segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ajuda-te ...

Como podemos manter a sanidade, quando tudo à nossa volta parece convergir no sentido de ficarmos insanos?

Ajudamo-nos e outros virão.



Tenho um amigo que teve uma boa vida, as fases ascendentes eram de tal ordem seguidas, que ainda não tinha comemorado uma benção já se lhe afigurava outra. Tinha sucesso: amigos, trabalho bem remunerado, namorada, hobbies que lhe davam rendimento extra ... orgulhava-se de si e dos seus feitos. Meritórios, diga-se.

Um dia, as coisas viraram. Passaram de simples a complicadas, depois a dificeis e chegaram a dolorosas e tão consecutivas como as anteriores: A namorada acabou a relação, foi despedido, o pai morreu, roubaram-lhe o carro, largou os hobbies, voltou a ser despedido, a mãe morreu. acompanhei o seu percurso, tentei estar lá mas a determinada altura, senti que me afastei. Cada momento em que estava com ele enervava-me brutalmente, fazia-me constantes ataques e, invariavelmente, terminávamos o café a discutir forte e feio. Ele amuava, eu amuava e estávamos uns tempos sem falar. Até que ele aparecia novamente e, repetia-se todo o ciclo. Pensei-me egoista por ser impaciente com ele. Recriminei-me por não ter prestado mais apoio em determinadas fases da sua vida. Afinal, supostamente, é isso que os amigos fazem. Certo?

Os outros, aqueles que se dão connosco, não reagem como eu, não compram discussões mas tratam-no como "coitadinho": ouvem e ouvem e ignoram e ignoram. Não sei quem lida melhor com a situação. À imenso tempo que não o acho bem, que acho que entrou numa depressão profunda, que recusa aceitar e continua, cegamente, a agir e a agir e a cair e, novamente, a cair. Acusa-me a mim de estar maluca, não acredita em médicos, em psiquiatras, psicólogos ou Deus, seja Ele qual for. Não Acredita em nada e passou a viver de glórias passadas, repetidas verborreicamente. É cansativo e cansa-me, não consigo, já, tomar café apenas com ele, pois ainda não cheguei já me apetece ir embora: pois sei que me vai "agredir" com qualquer coisa. O pior é que normalmente, "sou atacada" e nem sei do que fala. Confronto-o e acaba a dizer-me que sou insuportável, que estou sempre do contra. Espelhamento? Projecção? Incapacidade de se viver? Não sei.



Este fim-de-semana telefonou para café. Aceitei mas convoquei outros amigos que sabem o que se está a passar. Entre todos talvez fosse mais fácil tentar uma "intervenção". Errado. Ainda não tinha saído de casa já tinha discutido com ele ao telefone, apenas porque combinei estar no café às 21h45 e eram 21h50 e ele já tinha chegado e eu não estava lá (?!?). Quando cheguei, fui recebida por um molhe de ataques a terceiros, que me fizeram azedar e perguntar-lhe o que é que eu tinha a ver com tudo aquilo para me falar naquele tom. Respondeu-me que eu convivia demasiado com malucos e estava a ficar como eles (?!?). Entretanto fui "saved by the bell" e os outros chegaram e foram recebidos tal como eu. Ficou um ambiente tipo merda, tipo aqueles segundos que parecem eternidades e ninguém tem nada para dizer. O empregado de mesa é espirituoso e veio quebrar a tensão. E pronto, descambou tudo: passaram (e eu também) de amuados a gozões - sendo ele o alvo. Repetiu-se à exaustão, contou e recontou as histórias de "quando estava bem na vida", de como tinha amigos, quando tinha dinheiro. Tentámos explicar-lhe que o problema não era o dinheiro ou o "estar bem na vida", era mesmo ele: não estar bem consigo, não se ajudar e não querer ajuda, e por isso é desagradável com toda a gente. Uma seca.


Os efeitos não foram os esperados, de cada vez que alguém fala, ele responde com um "já sei o que é que vais dizer mas isso não é nada assim" - Foda-se então é como ?????

Como é que se ajuda alguém que não se ajuda a si próprio? Com é que se está perto de alguém que não se percebe na inconveniência e no disparate do que diz? Como é que faço para não me zangar ou aborrecer? COMO??



Por outro lado, talvez ninguém tenha de ajudar ou estar, talvez seja esta a sua lição de vida: tornar-se insuportável em chato para os outros, viver em feitos passados e ficar parado num tempo que continua a contar ... tic ... tac ... tic ... tac ... e a determinada altura "cair para o lado" e "acordar" ...talvez precise que nos afastemos e somos nós que insistimos ... tic ... tac ...tic ... tac ... e retardamos o seu tempo ... não sei ... só sei que não gosto do que me faz sentir.


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