quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

No limite ... tocam-se...



Na intemporalidade de um por do sol, definem-se duas rectas paralelas, que emolduram o vácuo. A de baixo delimita o mar para que o mesmo não transborde, se sinta seguro e a de cima, lembra que o céu tem um espaço próprio, com um querer independente. Estas linhas suaves mas bem definidas teimam em correr lado a lado, com passo e ritmo certo, amparando-se no superar de imprevistos. No limite tocam-se. Caminham para mais infinito.
Assim somos nós: delimitamos um espaço próprio, uma zona de conforto, que flexibilizamos ao estarmos enamorados. A maleabilidade dos espaços é necessária ao bom funcionamento de dois: são os ajustes, inconscientes ou conscientes, mas necessários para que mar e céu mantenham uma identidade própria com querer comum. Vivemos em paralelo com o ego de outro, correndo lado a lado, sem invadir, sem manipular, sem expectar porque sabemos que no limite nos tocamos. Somos tocados.
O caminho é rude e a viagem por vezes tumultuosa: certos, errados, perfeitos e imperfeitos. No limite ... apenas duas pessoas a querer o mesmo. Algumas vezes as linhas diluem-se parecendo uma só, formando um continuum que parece ambicionar viver a uma só voz. O emolduramento de dois desvanece-se prevalecendo um só que no limite se anula e desaparece.

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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Imperfeição

Sou uma pessoa cheia de falhas e erros. Tem sido assim que tenho subido a escadaria de "lado nenhum" para "beco sem saída". Sinto que a imperfeição é "meio caminho andado" para algum lado, seja ele qual for, ainda que imperfeito. Acredito nas falhas, nos erros, na culpa e no assumir das responsabilidades. Acredito na causa-efeito e na co-responsabilidade. Acredito nas lições implícitas e explicitas. Acredito na humildade e no Universo. Imperfeita.
"Quando tudo é demasiado perfeito algo de muito imperfeito está a acontecer."

Acredito no Aqui e Agora e nas lições e "ilusões" da ancestralidade. Acredito nas chegadas e partidas e em "portas que se abrem e que se fecham". Acredito que quando não "ouvimos" o Universo ele se faz "ouvir". Acredito que não podemos mudar o Mundo mas que de cada vez que ele passa à nossa porta lhe podemos dar um pontapé no cu. Acredito, também, que de cada vez que ignoramos o Mundo é ele que nos dá um pontapé no cu.
Gosto do meu caminho de silvas e hera. Labirinto do Minotauro. No entanto, e de acordo com Jung, as saídas estão lá e tenho chegado a algum lado, ainda que me pareça nenhures. Existem coisas que preservo, que admiro e defendo e como tudo mais na vida, certas ou erradas: são as minhas coisas: as minhas crenças.



Hoje num sitio qualquer com umas quaisquer pessoas houve uma prof que se descontrolou no meio do caos. Acto impensado, muito menos ponderado e vai daí, enfiou um estalo num discente que deslizando no pânico alertou uma tranquila E.E., que em nada avizinhava tão arcaico desenlace. Coerente e demonstrando coerência lá chegou em alarmismo mas ponderando a exacerbação das emoções e o empolgar dos acontecimentos. Encontrou-me na entrada. Pedi-lhe que mantivesse uma mente aberta e um espírito livre de julgamentos precipitados. Fumou um cigarro comigo. Não trocamos palavra.


Entrou e duas horas depois estava na minha sala. Diz-me: estão aqui das 8h30 às 18h30, contabilizado é uma vida de tempo útil. Concordo. Quem está é que age. Hoje foi injusto: você sabe, eu sei mas às vezes os exemplos são precisos. Lamento que tenha sido o meu filho o exemplo mas tenho a certeza que a partir de hoje nunca mais irá esquecer que a vida é injusta e que aprendemos a viver ou saltamos fora ... morremos fora de tempo.

Aprendeu a viver.

Hoje mais do que ontem e amanhã mais do que hoje.

Agradeço-lhe que não seja condescendente.



A si um grande Obrigada por me lembrar (quando mais preciso) que ainda existem pessoas que (me) lembram porque me levanto todas as manhãs.


Um Grande Bem Haja!!!!!


A Todos...

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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Afortunada.

