quarta-feira, 29 de junho de 2011

Auto-suficiência.

Sinto que se confunde o ser independente com o ser auto-suficiente. Como outras tantas coisas que às pessoas diz respeito, estas também andam enviesadas. Ser autónomo ou livre, em nada é similar com bastar-se a si próprio. Aliás considero esta última quase utopia e digo "quase" porque acredito que os eremitas sejam auto - suficientes e até isso é questionável, uma vez que dependem do que a natureza lhes oferece. Anyway ... a auto-suficiência foi sempre algo que julgo possuir até me deparar com coisas que não sei e ... que não acho que deva aprender, pois "quem muitos burros toca algum fica para trás" e também porque apesar de não acreditar em "tarefas de homens e tarefas de mulheres", no fundo acredito e acho que essa nova geração que defende a "igualdade de género" também mistura e enviesa os conceitos. Ser feminina ou ser masculino também tem a ver com as tarefas desempenhadas, ou como são desempenhadas. Se o desempenho é por necessidade, é perceptível mas se é "porque não somos menos que eles" ... Barda Merda!


Logo, não sou "auto-suficiente", nunca fui e não tenho qualquer pretensão a ser. Cada qual partilha-se com o que consegue e pode fazer. Devemos agradece-lo. É a co-responsabilidade ... mas há alturas (como esta) que não ser auto-suficiente, depender da boa vontade de terceiros me recorda que tenho de "trabalhar" a minha resistência à frustração. Trabalho-a ... Mais uma etapa iniciada o que se seguirá?

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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Vale a Pena Pensar Nisto ...

"Se não mentir a si próprio, descobrirá que é uma pessoa com limites e deixará de querer ir a todas, como fazem os fóbicos. Também não será dono da verdade nem tão importante como são os paranóicos. Não será o mais perfeito, o que fica para os obsessivos, nem tão brilhante ou poderosos como os histriónicos e psicopatas. Não será uma pessoa muito original, como os esquizofrénicos, nem um génio, como os maníaco-depressivos. Será apenas uma pessoa comum que aceita os desafios e os paradoxos da vida, faz o possível para, em cada momento, dar o que pode e actuar em conjunto com os outros. No entanto, tem de assumir a responsabilidade completa pelas suas acções. Afinal, todos fomos expulsos do Paraíso e condenados à solidariedade. Fizemos das fraquezas forças e, uns com os outros, construímos coisas admiráveis.


Convenhamos, entretanto, que tudo isto é muito complicado, pouco gratificante e difícil de fazer. Fácil, Fácil é mesmo tornar-se doente mental."


In: Com Tornar-se Doente Mental (ABREU, J. L. PIO.; 2006)

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Ajuda-te ...

Como podemos manter a sanidade, quando tudo à nossa volta parece convergir no sentido de ficarmos insanos?

Ajudamo-nos e outros virão.



Tenho um amigo que teve uma boa vida, as fases ascendentes eram de tal ordem seguidas, que ainda não tinha comemorado uma benção já se lhe afigurava outra. Tinha sucesso: amigos, trabalho bem remunerado, namorada, hobbies que lhe davam rendimento extra ... orgulhava-se de si e dos seus feitos. Meritórios, diga-se.

Um dia, as coisas viraram. Passaram de simples a complicadas, depois a dificeis e chegaram a dolorosas e tão consecutivas como as anteriores: A namorada acabou a relação, foi despedido, o pai morreu, roubaram-lhe o carro, largou os hobbies, voltou a ser despedido, a mãe morreu. acompanhei o seu percurso, tentei estar lá mas a determinada altura, senti que me afastei. Cada momento em que estava com ele enervava-me brutalmente, fazia-me constantes ataques e, invariavelmente, terminávamos o café a discutir forte e feio. Ele amuava, eu amuava e estávamos uns tempos sem falar. Até que ele aparecia novamente e, repetia-se todo o ciclo. Pensei-me egoista por ser impaciente com ele. Recriminei-me por não ter prestado mais apoio em determinadas fases da sua vida. Afinal, supostamente, é isso que os amigos fazem. Certo?

Os outros, aqueles que se dão connosco, não reagem como eu, não compram discussões mas tratam-no como "coitadinho": ouvem e ouvem e ignoram e ignoram. Não sei quem lida melhor com a situação. À imenso tempo que não o acho bem, que acho que entrou numa depressão profunda, que recusa aceitar e continua, cegamente, a agir e a agir e a cair e, novamente, a cair. Acusa-me a mim de estar maluca, não acredita em médicos, em psiquiatras, psicólogos ou Deus, seja Ele qual for. Não Acredita em nada e passou a viver de glórias passadas, repetidas verborreicamente. É cansativo e cansa-me, não consigo, já, tomar café apenas com ele, pois ainda não cheguei já me apetece ir embora: pois sei que me vai "agredir" com qualquer coisa. O pior é que normalmente, "sou atacada" e nem sei do que fala. Confronto-o e acaba a dizer-me que sou insuportável, que estou sempre do contra. Espelhamento? Projecção? Incapacidade de se viver? Não sei.



