terça-feira, 25 de outubro de 2011

Estações do Ano

Em menos de 24h passou-se da havaiana à galocha. Confesso que desde o fim de Setembro tinha deixado de calçar sandálias e de vestir vestidinhos, estava cansada de todos estes dias de canicula. Gosto do verão mas não sirvo para viver num país tropical. Prefiro a meia estação, primavera ou outono. Gosto dos cheiros e das cores, a primeira lembra-me a reconstrução, o novo; a segunda a mudança, a limpeza: deitar fora o velho e iniciar lentamente o novo. É a (suposta) suavidade da transição que me encanta. O inverno também tem o seu quê de brilhantismo, acordar com uma chuvada, olhar lá para fora e ter aquela sensação reconfortante de fim de semana, poder ficar no sofá a curtir o lume que dança na lareira, que convida à intimidade, à despreocupação. Poder preguiçar, beber chá e ler um qualquer livro que se afigure companheiro do estado de espirito. No fundo sinto que todas as estações são fundamentais, se olharmos, somos tal qual as quatro estações: temos dias em que o sol brilha em nós de tal modo que encandeamos quem connosco se cruza e outros que a tempestade é tão grande que sentimos o trovejar na alma, os raios na voz e no olhar relâmpagos; dias de meia estação em que andamos aconchegados num qualquer casaco ligeiro e o sol não é forte mas transmite segurança, é a nossa atitude que paira cálida no ar e outros ainda temos um dourado outonal a adornar a alma, mudanças subtis que num rasgo se libertam e transformam num sorriso de cheiro a terra molhada.



O tempo, que "eles" anunciam, nem sempre é simétrico ao tempo que experienciamos internamente, há quem sinta o grandioso sol de verão a inundar-lhe a alma num glamouroso dia de tempestade e também quem com 40º graus à sombra sinta nevar-lhe na alma. Somos nós e apenas nós que permitimos qual a estação que queremos abraçar e nem sempre é fácil, até porque existem dias que nascem de sol e a meio da tarde o nevoeiro adensa-se culminando num tornado ... e o contrário também.



Para mim é Outono, as árvores mudam de roupa, o sol espreita sem se impôr e no ar há um sentimento de despedida, de transformação. Quero-a em muitos sentidos, sei que a vou ter independentemente do que quero, até porque os quereres, as vontades, os desejos e as necessidades não são estaticas ou imutáveis e eu também não.



Tudo o que nos acontece é um ensinamento e todas as pessoas que cruzam a nossa vida tem uma mensagem para receber e outra a dar, com algumas dessas pessoas ainda sinto unidirecionalidade, no entanto, começo a aprender que a lição, a aprendizagem ou a troca nem sempre é percepcionada no imediato, às vezes é preciso outros acontecimentos ou outras pessoas, passar por várias estações do ano para percebermos o significado.



Sei disso e elas será que o sabem ou sentem?

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