quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Divagando ... 14

Ontem perdi as chaves de casa. Encontrei-as. Hoje perdi as chaves do carro. O filho da vizinha encontrou-as e entregou-as a outra vizinha que por sua vez investigou a quem pertenciam. Acabei por recebe-las de volta. A avó da minha comadre morreu e com ela uma parte da minha infância e adolescência. Recordarei para sempre aqueles tempos e momentos, o modo como nos ralhava por todas as tropelias que fazíamos e a arreliavam. O mundo não pára, irá nascer um novo bebé na família e   como dizia a minha Bisavó "morrem uns para nascerem outros" - Acredito - um período de tristeza seguido de perto por um de extrema felicidade. É assim com tudo na vida, uma alternância de sentimentos que vão e vêm com vontade própria.

Perder chaves é perder o acesso a algo que é nosso ou do qual fazemos parte com tal intimidade que nos foi dada uma Chave - a pertença. Não sei se me apetece pensar sobre o potencial significado oculto desta suposta mensagem ou suposto aviso, provavelmente não passa de falta de atenção e desleixo face às minhas coisas - e não é esse o estado anímico que me reina? “Selling my soul would be a lot easier if I could just find it.” Nikki Sixx

Não me posso queixar, sou privilegiada, e sei mas não consigo sentir e se há dias que estou desligada outros sinto-me ansiosa, como se esperasse um clic mágico, daqueles que esperamos na noite de passagem de ano e no nosso aniversário, daqueles que nunca chegam e que já sabemos mas esperamos na mesma. As mudanças abruptas são assustadoras mas as lentificadas parecem não acontecer e quando nos apercebemos já perdemos o mais excitante: o seu início. 

Se tivesse a oportunidade de pedir um desejo,  não sei qual seria, não sei o que queria e não por querer coisas sem fim mas simplesmente porque não sei - este é o estado da cabeça. A conjuntura actual (está na moda utilizar esta expressão) faz-me sentir um espantalho, que aguarda e espera e espanta o que se aproxima. Não me sinto boa pessoa nesta fase, nem boa companhia, aliás até me sinto numa fase meio acéfala: os dias são todos iguais, e eu também. Ando cheia de sono e não é por falta de tempo para dormir mas sim de sono de qualidade: dizem as "más línguas" que "são as preocupações ao nível do sub consciente - que é isso? - quais preocupações? Valium? Dormicum? Sedoxil? - "Hey man, you want girls, pills, grass? C'mon...I show you good time.  This place has everything. C'mon...I show you." Jim Morrison

Não me sinto triste, deprimida ou paranóide, sinto-me em "banho Maria", um barco que ondula ao sabor do vento e da maré, sinto-me sem vontades ou desejos, mantenho os sonhos e alguns objectivos, não me sinto pessimista mas também não estou optimista apenas neutra. Uma espécie de anedonia, de perda de capacidades e faculdades, não um baixar de braços mas sim um cruzá-los - descansar de épocas maratonistas e guerreiras, descansar, apenas isso e isso é tanto.“People are strange . . . Jim Morrison

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