Este fim-de-semana telefonou para café. Aceitei mas convoquei outros amigos que sabem o que se está a passar. Entre todos talvez fosse mais fácil tentar uma "intervenção". Errado. Ainda não tinha saído de casa já tinha discutido com ele ao telefone, apenas porque combinei estar no café às 21h45 e eram 21h50 e ele já tinha chegado e eu não estava lá (?!?). Quando cheguei, fui recebida por um molhe de ataques a terceiros, que me fizeram azedar e perguntar-lhe o que é que eu tinha a ver com tudo aquilo para me falar naquele tom. Respondeu-me que eu convivia demasiado com malucos e estava a ficar como eles (?!?). Entretanto fui "saved by the bell" e os outros chegaram e foram recebidos tal como eu. Ficou um ambiente tipo merda, tipo aqueles segundos que parecem eternidades e ninguém tem nada para dizer. O empregado de mesa é espirituoso e veio quebrar a tensão. E pronto, descambou tudo: passaram (e eu também) de amuados a gozões - sendo ele o alvo. Repetiu-se à exaustão, contou e recontou as histórias de "quando estava bem na vida", de como tinha amigos, quando tinha dinheiro. Tentámos explicar-lhe que o problema não era o dinheiro ou o "estar bem na vida", era mesmo ele: não estar bem consigo, não se ajudar e não querer ajuda, e por isso é desagradável com toda a gente. Uma seca.


Os efeitos não foram os esperados, de cada vez que alguém fala, ele responde com um "já sei o que é que vais dizer mas isso não é nada assim" - Foda-se então é como ?????

Como é que se ajuda alguém que não se ajuda a si próprio? Com é que se está perto de alguém que não se percebe na inconveniência e no disparate do que diz? Como é que faço para não me zangar ou aborrecer? COMO??



Por outro lado, talvez ninguém tenha de ajudar ou estar, talvez seja esta a sua lição de vida: tornar-se insuportável em chato para os outros, viver em feitos passados e ficar parado num tempo que continua a contar ... tic ... tac ... tic ... tac ... e a determinada altura "cair para o lado" e "acordar" ...talvez precise que nos afastemos e somos nós que insistimos ... tic ... tac ...tic ... tac ... e retardamos o seu tempo ... não sei ... só sei que não gosto do que me faz sentir.


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quinta-feira, 23 de junho de 2011

(Des)conversa 30

Num restaurante de comida típica, em Elvas.


Amiga - O que é que vais comer?

Ela (23 anos) - (hesitante) humm ... Não sei ... o que eu queria não está na lista ...

Amiga - E com tanta coisa na ementa não há nada que tu queiras?

Ela (23 anos) - Não ... eu queria mesmo era um bife grelhado com batatas fritas.

Amiga - Um bife? Isso podes comer em qualquer lugar. Não há mais nada que tu queiras?

Ela (23 anos) - Não gosto de mais nada.


Chamou-se o empregado de mesa a quem se explicou a situação.


Empregado de mesa - Não há problema, alteramos um destes bifes. Quer bife da vazia ou do lombo.

Ela (23 anos) - Eu queria era um bife de vaca.

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(Des)conversa 29

Com o meu afilhado de 3 anos.




Ele - Madlinha, vamo fazê um Pec-ic na sala?


Eu - Sim, hoje, podemos fazer um piquenique na sala. O que é que queres comer?


Ele - Hummm (com um dedo na bochecha) ... Eu qué batata fita às riscas.


Eu - Está bem e o que é que vamos beber?


Ele - Eu vá bebê àgua e tu pode bebê ceverza.

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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Crescida ...

... mas não o suficiente.


Tento, a sério que tento, mas não está fácil. Ainda sou terrena e mesquinha, e percebo-o quando me deixo afectar por determinadas pessoas, pelas suas atitudes, acções e pior: verbalizações. Sei que devo aceitar, que devo respeitar e entender, porque afinal "há anos que não discuto com estúpidos" ... mas existem dias ... Meu Deus, que dias!!


Tenho falhas e algumas reconheço-as, outras ignoro-as e outras ainda, resolvo sublimar. Não sou grande ser social, faltam-me alguns skills que tento aprender ou re-aprender (?!?), mas julgo possuir alguma capacidade de empatia, até porque me estou a cagar redondamente para a (maioria da) maluqueira das pessoas, desde que não afecte terceiros ... o que fazem que os afecta a eles e que assumam consequências, por mim está tudo bem. O problema é que a maioria, possui um grau de "maluquice" dissociativo: afecta tudo e todos à sua volta, e curiosamente a culpa, as responsabilidades e consequências são de todos os outros. Fico fodida e não percebo, compreendo ou aceito. Já não.


