... finalmente seria feliz (?!?) 

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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Cansaço

O meu cansaço pesa toneladas. atado ao pescoço e aos tornozelos, sinto-me afundar lentamente, e sem capacidade de esbracejar e manter-me à tona.
 
Como dissipar um cansaço de alma, corpo e mente?
 
Quando o meu trabalho "vive" da minha cabeça e esta está demasiado "cheia a transbordar", como recuperar, quem outrora fomos?
 
Numa batalha contra mim mesma, sinto-me a perder. Receio  a guerra.

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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A significância da insignificância.

A significância da insignificância.
O poder que conferimos a meros detalhes, invenções de marketing, palavras atiradas ou simplesmente ao nada que nos rodeia.
Sabemos de cor e salteado que a maioria do que nos rodeia foi pensado estrategicamente para nos fazer sentir mal: temos pelos a mais, rugas que espreitam, cabelos demasiado lisos ou demasiado encarapinhados ou apenas cabelos, somos gordos, somos magros, cagamos bem, cagamos mal ...e ainda por cima ficamos com aquela sensação de ardor no estômago ... será azia? ou estaremos apenas aziados com as coisas simples e mundanas concebidas para nos fazerem sentir abaixo dos padrões elevadíssimos e fantásticos das respectivas marcas.
 
Não sei, talvez devido à profissão exercida em registo megalómano, às vezes penso que as pessoas se deixam afectar demasiado pela pressão externa. sim, queremos pertença, enquadrar-nos no meio de um monte de desenquadrados, que como nós compram frascos de felicidade que tiram rugas, roupas que estilizam o cu e as mamas, preservativos com saber a manga/laranja para ser sensual, e bebidas que devem ser bebidas com moderação mas que nos dão estilo ... ou pelo menos atordoam uma visão que se pauta pela significância da insignificância.
 
E quando olhamos em redor, sentimos que precisamos de mais iogurtes, mais cereais, mais margarinas, daqueles que tiram o colesterol, a barriguinha e as cartucheiras ... precisamos de mais e mais, sempre um mais que nos ajude a reduzir o sentimento de impotência, de desamor e de solidão, que nos faça bonitas/os, elegantes, desejáveis em outros espelhos que não o nosso. Precisamos de ser narcisados, de ser amados, admirados e/ou valorizados, seja pelo que for ... nem que seja pelas insignificâncias que no conjunto nos fazem sentir uma qualquer significância.

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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O Universo na sua grande sabedoria

Por mais exemplos, provas e outras coisas mais, teimo em esquecer-me ou recalcar a grandiosa sabedoria do Universo ... até para as mais ínfimas coisas ou para as fúteis.
 
Dada a minha fugaz capacidade de gastar dinheiro, desde o inicio do Universo que penso o quanto preciso de comprar umas botas, e não, não é por não ter "nada" para calçar mas porque fiz uma ruptura de ligamentos num joelho e apenas posso (devo) andar de rasos ... e numa fase que só me apetece calçar altos ... é sempre assim. Dito isto, lá andei todo o inverno a queixar-me que as minhas botas favoritas estavam velhinhas, já levaram capas e meias solas - duas vezes, (o que ficou mais caro do que o preço delas) mas sou apegada às minhas coisas que querem ...
 
Hoje às 7h da manhã o Universo resolveu dar-me um chuto no cu e fazer-me ver que não dá mais - preciso de umas botas novas. E porquê a urgência e a extrema necessidade às 7h da manhã?
 
Porque lavei-me, vesti-me e calcei as minhas queridas botas, puxei o fecho até a cima, e eis que quando chego à cozinha sinto a bota direita larga ... o fecho não fechou, sim as partes não se uniram mas o dito cujo está ao pé do joelho - pânico - tentei fazer com que descesse e consegui até metade, a seguir encravou - nem para cima nem para baixo. Sem outra hipótese vim trabalhar com uma bota presa na perna dado que para  atirar vou ter de rebentar o que ainda existe do fecho ... e assim acabar com o sofrimento das mesmas.
 
Moral da história: preciso de umas botas novas com fechos a funcionar, e desta não pode passar porque não tenho outras - O Universo é sábio. 
 
Graças a Deus não tenho de me descalçar ou despir no trabalho, porque isto não são trambelhos de uma pessoa com 40 anos ... às vezes tenho curiosidade em saber se estas merdas disparatadas só me acontecem a mim ... tipo o dia em que o botão das calças se rebentou ia no comboio para Lisboa e passadas algumas horas o fecho sofreu tanta pressão que se estragou também ... e lá andei todo o dia a tentar fazer com que as calças não caíssem ... presas com um elástico do cabelo e um lápis ... Meus Deus ... será que estas coisas só me acontecem a mim?

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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

(Des)conversa 77

Ela - devias de arranjar um tempinho para falar com as colegas, que elas precisam mesmo de ajuda.
Eu -  Porquê?
Ela - Porque levamos grandes cortes no ordenado e as pessoas não ficaram bem porque imaginas o impacto que isto tem nas nossas vidas...
Eu - Tens consciência que a  mim também me cortaram o ordenado, certo?
Ela - ah ... mas é diferente porque tu andaste a estudar para saber lidar com estas situações...
Eu - (?!?) *@1# *
 
 
* tradução: (em pensamento) egoístas de merda!

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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Pergunto:

A Fé gasta-se?

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Coisas ...

Somos diferentes. Preciso de mais do que o que podes ou queres dar. Vimos de etapas diferentes que evoluem para sítios diferentes.
Não sei o que quero com isto, e tu saberás?


Pelos vistos sabes ... e, sim, tens razão: a falta de tempo é a desculpa do arrogante para não se confrontar com o que quer que seja que o incomode ... ou não saiba gerir.

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Reflexão # 4

Comecei o ano como acabei: no hospital.

Eu sempre disse que adorava trabalhar num hospital, não ser paciente ou visita.

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