segunda-feira, 18 de outubro de 2010

(Des)conversa 26

(com o meu afilhado de 2 anos referindo-me ao meu irmão)
Eu - Chama ali aquele gajo para a mesa.
(com uma cara muito zangada)
Ele - Não Gaildjó ... é aquele Padaladrinho meu!

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domingo, 17 de outubro de 2010

Voar... com as asas dos outros.

Às vezes as decisões tomadas co-substanciam-se em argumentos erróneos. Não temos determinada atitude para não magoar alguém que amamos, ainda que, isso nos desfaça por dentro. Calamos o que sentimos razão ou opinião ou apenas o que sabemos por estarmos convictos que tal acção será benéfica para nós. Quantas vezes o nosso "bem estar" são migalhas de um qualquer desejo adiado, de um qualquer projecto arquivado. Para estarmos bem, temos mesmo de estar bem. Existem cedências harmoniosas que a médio - longo prazo são prazeirosas para todos os intervenientes mas... existem outras que são e serão sempre relações de perda-ganho. É impossível de tão insuportável e doloroso viver nestes moldes "para sempre". Às vezes as pessoas sabem-no e tornam-se peritas em desculpas e desresponsabilizações para conseguirem atravessar cada dia da melhor forma possível. A que deixar menos marcas. No fundo pensam-se sortudas por terem alguém ao lado, mesmo que o preço dessa companhia seja uma solidão profunda. Medo. Um dia tudo muda. Encantam-se por quem traz alegria nos lábios, doçura nos gestos e assimilam a situação como a porta de saída. Fuga para a frente. Nesse dia de amor e enamoramento os defeitos do outro, outrora grãos de areia, reflectem-se no espelho do tamanho de uma montanha, o novo objecto de desejo é o antípodas do dia-a-dia. Bote salva vidas. Partem sem olhar para trás. Absorveram a força, a segurança do novo e estilhaçam o velho. Sem olhar para trás. Sem remorsos ou arrependimentos. Apostam tudo nesta nova viagem, sem reservas ... mas, inúmeras vezes, também, sem verificar o estado dos travões, o depósito ou o mapa de estradas. Nem sempre a viagem é mal sucedida no destino mas às vezes ficam apeados na primeira estação de serviço. Quando isto sucede a raiva, a dor, o ódio, a angústia, o desespero e o medo surgem. Companheiros de almofada. Reconsideram a fuga para trás: re- conquistar o antigo. Esquecem que à sua volta vivem pessoas e não autómatos, enfurecem-se por os seus sentimentos não serem valorizados o suficiente e levam-se à beira do precipício por auto comiseração. São os únicos no mundo a sofrer desta ou daquela maneira. Tornam-se milícias paranóides tentando medir em cada gesto, cada rosto e cada olhar a pena que suscitam e exigem que todos os outros partilhem a sua mágoa e desespero.
Estas pessoas tem muita dificuldade em erguerem-se. Dependentes. Sentem que os outros não se esforçam o suficiente, não os acarinham o suficiente, não são amigos o suficiente ... Não os levam ao colo o suficiente. Os outros, esses que continuam a viver as suas vidas deixam de ser considerados amigos, os outros, esses que não lambem sofridamente as feridas com eles, deixam de ser amigos e os outros, aqueles que lhes dão asas mas que não lhes emprestam as suas, passam de bestiais a bestas, num piscar de olhos.

Às vezes as mudanças são necessárias, e precisamos da força de outros para alimentarem a nossa coragem. Quando decidimos somos responsáveis pela decisão tomada e temos de estar preparados para assumir, de cabeça erguida, as consequências. Os outros são apoio e necessitamos deles, para ouvir o que gostamos e às vezes, o que não gostamos. Os outros, aqueles que, verdadeiramente nos rodeiam, não dependem de nós, nem permitem que nós dependamos deles. Os outros, esses que valem a pena, não nos emprestam as suas asas, ensinam-nos a voar, deixam-nos usar o ninho as vezes que precisarmos mas na certeza de que encontramos ao longo da nossa viagem, um ninho e um estilo próprio de voar.

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sábado, 16 de outubro de 2010

Quem por aqui passa ...

