segunda-feira, 10 de junho de 2013

Divagando ... 18

Podemos tentar mas não quer dizer que sejamos bem sucedidos. Tentemos, ao menos isso, tentar para que não existam "ses", para que se aliviem consciências, e se confirme o que há muito sabíamos:  Estamos mudados, crescidos, magoados, mais experientes, mais velhos, mais conhecedores ou mais qualquer coisa, seja ela aquilo que for.

Há um esforço de normalidade quando já nada parece ser o que foi, quando nós não nos reconhecemos no espelho ou no seu equivalente: o comportamento. Sinceramente, não posso dizer que me faz confusão ou que o lamento, apenas aceito e sigo em frente. Estou habituada a que assim seja, não me é estranha esta ausência de ser e de seres, a vida muda, surgem novas prioridades, e por vezes não consegues enquadrar-te, nivelar o ritmo - está na hora de um seguir em frente e o outro pela direita ... quem sabe algures no futuro nos voltemos a cruzar, quem sabe teremos  outras realidades que necessitem de se complementar - quem sabe. Por agora é o que é e não o que tentamos que seja - a âncora solta-se - nada nos prende, a não ser a resistência à mudança.

Gostavas de ter algo a partilhar mas não tens, os dias seguem-se iguais: após a segunda vem a terça e logo atrás a quarta, depois a quinta e eis que surge a tão desejada sexta, e com ela o prenúncio do sábado e do domingo, iguais a tantos outros sábados e domingos. Já não os distingues. Olhando para cada um destes momentos individualmente reconheces-lhes os traços, qual dejá vu, os imprevistos são-te exteriores e em nada te acrescentam - slow motion.

Não há emoção, nem dada, nem recebida, pensas que não sabes sentir pois tudo o esperado não se concretiza, ficando apenas uma cratera aumentada dia-a-dia, e nesse lugar outrora chamado peito ergue-se hera que cresce e se enreda na pele e na alma. Sabes que há gentes com crateras maiores e fossos em que se banham mas também sabes que há gentes que habitam no cálido e na nadrugada encontram o calor de um sol que as embala, protege e securiza. Não consegues parar os pensamentos e a escuridão que exalam mas podes (tentar) controlá-los e fazê-los perder o negro, quem sabe passá-los a cinza, esperando que um dia a luz os lave. Até nisso, nos pensamentos, dou comigo a pensar-te cobarde: afirmas não lhes dar voz para não destruir outros, afirmas que não saberiam sobreviver-te mas será que não és tu que não consegues sobreviver à violência do pensamento?

Pensava conhecer-te mas vejo agora que somos estranhos que habitam no mesmo espaço. As Leis da Física dizem que é impossível dois corpos físicos ocuparem o mesmo espaço mas começo a ter dúvidas, pois ocupas este espaço, que é meu mas não sei quem és, e todos os dias nos distanciamos um bocadinho mais. É um abismo o que nos separa e não parece haver ponte ou ligação aérea, apenas vazio. Dizes não te afectar por nada e sinto-te afectada por tudo. O idealismo é como a demagogia na prática não são funcionais.

Que queres que te diga? Começo a perder a paciência e a vontade para te ouvir, é sempre o mesmo, dizem que após uma fase descendente vem uma ascendente mas digo-te que nem sempre é verdade, às vezes as coisas são mais simples dividem-se entre o -1 e o 0 - respira e volta a mergulhar pois não sabes se é magma ou água, até lá fecha os olhos e pára - faz nada, apenas isso Nada, porque esse nada é decidido por ti e poderás armazenar energia para lidar com os outros grandes Nadas em que vives.
Um dia falamos e quem sabe consiga perceber o que me tentas dizer, quem sabe compreendo o que és e em quem te transformas-te. Sabes como chegaste até aqui?

Lamento mas acho que não te posso ajudar.

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