Que se passa?
Não sei.
Há qualquer coisa de diferente. Qualquer coisa que nem sei bem o que é mas é tranquilo, pacifico, apesar de surpreendente. Não conto porque não há nada para contar, é assim uma sensação, um estar e uma vontade que vem da "pele" de fazer as coisas mais absurdas (em mim). Não sei o que mudou mas não é mau, não há um esforço ou um pensamento consciente de acção.
Continuo materialista mas sem poder de concretização, apetece-me comprar umas botas fantásticas que vi mas que não preciso, as que "preciso" são outras (que também já vi), e uma canadiana, em azul escuro, que sempre quis ter e ficava tão bem com as botas ... preciso de mudar de telefone porque o meu ganhou vontade própria ... e preciso de calças de ganga e de uma saia às pregas azul escura ... controlo-me e percebo que nada destas tralhas me fazem realmente falta, são ego e o meu vai ter de crescer e tem crescido e entendido que não é isso que o alimenta e mantém saudável.
As questões da ambivalência também se tem tornado mais intensas e como é positivo ser ambivalente: deixar as todas as portas entreabertas. A ausência de verdades absolutas. A intelectualização no seu melhor e com muitas dúvidas para a baralhar e fazer parar. Projectos, sonhos, objectivos e ambições, o que posso fazer pelas concretizações nem é assim tanto como um dia pensei ser - já não me apetece correr mais, tornar as coisas em obsessões e ficar cega para tudo o resto e no fim frustrar-me por ter abdicado de tudo em prole de ... e sentir o "de" cada vez mais inalcansável.
O que se passa?
Não sei ... mas a "crise" tem-me dado o tempo e a serenidade para assimilar e acomodar novos valores e novas formas de estar e sentir. Sou uma abençoada por trabalhar mas já não encaro o trabalho como antes. Mantenho as responsabilidades mas agora sou eu que domino e não a dominada ... o velho deu lugar ao novo, não por querer mas às vezes é preciso entender que a forma como somos e vivemos a vida, as nossas crenças e valores, não são antiguidades mas sim velharias.
Sei que existem determinados estereótipos e até preconceitos que pautavam a minha forma de pensar e modo de estar na vida. Sei que estão a extinguir-se porque nunca pensei "pensar o que estou a pensar" involuntariamente, desta vez não foram o suficiente para me fazer extingui-los dentro de mim. Orgulho-me desta pequena evolução e mais ainda porque apesar de não ter concretizado as minhas intenções, tive-as.
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