segunda-feira, 11 de abril de 2011

"Porque Ainda Há Esperança!!"

-Que não diga nada, por amor de Deus que não diga nada. Aninhou-se um pouco mais no seu canto do sofá. - Raios! Que seres amorfos. O que é que nos aconteceu para a comunicação ser escondermo-nos atrás da caixa que mudou o mundo. Riu-se para parecer muito concentrada no programa que passava e quem nem sabia o que era mas que interessa. Preenche aquele espaço cheio de coisas não ditas. Acho que ele não percebe. Este gajo aborrece-me mas gosto dele. Arrepiou-se. - Será que gosto dele? Divago com alguém que me preenche de alegria e mais importante: tesão. Antigamente sexo com este gajo também era bom mas agora só consigo pensar nas mãos do outro a deslizarem nas minhas costas. Aquele abraço apertado que me faz esquecer do mundo. Mas eu gosto deste gajo, admiro, respeito-o … é o meu homem … Meu Deus, que ele não diga nada,por favor, que não piore as coisas para o lado dele, isto é só uma fase. Passa-me.


Ele levantou-se e começou a caminhar:

- Vou deitar-me. Vens?

- Credo! Mas por acaso somos siameses para fazer tudo ao mesmo tempo?

Enerva-me aquele passo seguro de quem sabe o que quer e para onde vai. Foda-se, tem que se ir deitar com aquela postura de quem vai para uma reunião de direcção, que arrogante. Riu-se. Pensar que esta confiança é uma das coisas que mais amo nele. Mas será que ainda o amo. Disparate. Claro que sim.


Ele parou junto à porta:

- Se me deixares sair eu não volto. Acredita que eu não volto.


Gelou. Aninhou-se ainda mais no seu canto do sofá. Um suor gélido corria-lhe pelas costas. Este gajo tem telepatia. Será que estava a ouvir os meus pensamentos. Grande merda! O quanto eu amo esta transmissão de pensamentos, esta capacidade que ele sempre teve de adivinhar o que eu queria antes mesmo de eu o pensar, mas agora não. Fiquei irritada por esta invasão da minha mente. Vai ver.


- É normal que não voltes. Não faz sentido ires deitar-te e depois regressares. Eu já me vou deitar.

Ele fechou a porta sem dar resposta. Ele percebeu e ela percebeu.


- Por quanto tempo conseguirei manter esta situação? Gosto dele, estou a apaixonar-me pelo outro? Não aguento mais esta indefinição, esta confusão mental: quero não quero, gosto não gosto … merda pá!! Se este gajo me deixa destrói-me mas se não me deixa destruo-me. A culpa é dele, deixou de me procurar … bem … talvez o eu lhe ter dito para não o fazer, também tenha influenciado … mas porra que raio de gajo é que a mulher lhe pede para não a procurar, para não a desejar e ele obedece???? Um que a respeita… um que a ama e que a admira …



Adormeceu perdida nestes pensamentos. De manhã acordou assustada. Não sabia onde estava. Reparou que estava tapada.


- Sorriu-se. Ele tinha voltado. Ele ainda se preocupava. Não estou disposta a perder isto.

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