sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Porque Ainda Há Esperança!"

Andará perdido? Não. A mãe natureza não ia permitir que tão frágil pessoa andasse só por ai. Bem, se estiver, convido-o para caminhar comigo.


- Vem cá. Não tenhas medo que não te faço mal. Vem. Aproxima-te que partilho contigo este caldo. Como te chamas?



Foi embora. Não fugiu. Deve estar com alguém. Obrigada. Sabia que não me permitirias esta travessia por minha conta e risco ... ohh... está a voltar e trás alguém.


- Aproximem-se, não tenham medo. Tem fome? Comam.

A minha história é igual a todas as outras, talvez até, igual à vossa. Um dia parti em busca do meu filho ... ou melhor ... era essa a minha desculpa. Dizia-me vezes sem conta que ele não tinha sido levado mas que tinha partido para encontrar uma vida melhor. Que por isso não havia regressado a buscar-me.

Eu precisava de acreditar, de ter esperança, de perceber o lado positivo das coisas ... das pessoas. No meu intimo sempre soube ... uma mãe sabe sempre ... sabia-o morto. Tinha sido morto... Mas todos precisamos de um objectivo, de Fé e de acreditar em algo para seguirmos a nossa viagem ... e porque hoje sei que o meu filho onde está, está bem. É luz ... Uma mãe também sabe estas coisas ...


Houve uma altura em que pensei que enlouquecia: cada passa, cada barulho, cada carroça faziam-me correr para a porta. Ouvia-o chamar-me: Mãe ... Mãe ... estou aqui ... mãe porque é que não me ouve? Aqui mãe ... mãe ... e eu palmilhava as ruas de fio a pavio. Deambulava pela noite vendo-o em cada sombra, sentindo-o em cada aragem. Queria ser a primeira a recebe-lo. Rezava para que nunca amanhecesse ... porque durante o dia engolia as lágrimas, matava o desespero que me consumia e saia para a rua gritando que o meu filho estava bem, estava preste a chegar ... mas a tristeza é um fogo lento que tudo detrói e eu definhava a cada dia ... a cada hora, já não conseguia viver. Perdera a Fé e a esperança. Um dia não aguentando mais, parti. Fugi de mim e desta saudade ... e quanto mais me afastava e mais caminhava mais percebia que esta ideia de que o meu filho estava vivo era o que me alimentava, o que me dava esperança e isso aumentava a minha força ... sarava-me a alma.

No caminho, finalmente, entendi que quanto mais partilhamos maior é a esperança: a minha e a dos outros. A natureza nada nos deixa faltar e hoje este caldo e a esperança dos que a dividem, juntou-nos.



Parto convosco. O meu caminho, por agora, é o mesmo que o vosso ... vamos?

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