terça-feira, 12 de abril de 2011

"Porque Ainda Há Esperança!!"

Se eles soubessem o que eu sei. Olham-me e apenas conseguem perceber um ser imperfeito... incompleto. Um deficiente como dizem. O que eles não sabem é que eu sei tudo sobre todos. A grande vantagem de ser o deficiente é que ninguém se preocupa comigo, ninguém cala e todos consentem. São uns arrogantes, tratam-me como um coitadinho e à minha irmã como se fosse uma vitima de tão ignóbil fardo. No fundo são umas merdas que morrem de medo do que não percebem, do que não controlam. Eu tomo conta da minha irmã, daquele banana do seu marido e da minha querida sobrinha. Sou a sombra que zela, que procura através dos sentidos, qual o melhor caminho e apesar de ela não saber, quando armo birras evito que siga pelo caminho mais tortuoso.

- Cheira-me a comida. Lume? Alguém cozinha aqui perto.


Num passo ziguezagueado, num movimento torpe e sem brilho, cá vou. Esgueiro-me no silêncio das suas vidas ocupadas, esgueiro-me na sua indiferença. A vantagem de não existir para estas pessoas, na maioria das vezes, é comida na boca. Chega. Por agora.


- Mana ... mana ... vem...

Puxo-a pela manga. Arrasto-a comigo. Encontrei uma senhora numa clareira. Esta senhora é simpática e não teve medo de mim. Mana esta senhora, chamou-me. Abraçou-me e ofereceu-me da comida que está a fazer.


Mana, se eu pudesse falar como todos, dizia-te para não te preocupares que estou bem e vou ficar bem. Dizia-te que a cura que procuras para mim não existe e não a preciso. Tenho-te. Contava-te que quando o sol se põem a vida não pára, que quando as nuvens aparecem o mundo não está zangado. Se eu pudesse, dizia-te mana, que há esperança e ela está em ti, porque a esperança não é mais do que o amor. Por isso partilho.


- Vem mana ... shhhh... vem ... pápa ... ali mana ... pressa ...

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