Dispersos III
Se a palavra nada vale, porque é que quando atirada não é recuperada? Se falamos sem nada dizer, porque faz mossa no outro?
Os olhos não vêem quando o coração não sente e a cabeça entra num processo de défice de atenção/ concentração. Uma hiperactividade para deslocar o sentir: não tenho tempo; agora não posso; depois falamos .... acumulamos o não acumulável. Guardamos pedras de gelo como preciosidades e quando pensamos que há tempo, que estão lá, descobrimos que o gelo derrete e a água evapora, não restando nada mais do que uma mancha ténue do que um dia foi.
O que distingue as pessoas não são os problemas ou as situações mas sim a forma como lidam com os mesmos. A forma mais rápida e simples é desimplicarem-se das consequências, é deixarem-se dominar pelo rancor e vingança do mundo. Valerá a pena?
Podem fazer mal ao outro, desejar-lhe a maior infelicidade do mundo mas no fim, o outro segue a sua vida, a tropeçar, a andar, a correr ou a saltar mas segue-a e quando olhares no espelho, um dia, descobres que tu é que te consumiste. Tu é que não viveste a tua vida, não aproveitas-te as oportunidades, porque estavas demasiado concentrado em viver a vida do outro, em lamentar não fazeres parte dela.
No fim ... Vive e deixa viver ... o que foi não volta a ser e não se pode obrigar alguém a sentir o mesmo que nós ... e quando parece que o Mundo vai acabar, se olharmos bem, está apenas a girar.
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