Profissionalmente já atravessei vários contextos em várias fases da minha vida e em várias idades. Comecei a trabalhar com 14 anos e não me caiu nenhum braço ou perna ou outra qualquer coisa que me diminuisse. Antes pelo contrário, aprendi cedo o valor de sermos úteis, de termos a responsabilidade de executar um qualquer serviço, de os outros contarem connosco e mais importante: o valor do dinheiro. Lembro-me que quando recebi o meu primeiro ordenado me senti a pessoa mais afortunada do mundo, aqueles trocos davam a ideia de uma certa independência. Comparativamente aos meus amigos eu já não tinha de justificar a minha mesada e o porquê de na primeira semana já não ter dinheiro: era autonomamente gestora da minha vida financeira - pensava.
Trabalhar fez-me crescer de uma forma que a escola, por si só, não faz. O mais difícil, talvez seja, aprender a gerir as diferentes maneiras de estar e ser das pessoas que nos rodeiam e connosco constituem uma equipa de trabalho. Com umas consegui atingir esse objectivo, com outras não, mas nunca mais esqueci o que me disseram e que ainda hoje uso: "Não tens de gostar de toda a gente, tens apenas, de respeitar."
Ao longo de todos estes anos tive o prazer de me cruzar com pessoas excepcionais e outras nem tanto. Guardo algumas relações que extrapolaram o plano profissional e se mantêm, até hoje, no plano pessoal. Todas essas pessoas têm em comum o facto de as admirar de alguma maneira, de terem dividido processos importantes na minha vida ou apenas de terem partilhado fases em que ajudaram a suster-me à tona de água - ainda que não o soubessem.
Onde estou, actualmente, tenho tido o privilégio de trabalhar com profissionais de excelência, com seres humanos excepcionais, primando todas pela diversidade de ser, fazer e estar. Tive a sorte de com algumas dessas pessoas encontrar complementariedade assente num respeito de saber estar e saber fazer. Hoje, apetece-me dizer-lhes que sou uma afortunada por terem cruzado a minha vida e cada uma, com a sua unicicidade, acrescentou-me como pessoa e profissional.
A todas(os) um grande obrigada por este processo de construção assente na diferença, no respeito e entre ajuda. Os dias ficam um bocadinho mais fáceis, os meses mais curtos e as horas menos "marcantes".

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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Corpo é que Paga!!

Tenho o mau hábito de "procurar" padrões de comportamentos, atitudes, acções ou circunstâncias. Não sei quando o adquiri, não sei como o faço ou sequer porque o faço, no entanto, faço-o e até com bastante frequência (mais do que o que desejaria).
Há uns anos que mantenho um registo de acontecimentos, quase diários, da minha existência, "um espaço" a que carinhosamente chamo "o meu blogue fisíco". O que me levou a reparar que de há uns anos a esta parte, os primeiros três meses do ano civil me são sempre debéis, em termos de saúde fisíca. Quase sempre relacionado com a garganta ou o pescoço mas sempre algo que surge de repente e me leva "de charola" para o hospital. Esta semana aconteceu e da maneira mais estúpida que possa existir: a ligar um aquecedor a uma tomada de chão e eis que ouço um "clic" e quedo-me imóvel. Não me posso queixar, no entanto, uma vez que os restantes 9 meses são passados a abusar.
Invariavelmente o diagnóstico é o mesmo: abuso de mim até ao limite, ou seja, "quando a cabeça não tem juízo, quando te esforças mais do que é preciso, o corpo é que paga...".

Todos nós abusamos, inevitavelmente, puxamo-nos até ao limite. Uma especie de competição contra nós próprios, talvez o provar que somos sempre capazes de mais. Mas pergunto-me se mais será melhor. Se os limites que me imponho, o ritmo obsessivo e exaustivo em que me mantenho me conduz onde pretendo ir? Terei as prioridades certas ou navego em águas tumultuosas, à deriva, na ilusão de que busco terra, quando já passei pelo meu porto de abrigo e não me concedi tempo de descanso?

Afinal que pretendo? Sempre que "o Universo me obriga" a parar, dá-me tempo de rever o meu percurso e as minhas prioridades, proporcionando-me o tempo para pensar nas lutas e batalhas que travo na persecução de objectivos que me imponho mas será que os quero mesmo? Assim desta forma, à custa de um sem número de coisas que provavelmente me preencheriam muito mais. Sou aquilo que nunca quis ser: 90% de trabalho e 10% de todas as outras merdas que fisiologicamente tenho de cumprir e até essas já tiveram alturas de ser abolidas. Falta prazer na minha vida, falta-me hedonismo - percebi.

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