... já se apercebeu que o tempo é matéria de aprendizagem para mim: o tempo do meu querer e o tempo real. Tento sincronizá-los por ter a "certeza" de que me poupo a imensas crises existenciais e outras.
Esta semana voltei a ter "problemas de tempo": um tempo que me é curto para realizar tudo a que me propus. Um tempo ao qual acabei, ainda que involuntariamente, por me escravizar. E não estou a gostar, a minha saúde fisíca mas principalmente a mental não estão confortáveis com isso. Fui eu que me "afoguei" nesse tempo, não sei como, quando ou porquê mas estou a ter dificuldades em recuar ou talvez avançar, para onde quero estar.

Resumindo: HOJE sinto-me escrava de mim própria, impotente para me libertar e sou o Minotauro preso no labirinto. Preciso de soluções. Preciso de tempo para adequar o tempo a um tempo que preciso, apenas para ser EU: encontrar-me, conversar-me e pensar-me. FDX!!! Estou sufocada e exausta. Preciso-me!!!!

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Era uma vez ...

... um alguém que se procurava intensamente. Esse alguém correu mundo na vã esperança de encontrar o seu Cálice Sagrado. Os anos foram passando e a busca continuava tão intensa como no dia da partida. Conheceu imensas pessoas mas não recorda os seus nomes, conheceu sítios que não lembra e lugares dos quais não guarda memória. Amou apaixonadamente até perceber que nem era paixão e nunca chegaria a amor, pois não lhe davam a paz interior que sonhava alcançar. Percorreu cada centímetro de pele das mulheres mais fantásticas, inebriou-se nos cheiros das mais exóticas, entregou-se ao prazer que a mais comum lhe oferecia e até as desajeitadas serviram para o frustrar na procura do seu bem mais precioso: a sua paz. Jejuou, enfartou-se, teve tempos de abstémio e alturas de ébrio e nada ... sempre um nada negro a servir de manto à sua alma. Não lembra os países por onde passou, as camas que dividiu, as refeições partilhadas, as conversas sussurradas e os olhares oferecidos. Não sabe porque casou, com quem, como e onde - não era aquilo.
O tempo foi passando e nunca o avisou que a sua passagem deixava marcas irreversiveis: nunca o lembrou que o momento vivido jamais será recriado, que as pessoas amadas são mutáveis no seu querer e viver, que os lugares se transformam e os sítios perdem mística. Estava cansado, esgotado e convicto da sua impotência para continuar a procura do ambicionado. Desistia, rendendo-se nem sabia bem ao quê mas com a certeza que não tinha encontrado.

Haviam passado os anos, o seu corpo definhado e com ele a autonomia do viajante, os dias eram agora um longo continuum e passava-os a recordar: quantas viagens, quantos sitios e lugares havia conhecido. Quantos corpos havia amado, quantos havia desejado e outros tantos ignorado. Comidas exóticas, vestes caracteristicas e culturas tão diferentes que se complementavam. O quanto aprendera e o quanto ensinara com gentes e em lugares tão diferentes que apenas a estada lhes fará juz.

Inerte na sua cadeira de baloiço, dependente da boa vontade de terceiros, os dias eram carinhosamente alimentados pelas recordações das suas viagens e eis que num pôr do sol soalheiro, de cores quentes reflectidas num alpendre só e desengonçado, deu consigo a suspirar acompanhado de um longo sorriso: tinha vivido. Tinha encontrado a sua paz interna em cada momento vivido, cada gesto dividido, apenas nunca tinha ficado o suficiente para o perceber.
A paz interna e a consequente felicidade proporcionada não são estados perpetuados no tempo, não se adquirem à força da experimentação, são sim e tão somente, a viagem, as experiências e a entrega. Ambos se constroiem quando o momento é vivido como causa que não espera qualquer efeito.

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domingo, 10 de outubro de 2010

My All Time Favourites !