Algures no passado, ensinaram-me que a reactividade provocada é espelhamento da nossa própria fragilidade, tento agir em conformidade com a premissa anterior ... mas (Foda-se!!) quando é (sempre) o resto do mundo a estar errado, a ser criticado, humilhado, apontado e denegrido, já pondero que talvez as falhas não sejam (só) minhas. A grande chatice é que este tipo de pessoas mina os locais e ambientes, são patológicos e levam os outros a extremos e regozijam-se com isso. Se é patológico? Claro que é, e dependendo do diagnóstico, tecnicamente será uma personalidade paranóide, informalmente, é só execrável.




Hoje o meu dia foi passado com alguém assim, eleva-me à loucura. O esforço para estar "ligada" à Terra, é titânico e o desgaste brutal. Aceito-a mas não a respeito, o ar que exala sinto contaminar todo o ambiente, as palavras saem em forma de flechas - sempre prontas a cravarem-se no peito de alguém - outras vezes saem em míssil de terra - sempre pronto a estilhaçar tudo à sua volta. Acorda diariamente para aproveitar as ocasiões de humilhar e envergonhar, sempre frente a terceiros - alimenta-se. Seres que mentem com a convicção de verdade absoluta e que NUNCA, mas mesmo, NUNCA se questionam - são detentoras da verdade absoluta e apregoam-no, começando todas as frases pela "humilde" expressão: "Eu é que sei..."


Não suporto pessoas que são incapazes de se referirem aos outros, sem ser como: "aquele merdas", "aquela incompetente"; "é um parasita"; "é uma incapaz" - que tem a incapacidade de "ver" ou verbalizar coisas positivas acerca outrem. "Nas costas dos outros, vês as tuas".




Isto não é saudável mas na impossibilidade de o poder verbalizar com o devido sentimento que lhe está associado e correndo o risco de "começar a fazer croquetes" porque a emoção despoletada é intensa e sintomática, tenho de o tirar de dentro de mim. Cuspo-o ... melhor ... escarro-o.

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terça-feira, 7 de junho de 2011

Um tempo que não conheci.

Tenho saudades de um tempo que não conheci. Um tempo que não vivi. Nesse tempo que me é alheio tudo era simples e simplista. Tristeza era estar triste e alegria era, apenas, estar alegre - ambos simples, complementares e necessários. Ambos vividos sem pressas, sem porquês - simples. Tenho saudades de um tempo previsível, cuja antecipação era fácil: primavera, verão, outono e inverno - simples. Nesse tempo que não conheci, tudo era perfeito, construído na imperfeição de calma e sapiência - eu era paciente, em harmonia - confiava no amanhã e naqueles que lá residiam. Era um tempo puro, equilibrado, povoado de verdade e de verdadeiros - nesse tempo que não vivi - chorei de alegria e ri de tristeza, amei de prazer, odiei de paixão, entreguei-me sem medos e construí-me frente às provações, que apenas nos unificavam. Nesse tempo que não conheci, um tempo que não vivi mas que sei que me sentia segura, e essa era a perfeição singela de quem vive, de quem Acredita - simples. Esse tempo desconhecido que me é saudoso, mostrava que as incertezas são as imperfeições harmoniosas e equilibradas de quem se partilha num desiquilibrio equitativo de sentimentos contraditórios mas complementares - simples.

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Estranheza (?!?)

Nunca gostei de surpresas, provavelmente porque não me lembro de ter tido surpresas positivas. Isso mudou. Tenho tido algumas surpresas, que definitivamente, me deixaram bem disposta. São pequenas transformações pessoais que (sei) fazerem-me crescer. Estas novas situações fazem-me oscilar entre o humor maníaco e o humor deprimido. Sendo que este último se instalou sem pedir licença. É uma angústia que me invade, difícil de compreender ou explicar. Uma sensação de regressão, de querer voltar a um espaço protegido e quente: volta ao útero. Diz o senso-comum que tal angústia é rampa de lançamento para profundas transformações e mudanças. Não sei. Diz-se que devo confiar na intuição e deixar-me ir: sem resistência. Vou. Até porque sei que isto é apenas uma fase - apenas isso. Esta conjuntura é necessária ao meu processo de crescimento interno mas (foda-se!!) não é nada fácil!!

Estes períodos tornam-me reflexiva e introspectiva, o que não me apetece nada, neste momento ... Vamos ver ...

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sexta-feira, 3 de junho de 2011

...


"Angels Fall from Paradise ... Straight to Reality ..."

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