quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

No limite ... tocam-se...



Na intemporalidade de um por do sol, definem-se duas rectas paralelas, que emolduram o vácuo. A de baixo delimita o mar para que o mesmo não transborde, se sinta seguro e a de cima, lembra que o céu tem um espaço próprio, com um querer independente. Estas linhas suaves mas bem definidas teimam em correr lado a lado, com passo e ritmo certo, amparando-se no superar de imprevistos. No limite tocam-se. Caminham para mais infinito.
Assim somos nós: delimitamos um espaço próprio, uma zona de conforto, que flexibilizamos ao estarmos enamorados. A maleabilidade dos espaços é necessária ao bom funcionamento de dois: são os ajustes, inconscientes ou conscientes, mas necessários para que mar e céu mantenham uma identidade própria com querer comum. Vivemos em paralelo com o ego de outro, correndo lado a lado, sem invadir, sem manipular, sem expectar porque sabemos que no limite nos tocamos. Somos tocados.
O caminho é rude e a viagem por vezes tumultuosa: certos, errados, perfeitos e imperfeitos. No limite ... apenas duas pessoas a querer o mesmo. Algumas vezes as linhas diluem-se parecendo uma só, formando um continuum que parece ambicionar viver a uma só voz. O emolduramento de dois desvanece-se prevalecendo um só que no limite se anula e desaparece.

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