Não sei porquê, provavelmente, nem existe um porquê mas ultimamente os sonhos trazem imagens e bandas sonoras de tempos e pessoas que já não lembrava ter cruzado. Não sei porquê mas ao invés de me perturbarem tais recordações, as mesmas suscitam ternura, carinho e o prazer de um dia as ter vivido e mais importante: partilhado. Não sei porquê mas há medida que se torna recorrente na vida onírica a mesma recordação surge em acto falhado no discurso mais desenxabido. Não sei porquê mas nada disto é sentido como saudoso ou vontade de reviver. Não sei porquê mas até no plano onírico esta é a banda sonora e quantas vezes a ouvimos e quantas vezes a negámos e a rebuscámos em nós. Não sei porquê mas questiono se as recordações são reais ou com o tempo se tornaram recordações-ecrã ...

... quer parecer-me que sim.

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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Masters of the Universe...

... Our Universe.


Há dias assim, sem ontem, hoje ou amanhã ... aliás todos os dias deveriam ser assim: Únicos. Cada momento, todos os momentos, numa perspectiva holista ou de singularidade, desenham os dias. Os nossos dias. Exigimos de mais dos mesmos, atribuímos-lhes uma responsabilidade que não têm e às vezes culpa-mo-los de um sem número de coisas: tempo a menos, tempo a mais, não serem "o nosso dia" ou serem "o" dia. Expectativas, expectativas, expectativas ... bordadas a desejos e a quereres, mais ou menos, pertinentes. Queremos de mais, pedimos de mais, e no entanto vivemo-los de menos.
Não andaremos confundidos? Material Vs espiritual. Valores reais Vs valores publicitados. Passamos pelos dias sem os vermos porque estamos demasiado ocupados a ser magros, a ser ricos, a ser perfeitos, a ser profissionais, a ser pais, a ser filhos, a ser ... outra merda qualquer, que às vezes nem sabemos bem o que é ... ou o que somos ... ou o que nos tornámos.
Inspira ... Expira ... Hoje ... minutos ... segundos ... sente ... Inspira ... Expira ... Hoje é o dia: Vive-O!

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

01 de Outubro de 2010 ...

... hoje fiz mais um daqueles jantares de tudo e nada: tudo o que desejamos, esperamos, idealizamos e ansiamos da vida ... da nossa vida e de nada ... sem expectativas, o que for nosso à nossa mão virá.
Perguntaram-me o que fazer acerca da insatisfação: um estado de alma permanente e doloroso de quem sabe para onde vai mas a cada passo deseja voltar atrás: um passo para a frente e 100 metros barreiras atrás, como se a salvação fosse o ontem e não o hoje. Que fazer quando sabemos que o caminho é em frente mas a cabeça nos puxa para um outro tempo, uma outra dimensão onde realidade e sonho se fundem num paralelo até se tocarem no infinito dando uma combinação perfeita. Sabemos que "ficar aqui agora já não dá", apostamos tudo numa mudança que se adivinha dolorosa, transformadora e reconfortante ... viagem iniciada ... roleta russa ... e rodámos 360º ... e agora? ... agora ... gira a roleta novamente: aposta-se o tudo na esperança de ganhar 180º, o que faz falta, o que faz sentido. Ou não.
Podiamo-nos permitir viver o real com quem escolhemos como parceiro de jogo e cada cartada fosse em prole de uma certeza que até agora se adivinha incerta. Cada mão, cada rodada, apontasse, sem dúvidas a direcção ... no mínimo que adivinhasse se a estrada percorrida nos leva onde queremos e desejamos estar. No entanto, a dúvida é caustica e assombra o dia: se é perfeito o idealizado o porquê da fuga para a frente?
Será a vida tão simples com apregoam? Será o racional, conhecimento e informação ou mero entrave à realização?
Choramos um tempo que se adivinhou perfeito e se cristalizou no vácuo com o dito epíteto, de tão perfeito, tornou-se tóxico e envenenou a alma daqueles que o dividiram ... caminhamos por novos caminhos, foram transpostas encruzilhadas, ganhas batalhas, choradas lágrimas e houve sangue derramado, numa mistura de "quero, não quero" no fim ... no fim o príncipe transformou-se em sapo e do nevoeiro surgiu o "certo" ...

... mas se ele é o certo, se isto é o certo ... por que é que o sinto tão errado????
Em co - parceria Wingman ... Bela Colheita
... 2005 Douro tinto ;)

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