segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

As palavras que nunca direi

Despedaço-me contra uma utopia de quem não aprende a lição. As lágrimas incolores e insossas há muito que perderam a direcção. Passa suave a brisa que me afasta o cabelo da cara, percebo-a mas estes são os olhos de quem não quer olhar, de quem não quer que vejas. O receio espelha-se e espalha-se perante a possibilidade infíma de um dia ser transparente aos teus olhos, de um dia me saberes ler como quem lê um qualquer folheto que anuncia uma promoção do que não precisas mas talvez te faça falta. Defendo-me, sem ser atacada, defendo-me e lamento te-lo feito, quando nem sabia que o fazia, percebi-o quando me faltas-te. É possível sentir a falta do que nunca se teve? Um pedaço que ficou contigo quando não o querias. Foi apenas mais uma auto-amputação que não permiti que sangrasse ... aproxima-se a mudança de estação e com ela recupero nova roupagem, com ela dilui-se o pensamento que não quis pensar, o sentimento que não quis revelar e a pessoa que não me permiti ser. Sou colagem de peças que tento serem unas, um desiquilibrio que finjo equilibrado e uma insegurança que me faz ser segura. Sou a coragem do leão, a persistência do touro, a crença do escorpião e a timidez do caracol, sou um simples complicado e um fácil de dificil, sou o que não sei dizer e digo o que desejo ser. Sou possessiva e desiquilibrada, ciumenta e laissez-faire, sou o vento que ateia o fogo, a água que ondula com a brisa. Sou porto seguro e mar crespado, sou cabo das Tormentas e da Boa Esperança, sabendo o que não sei, sou o que não devia e Sabendo-te tão errado pareceste-me tão certo.

0 comentários:

  © Blogger templates Psi by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP