terça-feira, 25 de setembro de 2012

suspiro

Queria dizer um sem número de coisas mas não sou capaz. Durante o dia as ideias florescem e debito palavras que sinto pertinentes para este espaço mas depois ... depois chego a casa e sou um ser acéfalo, desmotivado e cansado, basta olhar para o Cif e respectivo pano que repousam há 3 dias em cima do balcão: nem ele (cif) ganhou vontade de fazer alguma coisa, nem eu - estamos em pé de igualdade.

Ando há 3 meses para ler um livro, que nem sei se me interessa porque nunca lhe prestei atenção - pego-o leio uma pagina, recordo o antecedente e avanço ... um paragrafo. Há meses que não leio nada sem ser associado ao trabalho, o que é estranho em mim - os livros em parceria com o teatro sempre foram o meu mundo paralelo - aquele só meu.

Voltei a sonhar de empreitada, são só merdas estúpidas que não percebo o que significam - não estou a entender o que o meu inconsciente me quer dizer - mas que me deixam estafada pela manhã: deito-me cansada e acordo cansada. Nem sei se dormi. O positivo é que me passaram (parcialmente) as insónias.

A minha mãe sempre me acusou de ter uma atenção selectiva - agora diz-me que tenho um défice de atenção/ concentração. Qualquer dia também me diz sou hiperactiva. Acho que em adulto estas perturbações já não são válidas, se ainda fosse criança estava no grupo normativo de filhoshiperactivoscomdeficedeatenção/concentraçãoporquesãosobredotados ... com esta idade é só mesmo parvoíce.

Cá estou eu, qual Touro enjaulado que marra e dá coice e sente-se encurralado: passaram três meses e estou exactamente onde estava. A descrença não é no futuro, não há pessimismo, há simplesmente a ausência de expectativas e a quebra de realização das mesmas. As coisas NÃO são como eu gostaria. Nunca foram. Não poderia (deveria) esperar diferente. O "arame farpado" é o fio condutor da minha vida: será que algum dia me vou habituar? Conseguirei manter as forças para nadar? Numa época destas serei capaz de manter um olhar rosa choque?

Quando nos sentimos gordos, feios e burros, é difícil reconhecer e conviver com a imagem do espelho: ela é igual a nossa cabeça é que a vê (sente) diferente. Quando quem nos rodeia partilha da nossa imagem torna-se complicada a convivência e quando os que não a partilham necessitam de a proferir para sentirem a condescendência, o nosso mundo (ou nós) vai encolhendo - com sorte ninguém nos vê neste buraquinho pequenino onde nos recolhemos.

Tenho umas cortinas novas, fantásticas e maravilhosas, de um verde alface delicioso - vinham em arame farpado ... 48h para as montar ... um sem número de contratempos ... Obrigada H. e F., tiveram uma paciência surreal ... mesmo quando perceberam/ sentiram que me estava a tornar num vulcão em erupção ... não houve lava - tou crescida.

Gostava de chorar mais e enraivecer-me menos. Gostava de ter a capacidade de não ficar reactiva a merdas mesquinhas. Gostava de não corresponder a todos aqueles/ aquelas que me sabem alvo fácil pela irascibilidade comportamental em fases que me encontro menos bem psicologicamente. Gostava que estas fases se encurtassem, até se extinguirem - era sinal de evolução pessoal, emocional e espiritual.

Sei o que gostava de realizar ... mas não me confesso. Reconhece-lo a mim própria era admitir uma coisa que não sei como conquistar. Subo a montanha e paro para recuperar o folgo. Se o admitisse seria mais fácil? Provavelmente. 

Um dia de cada vez.

0 comentários:

  © Blogger templates Psi by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP