Coisas que não entendo ...
Andamos tão sedentos de novidades que toda a merda serve para noticia de primeira página?
Hoje é o exame de matemática de 4º ano. Na terca-feira foi o exame de português de 4º ano.
- 07 Junho 2013 terminam as aulas para o 6º e 9º ano;
- 14 de Junho terminam as aulas para o 5º, 7º e 8º ano;
- 17 Junho 2013
exame português para 6º e 9º ano
- 20 Junho 2013
exame matemática 6º e 9º ano
e então, qual é a grande novidade? É a primeira vez que estas coisas acontecem? Porquê de tanto burburinho e empolamento nos média?
Que se fale mas sem o dramatismo.
Desde que nasci que ouço falar do exame da "4ª classe", presumo que já existiu, que houve pessoas que foram avaliadas no fim deste ciclo. É verdade que não o fiz mas também é verdade que apanhei todas as reformas do ensino e não fiquei mais parva ou mais traumatizada por isso. Aliás que tudo na minha vida me traumatiza-se como as reformas do sistema educativo, dito isto, lembro que a minha geração "inaugurou" as provas globais de 9º ano, e também foi contemplada com o "nascimento" de mais umas quantas disciplinas de secundário (das 3/4 disciplinas pré existentes já só ouvi falar), técnicas laboratoriais de biologia, de quimica, técnicas de tradução de inglês e mais umas quantas merdas que não me foram relevantes, eu não conhecia o contrário, logo esta foi a minha realidade, se era melhor ou pior, não faço ideia mas posso fantasiar e idealizar. Tal como nunca vi uma PGA ou fiz, já não existia para quê pensar no que tinha sido e não no que era, e novamente fomos contemplados com exames nacionais de 12º ano - outra novidade - mas também esta foi a minha realidade, a anterior conheço de "histórias".
Os de 9º ano, sinceramente, não percebi na altura para que serviam e não percebo hoje, não passaram de mais um teste de fim de período - reconheço que na altura não tinha a maturidade suficiente para lhes dar importância, nem sequer me preocupei muito, porque era boa aluna naquilo que era, e terrivel a matemática - isso não ia mudar só por causa de uma prova global. Os de 12º ano foram diferentes, tinha outros quereres, objectivos, foram um "cheirinho" da organização necessária para as frequências e exames na faculdade - acho eu - houve quem nunca tivesse essa predisposição organizacional e terminasse as licenciaturas e quem a tivesse e não quisesse ir além do 12º ano.
O sistema educativo está em permanente mudança ou é o suposto, se é melhor ou pior nem sei, talvez acompanhe as mudanças sociais e das gentes, agora presumir que os miúdos de 4º ano são uns inválidos e ficam traumatizados (?!?) por uma prova de avaliação, sugere tacanhez e desresponsabilização, não os façam menos do que aquilo que são. Não ataquem a escola, desvalorizando as suas competências, não sustentem ataques aos professores, e outros agentes da comunidade educativa, assumindo-os como inimigos e desvalorizando-os nas competências pessoais e sociais, porque a escola deverá ser um aliado nos processos de educação e formação. Os professores não são donos da verdade e da razão mas os alunos também não, e só o facto de os pais desvalorizarem a função dos exames e dos professores já é um mau principio, um reforço unilateral e transmissão de valores erróneos. Mais tarde eles vão precisar de ter essas competências, vão ter de "engolir sapos" e ter os recursos internos para lidarem com a frustração, para reconhecerem a autoridade, as hierarquias, os limites, e adiarem a gratificação, sem sentirem os contratempos como ataques pessoais. Um educador é aquele que ensina a pescar, não o que dá o peixe, ou seja, os exames também são ferramentas, será talvez a primeira situação de pressão, de responsabilização e responsabilidade, uma aprendizagem para o futuro, não um "bicho de 7 cabeças e ai coitadinhos dos meninos, que é muita pressão"
Não queria opinar sobre esta questão dos exames mas hoje cheguei à escola e pensei que tinha havido um acidente dada a multidão à porta da escola,carros atravessados, trânsito parado, o esbracejar, os "Ai meu Deus", as lágrimas e ansiedade dos encarregados de educação (não sei se todos eram pais). Isto irritou-me solenemente porque os professores não tinham lugar para estacionar (não sou professora) , nem conseguiam entrar na escola apesar do "com licença, desculpe, obrigado" - senti os comportamentos e o exacerbar das emoções desfasados da situação real.
Mas isto sou apenas eu e não factos históricos, não houve grupo de controlo e grupo de estudo, não é uma generalização, apenas a minha realidade. Acredito que em outras escolas foi tudo ordeiro e sem ansiedades e frustrações, e os "ai coitadinhos que são tão pequeninos".
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