sábado, 3 de março de 2012

Patética

Lembro-me de olhar-te e pensar que tinha pena de ti, o pior dos sentimentos - eu sei - mas era o que realmente sentia, e era um sentimento que ia crescendo há medida que falavas dos teus fantasmas, do mal que te sentes, do caminho que não vês, das coisas que não sabes, parecias-me tão pequenina, tão indefesa e eu só pensava em como és patética, sim, a palavra é essa - patética, pois não sei do que te queixas quando não não consegues responder a uma simples pergunta: O que fizeste para mudar, o que fizeste emocionalmente? Baixas-te a cabeça e ficas-te a olhar para o copo semi - cheio para mim mas semi-vazio para ti e por mais que o enchesses nessa noite ele nunca passou de meio, de vazio, de silêncio, assim como tu em silêncio, vazia, meia pessoa, meia vontade, meio nada e eu só pensava - patética- como te atreves a expor-te dessa forma, um estado de desesperança de quem não acha o caminho, porque não basta saberes que existem portas ou janelas entre-abertas, tens de as olhar e tu já não olhas. Lamentei-te quando percebi que não conseguias olhar de frente, nem a mim, nem a ninguém, já não sabes olhar nos olhos das pessoas, já não sabes encará-las e hoje, como sempre fechas-te nesse casulo onde acreditas que sabes o que tens, o que precisas e o que o resolveria, só não sabes como chegar à solução - vês - patética, porque nada sabes, nada consegues, nada permites apenas te enterras e lamentas-te. Não sei como atingiste o ponto da desesperança, não sei como chegas-te onde estás nem como vais sair, vejo sim, que te afundas, em silêncio, só, numa tentativa de estoicismo que não necessitas, numa tentativa de provar não sei o quê a não sei quem - patética - gostava de te poder ajudar, gostava de te olhar sem julgar ou condenar ou outra qualquer coisa que não precisas de momento, eu sei mas sinceramente também não sei de que precisas, porque talvez nem tu o saibas e porque essa insatisfação é permanente, acompanha-te desde sempre e não a tens sabido travar, apenas porque não entendes, nem queres compreender que o que procuras não existe, porque o que procuras são apenas ilusões que transformas-te em expectativas e que jamais serão preenchidas, pois não são dos outros, são tuas - digo-te patética - e ninguém irá corresponder, apenas porque é impossível - esperas de mais quando basta tão pouco, apenas o real é real. Minha cara, a tua insatisfação só irá desaparecer quando perceberes que a satisfação está no momento, no que vives, no que tens, no que és - principalmente no que és - no que fazes com os sentimentos, pois guarda-los tanto para quem os souber receber que descobres que nunca os conseguiste dar como idealizas-te, apenas porque é impossível. Sim, penso-te, e arrepia-me pensar o quão patética és mas amo-te e respeito-te por isso e muito mais nunca te vou abandonar - isso tu sabes, não sabes? - o meu olhar condena-te, lamenta-te mas acompanha-te e em cada queda limpar-te-ei os joelhos, em cada lágrima, secar-te-ei o rosto e em cada sorriso retribuirei, porque eu estou sempre aqui - digo-te patética.

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